Bless My Soul escrita por Kori Hime


Capítulo 1
My body’s shaking like a willow tree


Notas iniciais do capítulo

História divertida para alegrar a vida de todo mundo :D



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Loki sabia que algo muito errado aconteceria assim que o artefato egípcio de seis mil anos explodiu, e de seu interior raios de cor laranja foram lançados contra seu corpo e o de Peter Parker. Os corpos foram lançados metros de distância e por alguns minutos eles permaneceram deitados até que Loki ouviu sua voz chamando-o desesperadamente.

Seu corpo estava dolorido, embora já estivesse na Terra há meses o bastante sem seus poderes para saber como era miserável a vida de um ser humano mortal.

— Senhor Loki, acorda. Sério, precisa acordar, a minha perna tá ferida.

O mais estranho era ainda ouvir sua própria voz vindo de fora, como isso era possível?

Loki abriu os olhos devagar e forçou mexer o corpo, só conseguiu sentir mais dor.

— Pare de matracar, garoto. — Ele falou, mas não parecia certo. Tossiu, repetindo a frase novamente. Depois sua visão focou no homem ao seu lado, aquele não era Peter Parker.

— Senhor Loki, o que aconteceu? — Peter perguntou, mas ele usava sua voz, seu corpo, sua aparência. Peter era Loki!

— O que... — Confuso, Loki olhou para as próprias mãos e depois passou-as pelo peitoral. Usava um moletom e vestia calças jeans. — Não é possível.

— Eu não sei o que aconteceu. — Peter começou a entrar em pânico, enquanto Loki analisava o ferimento em sua perna, uma lança havia fincado em sua coxa. Doía, é claro, mas estava perplexo demais naquele momento para emitir qualquer grunhido de dor.

— Pare de falar, não consigo ouvir meus pensamentos. — Loki esbravejou com a voz de um jovem recém-saído da puberdade. Era terrível passar por aquilo novamente, Odin não poderia ser assim tão cruel com ele.

— Eu acho que estou ouvindo seus pensamentos agora. — Peter levou as mãos até a cabeça, alisando depois os cabelos negros.

 — Não diga bobagens, isso não é possível. — Com o pouco de paciência que lhe restava, ele ordenou que Peter conseguisse algo para amarrar na coxa e puxar a lança depois.

— Tem certeza? Não é melhor chamar uma ambulância? — O jovem rasgou um pedaço de tecido da camisa que vestia em seu corpo (agora usado por Loki), deixando-o com uma aparência deplorável de barriga de fora.

— Se tiver uma ideia melhor, me diga, pois estamos em um museu sem a autorização de ninguém. — O olhar atravessado de Loki fez Peter se atrapalhar na hora de amarrar o tecido. — Deixa, eu amarro.

Ele amarrou com muita força e depois colocou a manga do moletom na boca, ordenando que a lança fosse retirada.

Peter contou até três e puxou.

Ser um humano era o pior dos castigos para Loki, e ele poderia provar isso com aquela maldita dor.

Tudo começou seis meses atrás quando Loki foi banido para a Terra após uma rebelião que ele jurava não ter começado. Ora essa, pediram seus conselhos e ele os deu, agora se tentavam subir ao trono matando Odin e Thor, isso já não era sua culpa. E para aprender algo de valor, ou coisas do tipo (já que o deus da trapaça não prestava muita atenção no discurso de Odin), ele foi mandado diretamente para Nova Iorque, mais precisamente para um bairro onde um jovem Homem Aranha fazia a vigilância.

Na primeira vez que se encontraram, Peter o impediu de manter algumas pessoas presas dentro de um elevador. Bobagem.

Na segunda, Peter o impediu de colidir com o táxi que trabalhava, direto em um ônibus escolar. Francamente, os veículos terrestres eram primitivos. E Loki precisava de dinheiro para sobreviver naquele mundo de caos.

Já na terceira, Loki parou de contar. O Aranha estava por todos os lados, ele o admirava de uma forma totalmente estranha. Não era o vilão? O que aquele garoto estava pensando? E com isso vieram as visitas de membros dos Vingadores. Não haviam ainda superado a invasão de Nova Iorque, mas o toleravam por ele ter lutado contra Thanos.

Mas o pico máximo de sua miséria aconteceu quando os Vingadores decidiram que Peter Parker seria uma espécie de sentinela e estaria de olho nele durante toda a sua estadia na Terra. Tempo esse que ainda era uma incógnita.

No começo, Loki achou que era humilhação demais ter um jovem com um uniforme vermelho berrante na sua cola. E se estivesse com seus poderes naquele momento, seria com certeza uma ameaça maior para a humanidade. Mas aos poucos foi compreendendo que Peter poderia ser, na verdade, um aliado para ele na Terra. E a sede de conhecimento e curiosidade do garoto era imensa. Sorte dele que Loki era uma fonte inesgotável de informações e boas ideias.

