O Lobo-homem e o Feiticeiro Mestiço escrita por Melvin


Capítulo 19
A aparição.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Melvin voltou!
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Eu estava viajando em outros esquemas, amigos(as)... tsc.
Me entretendo de outras formas... já li umas quatro comics nesse tempo, agora estou vendo mangá (quem diria depois de tanto tempo estaria nessas bandas?)
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Fiquem agora com mais um capitulo de LH FM (Ih! parece nome de uma radio! huashuashs "FM" >—<)
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Boa leitura!



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O fim da tarde se aproximava na medida em que começava a nova viagem do feiticeiro mestiço e seu mestre. O mato crescia sobre o caminho da estrada mal usada que era ladeada por arvores, havendo sombra e luz.

Luahn ainda estava empolgado com o que descobriu naquele dia, porém compartilhava seus pensamentos com seu mestre feiticeiro. Eu tentei ignorar a conversa deles, andando sempre ao fundo, depois do cavalo, só porque não gostava daquele velho, mas quando ouvia o garoto rir acabava olhando interessado em entender. Apesar dessa reação logo lembrava porque não estava de bom humor com aquele grupo. Mejen era quem me fazia ficar longe, não podia confiar nele, qualquer movimento e ele sim era capaz de lançar um feitiço contra mim novamente, e considerando que o mestiço ainda tinha o que aprender, seu colar podia não me proteger novamente.

Aos poucos, ouvindo a musica do chacoalhar dos pingentes em meu pescoço enquanto caminhava, eu me distraí da solidão, lembrando das razoes e momentos até eu ter aquele presente de Luahn.

A estradinha tinha uma curva na nossa frente. Antes dela, eu parei de súbito, facilmente me sentindo tenso e preocupado, uma sensação tão repentina que meus pelos eriçaram e olhei em volta. Havia algo vindo, não havia nenhum cheiro novo no ar e não dava para saber o que era, nem da onde viria, pois parecia ter nos cercando. Rosnei, sendo percorrido por um calafrio que me deixou mais nervoso.

— Fiel? — ouvi Luahn com um tom preocupado e o olhei. Deu para entender pelas expressões dos dois humanos que também sentiam algo, afinal a magia os deixava mais receptivos ao que não se pode enxergar.

— É melhor seguimos em frente — Mejen orientou com tom sério. — Seja o que for, será bom estarmos o mais longe possível daqui.

Eu concordava então corri para mais perto do mestiço e caminhamos próximos e calados. A sensação continuou conosco, até seu ápice depois da curva...

De repente, um vento gradativo agitou o interior do túnel verde, criando uma chuva de folhas e levantando um pouco de poeira. Nós paramos confusos, sentindo que aquele era o momento da coisa se mostrar, e o ambiente pareceu escurecer-se, o que agitou o cavalo cinzento de Mejen. Nervoso, também me movi e assumi a forma humana, puxando a minha espada que Luahn carregava no cinto e ficando pronto para enfrentar o que viria.

Por alguns segundos houve apenas o vento e nossa plena atenção ao redor. Então surgiu um espectro gigante, brilhoso e turquesa mergulhado do teto de folhas e bloqueando o caminho à frente. Era um par de pernas que desceu e depois o resto de um corpo gigante, resultando num tipo de fantasma florescente de um humano bem alto, mas seu rosto e detalhes não ficaram definíveis em meio ao seu brilho de áurea pura. Apesar de ser uma presença excepcional, não havia hostilidade dele conosco, por isso nenhum de nós três reagimos, mas ficamos atentos a figura de movimentos suaves.

“Fujam” — soou uma voz feminina com ecos no ambiente enquanto a face da figura nos encarou do alto, causando um leve arrepio na nuca. — “Não prossigam nesta direção” — avisou e algo me dizia para ouvi-la. Mas Luahn deu um passo na direção dela, admirado e curioso, e chamou a atenção especifica de seus olhos brilhantes. O mestiço ia abrir a boca para falar alguma coisa, mas ela lhe disse: — “Ele está à procura de um de vocês... Um que tem o que ele precisa para permanecer aqui.”

