— Você está mesmo ficando louca?! – Alice estava histérica a sua frente. Começou a contar sobre o seu encontro com o James e a sua pequena amiga virou um vulcão prestes a entrar em erupção. Bella conseguia sentir o destempero dela como um calor e ansiedade.
— Fique calma, Alie.
— Não posso ficar calma depois de saber sobre isso, Bella! – Nunca a tinha visto tão chateada, estava começando a se preocupar.
— Para o James sou de confiança, por isso me chamou para ser informante, serei protegida e estou começando a confiar nele. Nada vai acontecer.
— James? – Alice ainda parecia perplexa. - Uma informante? – Bella soltou para a amiga e tapou a sua boca com a mão. Alice arregalou os olhos e tentou falar algo, teve que tirar a sua mão para entendê-la.
— Fale baixo, Alie.
— Estamos em seu apartamento. Está ficando paranóica também.
— Vamos voltar a sentar e conversar civilizadamente. – Tentando passar tranquilidade e confiança, sentou-se novamente no sofá. Alice a olhou desconfiada ainda da sua sanidade mental e relutante sentou-se também.
— A sua redenção vale tudo isso? Tem que se por em perigo? – Perguntou sinceramente preocupada.
— Já te disse, devo ir até o final e saber toda a verdade. Antes eu apenas fugi, agora não será assim. Estou decidida. – Alicie não respondeu, apenas balançou a cabeça negativamente. – E também, não acha que a cidade precisa saber a verdade? Os Volturi manipulam a todos, não foi só apenas o Edward...- A sua voz falhou um pouco ao falar o nome dele. – Não foi só a mim, eles manipulam a cidade e vivem como quer burlando a lei e sentindo-se superiores.
— Peça novamente desculpas ao Edward e a Rosalie e supere isso. Esqueça os Volturi, já sabe que eles não prestam, eu também e estou me organizando para pedir demissão em seguida.
— Sério?
— Claro que sim! Talvez possamos seguir aquele seu plano de fazer algo juntas.
— Seria perfeito, Alie! – Bella sorriu pela primeira vez depois de muito tempo.
— Então amiga, por favor, esquece isso de uma vez. – Pediu quase que choramingando.
A campainha soou e elas se entreolharam intrigadas. Bella levantou para atender, mas antes olhou no olho mágico. Soltou o ar pesadamente e virou para Alice que a olhava de onde estava.
— O que? – Bella revirou os olhos para a amiga.
— Rosalie. – Disse baixou, mas exagerando nos movimentos dos lábios para que a amiga compreendesse e ela compreendeu. Respirando fundo, Bella virou-se para a porta e a abriu. – O que deseja?
— Pode me dar alguns minutos?
— Estou um pouco ocupada agora. – Aquela troca de farpas parecia que nunca acabaria.
— É importante.
— Sempre é Rosalie. – Bella devolveu demonstrando que daquela vez não a ouviria. Rosalie sorriu um pouco, não sabia o que andava sentindo por aquela garota, mas de certo modo, era interessante lidar com ela.
— Não vai demorar se for rápida em me dar as respostas.
— É engraçado como acha que eu tenho mesmo que respondê-la.
— Tem mesmo que me responder se está sabendo de algo sobre o caso de agressão ao meu irmão e está se encontrando com o policial responsável. – Bella calou-se, a sua mão que antes segurava a maçaneta da porta, escorregou e ela se abriu um pouco. Rosalie entrou aproveitando a inércia da garota a sua frente. – Ah... Alice, não é? – Bella fechou a porta e quando girou em direção a sala Rosalie estava de frente para uma Alice que parecia ainda menor perto da loira.
— Olá, Rosalie. – Rosalie estendeu a mão educadamente para uma Alice surpresa que se atrapalhou um pouco antes de cumprimentá-la com o gesto.
— Parece que são amigas...
— Melhores amigas. – Alice frisou com orgulho.
— Parece que se tornou mesmo uma pessoa diferente da escola. Lembro da Alice e não era o tipo de pessoa que convivia com aquele seu grupinho. Fiquei surpresa quando você não ficou junto com aquelas garotas na festa dos ex alunos, estava com outras pessoas...
— A minha vida social parece muito importante para você. – Bella trocou de uma perna a outra, incomodada com as observações de Rosalie.
— É uma fonte de análise.
— Não me interessam as suas analises. – Rosalie sorriu tranquilamente. O que ela falava, não a atingia de forma alguma.
— Então vamos ao assunto. O que sabe? Diga do inicio.
— Não sei o que acha que está acontecendo, mas eu não tenho nada a dizer. – Rebateu.
— Eu sei que está acontecendo algo, você esteve com o policial Kovacs hoje.
— É mesmo? – Bell atentou parecer irônica.
— É, é mesmo. E enquanto estava conversando com o policial, o Alec estava te seguindo. – Silêncio e Rosalie se deliciou com a vitória dela. Estava sentindo que agora Bella lhe diria algo.
