10 Anos de Espera escrita por Camila J Pereira


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Leiam e me contem o que estão achando.
Beijos!



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O reconhecimento foi imediato para Edward. Isabella parecia a mesma, talvez uma versão ainda mais bonita e admitir aquilo mesmo em pensamento o fez odiar-se. Devia lembrar que o que havia de beleza naquela garota também havia de mau-caráter. Sim, ele a odiava, odiava.

— Ora, o mundo é realmente pequeno. – Sussurrou consigo mesmo.

— Bella! – Os funcionários atrás do balcão fizeram um coro.

— Ah Bella, espere um pouco e trago o seu pedido. – Era a garota que havia lhe atendido, falando despreocupadamente e muito amigavelmente com a sua pária. Elas se abraçaram rapidamente. Edward notou que Bella era da mesma altura da outra e seu olhar desceu pelo corpo feminino adiante. Como ela poderia ter conservado o corpo de adolescente? Teve vislumbres dela outrora caminhando pela escola e ele a admirá-la.

— Tudo bem, Jane. – Isabella estava muito sorridente. Adoraria acabar com aquele sorriso dela.

Olhou novamente ao redor e como Edward ainda estava olhando para ela, Isabella devolveu o olhar. Edward se tocou que ainda estava com os óculos escuros, então os tirou. Como ela poderia ousar não reconhecê-lo? Saboreou a incerteza surgindo da expressão dela. Piscou algumas vezes tentando recordar-se, era óbvio que já o tinha visto em algum lugar.

— Edward! Edward Cullen. – Ele pôde ouvi-la, embora muito baixo e sorriu sombriamente.

O sorriso sombrio lançado de lado teve um efeito tenebroso sobre ela.  Todo o seu corpo arrepiou, ficou ansiosa. Para Bella, Edward Cullen parecia o mesmo das fotos e vídeos das mídias, mas era o Edward Cullen totalmente diferente de 10 anos atrás que usava grossos óculos, aparelho dentário e cabelos escorridos na testa. Aquele era um garoto que por muito tempo sentiu falta. Não era apenas fisicamente que aparentava estar diferente, mas também todo o resto, talvez aquela fosse a sua verdadeira face. Era como estar diante de uma outra pessoa.

— Aqui está, Bella. – A loirinha miúda surgiu com uma sacola. – Bella? – Foi apenas neste momento que voltou-se para a garota, mas não disse nada. – Bella, você parece ter visto um fantasma. Está pálida, sente-se um pouco e beba uma água.

— Na-não. Estou bem, Jane. Obrigada pela comida. – Bella não olhou novamente para Edward, deu as costas e partiu.

— Covarde. – Emmett voltou em seguida, respirando fundo.

— Rose quer que voltemos. Ela está muito preocupada, Edward, principalmente preocupada em você encontrando com a tal da Isabella. Convenhamos, ela está com a razão. – Edward tocou em seu peito, sentia-o esmagando, sufocando.

— Tarde demais. Isabella acabou de sair. – Emmett olhou em volta como se buscasse um vestígio da presença dela.

— Como? Tá falando daquela garota que passou por mim?

— Ela ousou quase não me reconhecer. Depois do que aconteceu, ela quase não me reconheceu! – Estava com o orgulho ferido o que fazia o seu sangue ferver ainda mais.

— Você era bem diferente quando morava aqui, aquelas fotos que eu vi... – Emmett calou-se sob o olhar ameaçador de Edward.

— Esta a menos de 1 hora nessa cidade e já está tomando o partido dela? Ah, eu estou mais do que decidido, ela parece ainda muito popular. Aquela garota é uma feiticeira, duas caras. Eu adoraria que ela e a família dela...

— Da para maneirar? – Emmett o cortou.

Os pedidos chegaram, mas ele mal tocou na refeição. No momento em que a viu, tudo o que sentiu naquele dia fatídico retornou como uma avalanche. Isabella chorando não porque o queria por perto, não porque queria ficar com ele ou acreditava em suas palavras, ela estava chorando implorando que ele fosse embora, o culpando, rejeitando-o definitivamente.

— A sua cara não está nada boa. Parece ter visto um fantasma. – Seu amigo lhe dizia o mesmo que Isabella ouviu da tal Jane que os atendia.

— Talvez sejamos como fantasmas um para o outro, mas eu prometo que vou mesmo assombrá-la.

— Pensei que o foco seria o hotel, mas parece que você não está nada animado para tocar essa filial, está focado em Isabella.

— É claro que estou animado com o hotel, mas não perderei a oportunidade. Não estou falando só dessa garota, mas todos os envolvidos.

— Porque de repente voltou a ficar tão obcecado?

