She Is Crazy escrita por Nat Rodrigues


Capítulo 1
Elaborando a aposta


Notas iniciais do capítulo

Dividi a história em dois caps para poder trabalhar melhor o tema. Espero que goste!



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As coisas começaram a dar errado quando no meio do meu amasso com a estrela teen do momento, John Moose, ele tocou nos meus peitos e eu surtei, parando tudo que fazia para dizer:

— Eu sou virgem.

— Não precisa dizer isso para me agradar – John diz, enquanto beija meu pescoço. Tossindo um tanto nervosa e indignada, afasto-o de mim, apesar de ainda estar em seu colo, em cima da cama.

— Não estou dizendo isso pra te agradar. – Seu olhar perdido combinava com a cara vermelha e o cabelo castanho bagunçado, deixando-o ainda mais adorável. Mas não é hora de acha-lo fofo. – Eu sou virgem, e estou aqui por causa de uma aposta. – Falei no ápice do meu pânico. Se esse foi o melhor jeito de contar a verdade? Não. Mas meu coração batia tão rápido e estava me sentindo tão culpada que não consegui filtrar minhas palavras. Não queria que minha primeira vez fosse dessa forma.

John apesar de parecer irritado, colocou-me de lado com delicadeza. Parecia confuso, mas tenho certeza que não estava mais do que eu.

— Como assim, Raven? – Questionou com a voz serena. Como ele pode ficar calmo numa situação assim?! Porque só eu tenho que estar surtando internamente? Já não aguentando mais os julgamentos que minha própria consciência me impunha, tomei mais um pouco de espaço e proferi mais rápido do que o Flash (porque vamos combinar que muita gente é mais rápida que o homem mais rápido do mundo):

— Também sou da imprensa.

— O quê?!

E lá se foi a calma. Agora eu não era a única surtada. Eba...

Tudo bem, acho que você precisa de mais explicações. Além disso, se eu for realmente sincera, tenho que dizer que tudo começou a dar errado bem antes de eu me encontrar com John Moose na premiação que estava cobrindo. A ideia toda foi de Clarisse. É. A culpa é de Clarisse, minha colega de trabalho. Ela começara toda a aposta e eu aceitei porque... Bem, porque sou idiota, só pode.

Hoje devia ser só mais um dia comum de trabalho. Quer dizer, comum não é a melhor palavra para descrever, porque pela primeira vez na minha vida eu fui a repórter responsável por cobrir uma das maiores premiações de música da América para o canal CCB. Nunca tinha feito algo do estilo, sempre fiquei responsável apenas por montar a redação, porém a nossa repórter que estava encarregada pela premiação estava passando por uma virose terrível em sua casa, e a felizarda escolhida para substituí-la nas últimas três horas antes da premiação fui eu, Raven Mclean, prazer. Quando fiquei sabendo disso surtei, é claro. E minha colega de redação, Clarisse, surtou junto comigo porque agora ela teria uma desculpa para acompanhar nosso cameraman na premiação e dar uma olhada de perto nos famosos que ela tanto amava (caso esteja se perguntando, a desculpa dela foi me dar apoio emocional).  Então lá pelas cinco horas da tarde eu estava finalizando minha maquiagem, enquanto Clarisse ajudava os dois cameramens com o equipamento para o tapete vermelho, lugar onde ocorria nossa cobertura do evento.

Quando todo o equipamento já estava posicionado, ainda faltava alguns minutos para a abertura da premiação dando espaço para minhas crises de ansiedade. Veja bem, eu sou praticamente a novata no redação, estou formada há apenas dois anos e nunca fui muito fã da câmera. A escolha ter recaído sobre mim com certeza dizia mais sobre o fato de minha aparência ser padrão de beleza asiático do que qualquer outra coisa. Ou mesmo outras pessoas recusaram o convite por estar em cima da hora, não sei. A única coisa que sei foi que Clarisse era até que boa no seu papel de apoiadora emocional. Como eu estava a ponto de começar a suar todo o oceano pacífico de nervoso, ela me levou num canto ao ar livre para respirar melhor e tomar uma água.

— Vai dar tudo errado. Eu vou gaguejar e passar vergonha. Os artistas nem vão querer parar para conversar comigo. Vou ser ignorada por todo mundo e ser demitida. É isso. Já aceitei. É melhor irmos embora.

— Que ir embora o que, Raven. Respira e senta um pouquinho. – Indicou, apontando para um banco de madeira. Apesar de contrariada, obedeci enquanto ingeria o máximo de água que podia. – Olha bem aqui para mim. – Pediu agachando para ficar na minha altura. – Você é uma excelente jornalista, sempre fala bem nas reuniões, e olha que enfrentar aqueles brutamontes da redação não é brincadeira, então não é agora que você vai falhar.

— Mas e se eu não conseguir entrevistar ninguém? Quer dizer, os artistas estão indo para a premiação, deve ser um saco ser parado para entrevistas.

— Garota, nós duas sabemos que isso não vai acontecer. Por dois simples motivos. Primeiro: Os artistas estão afoitos para falar de si mesmos e promover seus álbuns, além de a entrevista ser uma forma de conversar com os fãs. Segundo: Olha para você mesma no espelho e me diz se alguém vai ter coragem de ignorar uma coreana gata com esse vestido vermelho e branco cheio de decotes reveladores?

— Não são reveladores... – Reclamei com a voz baixa enquanto arrumava a fenda do vestido que deixava minhas pernas a mostra. Clarisse fingiu que não ouviu.

— Você não está animada? Até John Moose foi convidado para estar aqui hoje, apesar de não estar concorrendo a nenhum prêmio.

