10 Anos de Espera escrita por Camila J Pereira


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Adorando os comentários, as teorias e surtos.
Eu quero mais disso para esse capítulo.
Teremos?
Divirtam-se.



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— Ah, filho! Que bom que veio nos visitar. – Chelsea Volturi abraçou o filho e lhe beijou o rosto repetidas vezes.

— Mamãe, tenha piedade. – Estava quase sem fôlego com o ataque de beijos.

— Nunca me conformarei por ter decidido não vir para cá quando nos mudamos. Sinto a sua falta todo o tempo. – A mudança ocorreu depois do que aconteceu com a família naquele dia anos atrás. Chelsea escolheu um lugar recôndito, nos limites da cidade. Era um bom lugar, tranquilo e mais natural do que casas e prédios em volta, ali havia muitas árvores.

— Não pode ser assim, vocês têm o Alistair.

— Uma mãe quer todos os seus filhos junto a ela. – Alec assentiu. Sua mãe pegou a sua mãe e o conduziu para a cozinha espaçosa e brilhante. – Já que está aqui, vamos alimentá-lo.

— Olá, Sr. Alec. O que gostaria de comer? – Gianna, uma senhora um pouco mais velha do que a sua mãe, perguntou da pia onde estava lavando alguma louça. Diferente da senhora da casa, Gianna tinha Cabelos negros, com alguns fios grisalhos. A sua mãe mantinha os seus fios louros impecáveis.

— Ah, deixe que eu sirvo o meu filho, Gianna. Pode ir chamar o Alistair?

— Sim. – Gianna saiu silenciosamente enquanto os dois sentavam-se a mesa.

Chelsea não soltava a mão de Alec, mesmo dizendo que iria servi-lo,  estava acariciando-a sem parar e sorrindo para o filho. Alec olhou para a expressão materna tão calorosa e sentiu sua garganta doer extremamente com o nó que se formou. Ela enfim levantou-se e começou a preparar algo para duas pessoas.

Na época, confuso e sem a maior parte de suas lembrança do que havia acontecido, escutou a sua mãe sem acreditar. Edward supostamente o havia atingido, antes daquilo lembrou-se de que Jasper estava espalhando um rumor pela escola. Lembrava da reação de Edward quando perguntou sobre o primo.

— Talvez você mereça. – Ouviu o amigo de escola falar tão diferente do que era antes.

Aquilo o fez recordar também do novo Edward que apareceu em sua frente no dia anterior. Teve um vislumbre dessa versão naquele dia tempos atrás. “Talvez você mereça.” Talvez ele merecesse, mas na época não conseguia unir os fatos, mesmo recebendo aquele rancor de Edward não o imaginava golpeando-o. Ele era o mais tímido e pacífico, era ainda mais do que o Alistair com seu autismo e ele havia recordado um tempo depois... Só que escondia aquilo no fundo de sua alma.

— O pai está na empresa?

— Ah, ele está. É tudo o que ele sabe fazer. – Chelsea abriu a geladeira e fez uma rápida investigação antes de continuar com os processos. – E você com a Consultora? Quase me ressenti de você por não querer trabalhar com seu pai.

— Disse que queria que eu fizesse o que eu quisesse. Agradeço por isso, mãe. – Ele deveria agradecer também por ela tentar proteger os filhos sobre tudo?

— Faria tudo por vocês. – Chelsea olhou para o filho com intensidade. Alec tinha em seu íntimo emoções conflitantes sobre a sua família, principalmente sobre a sua mãe. Ele a amava, não havia dúvidas, mas saber tudo  que já havia acontecido, lhe trazia rancor e temor.

— Alec! – Alistair apareceu em sua frente. Alec abraçou o irmão, fazia isso mesmo sem ser correspondido. Alistair não abraçava, mas deixava que o abraçassem. – Estava pintando.

— Estou vendo. – Alec tirou com seu polegar uma mancha de tinta azul da testa do irmão. Alistair pintava lindos quadros desde a infância.

Demorou um longo tempo para ele ter novamente progresso depois do acontecido. Alistair ficou mudo por meses, apenas se alimentava vez ou outra a muito custo. Teve que ser hospitalizado por isso. Muito acompanhamento foi fornecido, todos achavam que era porque havia presenciado o irmão ser machucado. Não puderam levá-lo para depor, o que Alec agradecia.

Quando finalmente ele falou, foi com o irmão. Alec lembra que Alistair o olhou por longo tempo e chorou. “Não morto, não morto.” Os primeiros quadros pintados por ele após voltar a falar e se alimentar, foram imagens confusas. De repente a confusão começou a ganhar mais forma e Alec conseguiu com ajuda do irmão reviver um pouco do que lhe tinha acontecido. Chelsea descobriu os quadros do filho e os queimou sem ele ver. Foi preciso grande esforço dos profissionais para acalmá-lo quando não achou os seus quadros.