Eles começaram a andar juntos por vários lugares, Peter ouvia com atenção todas as informações, histórias e lendas que eram contadas por Loki. Por outro lado, o garoto o ensinou a comprar músicas no itunes, fez uma conta no Netflix e com isso conseguiu assistir alguns programas que fizeram Loki ter certeza de que a humanidade estava clamando desesperadamente por socorro. Era tanto drama, comédia e histórias desvairadas que eles buscavam em cada frame um motivo para viver. Só que já estava viciado em Brooklyn 99 e tentava entender o que eram aqueles filmes de Super-herois que sequer possuíam sua autorização para utilizarem seu nome e estilo. Não era qualquer um que vestia bem um elmo dourado, mas até que gostava da aparência do ator britânico.

Já que era assim, ele poderia dar um motivo para o povo da Terra viver.

No dia oito de fevereiro seria inaugurada uma exposição no Museu de Arte Histórica em Nova Iorque. A coleção vinha direto do Egito e contava com alguns dos itens mais caros e preciosos da humanidade. A urna sagrada de Osíris, onde continha o coração de Nuha. A lenda dizia que, quem possuísse o coração, obteria um poder inimaginável em suas mãos.

Alegando ter ingresso vip, Loki levou Peter para a sala onde a urna estava em exposição. O local possuía segurança digna dos filmes que ele assistiu no Netflix, mas fáceis de serem burlados com a ajuda de um jovem amigo hacker e facilmente influenciável de um super-herói adolescente. Os jovens eram manipuláveis com um pouco de atenção e histórias fantásticas e Loki não poderia estar mais do que satisfeito pela ótima ideia do Stark em deixar Peter ao lado dele.

Mas tudo começou a desandar quando Peter compreendeu que não havia ingresso vip e o plano de Loki era de roubar a urna. Tiveram uma luta desnecessária, até que Peter conseguiu segurar a urna, Loki também estava com as mãos no artefato e foi ali que houve a explosão.

O alarme estava acionado, mas os dois ainda tinham alguns minutos, já que o sistema travava as portas de saída daquela área. A única forma de deixar o lugar era por cima, uma claraboia há quase cinco metros de altura. Mas naquelas condições seria quase impossível de conseguir.

Loki não estava em seu corpo, não possuía poderes e não sabia como soltar a teia aranha.

— É fácil, você projeta a mão desse jeito e ela vai na direção que você mirar. — Peter explicava fazendo movimentos com os braços e o corpo. Olhando daquele ângulo, Loki tinha certeza de que ele estava fazendo um papel ridículo, seu corpo não combinava com os movimentos que Peter realizava.

E o pior, o terno que havia comprado para aquela exposição estava destruído, era lastimável ter que viver na Terra e ainda trabalhar para obter seus próprios pertences sem ter nenhum tipo de Vila para destruir inimigos e saquear, como costumava fazer com Thor nos anos de juventude deles em Asgard.

Ele girou os olhos e, sem muito tempo para a fuga, precisou imitar os movimentos do rapaz que a cada momento denegria sua imagem agitando tanto o corpo de forma desnecessária. Foi difícil, e ridículo no começo, mas quando ouviram o barulho da equipe do museu destravando as portas de segurança, ele ficou mais concentrado e lançou uma teia de aranha direto na claraboia do teto.

— Isso, senhor Loki! — Peter comemorou, dando um soco no ar e o segurando no colo para conseguirem sair de lá.

Foi uma escapada triunfante, diria Loki se não estivesse com um buraco de lança na sua coxa. Precisava de um lugar para fazer o curativo e o apartamento de Peter estava fora de cogitação. Loki conheceu a tia May, humana curiosa como o sobrinho, não poderia saber o que eles estavam metidos naquele momento e era capaz dela ligar para Tony Stark e levá-lo até um pronto socorro.

Dessa forma, eles chegaram até um prédio de doze andares, não era luxuoso e nem o tipo de lugar que os tais ditos hipster se interessariam em comprar e reformar, dando ao bairro um ar bucólico e extremamente caro de se viver. Loki não fazia esse tipo, ele preferiria morar em uma cobertura no topo da cidade, é claro, mas com os oitenta dólares semanais que conseguia vendendo livros e artigos de papelaria em uma loja, dava apenas para pagar o aluguel naquele quarteirão. E poderia se gabar um tantinho por aquele ser o melhor da região.

Sério, era ali ou o prédio em que possuía faixas amarelas da polícia.

Subiram as escadas, já que o elevador estava em manutenção desde a construção do prédio, pelo visto. Ao chegarem em seu apartamento, Loki foi direto para o banheiro, onde sentou na tampa fechada do vaso e tirou os tênis e as meias. Peter estava lá fazendo milhares de perguntas sobre o que eles precisavam fazer, sobre ambulância e sobre Tony Stark.

— Não se atreva a ligar para aquele playboy metido. — Disse, ainda não acostumado com a voz juvenil. — Me ajude a tirar essa coisa que você usa nas pernas.

— Minhas calças? — Peter abaixou-se e puxou as calças tentando ser delicado para não machucar ainda mais o corpo. — Será que vai ficar cicatriz? Está doendo muito?

— Pode apostar que a minha cabeça dói mais do que isso, agora procure a caixa de primeiros socorros na gaveta do armário. — Loki tinha as mãos sujas de sangue por ter tirado o tecido. Estava se sentindo ridículo com a camiseta rasgada e curta mostrando a barriga, ao menos ela era bem definida com músculos.