— Co-como sabe...?
— Eu tenho os meus meios. Posso explicar, se me falar exatamente o que sabe sobre o caso do Edward.
— Bella, o Alec te seguiu? Eu disse que isso era perigoso! – Bella segurou firme a mão de Alice que parecia novamente prestes a ter um ataque de nervos.
Rosalie olhou de Alice para Bella como se as tivesse pego em alguma traquinagem. Despretensiosamente, a loira sentou-se onde Alice estava antes e cruzou as pernas como se tivesse todo o tempo do mundo.
— Vamos começar? – Disse e fez com que Bella soltasse todo o ar doa pulmões.
— Se sabe que o Alec me seguiu, alguém estava de olho em mim também a mando seu?
— Não. Estava atrás do policial Kovacs. Viu estou disposta a cooperar. Seja uma boa garota também. – Bella rolou os olhos, mas ainda não havia cedido. Alice olhava para a amiga se mordendo de aflição.
— Bella está investigando o caso de agressão do Edward, o policial Kovacs a recrutou como informante dos atos dos Volturi para ele e a louca está disposta a correr esse risco. – Alice despejou de uma vez sem respirar.
— Muito agradecida, Alice. – Disse uma Bella irritada.
— Isso é verdade? – Rosalie pela primeira vez parecia surpresa.
— É, porque? – Bella respondeu, mas sem deixar de tentar parecer superior a surpresa dela.
— Porque está fazendo isso?
— Porque quero saber a verdade.
— E ajudar o Edward. – Bella colocou uma das mãos na cintura e direcionou o olhar para Alice, demonstrando o seu desagrado com a língua solta da amiga.
Rosalie soltou uma risada cortada e depois trabalhou abertamente. Olhava para Bella como se ela tivesse revelado algo realmente grandioso.
— Ficou doida? – Perguntou.
— Imagine, eu estou apenas muito surpresa. Você é tão complicada, garota.
— Que bom que divirto você. – Sem nenhum pouco de humor, Bella ocupou seu lugar na poltrona e Alice tomou o lugar ao lado de Rosalie. – Se for para poder fazer com que pare de vir aqui com suas exigências e pare de rir da minha cara, mesmo que seja perigoso, direi o que quer, porque é também o que quer e a escolha é sua.
— Estou ouvindo. – Rosalie respondeu.
— Depois do incidente com Edward aquele dia. – Porque Bella novamente sentiu a voz falhar ao falar dele? – E de sua suspeita sobre os Volturi... Imaginei que eles pudessem realmente ter a ver com aquilo, mesmo relutante... A família Volturi é exemplar para a cidade. Além de vem sucedidos, estão envolvidos em ações sociais e... – Bella balançou a cabeça, notando novamente o quanto foi boba. – Bem... Eu dei uma olhada naquele caras que atacaram Edward, lembrei da tatuagem no braço esquerdo de um deles. Conheço uma pessoa que faz parte destes clubes de tatuagem. Foi assim que descobri que o tratado trabalhava na Empréstimos Yin Yang.
— Empréstimos Yin Yang? – Rosalie perguntou desfrutando suas pernas e Bella assentiu.
— Na verdade, eles são agiotas. Com certeza praticam violência contra pessoas.
— A Vic descobriu que as placas frias dos carros daquele dia foram vendidos para o dono desse lugar. – Ainda não gostava de ouvir o nome daquela ruiva, a mesma que saiu do apartamento do Edward e parecia ter tanta intimidade e que também beijou o Alec. Claro, o Alec era apenas um mentiroso...
— Então só precisamos pegar algo que ligue o dono aos Volturi. Mas tem que ser algo preciso, que sirva de prova real que eles foram os mandantes.
— Precisamos? – Rosalie notou que ela se incluía.
— Já estou envolvida.
— Talvez meu irmãozinho não goste de saber disso.
— Ele não precisa saber.
— Mas não está fazendo isso para que ele a perdoe?
— Não, já disse os meus motivos. – Bella sentia os olhos de Rosalie a analisando e não gostava.
— Saber a verdade e para ajudar o meu irmãozinho.
— Devo isso a ele. - Ruborizou-se ao se explicar.
— Bella, você já ajudou bastante. Não precisa se envolver mais. – Alice reafirmava o seu ponto de vista. – Rosalie, com isso a Bella ajudou vocês, por favor, aceite esse pedido de desculpas. Ela realmente sente muito.
— Alice, pare de falar por mim. – Pediu e viu a amiga se retrair magoada. – Desculpe, Alie, mas eu não quero parar ainda. Pode dizer como sabe que o Alec me seguiu?
— A Vic desconfiou dos policias e achou que eles poderiam estar envolvidos com os Volturi. Assim, ela seguiu o Kovacs e o viu se encontrando com você. Também notou que o Alec estava te observando. – Bella tentou ignorar o arrepio que sentiu subindo pelo seu corpo. – Isso pode ser ele obcecado por voltar, mas ainda assim é perigoso.