— Vai ficar o dia todo? – Alistair perguntou ao irmão sorrindo.

— Não era o que pretendia...

— Peça pra ele, filho! – Chelsea incentivou.

— Fique o dia todo. Por favor, fique o dia todo. – Alec passou a mão na testa, lembrava dos seus compromissos do dia. Bella estaria de volta e também queria ficar com ela.

— Vocês são inacreditáveis. Tudo bem, ficarei o dia todo. – Alistair bateu palmas e sentou já comendo o que a mãe pôs no seu prato. Chelsea estava satisfeita, aquele dia teria os dois tesouros de sua vida em casa.

Depois do café da manhã, Alec ligou para Bella e informou da mudanças de planos. Reorganizou a agenda do escritório com ela ao telefone e antes de desligar perguntou como ela estava.

— Estou bem, Alec. Como você disse, com a venda do prédio resolvida não precisaremos mais lidar com ele. – Bella tamborilou a caneta entre os dedos. – Como está o Alistair? – Ela sentia muito por ele. A família Volturi havia ficado devastada depois do incidente e Alistair era muito sensível.

— Está bem. Pintando como sempre.

— Isso é bom.

— Bella, esqueça tudo, por favor. – Ele implorava. Bella pega de surpresa com a emoção contida em sua voz, ficou em ter o que dizer. – Prometa pra mim que esquecerá o passado e Edward Cullen.

— Claro, agora que ele voltou sem um pingo de arrependimento, é claro que não deveríamos perder tempo pensando naquilo.

— Sim. – A sua boca amargou ao confirmar que Edward não havia se arrependido, mas a mentira já tinha se tornado imensa e os anos adicionados aquilo só fizeram tudo afundar mais na lama. Nunca poderia dizer a Bella o que sabia, mesmo que alegue inocência, foi inocente apenas no inicio.

— Tenho que sair agora, vou me encontrar com um cliente.

— Tudo bem.

— Até mais. – Bella desligou e foi para o trabalho na rua. Aquilo foi antes de chegar no escritório e dar de cara com Edward na entrada do prédio.

***

Bella ouvia Edward atentamente, pois não acreditava na capacidade da arrogância dele. Queria lhe impor a sua presença e lhe fazer perder a paciência, ele tinha isso tudo. Depois de várias sugestões negadas, Edward enfim disse exatamente a região em que queria o apartamento e as condições que incluíam, estar mobiliado e vazio. Percebeu que havia um apartamento por lá, mas não iria indicá-lo

— Não temos nenhum que atenda as suas exigências nessa região.

— Tem certeza? – Era como se ele estivesse se divertindo, sabendo que ela mentia. – Você nem ao menos verificou.

— Bella, existe um na rua principal. É o único...

— Alice! – Bella interrompeu a  amiga.

— Hmmm... Deveria ter pedido para a Alice me ajudar nisso.

— Foi o que eu disse logo no início. – Bella rangeu os dentes.

— Vamos, quero vê-lo agora.

— Agora?! – Bella arregalou os olhos olhando para Edward.

— É, a minha disponibilidade como cliente é agora. – Aquilo irritou Bella sobremaneira.

“Ele estava vencendo”, foi o que pensou e odiando aquilo tudo, engoliu em seco e levantou-se guiando-o para fora. Bella entrou no carro em que havia chegado mais cedo. Edward sentou no banco de passageiro, mas logo ficou desconfortável, não porque Bella olhava para ele de maneira mortal através do retrovisor, nem pelas lufadas de ar que ela expelia demonstrando a sua irritação, mas porque lembrou-se de anos atrás quando teve a infeliz ideia de ajudá-la a aprender a dirigir.

Na época ele sempre estava manobrando o carro para o pai que fazia isso de propósito apenas para o filho praticar. Lembrava do pai chegando a noite cansado do escritório de advocacia onde trabalhava.

— Ponha o carro na garagem, filho. Estou faminto! – Carlisle lançava a chave do carro na direção do filho que sempre ficava animado com a tarefa.

Era costume também seu pai pedir que retirasse o carro e o deixasse ligado antes dele sair ou para tirá-lo da garagem para uma lavagem, o que faziam juntos sempre. Certa vez, estava caminhando, iria até o seu dentista, era um sábado pela manhã. Resolveu pegar a direção da casa de Isabella.

