Tinha ocorrido um atentado na Copa do Mundo de Quadribol, descobriu assim que entrou no vagão com Aurora e Dove, já que Fred e Jorge tiveram que ir para o vagão da Grifinória. Suas melhores amigas estavam naquele vagão, então não tinha muito o que lamentar mesmo que quisesse colocar  o papo em dia com os gêmeos Weasley.

Aurora Falcon era a mais alta dali, com o rosto de alguém que realmente era da Sonserina. Ruiva não natural, já que ela tinha pintado aquele ano, mas parecia que tinha nascido para ser ruiva, com olhos castanhos escuros e uma pele mais pálida que a folha do jornal. Usava um sobretudo preto com meias longas da mesma cor, mas podia ver um pouco do vestido que usava. Ela era bem educada e um pouco tímida e, se a memória de Autumn não falha, seu pai e sua tia trabalhavam em Azkaban. Sua mãe morreu aos seus dez anos de idade, um ano antes de sua entrada em Hogwarts, e normalmente A ruiva está  sempre em casa com sua amada madrasta que cuida dela como se fosse a própria filha. Sua aparência, de fato, não combina com sua personalidade.

Já Dove Diggory, a pequena e doce azeda Dove, tinha como irmão mais velho o adorado lufano Cedrico Diggory. Uma pequena semelhança com Autumn, que tinha a mãe lufana e era da Sonserina. Seus cabelos eram castanhos escuros e longos, amarrados em um rabo de cavalo no momento, e seus olhos eram da mesma cor. Suas sobrancelhas são grossas e suas feições, únicas. Era uma bela garota.

Autumn amarrou os cabelos loiros em um coque enquanto lia, escutando Aurora ao fundo dizer:

— Foi horrível. Estávamos dentro da cabana e, do nada, o céu ficou estranho e começou a tudo pegar fogo, os comensais começaram a chegar. Foi a pior cena que eu presenciei até hoje.

— Você viu o Malfoy pelado no segundo ano, sem querer, segundo a lenda. — disse Dove. — Eu acho que a marcha dos comensais é melhor que isso.

Aurora ficou levemente tímida com o comentário, dizendo que foi realmente sem querer, não tinha maldade naquilo, e a voz fina dela de irritação fez as outras duas garotas rirem.  

— Foi realmente sem querer, quem iria querer ver aquela criatura pelada? — disse Autumn, fechando o jornal e colocando em seu colo. — Aliás, Malfoy estava no local?

— Não lembramos de ter os vistos no momento do incidente, até porque não somos do tipo de ser melhores amigas dele. — disse Dove. — Mas nós encontramos com ele e o pai, Lucius, enquanto íamos para os nossos locais. Ele perguntou de você, aliás.

— De mim?

— Sim. Ele achou que você viria, já que gosta tanto de Quadribol.

— Eu fiquei em casa jogando xadrez com a mamãe e Ethan. Aliás, Ethan não para de falar de seu irmão, Dove, dizendo o quão ele é gentil, maravilhoso e outros mil adjetivos.

Dove revirou os olhos. Autumn sabia que a mesma tinha um sério problema de complexo de inferioridade quando se tratava do irmão mais velho, o querido da família.

— Sempre.

— E eu, obviamente, falei o quão você é maravilhosa em história da magia e herbologia.

A garota a olhou com um sorriso nos lábios e as bochechas um pouco vermelhas de timidez, logo agradecendo o elogio.

— Aliás, Viktor Krum estava um gato. Fico impressionada em como ele consegue ser tão bonito, socorro. — disse Dove se abanando levemente e fazendo as outras duas rirem por pouco tempo.

— Eu encontrei com o Harry hoje. Ele estava com o Ron e a Mione. — disse Aurora. — Harry está passando por aquela fase de adolescente feio, não?

— Aquela fase na qual eu não sai? — disse Autumn e as duas reviraram os olhos, dando um tapa em sua cara. — Ai, o que foi?

— Não fala isso. Não seja aquelas protagonistas de livros que dizem que são feitas e, no final, tem a cara de uma modelo. Miss Universo.

Autumn revirou os olhos. Ela podia ser loira, de olhos azuis, considerada o padrão de beleza, mas ela não se sentia bonita. Nem mesmo se considerava. É uma coisa dela, achava seu rosto estranho e perto de Aurora então, a Hughes se sentia pior ainda.