— Obcecado? – Edward estava sem paciência. Pôs novamente seus óculos, não estava com vontade nenhuma de responder. – Pagarei a conta e te espero no carro.

— Ei! – Emmett protestou, mas Edward já estava indo embora.

Emmett comeu o mais rápido que pôde e foi até o carro onde encontrou o amigo ainda com uma expressão e poucos amigos. Entrou decidido a não ser influenciado, mas embora tivesse vontade de encontrar uma estádia para descansar, resolveu se direcionar para a Consultora.

Era em um prédio pequeno e de fácil acesso. Edward quase pulou do carro e Emmett percebeu nele uma vontade feroz. Onde havia se metido? Estava óbvio que o amigo buscava algum tipo de disputa naquele lugar. Entraram no prédio e seguiram para o segundo andar, onde logo encontraram o escritório.

— Vocês não deveriam voltar? Esse clima está cada vez mais entediante. – Ouviram uma voz feminina soando.

Bella não estava com disposição para aquele tipo de conversa com a amiga. Respirou fundo tentando afastar todos os pensamentos atordoantes que teve desde o momento que viu aquela pessoa no restaurante. Havia passado lá como sempre fazia quando estava por perto e ido buscar o almoço de todos.

 Alec, seu chefe, quando a viu retornar ainda um pouco fora de si a interrogou. Bella desconversou e o afastou, não queria ter que falar sobre aquele assunto. Jamais pensou em falar sobre aquilo novamente e não seria com ele que faria aquilo. Logo com ele que sofreu tanto na ocasião.

Alec foi ferido pelos amigos de escola, principalmente por Edward. Por um momento o viu novamente no leito de hospital e seus pais muito abatidos. Naquele momento, novamente, Alec estava magoado com ela, então foi ele que a afastou e o clima se tornou gélido.

— Boa tarde! – Emmett falou primeiro e confirmando que Edward estava atrás de confusão quando reconheceu a garota do restaurante ali.

As duas que estavam de pé muito próximas uma da outra em uma das duas mesas da sala bem organizada e limpa olharam para os dois visitantes. Edward olhou bem para Bella, queria deliciar-se com o assombro que ela demonstrava.

— Boa tarde! – A sua colega de trabalho respondeu mesmo também sendo pega de surpresa com os dois deslumbrantes homens que entraram. – Por favor entrem, fiquem a vontade. – Estava sendo educada e gentil enquanto Bella apenas os encarava rígida.

— Somos da LY, tínhamos combinado de dar uma última olhada no contrato. Sou o Emmett e este é o Edward. – Eles apertaram as mãos, Edward fez o mesmo.

— Ah, Edward... – Ela deveria tê-lo reconhecido. – Edward Cullen? Acho que estudamos juntos... – Sim, Edward também a reconheceu, mas não sabia que as duas andavam juntas na época da escola. – Sou a Alice.

— Olá. Você está muito bem. – Sorriu um pouco para ela. Alice estava sem jeito, sabia um pouco do que havia acontecido há 10 anos e como Bella se perguntava o que ele estaria fazendo ali.

— Sr. Emmet, sou a Isabella, temo que tenha havido um engano. – Edward ergueu um a sobrancelha, curioso para ver o que ela diria. Daquela vez ela não fugiu, mas ainda parecia não querer lidar com a presença dele ali. – Não poderemos seguir com a venda, mas podemos indicar outra Consultora...

— Como é que é? – Edward soltou em tom de piada.

— Qual o problema? – Emmet perguntou.

— Eu sinto muito, por favor aceite as nossas desculpas.

— Nós estamos negociando há dias e viemos de longe. – Edward continuava sem que ela o olhasse de frente, Bella se dirigia apenas para Emmett.

— Passarei novos contatos... – Bella foi interrompida com o som brusco de um tapa dado sobre a sua mesa.

— Pareço invisível para você? Você não é nada profissional. – Bella respirou fundo e lentamente olhou para o seu interlocutor que parecia irritado. Antes de falar qualquer coisa, ela tentou se controlar. Aquilo era absurdo, aquela situação deveria ser apenas um sonho.

— Faremos o possível para ajudá-los...

— Mas quer que eu desapareça o mais rápido possível da sua frente. – Edward completou sarcástico.

— Sabe de quem é a Consultora?

— Acha mesmo que não fizemos a nossa pesquisa antes de começar as negociações? Não estamos aqui de brincadeira, temos um negócio para tocar. Não seja leviana com o seu trabalho e não nos faça parecer também. – O tom de sua voz era sério e na medida para ferir.

— Algum problema? – Edward sorriu ao ouvir a voz de Alec. Ele havia saído de dentro de sua sala de uma porta lateral.