Nada mal, pensou.

Peter tirou o paletó, fazendo Loki lamentar o dano causado ao tecido italiano largado no chão, mas precisava fechar aquele corte. Limpou a ferida e costurou em seguida.

— Não sabia que era tão bom nisso. — Peter comentou, guardando a caixa de volta na gaveta.

— Eu já fiz muitos curativos desde que cheguei na Terra. — Loki ficou em pé, alegando que estava bem. — Precisamos pesquisar uma forma de voltar aos nossos corpos.

— Sim, eu posso procurar na internet.

— Não vamos achar isso na internet. — Loki balançou a cabeça, precisava de um banho. Expulsou Peter para fora do banheiro e terminou de tirar as roupas. Deixou a banheira encher de água, enquanto se olhava no espelho.

Peter havia mencionado que estava com dezoito anos, era um marco para a vida na Terra, mas nada demais para alguém como Loki que vivera tantos anos. Ele analisou a figura juvenil no espelho, os cabelos castanhos penteados para o lado, agora bagunçados pela explosão, possuía uma quantidade de poeira. Peter tinha ombros largos, mas nada muito exagerado. Loki lembrou-se que naquela idade, em Asgard, ele era apenas um jovem magro, enquanto Thor se desenvolvia feito um touro. E isso não só o irritava profundamente, como também trazia recordações de quando Thor o procurava pela noite, após todos estarem dormindo e Loki podia ver mais de perto as mudanças no corpo do outro. Não só ver, como tocar também.

Um sorriso fino delineou os lábios jovens e Loki olhou para baixo. Ótimo, era maravilhoso como um corpo jovem se animava com tão pouco.

Ele entrou dentro da banheira, aproveitando a água quente acolher seu corpo machucado, e pequeno, francamente... ele era baixo e cabia na banheira, diferente de seu verdadeiro corpo. Peter possuía uma rápida recuperação, mas alguma coisa acontecia para não estar dando certo com a alma dele ali dentro. Loki ainda não sabia se era sua alma ou apenas um reflexo da consciência que havia mudando de corpo , precisava descansar e colocar os pensamentos em ordem para saber qual seria o próximo passo.

No entanto, era complicado pensar com aquela ereção entre as pernas. Já não bastava o problema que estava vivendo, ainda tinha que lidar com a problemática moral sobre satisfazer-se estando no corpo de outra pessoa. Se era errado ou não, Loki estava sozinho no banheiro, ninguém saberia. Sua mão acariciou o pênis, aproveitando a sensação inicial, ele só não contava com a necessidade de masturbar-se com mais velocidade. Com isso, gozou rapidamente, antes mesmo de formar toda uma fantasia em sua cabeça, como costumava fazer a noite em sua cama.

— Jovens... — Ele mergulhou na água e depois de satisfeito, saiu do banheiro enrolado numa toalha.

Peter estava sentado no sofá com o laptop que Loki havia adquirido em segunda mão em um site de vendas.

— Achei o que pode nos ajudar. — Ele disse, animado.

— Como é? — Perguntou surpreso.

— Eu achei. — Peter apontou para a tela do computador. Loki aproximou-se curioso e viu uma placa dourada com hieróglifos nela. — Está no museu de história do Cairo, diz que é uma placa de feitiços usada para curar os Faraós de maldições. Pode ser que ajude.

— Sim, isso deve ser útil. — Loki estava boquiaberto, nada mais na internet parecia surpreendê-lo, até aquele momento em que ele podia realmente conquistar o mundo com simples artefatos poderosos que os humanos deixavam em museus como se fossem velharias. — Amanhã de manhã vamos até o Egito.

Peter encheu os ouvidos dele com mais perguntas e assuntos que não eram do seu interesse, por isso Loki ordenou que ele fosse tomar um banho e depois dormisse no quarto dele.

— Mas você está ferido, pode dormir em sua cama.

— Prefiro que você fique no quarto, eu vou abrir o sofá cama e durmo na sala. — Disse, sem saber na verdade porque estava sendo gentil com o garoto. — É melhor que meu corpo original descanse na minha cama que é mais confortável. — Comentou, como se aquilo respondesse a gentileza.

Peter concordou e depois do banho, desejou boa noite para Loki, um pouco sem graça pelo ocorrido e entrando no quarto.

O sofá cama era desconfortável, é verdade, mas ele podia ignorar um pouco a dor nas costas e na perna, sabendo que as coisas se resolveriam antes que mais alguém descobrisse o que aconteceu. Não seria nada divertido caso o Capitão América também ficasse no seu pé.

Cansado pela triste aventura daquela noite, Loki acabou dormindo sem nem terminar de ver o episódio de Outlander. Mas algumas horas depois acordou com um grito vindo do quarto, alguém estava discutindo com ele.

Não! Não era com ele, era com Peter dentro do corpo dele.

E foi aí que Loki lembrou-se de que naquela noite ele estava esperando a visita de Thor.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo é final já, estou terminando aqui hehe vou postar domingo yey.