Naquele momento, quando o assunto morreu, Aurora parou de olhar pela a janela e disse:

— Deveríamos trocar de roupa. — falou pegando a bolsa. — Estamos chegando em breve.

***

Na sala das casas, elas estavam sentadas juntas na mesa da Sonserina enquanto conversava sobre o seus dias de férias e riam. Mas sabe quando uma pessoa chega e acaba com a graça total do momento belíssimo entre três amigas? Pois é, foi o que aconteceu quando o loiro platinado de Draco Malfoy sentou ao lado de Autumn.

Dove e Aurora apenas voltaram a olhar para os lados e trocarem olhares com Fred e Jorge, na mesa da Grifinória, que riram brevemente da cara de sem saco de Autumn.

— Autumn, pensei que a veria na Copa com seu irmão e seus pais. Porque não foi?

— Não estava muito afim. Os Weasleys até me chamaram, mas decidi ficar com a minha mãe e o Ethan um pouco. Momentos familiares são bons, não acha?

Malfoy a olhou nos olhos e concordou lambendo os lábios brevemente e voltando a ver o que seus amigos, Grab e Goyle, faziam. Ela era um ano mais velha que ele, mesmo que não parecesse por causa da pouca altura da loira. Ela logo olhou o chamado de Dumbledore, para falar sobre as casas que estariam ali, no torneio tribruxo que iria ocorrer naquele ano.

— Você recebeu a minha carta? — perguntou o loiro em seu ouvido baixinho. Ela negou. — Ah sim, agora entendi o porquê.

Dumbledore explica o que era o Torneio Tribruxo ao fundo da conversa, uma competição entre três escolas, sendo uma delas Hogwarts, para a Glória Eterna e a posse do Cálice. Eles foram escolhidos para a aceitar as outras escolas em sua estrutura e sediar o torneio.

— Entendeu o que?

— De você não ter ido. — ele a olhou e a garota ficou confusa. — Eu consegui entrada para você, seu irmão e sua mãe, pois eu sei que seu pai é trouxa e não poderia ir. Na realidade, foi o meu pai, mas ok.

Ela o olhou confusa por ele ter feito aquilo e desculpou-se, e o loiro disse para não fazer aquilo. Aurora tossiu para chamar a sua atenção e sussurrou:

— Me dê sua mão.

Autumn já sabia o que fazer, então apenas a deu as mãos enquanto as meninas da Academia de Beauxbatons. Ela olhava aquelas belas moças em sua bela dança e no seu modo único de andar que encantava a qualquer um, e pode sentir o Malfoy babar ao seu lado. Respirou fundo.

— Testosterona. — disse Dove jogando o papel no rosto de Draco, que riu e limpou-se.

Assim que Aurora soltou sua mão, a garota esticou-se e fingiu que seu garfo tinha caído no chão sem querer. Ela fez um “Ops’ e foi para debaixo da mesa, onde leu o bilhete.

“Encontre-me no lugar de sempre. Não leve a Edna, ela pia demais. Aliás, Jorge disse que seu cabelo está bonito hoje.

—- Harry Potter.

PS:. Pega logo o Jorge, não aguento mais esse chove e não molha.”

Assim que a mensagem acabou, ela deu um riso e colocou o bilhete dentro de sua blusa, voltando com o garfo em mãos.

— O que eu perdi? — perguntou a Hughes.

— Dove pirando por causa do Viktor Krum. — disse Malfoy a entregando um babador.

Ela deu um riso e olhou as duas escolas, e logo o banquete começou com as comidas aparecendo em um passe de mágica — como qualquer coisa em Hogwarts — em sua frente. Assim que Harry a olhou, a garota fez um joinha com os dedos enquanto se servia ao lado de Draco, que comentava como suas férias foram maravilhosas e que ela deveria ter participado.

— Quem sabe, nas suas próximas férias, eu passo com sua família, não?

Ele a olhou meio encantado e a garota continuou a comer, mas logo parou ao ver que o Ministro da Magia ia falar:

— Ele parece um pinguim, não? — comentou Aurora.

— Para a segurança de todos, pessoas menores de 17 anos estão proibidas de participarem do Torneio Tribruxo. — ele anunciou.

