Outono sempre foi a estação em que as flores são derrubadas junto as folhas das árvores, mas Autumn Rose Hughes, que nasceu no outono de 1979, no dia 30 de setembro, em um horário não tão agradável na vida de sua mãe, Moira, já que ela estava pegando uma papelada no trabalho.

Foi uma enorme confusão, mas no final Autumn resistiu a aquele outono e todos até agora. E, naquele ano de 1994, Autumn iria para seu quinto ano em Hogwarts, e ao acordar naquele dia em que o clima estava do jeito que ela queria, Autumn acredita fielmente que esse é o seu ano.

Toda descabelada, com a cara marcada de travesseiro e umas outras características de alguém que não conseguiu dormir cedo a noite, mesmo que tenha deitado cedo. É assim que Autumn acorda, do jeito mais humano possível. Ela levantou da cama resmungando, desligando o relógio que apitava e saiu do quarto, descendo as escadas e sentando na mesa da cozinha já arrumada para o café da manhã por sua mãe, Moira.

Moira, de todas as mulheres, é a mais forte. Ela nunca quis colocar sua família em perigo, por isso nunca contou o motivo de ser afastada totalmente da sociedade mágica e começado a andar no mundo dos trouxas uma coisa que, um dia, Autumn poderá saber. Advogada, é conhecida por ser muito durona e sempre conseguir o que quer, mas sempre com um coração justo e doce.

— Mãe, recebeu carta do papai? — perguntou Autumn, amarrando o cabelo loiro e todo despenteado, cheio de nós.

— Não. — disse a mulher, sorrindo meio triste e a entregando uma caneca para o café que tinha feito. — Eu deixarei vocês no ponto de encontro com os Weasleys, ok? Fique espera e chegue na hora certa. 

Ela a olhou sorrindo e concorda com a cabeça enquanto descasca a maçã.  Sua mãe não gostava de falar tanto de seu pai cujo estava mais em uma missão do exército naquele momento, por isso ela nem forçou continuar em tal assunto. Mesmo separados e brigados, Moira ainda ficava preocupada com ele.

Não por gostar dele, Autumn sabe disso, mas sim por questão de consideração com Ethan, o mais próximo.

Assim que viu seu pequeno irmão levantando e sentando na mesa, o deu um beijo na bochecha e encheu seu copo de café, logo após colocando leite do jeito que ele gostava. Ela o abraçou com toda a força que tinha em seus braços naquele momento e voltou a comer.

— Mãe, você sabia que a Autumn tem um namorado?

— Ethan! 

Autumn arregalou os olhos e tossiu ao se engasgar com o gole de café que estava bebendo. Moira amarrou os cabelos castanhos e deu um sorriso em seus lábios atraentes e adoráveis.

— Oh, sério? Com quem?

— O nome dele é Jorge Weasley!

Moira fez um “Ah” e, enquanto bebia, disse:

— Então, por isso, a família Wesley ajuda tanto você do ano passado para cá. Viagens e ofertas para ir a Copa do Mundo de Quadribol, nossa.

— N-não é bem assim, mãe! Somos apenas amigos, os pais deles gostam de mim, fala que eu dou juízo ao Fred e o Jorge, sou como o cérebro que eles nunca tiveram. — disse rindo cortando a maçã e colocando uma fatia na boca.

O irmão pegou uma torrada que a mãe fez para ele e pegou a geleia, passando com cuidado.

— Eles são que casa?

— Grifinória. — disse Ethan. — Os Weasleys, sem exceção até o momento, são da Grifinória! Eles tem um certo preconceito com gente da Sonserina em alguns momentos, mas até que eles tratam Autumn bem e não faltaram respeito. É que, bom, com aquele homem lá na Sonserina, não tem como não ter algo como ódio por todos e pela a casa.

— De quem você está falando, Ethan?

— Malfoy, aposto. — disse Autumn desistindo de cortar e mordendo a maçã logo de uma vez, resmungando que essa coisa de ir cortando pedaço por pedaço não era dela.

— Estou falando do Severus Snape.

Autumn arregalou os olhos e deu um tapa na cabeça do irmão.

— Como ousa, Ethan? Snape tem as melhores aulas e ele é muito bom no que faz, além de ser inteligente. — defendeu-o. 

Snape era, de fato, seu professor favorito. Mesmo que ele tivesse uma má índole, a aula de poções dele era a sua favorita desde muito tempo e, além disso, o professor ainda a ajudava em aulas extras após a garota encher muito o saco ou apelar, brevemente, para o diretor do colégio. Sempre muito respeitoso, sabia os limites e o momento para puxar a orelha dela quando precisava.

— Ele mexe com Arte das Trevas!