 Percebi tarde demais que Clarisse estava puxando esse assunto para me distrair. Se na hora tivesse pegado sua intenção, teria pedido para conversarmos sobre joaninhas porque joaninhas são bichinhos fofos que me acalmam e com certeza me fariam esquecer um pouco sobre a premiação. Porém não percebi, e com isso deixei que o assunto rolasse, calhando na nossa bendita aposta. Mas é que quando não gostamos de algo e vemos a oportunidade de falar mal desse “algo”, não deixamos passar, e isso acontece comigo sempre que alguém cita John Moose. Por isso que quando Clarisse mencionou-o, não consegui ficar quieta.

— Ah, por favor. John Moose não deveria estar aqui. Ele é só mais um astro teen do momento que logo vai cair no esquecimento. Você mesma disse que ele não está concorrendo a nada, então nem faz sentido.

— Não me diga que você é uma daquelas defensoras de música cult. – Pediu revirando os olhos. – Pelo menos admita que ele é maravilhoso!

— Não diria maravilhoso... Está mais para... Padrão. E ele é dois anos mais novo que eu então é meio esquisito.

— Dois anos Raven? Isso significa que ele tem 22, o que não é nada esquisito. Sabe do que isso tem cheiro?

— Do quê?

— Tesão escondido. – Articulou com um sorriso malicioso.

— O quê?! Mas é claro que não! – Defendi-me sentindo o rosto esquentar. Vamos resumir essa parte: relacionamentos não funcionam nem combinam comigo. Sempre fui daquelas que dá uma super esperança pro cara e na hora entra em pânico e foge para longe fingindo que nunca conheceu ou deu a entender que queria um relacionamento (talvez isso tenha acontecido no começo da nossa história [foi mal, John]). Portanto, ficava envergonha com uma facilidade impressionante.

— Então você não tem confiança de que conseguiria conquistá-lo. – Provocou. Como diabos ela chegou a essa conclusão me pergunto até agora. Não é como se eu estivesse diminuindo ele por não gostar de suas músicas. Ou talvez seja isso mesmo. Todo mundo tem um defeitinho, vai.

— Não tem nada a ver. Só não acho que ele merece toda a atenção que ganha. Eu conseguiria conquistá-lo, se quisesse. – Afirmei, porque meu orgulho estava ferido. E também, John Moose não seria um deus num pedestal inalcançável ao ponto de eu não poder conquista-lo (foi mal de novo, John).

— Ah, é? Então vamos fazer uma aposta. – Clarisse falou com um sorriso diabólico (porque a ideia tinha que vir desse coiso, não é possível). – Se você conseguir ficar com John Moose eu te compro café por um mês inteirinho. Se não conseguir, é você quem compra para mim.

— Não curto esse tipo de aposta. E estamos aqui para trabalhar, Clarisse. Você quer que eu perca meu emprego mesmo?

— Nós só somos responsáveis pelo tapete vermelho. Depois da cobertura você pode usar esse lindo crachá imprensa para entrar na premiação e dar o bote no nosso querido astro. Ou você não tem confiança de que é capaz?

Se tem uma coisa que eu odeio que me digam é se eu sou ou não capaz de algo. Não gosto que me subestimem, nem superestimem. Será que eu não posso ser apenas eu mesma e ir tocando o barco? Saco. Com o orgulho todo ferido, levantei do banco com a cabeça levantada e o nariz empinado.

— Tudo bem. Mas saiba que eu gosto de café sem açúcar.

Clarisse apenas riu (não sei se comemorava minha desgraça de ter aceito essa aposta ou por ter conseguido me distrair), para logo depois pedir para que eu voltasse ao meu lugar, pois algumas pessoas já estavam chegando e eu precisava fazer meu trabalho.

A boa notícia: Consegui realizar várias entrevistas sem ser repetitiva ou embolar minha língua na hora de falar. A má: Nem sinal do tal de John Moose. Se bem que não era tão má assim, se for parar para pensar. Porque se ele não estava no evento, sinal de que a aposta não valia de nada. Estava satisfeita com essa constatação enquanto ajudava a organizar as coisas para irmos embora, quando Clarisse veio surtar do meu lado.

— John Moose fez uma apresentação surpresa no início da premiação! – Gritou trazendo seu celular com a live do evento (o que era um pouco engraçado se considerar que eu tinha o passe para entrar e assistir ao vivo). – Por isso que ele não passou por aqui. Já devia estar lá dentro há horas, se preparando.

— Sério, o que essa música dele tem de tão especial para colocá-lo na abertura? – Reclamei. – A melodia nem é tão boa assim...

Apesar de ter dito isso, de onde estávamos, dava para ouvir a música rolando na premiação e sabe quando seu corpo responde a uma música antes de você pensar ou escutar ela de verdade? Quando percebi, estava quase dançando. Consegui parar antes de Clarisse reparar.

— Bom, mas agora você tem uma tarefa a cumprir e eu e os meninos vamos tentar conseguir entrada para a festa pós-premiação. Desejaria boa sorte, mas eu quero meus cafés. – Clarisse riu, dando-me as costas. Com um riso nervoso me despedi da equipe e entrei no espaço da premiação. Tudo que eu precisava era de uma foto para provar.

Estava na hora de achar John Moose e fazê-lo se encantar por mim. Sinceramente eu pensei que precisaria de um milagre para que isso ocorresse, mas não foi bem isso que aconteceu.


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Notas finais do capítulo

Nunca escrevi algo do estilo Ecchi, então se a fic acabar sendo mais comédia do ecchi, não me matem KKKK
Amanhã acho que já posto a continuação. Obrigada por ler! Ficaria muito feliz em ouvir o que achou (seja crítica ou elogios)
Ps: Na capa da fic é a Raven e o John na premiação



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