Após dizer isso, de repente, a gigante figura virou o rosto para lado, como se enxergasse um ponto além que das copas das árvores e colinas bem a sua frente, e qualquer pequeno sinal definível de sua expressão mostrou concentração e preocupação. Assim, dando um largo passo na mesma direção como se iniciasse uma corrida, o fantasma invadiu a borda do caminho já desaparecendo no ar, acompanhada de uma brisa no mesmo sentido. Tudo voltou ao normal.

Luahn virou-se para mim, pelo seu olhar ele ainda estava admirado e muito curioso sobre a aparição ao invés de dar o devido medo para o aviso que recebemos.

Um estrondo alto ecoou, tremendo o chão e as árvores como se um grande trovão tivesse atingido a região. Por acontecer durante um passo de Luahn, o rapaz tropeçou, enquanto o cavalo saltou assustado e relinchando, fazendo Mejen ir controlá-lo antes que fugisse. A vibração durou pouco tempo e devia ter sido um movimento grande, pois o vento logo trouxe o cheiro de terra revirada e da umidade que a floresta escondia em seu subsolo. Aquilo não era nada bom.

Ajudei o mestiço a ficar de pé, ele ainda estava confuso ao ficar ajoelhado, e o levei em direção ao caminho de volta, atendendo ao aviso o mais rápido que eu podia. Todos entenderam. Naquele momento, não me lembrei de que viemos de lá por culpa de lobos, mas a ameaça deles não era maior do que a do desconhecido capaz de sacudir a terra.

— Vamos voltar para a fazenda? — perguntou Luahn.

— Sim. E pegaremos uma terceira direção, se tiver. — respondi sem parar de andar rápido.

— Então vamos cortar caminho! — ele parou e apontou a lateral da estradinha, logo indo para onde queria.

Mejen nos ouviu e o seguiu, arrastando o cavalo. Preocupado em perdê-lo no meio dos arbustos da floresta fui atrás, logo ultrapassando o animal e permanecendo próximo dos dois humanos.

O verde estava em todo o lado, sempre sem um caminho livre, sempre sendo atingido por folhas e chutando galhos verdes, então as árvores e arbustos se tornaram mais espaçados até o momento em que desapareceram e invadimos um campo de capim alto, por aonde Luahn ia abrindo caminho determinado. Pude reconhecer no ar os aromas da fazenda de Carlyne, ao menos sabia que estávamos na direção certa.

Um agudo apito atingiu meus ouvidos de repente, grunhi com o incomodo que aquele som me trazia e parei. Logo senti na pele uma eletricidade que me pinicava e meu coração disparou, me deixando meu corpo tenso. Logo depois, um chiado que até os feiticeiros ouviram veio do norte, de sobre as árvores e se aproximando. Em pouco tempo, uma pequena nuvem cinzenta e autônoma apareceu, percorrendo o céu e se remexendo, vindo em nossa direção no meio do campo de capim.

O chiado e o apito se misturaram e se tornaram um irritante som de sinos minúsculos e incessantes, tão baixos que acho que os humanos não os ouviam, mas que era capaz de arrepiar minha pele e me deixar quase imóvel de irritação e sem conseguir pensar direito, parecendo que meu corpo estava sendo pressionado.

Com o borrão esquisito planando no céu e ficando mais perto, o cavalo fugiu das mãos distraídas de Mejen e correu inteligentemente na direção da fazenda. Em seguida nós também corremos. Contudo, não fomos distantes. Um assobio soou e uma parte da terra entre nós e o cavalo explodiu, jogando torrões e capim picado no ar e abrindo uma área de mato amassado e cortado, deixando-nos bem visíveis e vulneráveis para aquele espectro escuro. Rapidamente, fui apoiar Luahn, caído por ser um dos que estavam na frente, enquanto Mejen, ao me notar ajudando o garoto, assumiu uma postura de fronte ao espectro já segurando seu cajado, que havia puxado do cavalo desde que tudo isso começou.