— Tudo isso é perigoso. – Ressaltou Alice tentando mostrar o óbvio.
— Porque a Victória esta envolvida? – Bella ignorou o aviso da amiga, querendo saber a relação da Victória com tudo aquilo.
— Meu irmãozinho a contratou para descobrir os podres de vocês, mas agora somos amigos.
— Ela é uma detetive? – Bella poderia ter imaginado tudo, menos aquilo.
— Sim.
— Então foi ela que investigou os meus pais. – A luz vinha a sua mente.
— Sim. – Rosalie lhe deu um momento para digerir, mas ela parecia bem - Está mesmo disposta a saber a verdade, não importa o que? Mesmo sabendo que é perigoso, concordo com o Kovacs, você é a única que pode se infiltrar e revelar todos os podres daquela família.
— O que está querendo sugerir a ela? – Alice não gostava do rumo da conversa.
— Vamos trabalhar juntas nisso.
— Nós não daríamos certo. – Bella respondeu.
— Já começamos a dar certo, Isabella. – Rosalie levantou e caminhou até a poltrona, estendeu a mão para Bella. – Vamos continuar nos dando bem e trabalhar juntas. – Por um momento, pensou que a loira estivesse pregando uma peça e diria dela depois, mas pensando bem seria mais fácil ter gente trabalhando com ela. Bella apertou a mão de Rosalie.
— Sim, faremos isso. – Rosalie sorriu satisfeita.
A loira saiu do apartamento de Bella direto para o próprio. Era noite e eles ainda estavam em reunião atrás de chamada de vídeo. Entrou em ponto de pé para o seu quarto e ligou para Victória falando sobre tudo o que descobriu. Elas arrumaram uma maneira de desmascarar a família Volturi.
— Indo ver a Senna? – Emmett perguntou ao vê-lo sair do quarto todo arrumado e perfumado.
— Adoraria ver a Senna, mas ela está com a mãe agora e é complicado e demorado. Vou até a Empréstimos Yin Yang tentar falar com o dono.
— Você está de brincadeira? – Emmett parecia alerta naquele momento.
— O que está acontecendo? – Rosie saiu do quarto e notou o clima esquisito.
— Seu irmão quer ir até a Empréstimos Yin Yang.
— Sugere algo melhor? O que a Vic me forneceu quando voltei para cá diz respeito à adultério e drogas, mas eu quero acabar com eles de uma vez. – Perguntou impaciente.
— Espere mais um pouco. – Rosie disse transparecendo tranquilidade.
— Não está mais nos meus planos esperar, quero por essa família no seu devido lugar e sair dessa cidade o quanto antes.
— Pensei que estivesse começando a gostar daqui... a Senna. – Emmett o lembrou.
— Não da cidade. Não tem nada a ver. – Tentou explicar.
— Não se exponha desnecessariamente. Eu e a Vic estamos tentando bolar um plano.
— Vocês mulheres agem enquanto eu fixo parado? – Estava começando a se chatear com a irmã.
— E a Isabella também.
— Mas o que?! – Edward meio que engasgou e ficou vermelho.
— Teremos a revelação agora? – Emmett olhou de um para outro. – Você terá as maior surpresa da sua vida. – Garantiu para Edward.
— Porque está citando o nome dela novamente? E o que o Emmett sabe que eu não? Poxa, Rosie, falou que não iria mentir. – Disse chateado.
— Não menti, esperei o momento. Que é este. – Indicou calma. - Sente-se, você terá a maior surpresa da sua vida. – Imitou o namorado que sorriu largo para ela.

***

“Já decidiu?”
Era mais uma mensagem de Alec. Bella respirou fundo, queria apagar aquela mensagem e esquecê-la, mas tinha combinado com o James que iria fingir fazer as pazes com os Volturi, então engolindo o asco que começava a sentir da situação, digitou:
“Sim, irei vê-los. Quando pode me buscar?”
Com aquela mensagem, Bella sugeria de uma só vez que estava disposta a manter contato com a família dele e que queria vê-lo. Muitos minutos se passaram, talvez ele não estivesse acreditando na resposta que recebeu.
“Ah, querida. Combinarei com a minha mãe e então te retorno.”
Porque logo agora a sua dor de cabeça retornava? Precisava de toda a sua energia para realizar aquele plano. Não podia se esgotar com aquela dor que por um curto tempo havia lhe deixado viver. Ela retornava e parecia intensa.
“Querida, depois de amanhã para ela está ótimo. Mas, não pode me ver antes disso?”
Bella sentou-se enjoada e não saberia dizer se por conta da irritação que teria que engolir para poder sair com ele ou por causa da dor de cabeça.
“Amanhã está bom para mim.”
“Te levarei para tomar um ar fresco.” Respondeu.
“Até amanhã, Alec.”
“Até amanhã, meu amor.”
Ela pegou o celular e mandou mensagem para Alice, James e para a sua estranheza ainda, Rosalie. Estava pedindo uma reunião extraordinária.