10 Anos de Espera escrita por Camila J Pereira


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Dedicada a uma leitora incrível: Michelle Garcia.



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Depois de tantos anos frequentando aquele tipo de ambiente, ainda não poderia dizer o que o incomodava. Esteticamente, era agradável aos olhos. A meia luz sempre presente não comprometia em nada aos clientes admirar os detalhes do lugar. Havia lustres ornamentais de cristais pelo teto, belas pinturas em quadros. O bar era em si algo fora da realidade com suas minis adegas que reunidas formavam uma grande adega. Um ambiente assim só poderia trazer pessoas ainda mais interessantes e belas para serem frequentadores.

Estava em uma mesa ao canto, bebia o mais caro licor do lugar, a sua acompanhante degustava um vinho servido penas para os VIP’s. Edward pensava em agradá-la muito mais naquele momento. Percebeu que sorria para ele da maneira que lhe dizia que conseguiria tudo o que quisesse aquela noite, cruzou lentamente as suas pernas para ele ver. Sua saia havia subido um pouco, mostrando mais a sua pele morena. Edward sorriu de volta bebericando o líquido deliciosamente.

Direcionou seu olhar para a mesa além da sua acompanhante, Emmett estava lhe dando um sinal na mesa distante. Havia chegado para a reunião. Sim, naquele lugar ele tratava de negócios, estava envolvido nesse jogo. A garota a sua frente também não era nada além de negócios, um outro negócio, mas também não considerava se tratar de sua vida pessoal, no máximo sexual.

— Vi você novamente nos noticiários. Está abrindo um novo hotel, qual a cidade mesmo? – Edward bufou baixinho. Claro que ela estava louca para vê-lo especialmente aquele dia em que havia saído mais uma vez nos noticiários. Ela estava louca para ser vista com ele, adorava o espetáculo como as outras. Era famoso não apenas por ser um dos empresários mais jovens com bom desempenho, mas também por estar envolvido com pessoas famosas e muitos casos amorosos.

— É, aposto que viu. Mas não foi sobre isso que vim falar com você hoje. – Sorriu carinhoso para ela que se derreteu.

— Sobre o que está querendo falar? – A garota acariciou com as pontas dos dedos a mão dele que estava tocando o copo de licor.

— Sobre nós, o que mais? – O sorriso que ela lhe deu era o mais largo possível.

— Sobre nós?

— Sim, vamos parar de nos ver a partir de agora. – Edward viu o rosto dela derreter levando toda aquela maquiagem junta.

— O que?!

— Ah sim... – Ele pegou de seu bolso o pequeno estojo. Abriu para que ela visse, um lindo colar com uma pedra cristalina. – Achei que iria gostar. – Fechou o estojo, pôs sobre a mesa e com um dedo o arrastou até a frente dela. – Seu.

— Você... você...

— Não faça um escândalo aqui. Já estou acostumado com isso, mas você pode não suportar a mídia toda quando for conduzida para fora pelos seguranças. Não, não faça isso, já vi acontecer. Eu agradeço todo o tempo, acho que recompensei todo o prazer. – Disse com voz monótona. Queria que aquilo acabasse para ir falar com o amigo adiante.

— Seu cretino! – Falou mais alto e ele viu todos olhando para a sua mesa. Emmett estava sacudindo a cabeça com cara de poucos amigos.

— Não disse que não sou. Nunca foi enganada, concordamos com isso? Preciso ir. – Edward levantou-se e ela de um salto também se ergueu lhe deu uma bofetada no rosto.

Eles se olharam por um instante, Edward não gostava dos tapas, mas havia se acostumado com aquelas reações tempestuosas. Tremula de raiva ela pegou o estojo e saiu quase correndo na direção da saída do bar, mas os olhos de todos estavam sobre ele. Caminhando como se não houvesse acontecido nada, sentou na frente do amigo.

— Já disse para não fazer esse tipo de coisa aqui. Um pouco mais e tudo iria por água abaixo. Se conseguirmos essas colaborações para o hotel, não ficaria feliz?

— Eles adoram esse tipo de show. – Edward ergueu a sua taça que foi servida por um dos garçons. – E é claro que ficaria feliz, gastei bastante saliva com eles até conseguirmos esse contrato.

— Comporte-se então, até que ele esteja devidamente assinado.

— Você soa como a Rose.

— A Rose é a única com juízo. – Edward bufou novamente, mas se recompôs ao ver as pessoas que esperavam entrar no bar.

 Eles beberam, distribuíram elogios e comentários sobre medidas uns com os outros até que entraram devidamente no assunto central que era o contrato com o hotel e que levariam para todas as duas filiais e para a nova que abririam logo mais. Satisfeitos se despediram de pé dos novos colaboradores de sua empresa.