A garota parou rapidamente e viu os gêmeos protestarem, sabia que eles queriam de alguma forma participarem do Torneio. Ela pegou um bolo que tinha em sua frente e olhou o povo reclamando, depois Dove.

— Eu queria participar. — resmungou baixinho ao ver a idade. — Aposto que Cedrico vai tentar e, novamente, orgulhar a família.

— Você? Participar? — perguntou o garoto loiro.

— Sim, qual o problema?

— Isso não parece muito você. — disse Malfoy e, em certa parte, Autumn concordou mas se manteve em silêncio.

— E o que você sabe sobre a Dove, Draco Malfoy? — Autumn disse pegando um muffin em sua frente e comendo, sorrindo e o garoto não retrucou.

— Você iria participar, se pudesse? — perguntou Aurora a Malfoy antes que ele dissesse algo, que riu e olhou a mesma.

— Claro, e para vencer. Iria querer ver Harry vendo que ele é um bosta perto de mim e, bom, mostrar a Glória Eterna para todos. — ela amarrou o cabelo escutando o que Malfoy disse e se pronunciou:

— Quem escuta essa última parte até parece que não faz nada de errado.  — disse Autumn recolhendo as mangas para comer sem sujar o uniforme.

Pela a movimentação das casas, principalmente de alguns amigos em volta de Cedrico Diggory, já era de se imaginar que o garoto iria tentar participar, o que deixou Dove com certa inveja, mesmo que estivesse muito orgulhosa de seu irmão. A morena logo sorriu e voltou a comer rapidamente e Autumn pisou no pé de Malfoy para qualquer tipo de comentário sobre.

****

Assim que conseguiu retirar Malfoy de seu pé e conseguiu sair da sala comunal da Sonserina de uma vez por todas, ela caminhou até o local que era considerado por ela e Harry, o esconderijo deles.

Era abaixo das escadas, em um espaço em que, com a capa da invisibilidade e atenção, eles não seriam descobertos. A garota chegou e viu Harry sentar ao lado dela, então ambos entraram dentro da capa e ficaram ali, quietos por um tempo. Era Harry que tinha a chamado, então oras, ele que começasse.

— Então, você queria participar do Torneio Tribruxo?

— Não, na realidade. — disse. — Pessoas morrem nesse torneio tentando ganhar, Harry. Eu prefiro ser conhecida por ser uma maga incrível cujo conquistas não se resumem a ter morrido para conseguir a taça do torneio

Harry deu uma leve olhada para a mesma, e logo suspirou. Não era por aquilo que ele queria conversar, e ela sabia.

— Como você sabia do vira-tempo da Hermione? Ela te contou?

— Não, mas eu sei reconhecer quando alguém usa o vira tempo, Harry. A Aurora gosta de fazer muitas matérias e tem pouco tempo por causa dos treinos de Quadribol, e o vira-tempo acabou se tornando bom para ela. Foi um presente de uma conhecida dela, até.

Harry mordeu os lábios ressecados e acabou os ferindo quando puxou uma pele do ressecamento que tinha nele. A garota o deu um lenço que tinha sempre em seu bolso e o garoto agradeceu.

— Acho impressionante que só agora você me perguntou isso. — disse e o garoto riu levemente, de forma gostosa. — Para o menino que sobreviveu, você até que está bem lerdinho.

Ela deu um peteleco em sua cabeça e logo o de óculos a olhou, ajeitando o cabelo que tinha e perguntou:

— Você teve algum pesadelo de noite?

— Eu? Não. — disse. — Porque? Você teve?

Ele calou-se no momento e a garota o olhou nos olhos, ajeitando a capa da invisibilidade e disse:

— Você teve.

— Era o sonho de alguém sendo morto por você-sabe-quem. — disse Harry cautelosamente. — A voz era igual e tinha duas pessoas com ele, não lembro muito bem quem.

Ela ouviu atentamente e pensou um pouco.

— É, eu não tive nenhum sonho assim essa noite. Na realidade, desde que eu dormi ao lado de Ron na cama do hospital e tive aquele sonho de Snape tentando matar Dumbledore, eu realmente não tenho mais nenhum pesadelo. — Autumn falou e Harry cruzou os braços. — Se você tiver outro ou o mesmo, me conte, ok? Esse tipo de sonho não é normal, e você sabe com quem está lhe perseguindo desde o primeiro ano. Não seria surpreendente.