— Acredito que sim. - Disse isso não apenas referindo-se aquela situação, mas a tudo o que viveram.

— Alec... – Bella estava ansiosa, fazia o mesmo que havia feito no passado e aquilo irritava Edward sobremaneira.

— Uma de suas funcionárias está encerrando as negociações. Somos da LY, acredito que precisamos conversar.

— Na verdade...

— Bella, pode nos trazer algo enquanto conversamos? Entrem, por favor. – Edward sentiu Bella perder  controle.

— Alec, vamos conversar antes. – Pediu quase como se implorasse.

— Depois Bella, primeiro atenderei os nossos clientes. – Alec parecia surpreso com aquela atitude dela, mas precisava priorizar os clientes.

— Isso é loucura. – Bella desabou em sua cadeira enquanto Alice sem saber o que fazer buscava um pouco de água para que ela bebesse.

—  Se ele sabe o Alec é o dono, o que veio fazer aqui?

— Parece que o Alec não o reconheceu. Não havia notado como a gente que a LY se tratava da Love Youself Hotel SPA que é do Edward Cullen. Estou preocupada...

— Levarei algo para eles. - Alice correu até a minúscula copa que possuíam.

Lá dentro, os três homens estavam confortáveis na medida do possível.

— Vocês passaram por um transtorno. Queiram me desculpar. – Edward teve que admitir que ele estava agindo da maneira correta se tratando de uma empresa para com os seus clientes. Ser cortês e mostrar que está do lado dos clientes é o que sempre ensina para os seus próprios funcionários.

— Foi apenas um mal entendido. – Emmett riu para aliviar a tensão. – Emmett. – Ele se apresentou e estendeu a sua mão que foi aceita prontamente.

Edward olhava para o homem louro a sua frente. Não parecia o mesmo magricela de antes. Tentou evitar a lembrança de todo aquele sangue naquela noite.

— Alec, disponha.

— Edward. – Edward estendeu a mão e quando Alec a aceitou, olhou bem para seus olhos e congelou. – É, sou eu mesmo. – Quis adicionar “seu próprio pesadelo”, mas conteve-se.

— Ed-Edward Cullen.

— Exato. – Edward afastou a sua mão recostando-se novamente na cadeira. – Talvez entenda agora o porque do pequeno alvoroço com a sua funcionária. Espero que seja mais profissional. Estamos lidando com negócios de milhões. – Edward olhou para ele que parecia pálido. Viu que o maxilar dele estavam tensionados, se parasse para prestar atenção poderia ouvir os dentes rangendo.

— O que está fazendo aqui? – Sentiu que a pergunta foi inconsequente. Sorriu levemente percebendo que estava mexendo com todos. Ouviu o suspiro do amigo ao lado, Emmett estava apostos.

Alec não sabia exatamente o que estava sentindo. Tinha feito um pacto consigo mesmo de não pensar mais em Edward Cullen para a sua própria saúde mental. Da maneira que ele saiu da cidade e todos contra ele, também nunca imaginou que ele retornaria, exatamente para o seu escritório.

— Preciso de um lugar, o prédio será perfeito por causa da localização.

— Há outras consultoras. – Edward sorriu largamente. – Porque esta?

— Não leve para o lado pessoal. – Edward olhou para Alec como se dissesse o contrário. – Acabou que foi assim.

Depois de batidas curtas e baixas na porta, Bella surge com um abandeja em mãos, trazendo refresco para todos. Ela havia decidido entrar e dar apoio se necessário ao Alec. Pôs a bandeja sobre a mesa entre eles.

— Alec... Não precisa continuar. – Edward pegou um dos copos e bebericou com ar divertido. Ela era o seu anjo protetor? Anjo? Deveria ser considerada assim?

— Certas coisas não mudam, não é mesmo? – Bella encarou Edward ansiosa e sentiu algo observando aqueles olhos verdes. Era mais do que frustração e raiva, ela recordou de uma época em que amava ver aqueles olhos.

— Bella, por favor, espere lá fora. – Alec ficou inquieto vendo-os no mesmo ambiente. Ela saiu visivelmente a contra gosto.

— Não tenho nada contra você, Alec. Você tem contra mim? – Edward queria saber muito mais do que perguntou. Alec demorou-se olhando para o antigo colega de escola, o antes tímido e inseguro Edward.

— Não.

— Ótimo! – Não era suficiente para Edward, ele já estava ali e iria fundo. Olhando em volta, parecendo despreocupado com a situação, Edward observou o ambiente. – Seus pais não eram uma das pessoas mais ricas da região? Porque uma Consultora? – Aquele dinheiro dos seus pais que foi usado na época naquela situação.