— NÃO TEM NENHUM TIPO DE PROVA CONTRA ELE!

— É SÓ OLHAR PARA CARA DELE, AUTUMN, AQUILO FEIO LÁ DEVE SER MAGIA NEGRA.

Autumn não teve argumentos além de rir daquilo junto à mãe, que bebeu seu último gole de café e olhou a hora, dizendo para eles irem logo tomando seu café ou iriam se desencontrar com Molly e bom, a mulher ficaria extremamente preocupada.

Não é sua filha, de fato, mas ela sempre vai com os gêmeos e a mulher acabou pegando certo amor pelo o casal de irmãos Hughes. 

Assim que acabou, Autumn levou a louça até a pia e começou a lavar, e quando terminou o seu irmão lavou a dele. Subiram para seus quartos para colocar uma roupa confortável e pegar as malas.

Ela colocou uma blusa branca com a sua calça favorita jeans, colocando um suéter verde escuro por cima. Colocou suas botas de sempre, pretas e parceiras para todo o lugar que ela vai. Sorriu, passando protetor labial em seus lábios ressecados e penteando o cabelo, o deixando solto para caso ficasse com frio, não precisasse abusar do cachecol de alguém.

Assim que estava mais apresentável ao seu ver, ela pegou sua mala enorme que cabia tudo que ela precisasse, outra mala enorme com seus livros, a coruja Edna e mais uma mochila com coisas que ela queria levar perto de si. Desceu as escadas da casa e a mãe pegou as malas, levando até o carro e a garota viu seu irmão sentado já dentro do carro, com a gaiola de Grilo, o seu sapo.

Porque o nome do sapo é grilo? Simples: Ethan queria ter um grilo de estimação em Hogwarts. Como viu que não podia, ele simplesmente adotou um sapo, seu terceiro animal favorito, e colocou o nome de “Grilo”. Incrível, não? É como chamar um brócolis de trufa de chocolate. 

Ela entrou e fechou a porta, colocando seu cinto. Sua mãe fechou a casa, voltou para o carro e sorriu, colocando o pé na estrada normalmente. Autumn pegou um livro que tinha em sua bolsa e começou a ler, de vez em quando acabando distraindo-se com a janela do carro, vendo as casas da vizinhança passarem, principalmente a de sua melhor amiga, Janine.

Janine era uma amiga de infância maravilhosa que a ajudava em tudo até hoje, mesmo que ambas apenas se vêem nas férias. Por ser humana, Janine acha que ela está em um internato de alto nível em um local distante da cidade que moram.

O que é bem isso que está acontecendo, não é? Ela só não sabe que é que Academia de Magia e Bruxaria de Hogwarts, mas isso é detalhe. Não é como se Autumn estivesse mentindo de forma grandiosa para a mesma, de modo algum.

Pelo menos era isso que ela gostava de pensar.

Assim que chegaram na estação de trem, eles se despediram de sua mãe após pegar um carrinho para colocarem suas coisas e voltou para a mãe entrando no carro.

— Boa sorte e tomem juízo. Ethan, cuide de sua irmã, ok? Autumn, seu siso ainda não nasceu, mas tome juízo, ok? Ou pelo menos finja que tem um, Sonserina.

Ela disse e piscou a filha, colocando seus óculos para dirigir e, após dar um beijo nos dois, fok em busca de seu caminho. Ethan, o garoto magrelo de doze anos que Autumn tem o enorme prazer de chamar de pirralho, olhou para a mais velha e disse:

— Vamos?

— Temos outra escolha? 

E então, empurrando seus carrinhos, eles entraram na estação de trem e foram até a procura da nove três quartos. Assim que viram Molly com Fred e Jorge fazendo hora para a esperar,  ela acenou e aumentou o passo com o irmão, pedindo desculpas.

— Demorou. — disse um dos gêmeos ruivos e com sardas chegando perto dela e a garota o olhou fixamente. — O que foi?

— Fred ou Jorge?

— Fred. Meu Deus, e como diz que é nossa amiga?

Ela riu e o abraçou, voltando a Jorge e dando  abraço também. Molly riu da cena e apertou as bochechas de Ethan, dizendo que ela gostava muito daquelas bochechas, parecia saudável. 

— Vão logo, vão perder o trem! — ela falou mudando o tom de voz e Fred e Ethan foram primeiro, logo seguidos de Jorge e Autumn.

Aquele ano, para Autumn, parecia que seria o seu ano de vitórias e glória. Mesmo com milhares de incógnitas sobre o passado de sua mãe, ela sentia que esse seria seu melhor ano…

Uma pena que, se ela pudesse ver seu futuro, veria o quão errada está. Aquele ano, de fato, seria o melhor dos piores anos que estaria por vir de sua vida.