Ao se aproximar, seu coração começou a disparar novamente. Faria um ano que ela se mudou e estudavam na mesma escola e nunca conseguiu falar com ela, nem mesmo havia tentado, mas Edward era completamente apaixonado pela garota de longos cabelos castanhos.

De repente o carro que identificou ser do pai dela, arrancou dando ré. Edward tentou escapar, mas foi atingido. Ouviu um grito e o som do freio sendo esmagado fortemente por um pé.

— Ai, meu Deus, meu Deus! – Bella saiu do carro e foi até a parte lateral onde Edward estava levantando. Sentiu as pequenas mãos afoitas sobre ele e era apenas o que conseguia pensar, que ela o estava tocando. Sentia o rosto pegar fogo. – Você está bem?

— E-e-estou. – Sua gagueira piorava.

— Está bem? – Claro, ela não o ouviu já que falou em uma altura inaudível.

— E-estou bem. – Tentou mais uma vez.

— Desculpe por isso, eu só, eu só estava praticando. – Edward olhava para ela sem acreditar na proximidade dos dois, nas mãos dela ainda em seus braços. – Perdoe-me.

— Tudo bem. – Graças aos céus ele não gaguejou daquela vez.

— Se meus pais souberem sobre isso, eu peguei o carro sem eles saberem. Por favor, me diga, você está mesmo bem? – Ela estava assustada, poderia ficar encrencada com os pais, mas ainda assim preocupava-se com o bem estar dele.

— Estou  be-bem. – Era apenas aquilo que sabia falar, Edward Cullen? – Edward percebeu que ela tremia quando Isabella afastou-se dele. – Pre-precisa de ajuda pa-para por o carro na garagem?

— Faria isso? – O seu rosto iluminou-se e mesmo ainda trêmula ela sorriu.

— Pode deixar. – O alivio dela o fez ter coragem. Edward entrou no carro e com facilidade manobrou.  – Pronto. – Disse quando terminou e voltou para junto dela.

— Muito obrigada, Edward. – Bella agradeceu sorridente.

— Sa-sabe o me-meu nome? – Eles nunca haviam se apresentado e pensou como ela poderia saber aquilo. Isabella era popular, mas ele não passava de uma sombra na escola.

— Claro. – Sorriu largamente ao responder. Edward estava derretendo, mas lembrou-se que deveria ir ao dentista.

— Tenho que ir.

— Te vejo na escola. – Bella acenou para ele que atrapalhou-se com os pés e continuou o seu caminho. Foi aí que ela viu as feridas nos braços dele e se condoeu.

Mais tarde ele voltou pelo mesmo caminho, mas não a encontrou. Estava passando direto quando a ouviu chamar o seu nome.

— Oi. – Sorriu para ela com o coração aos pulos, Isabella também sentia uma emoção semelhante.

— Estava te esperando.

— Estava? – Aquilo era demais para o seu coração.

— Aqui. – Passou para ele uma sacolinha de farmácia, Edward olhou dentro. – Vi que te machuquei. Por favor, ponha o remédio e proteja os arranhões.

— Obrigado, Isabella.

— Pode me chamar de Bella.

Foi assim que a sombra da escola começou a ser visto com uma das garotas mais populares. Isabella nunca o negou, até aquele dia. Edward tentou ensiná-la com o carro do seu pai e como consequência, Bella bateu no poste da rua. Aquela dia foi uma confusão, mas Carlisle não aceitou nenhuma ajuda financeira para arrumar o aranhão no carro, já que tinha sido seu filho que tinha pego o carro sem autorização.

Isabella ligou o carro e trouxe Edward de volta ao tempo atual. Dos lábios rosados saiam impropérios como sussurros. Se arrepiou ao tentar imaginar que tipo de feitiço ela estava lançando contra ele.

— Não vai bater em nenhum poste, não é?

— Engraçadinho.

Não levou 5 minutos até Edward provocá-la mais uma vez.

— Pare o carro, pare por favor! – Pediu num rompante que a fez assustar-se e apenas fazer o que ele mandava.

— O que aconteceu?

— A minha barriga está roncando, já deve ser a hora do almoço. – Ele estava fazendo o mesmo que Emmett. Riu internamente e prometeu contar aquilo para o amigo da próxima vez que se falassem.

— Como é que é? O que quer fazer? Ir almoçar e marcamos em outro momento?

— Não, Isabella, seu cliente em potencial está com fome e a sua disponibilidade é apenas agora. Pense. – Edward estava realmente querendo que ela enlouquecesse, queria que ela perdesse completamente o controle, estaria de olhos abertos para ver o momento.  

— Não irei para algum restaurante esperar que coma.

— Porque não?

— Nós não nos suportamos, sentar em uma mesa de refeição juntos...