— Como você mesmo disse: “Acabou que foi assim”. – Aquilo lhe trazia muitas outras perguntas.

— Certo, vejo que são conhecidos. – Emmet não era bobo, lembrava do nome de Alec e estava sentindo toda aquela tensão. – Porque não damos uma olhada no contrato?

— Quero ver o prédio antes. Só praxe. – Emmett olhou desconfiado para o amigo.

— Claro, posso pedir a Alice que os acompanhe.

— Prefiro a Isabella. – Emmett cerrou rapidamente os olhos. Foi a vez dele pegar um dos copos, mas diferente de Edward ele entornou.

— Acho que é a minha vez de perguntar se você tem algo contra a Bella.

— Isso é entre nós dois.

— Sem uma resposta clara, devo sugerir que vá com a Alice.

— Está tentando mantê-la longe de mim?

— Ok, nós vamos com a Alice. – Emmett levantou-se. – Acho sensato finalizarmos o quanto antes. Viajamos por muitas horas e ainda não descansamos. – Emmett deu alguns tapas nas costas de Edward pediu para que ele levanta-se também e assim ele o fez. Alec os acompanhou até a sala de fora.

— Alice, por favor os acompanhe até o prédio de interesse.

— Sim, chefe.

Bella estava de olhos arregalados, não acreditava que Alec estava dando continuidade aquilo.

— Quando voltarem, reavaliaremos o contrato. – Alec continuou.

— Até mais. – Emmett dirigiu-se ao Alec e a Bella.

Alice pegou a chave de um dos carros da Consultora e gentilmente os conduziu para fora. Quando os três saíram, Bella correu até a sala de Alec onde ele já havia sentado novamente em sua cadeira parecendo aliviado por Edward ter ido embora.

— Se ficou tão angustiado porque aceitou?

— Somos profissionais. – Alec repetiu como Edward.

— Ele te pegou nisso? Por acaso ele pediu desculpas? – Bella estava andando de um lado para outro com as mãos na cintura. – Pelo menos ele fez isso? – Alec sentiu-se triste, ele era o único que sentia vontade de pedir desculpas.

— Talvez tenha acabado assim como as coincidências da vida. Se finalizarmos logo com isso, não precisaremos mais encontrar com ele.

— Alec, ele age arrogante como se fosse o certo em toda a situação.

— Pensei que evitasse todo esse assunto. O que deu em você? Foi porque o viu novamente?

— Para com isso. – Ele escutou novamente aquela frase que ela sempre lhe dizia quando entrava em assuntos que não queria falar.

— Pegue as suas coisas e vá para casa. Amanhã será um novo dia.

— Está me liberando por hoje?

— Não quero que você esteja aqui quando ele voltar.

— Talvez fosse você que não deveria estar. – Replicou. Alec lhe lançou o seu olhar de chefe e ela entendeu que ele não negociaria. Também não iria admitir em voz alta que provavelmente não suportasse dar de cara com Edward mais uma vez. – Até amanhã.

— Até amanhã.

Bella deixou o prédio, mas a sua cabeça estava martelando. Precisava chegar em casa o mais rápido possível, tomar um chá e ir deitar-se.

Enquanto isso Alice parecia cheia de dedos com os dois no banco de trás do Kia Sportage preto do seu chefe.  Ela se sentia uma plebeia conduzindo dois príncipes, também havia o fato de Edward ser um dos príncipes. Quando ela iria imaginar anos atrás que aquele garoto se tornaria essa beldade?

Fizeram a vistoria, foi mais rápido do que Alice imaginava. Eles conversavam entre si vez ou outra depois ouvi-la falar sobre o prédio. A construção havia sido uma das primeiras daquela região e tinha o mar como vista panorâmica. Retornaram para a construtora e no caminho Edward a surpreendeu.

— Alice, pode nos indicar um hotel para pernoitarmos essa noite?

— Ah claro... O Dom Hotel é ótimo e fica perto da construtora.

— Perfeito, quando estivermos lá, agradeceria se me indicasse o caminho.

— Sim. – Ele era educado, foi o que Alice pensou.

Quando chegaram novamente ao escritório, encontraram apenas o Alec esperando por eles com o contrato em mãos. Edward olhou novamente em volta tentando em vão notar algum vestígio de Isabella por perto. Ou ela havia fugido novamente ou fora o Alec quem a mandara partir para que não se encontrassem novamente.

Edward sorriu internamente, para o seu primeiro dia estava bom. E se eles estavam achando que ia parar por aí, estavam redondamente enganados. Assinaria o contrato, mas aquilo não seria o fim, era apenas o começo.


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