— Eu irei contar, não se preocupe. — Harry falou e ergueu o dedo para prometer de mindinho, então a garota faz o mesmo. — Além do mais, ele sempre segue você também desde que eu cheguei. Talvez eu tenha culpa de algo.

— Eu queria saber o porquê da cisma dele comigo, e porque eu tinha sonhos com ele. — ela disse baixinho, e logo tampou a boca de Harry ao escutar alguém descendo aquelas escadas.  

Era o Sr. Flinch com a sua gata em seu ombro. Eles dois saíram do esconderijo e foram para a casa da Sonserina para que Autumn pudesse usar a capa da invisibilidade e, assim, não correr riscos de ser pega. Assim que entrar na sala comunal, ela vê Malfoy olhando para a fogueira da casa e acena a ela, perguntando:

— Onde estava?

— Resolvendo uns assuntos sobre o Ethan. — disse calmamente. — Ele estava tendo pesadelos, então eu fui ficar com ele até cair no sono. Foi Dumbledore, até, que me chamou.

— Entendi.

Ela pensou um pouco e levantou, dando boa noite ao mais novo e o garoto a segurou pela a ponta de seu pijama, e assim Autumn olhou para trás e viu ele segurando-a.

— Autumn, eu preciso fazer algo que eu não queira, mas para agradar meus pais?

— Não. — respondeu. — Foda-se seus pais, Draco, é a sua vida.

Ele a olhou nos olhos e agradeceu:

— Obrigada. Eu queria muito escutar isso de alguém.

Autumn pensou em perguntar o que tinha acontecido, mas achou melhor não dizer nada além de acenar e desejar uma boa noite de sono ao mais novo, indo para o seu quarto que dividia com Aurora e Dove. Assim que entrou no quarto, ela escutou Dove falando sobre querer dar um soco em Cedrico enquanto dormia, o que a fez rir baixinho e virar para o outro lado, apagando na mesma hora.

****

Autumn se debatia ao dormir, com suor em seu rosto e isso assustava Aurora e Dove, que foram até a mesma e tentando a acalmar. Em seu sonho, ela estava vendo Voldemort se formar de dentro de um cálice, sem que ela pudesse fazer algo pois estava presa ao chão pelo os braços e pernas, e ao seu lado tinha o corpo de Harry.

Ela fechou os olhos tentando puxar os braços para longe, e é quando os abre que vê o rosto do lorde em sua frente, dizendo as palavras em um tom meio rouco e assustador:

— Achava que eu tinha me esquecido de você, Autumn Rose?

Então, ela acordou em um pulo, olhando Aurora e Dove preocupadas com a mesma e um pouco assustadas.

— Está tendo pesadelos novamente? — perguntou Aurora preocupada. — E com… Você sabe quem?

Autumn estava muito nervosa para falar, e Dove notou, então já foi atrás de um copo d’água para ela enquanto Autumn era abraçada por Aurora, tentando acalmar seu coração que estava muito acelerado.

— O que houve com a Autumn? — perguntou um garoto entrando no local, o confidente oficial de Dove, Raj Thompson.

Raj era alto, com um físico forte e com as características normais de um indiano. Ele tinha sido adotado por uma família de trouxas, e sofria certo bullying pelo os sonserinos quando falava disso. Era como se ele fosse “sangue ruim”, ao ver deles.

— Sai daqui, Raj. — disse Aurora pegando a água da mão de Dove e entregando a Autumn, que bebia calmamente para se acalmar.

Raj olhou o rostos da garota e saiu, interrompendo quando Malfoy ia entrar falando que Autumn estava pelada e que ele não gostaria de ver aquilo, além de invadir o espaço pessoal dela. Dove teve que agradecer por Raj ser tão bom mentiroso.

Aos poucos, Autumn foi se acalmando e olhou a janela, vendo que o dia estava amanhecendo e, em breve, iria começar as aulas. Nao comentou nada com Dove e Aurora de primeira, queria ficar em silêncio por um tempo enquanto as imagens vinham em sua mente, por isso elas nem forçaram a mesma a falar.

O primeiro tempo de aula era de poções com Snape, seu professor favorito. Ela amava as aulas dele, mesmo que não fosse a sua matéria favorita.

— Pelo menos na aula do Snape, você irá se distrair. — disse Aurora. — Vamos, está quase na hora do café da manhã.