— Nos negócios, Isabella, muitas vezes temos que dividir a refeição com os inimigos. Você é muito imatura.

— Eu sou o que?!

— I-MA-TU-RA. – Soletrou lentamente, gesticulando muito com a boca. Ela grunhiu.

— Espere aqui. – Saiu do carro rapidamente e atravessou aruá. De onde estava não dava para ver o que ela tinha ido fazer, mas estava curioso. Minutos depois Bella jogou em seu colo um saco de sanduíche e lhe entregou um copo de suco.

— O que é isso? – Perguntou quando ela havia sentado no banco do motorista novamente.

— Seu almoço.

— É um lanche. A minha barriga não merece passar por isso sem necessidade. – E ele usou novamente as palavras do Emmett para provocá-la.

— Depois eu que sou a imatura. – Disse baixinho.

— Como é?

— É um  sanduíche vegetariano muito saudável.

— Claro, você é vegetariana. – Por isso ela estava naquele restaurante quando chegou a cidade. – Olhou para o retrovisor e não conseguiu entender a expressão dela.

— Voltarei a dirigir. – Avisou.

O seu plano de irritá-la foi perfeito, mas um lado seu queria muito que ela aceitasse parar um pouco, ficar cara a cara. Queria de fato ter certeza de que Isabella não sabia sobre o dinheiro dado a sua família pelos Volturi.

Chegaram e Bella mostrou o imóvel para ele. De fato, parecia impecável como havia recebido pelas informações.

— Ficarei com ele. Quero me mudar imediatamente. – Bella fechou os olhos, sabia que era o que ele queria, ficar com o apartamento e atormentá-la um pouco mais. – Não está feliz por ganhar mais uma comissão?

— Você já sabia desse apartamento. – Bella abriu os olhos e o encarou, caminhou até ele e permaneceu firme. – E está mesmo jogando um jogo sádico. Repito que não entrarei nele, mesmo que ache que estou nele.

— Você está, você está sim!

— O que quer de mim? – Ela gritou. – O que quer de mim, Edward Cullen? – Ela perdeu o controle, mas ele também estava perdendo.

— Acredita mesmo que foi eu naquele dia? – Não deveria ter perguntado aquilo. Aquela garota o estava fazendo perder o foco. Edward assumiu a culpa, queria que todos achassem que ele tinha feito aquilo, mas não ela. Queria que Isabella o procurasse e pelo menos perguntasse se tinha sido ele. Ele só queria que ela acreditasse nele, que duvidasse do que ele mesmo dizia.

— Tudo o que eu tinha que falar, falei na época. – Bella saiu do apartamento e ficou esperando por ele no corredor. 

— Claro que você será assim até o final. – Pensava no dinheiro que deve ter sido usado por sua família. – Você deve isso.

— Entrarei em contato com você para darmos entrada ao processo de aluguel.

— Você é uma mulher maligna. – Sussurrou a centímetros do rosto dela. – Encontrarei o caminho de volta ao hotel sozinho. – Edward com a cabeça latejando, mãos e rosto fervilhando a deixou para trás.

***

Seguiu até o interior do bar, era um bar comum, sem nada demais. Lugar perfeito para aquele tipo de situação. Ela o havia chamado até ali e decidiu comparecer. Sentou-se e pediu, logo uma linda ruiva de lábios grossos adentrou o ambiente e sentou-se em sua mesa.

— Está fabulosa, Victória. – Edward pegou a sua mão e a beijou.

— Você também, Edward. – Virando-se para o garçom, disse: - Por favor, o mesmo do cavalheiro.

— Sim, senhora. – Rapidamente o seu licor estava sendo servido.

— Muito bom.

— Então?

— Aqui está. – Victória passou para eles um grosso envelope. – Finalizei as investigações e coletei o que deu. Acredito que vai gostar. – Edward fez que iria abrir o envelope, mas ela segurou a sua mão. – Deixe isso para depois, vamos apenas beber por hoje. Você me fez trabalhar muito e mereço. Ficarei por aqui alguns dias.

— Sério? – Victória não era da cidade e tinha ido até lá a pedido de Edward como cliente. Haviam se conhecido há um tempo atrás, ela costuma trabalhar para alguns famosos.

— Estou encantada com o litoral da cidade. Quero aproveitar agora que finalizei o serviço e estou com dinheiro. – Edward havia saído do apartamento onde estava com Bella e feito um grande depósito para ela.

— Perfeito.

— Pode me chamar para tirar qualquer dúvida depois, mas agora, vamos apenas beber.

— Sim, precisamos disso. Estou apenas animado, estou pensando em agitar essa cidade um pouco mais.

— Com o que?

— Um típico drama familiar.


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