— Fantástico! – Emmett vibrou e festejou com um high five com seu amigo.

— Agora que isso foi resolvido, vamos para o próximo passo.

— Já estamos resolvendo a compra do prédio....

— Não, não, não. – Edward sentou-se e pediu que ele o acompanhasse. – Eu lhe disse antes que as pontas eu resolveria pessoalmente.

— O Jasper está indo amanhã ver o local para finalizarmos a compra.- Edward sorriu de lado um tanto amargurado.

— Não seria engraçado voltarmos os dois juntos: Jasper e eu? – Emmett engoliu em seco. Fazia parte de sua missão fazê-lo desistir.

— Nem vem com essa, cara! – Disse de maneira séria. – A Rose me pediu, quase implorou para que não concordasse com essa filial. Poderia ser em qualquer outro lugar, mas você quer que seja lá. Agora quer ir pessoalmente e está sempre em devaneios, como se estivesse aprontando alguma coisa.

— Se eu falar alguma coisa, vai correndo contar para a minha irmã. Acho que preciso de um novo melhor amigo, talvez alguém que não seja apaixonado pela Rose.

— Você é um pé no saco.

— E ainda continua aqui. Fala a verdade, você é apaixonado por mim e não pela Rose.

— Vai se ferrar, Edward! – O seu amigo levantou-se.

— Pra onde vai?

— Já deu por hoje para mim. Vou para casa. – Edward levantou-se e os dois eram uma grande visão para as mulheres de plantão que admiravam aqueles dois belos homens altos de pé como se fossem seres sobre-humanos de tão belos.

— Está indo falar com ela, não é?

— Preciso dormir para ir trabalhar amanhã. Espero que faça o mesmo, não investi o meu único dinheiro nesse hotel para que fique de gracinha por aí.

— Hey, você já teve lucro com a ideia que eu tive. E não fale como seu eu não tivesse me empenhado esses anos para fazer isso dar certo. Se eu quiser brincar um pouco, acho que eu mereço. Principalmente com pessoas que brincaram comigo primeiro.

— Então você quer mesmo fazer isso por vingança. Talvez encontrá-la por “engano” – Fez sinal de aspas no ar. – e mostrar para ela como é bem sucedido. Ou o que quer mesmo é fazê-la escutar a verdade de uma vez por todas e exigir desculpas? Talvez a ida do Jasper seja providencial, talvez ele conte a verdade antes que você comece essa maluquice. – Edward estava rangendo os dentes por todas as lembranças que visitavam a sua mente como chibatadas e pelas emoções que estava novamente vivenciando. Discou um numero no seu celular e esperou que a pessoa atendesse.

— Ei, cancele a sua viagem amanhã, vá trabalhar normalmente. Eu estou assumindo agora. É, tenho certeza. Até mais. – Edward desligou olhando para o amigo.

— Você é um cretino. Espero que não se arrependa.

— Eu já me arrependi... – Sua voz saiu cheia de rancor. – Há 10 anos atrás, me arrependi de ter vivido ali, de...de...

— Vamos sair, estamos chamando atenção. – Emmett caminhou para o caixa e pagou a conta, saíram os dois juntos e do lado de fora esperaram os carros serem trazidos pelos manobristas. – Edward, vá, faça o que tem que fazer e depois volte a si e para cá.  

— Farei isso. – Mas as coisas não eram tão simples assim em sua cabeça.

Foi direto para casa, um apartamento que havia adquirido alguns anos atrás quando começou a sair com pessoas famosas demais e ter casos cada vez mais frequentemente. Aquilo era demais para seus Carlisle e Esme. Pensou que precisaria de um espaço só dele, embora sempre apareça na casa dos pais e até durma por lá.

Já havia recebido mensagens da mãe e sabia que eles queriam conversar. O noticiário teria deixado os dois inquietos. Se falasse com eles naquele momento, diria que estaria partindo no dia seguinte e então o caos seria inevitável.

Depois do banho, adormeceu, mas teve um sono intranquilo. Sonhou com o passado e teve vislumbres de sua vingança. No seus sonhos podia ver o choro daquela garota a 10 anos atrás e viu a mesma garota chorando novamente em sua frente atualmente, ela pedia perdão, ele não a perdoaria tão fácil.

Acordou com ressaca, não estava nada bem humorado e continuava com sono. Tentou despertar com um novo banho e com café quente. Arrumou algumas roupas, as mais elegantes. Queria estar sempre muito bem no tempo que passaria por lá.

Quando saiu de casa para pegar o seu carro, viu Emmett já o esperando. Edward parou um pouco surpreso, talvez houvesse esquecido de algo, não estava em condições de recordar nas condições que estava. Deu de ombros e foi até o amigo.

— O que faz aqui? Esqueci algo?