De pé, nos três encaramos a figura obscura que nos encurralava. Antes que ela chegasse perto demais, o feiticeiro mestre começou a fazer movimentos concentrado e dizendo frases em uma língua que eu não compreendia.

— Mejen vai fazer um escudo para o caso de isto querer explodir-nos — o mestiço explicou rápido, ofegante, estendo um braço diante de mim. Então percebi que estava se pondo na minha frente, me protegendo... Mas isso não estava certo, eu ia protegê-lo, não o com trário! E um impacto súbito me distraiu.

Tudo chiou quando o corpo fumacento colidia contra a cúpula mágica de Majen, fazendo-a cintilar junto de um grunhido do velho. Repelido, o espectro frustrado passou a girar ao nosso redor no céu, antes de investir novamente, causando um tremor no terreno.

Eu continuava ouvindo os malditos sinos finos que me incomodavam, encarado a figura obscura que tinha uma intenção determinada e maligna contra nós e não sabíamos a razão. Estávamos presos, mas mesmo assim precisávamos de uma saída.

Quando o espectro chocou-se no alto e voou para longe, vi com o céu tinha mudado bastante. Todo o azul limpo foi preenchido por nuvens e o sol havia desaparecido. Apesar de não sentir nada dentro da proteção de Mejen, as árvores distantes e o resto do campo de capim balançavam agitados com um vento. Isso significava que a energia daquilo era bem forte.

— Luahn! — gritou Mejen, urgente. A voz dele estava abafada pelos sinos que eu escutava e pelos chiados de tudo, como se a atmosfera interna confundisse as ondas sonoras. — Precisamos de uma boa idéia para sair daqui!

Olhei o jovem feiticeiro enquanto o mestre aguentava mais uma investida e tremia.

—Ahn... — quase pude enxergar Luahn pesquisando as informações em sua mente pela sua expressão. — Que tal... A veiculação oito?

— Não! — respondeu o mestre, sobrecarregado. — Ele se move rápido. É uma alma suja Luah, e é forte! Pense por nós — um novo impacto fez o homem se calar e resistir, já que naquele momento a figura não repeliu e continuou afrontando a cúpula mágica com força, fazendo-a ser cada vez mais visível e densa.

— Alma suja? — murmurei, apertando o punho da espada em minha mão e me preparando para agir imediatamente se a proteção caísse.

Luahn ouviu e me encarou, parecia verdadeiramente nervoso e preocupado.

— Essa coisa é uma alma que absorve outras, Fiel. Algo condenável por ter tomado vidas alheias de pessoas que tinham magia ou não, prendendo-as a si sem nunca poderem descansar em paz, sendo apenas usadas. Mas... o pior é que para ser capaz de absorver isso teve que consumir uma alma pura e inocente... — encarou-me com amargura e logo soube que falava de filhotes. — E se essa coisa fez isso no começo, certamente ainda é capaz de fazer. É suja, sedenta por mais e cada vez mais poderosa, e provavelmente sabe qualquer encanto simples que nós usarmos por que só pode ser um bruxo.

— Lobo! — Mejen chamou e encarei-o sobressaltado. — Posso contê-lo, mas você terá que levar Luahn para longe! — o rosto do homem de barba virou-se para o mestiço depois, olhando-o seriamente: — Você confia no lobo? — o garoto assentiu confuso e atordoado. — Essa coisa não pode alcançar você, Luahn, de jeito nenhum. E mesmo que escapemos dela agora, irá atrás de você.

— Por quê? — o garoto perguntou, e eu também tentava entender o nervoso do feiticeiro mestre.

— Ele sabe o poder que você tem, pode sentir. Se ele te pegar se tornará poderoso demais. Há o encanto de Âmago...

— O manipulador — completou o mestiço, meio sem reação.