— Bom dia para você também já que não dormimos juntos. – Edward olhou para o amigo e pôs os óculos escuros com um vinco entre as sobrancelhas. Emmett com seu próprio óculos escuros estalou a língua com desdém.

— Você bem gostaria de ter dormido comigo. Devo abrir os olhos da Rose sobre a sua orientação sexual.

— A minha orientação sexual é a Rose. – Edward riu e Emmett teve que ir também.

— Certo, isso foi muito brega. O que está fazendo aqui?

— Vamos juntos.

— Você falou com ela. – Edward soltou imediatamente.

— Não contei, porque senão nenhum dos dois estaríamos livres de milhões de mensagens e ligações dela. Ela conseguiria nos prender em algum lugar e... A ideia não é má se fosse com ela...

— Emmett me poupe!

— Perdi o foco.

— Sim. – Concordou.

— Vamos juntos e garantirei que não fará merda.

— Tanto faz! – Edward pôs sua bagagem na mala do carro. Iria arrumar alguma maneira de agir sem que Emmett o atrapalhasse.

A viagem pareceu mais longa do que anos atrás quando queria ficar longe dessa cidade. Pararam algumas vezes para esticarem as pernas e revezarem no volante. Chegaram a cidade litorânea de Santa Cruz, uma cidade que estava começando a ganhar visibilidade no turismo ecológico. Seria ótimo receber um hotel SPA na cidade, era o que Edward queria oferecer em troca de algumas outras coisas.

— O que? – Edward não entendeu porque pararam.

— A minha barriga está roncando e já passou a muito tempo da hora do almoço.

— Temos lanches ainda. – Edward apontou para o banco de trás onde jogaram sacos com algumas compras feitas no caminho.

— Não quero lanche, quero uma refeição digna.

— Você é um fresco.

— Já estamos na cidade, é o que importa.

— Poderíamos ir então direto a Consultora para vermos o prédio.

— Você conhece exatamente a localização do prédio e tudo  o mais. Não há porque irmos direto já que sabemos as precárias condições do imóvel, por isso o preço vantajoso que conseguimos. A minha barriga não merece passar por isso sem necessidade, cara.

— Eu que não mereço isso. – Edward balançou a cabeça negativamente, mas dando uma trégua. – Quer comer aqui?

— Sim, parece legal. Conhece o lugar?

— Não, Emmet. A 10 anos não  haviam muitos restaurantes orgânicos no mundo ainda mais aqui que não é uma cidade tão grande.

— Ótimo, vamos conhecê-lo.

Antes mesmo de saírem do carro, algumas pessoas que passavam já olhavam para eles com interesse e curiosidade. Separados eram como garotos de propaganda na televisão, mais juntos eles transcendiam qualquer conceito.

Ao entrarem no restaurante incrivelmente tiveram alguns instantes de silêncio até que os outros seres viventes pudessem se reorganizar com a informação recebida. Sentaram-se, esperaram o menu que veio em seguida. Uma jovem os atendeu atenciosamente, mas um tanto nervosa. Eles esperavam os pedidos quando o celular de Edward tocou.

— Não vai atender?

— Não.

— Porque? – Emmett quis saber.

— É a Rose. – Emmett arregalou os olhos, já havia presenciado muitos desses momentos entre os irmão gêmeos, mas era sempre impressionante. Edward não tinha nem olhado para o visor do celular e sabia que era a irmã. Curioso, pegou o celular do amigo e confirmou com seus próprios olhos que era ela.

— É ela. – Emmett devolveu o aparelho para a mesa.

— Sugiro que não atenda. – Um segundo depois o celular de Emmett tocou.

— Oi gatinha! – Tentou soar tranquilo.

— Emmett, eu sei muito bem que o Edward está aprontando neste exato momento! E sei que os dois estão me escondendo algo! – Edward pôde ouvir a irmã claramente através do celular do amigo.

— Não, que é isso...

— Emmett! – Ela estava irritada. Seu amigo levantou-se desculpando-se e foi atender a sua gata selvagem do lado de fora do restaurante. Edward sabia que ele tentaria acalmá-la e faria promessas que talvez não cumprisse, pois estas promessas se referiam a ele e não estava disposto a colaborar.

A porta do restaurante abriu novamente, trazendo de fora assim como uma brisa fresca que era totalmente o contrário daquele ar condicionado do ambiente, mas também uma figura que a muito tempo ele não via pessoalmente. Na verdade, era com quem ele não queria encontrar e ao mesmo tempo ansiava por aquilo. Aquela garota que havia entrado era a pessoa que mais sentia rancor, a odiava e estava ali para ter a sua vingança contra ela também, principalmente. Isabella Swan, sacudiu os cabelos que estavam bagunçados por causa do vento e olhou diretamente para ele.


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