— Você pode fazer isso com você e evitar coisa pior para todos! — o espectro tomou distancia e colidiu mais uma vez no escudo, interrompendo o mestre. — Fuja daqui, prepare tudo na casa de Carlyne e instrua seu familiar e a mulher. Seu corpo será automaticamente protegido e sua alma deve ir para um receptáculo, então confie ao lobo levá-la para longe daqui o mais rápido que ele puder. Avise Carlyne para fugir também, mas quando der o tempo e a ameaça dessa alma suja passar, encontrar o lobo e trazer você de volta.

— Não! Que plano ruim, Mejen! — o mestiço revoltou-se, assustando e raivoso.

— Cala-se e obedeça! — rosnou o homem, cujo rosto suava e a mão ligada ao cajado estava avermelhada. — Isso segue almas, Luahn! Principalmente gosta das que possui magia! E a sua poderá deixá-lo poderoso demais para nossa terra! Não podemos deixar que isso aconteça! ... Se o lobo levá-lo, será mais rápido e o espectro não poderá rastreá-lo facilmente por ser apenas um animal, terá mais chances de despistá-lo de você.

Após ouvir o plano, eu aceitava abandonar o mestre feiticeiro para levar Luahn para longe daquele espectro, mas a parte de tirar a alma do mestiço significava para mim matá-lo e, pior, contê-lo em um objeto para eu, justamente eu! carregar por aí era apavorante!

E se algo desse errado? Quanto tempo levaria para alma e corpo de Luahn estarem juntos novamente? O plano significava claramente que eu deixaria o corpo para trás, uma boa parte de Luahn que eu não poderia zelar, pois estaria preocupado em ir para longe e salvar a alma dele de ser devorada.

Mas, talvez, não tivéssemos outra saída.

— Faça seu escudo, Luahn! — avisou Mejen de repente. — Vou segura-lo agora.

Um novo impacto tremeu o solo. Ao nosso redor, o capim estava amassado e o campo tinha ganhado vários espaços de terra revirada e buracos esfolados.

A expressão de Luahn dizia que era contra aquilo, mas mesmo assim ele começou a fazer algo bem parecido com o que o mestre fez, recitando frases concentrado e movendo a mão que devia ter o cajado, logo a energia entre nós estava diferente, rodando ao nosso redor, onde algo me dizia que a cúpula menor se formava quase facilmente.

Pouco depois, quando resistia de uma investida fixada pelo lado sul, Mejen desfez sua proteção. O espectro foi jogado para dentro da área protegida, atingindo o solo com força e espirrando torrões de terra, mas logo ele curvou-se para o alto, retornando ao vôo, e passou a girar ao redor analisando aquela divisão do nosso grupo. Mejen começou um novo encanto e lançou na direção da figura obscura no céu. O que pude supor é que era um tipo de rede invisível, restringido a nevoa viva dentro de algo e deixando-a lenta.

Luahn puxou meu braço:

— Vamos! — e começou a se afastar numa corrida, ainda mantendo-nos dentro de seu circulo mágico e dando as costas ao seu mestre, que segurou o movimento do espectro quando este mostrou interesse em nos perseguir.

 


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Notas finais do capítulo

Otimo! Acabou mais um episodio!

Lembre-se que a reprise desde ou de outros episódios dessa aventura acontece sempre no horário que você quiser! Basta clicar no titulo e escolher seu capitulo para rever! bjs.
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Aviso: O próximo capitulo vai ter duplo ponto de vista. Claro, iriei buscar deixar o mais claro possível a transição, mas fiquem esperando por isso.

E não, não é algo aleatório e sem sentido. Tem uma razão por que eu deverei fazer isso assim e vai um tiquinho além de simplesmente temperar o momento.
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UAU! E lá se foram seis meses de historia!

Só tenho a agradecer toda a companhia que tive e, principalmente, aqueles iluminados e cheio de graça que abriguei no cantinho mais aconchegante do coração e que me fizeram sorrir ao comentar coisas. (tsc, to sorrindo sozinho ao lembrar aqui).

Obrigado pelos acompanhamentos, comentários, favoritos, recomendação e apoio nas minhas divulgações nesse tempo!
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Até um próximo!
Não deixe de comentar e leve umas castanhas! bjs!

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