Hermione estava mudada, era verdade. Seus dentes já não estavam tão grandes e o cabelo indomável, que alguns descreveriam como uma “vassoura velha”, agora tinha cachos muito bem definidos e com brilho. Para quem a não a conhecia, seria uma bela modelo. Para a quem a conhecia, era o típico caso do patinho feio.

Mas o que ninguém sabia era que, aquilo tudo só aconteceu porque Draco havia lhe azarado e feito com que seus dentes tivessem o tamanho dos dentes de castores. Ela aproveitou a brecha para melhorá-los e o cabelo foi algo que aconteceu naturalmente.

Estava em seu quarto ano em Hogwarts e não podia acreditar que o garoto ainda implicava com ela e seu grupo de amigos. Afinal, já fazia tempo que isso acontecei e já não eram mais as crianças de onze anos que implicavam uns com os outros nos corredores.

Tudo piorou quando o Torneio Tribruxo foi anunciado e ela se tornou alvo das publicações do Profeta Diário, apenas por ser amiga de Harry Potter. A presença de Vitor Krum em todos os lugares em que ela estava estudando também não ajudou.

Draco Malfoy parecia ter raiva dela e da posição em que se encontrava, ser capa do Profeta todos os dias era algo maravilhoso visto aos olhos dele. Ela, por outro lado, faria de tudo para acabar com essa situação. Não podia mais nem estudar em paz, onde que quer fosse, o búlgaro estaria lá com todas suas fãs atrás fazendo barulho.

Ela decididamente precisava de um lugar calmo para se concentrar e a biblioteca, infelizmente já não era mais uma opção. Pensou em pedir ajuda a Ron, mas não adiantaria de nada, ele sempre copiava seu dever, jamais saberia de um bom lugar para estudar. Harry estava ocupado demais tentando achar um meio de sobreviver a primeira tarefa. Gina já tinha problemas demais para se preocupar com isso e os gêmeos a mandariam para a enfermaria ou diretoria.

Cogitou muito antes de ir até as Masmorras, mas naquela altura do campeonato só havia mais uma pessoa que pudesse ajuda-la e que, com certeza, conhecia bons lugares para se esconder. Não saberia dizer quanto tempo ficou sentada no chão esperando-o sair da sala, mas quando foi se levantar sentiu as pernas adormecidas.

—Malfoy! Espere. – gritou o seguindo.

— O que foi Granger? – respondeu se virando para ela.

— Isso não vai ser fácil de dizer, mas eu preciso da sua ajuda. Por favor não me peça para repetir.

— Tudo bem. – diz desconfiado. — E como eu posso fazer esse favor?

— Eu preciso de um lugar silencioso para estudar, mas que ninguém vá. Já tentei de tudo e até o banheiro da Murta foi descoberto. Não sei mais o que fazer.

— Já pensou no seu próprio dormitório?

— Claro que sim. Não sou idiota, mas não tenho sossego lá. Como disse, não tenho sossego em lugar algum. Eu só preciso de um lugar para estudar.

— O único lugar assim que eu conheço é meu quarto, já que meus três companheiros de quarto se mudaram após o ataque na Copa Mundial de Quadribol. Mas, acredito que vá recusar essa oferta. Então, o que acha se eu te acompanhar durante os horários de estudo?

— Não é uma má ideia. Pode não ser a mais brilhante, mas acho que resolve meus problemas por enquanto. Obrigada. – diz estendendo sua mão, mas é surpreendida por um abraço.

Por mais que odiasse admitir, Draco Malfoy sempre teve um lugar em seu coração e se oferecer para ajudá-la, com certeza era algo. Iria descobrir o que o garoto estava tramando, mas o faria depois. No momento só queria descansar.

Conforme os dias foram passando, as coisas pareciam melhorar e piorar ao mesmo tempo, por sorte ela aprendera desde cedo a não se deixar abalar por tão pouco. A culparam por Harry ter ficado em segundo luagr e não em primeiro na segunda tarefa, com Voldemort em ascensão os xingamentos por causa de sua origem triplicaram, também diziam que Krum não ganhava porque estava apaixonado demais  por ela para se concentrar no torneio e fora acusada de enfeitiçar Malfoy, já que foram vistos nos corredores de Hogwarts andando lado a lado sem se xingarem.

Ao menos tinha ficado amiga de Draco e sabia que podia contar com ele para qualquer coisa. Vitor se mostrou um grande stalker, tentou rastreá-la e deixava bilhetes em todos os lugares em que ela passava, as vezes fazia questão de a seguir. Ele era insuportável, dava graças a Merlin que não deu nenhuma chance para ele e que resolveu seguir seu coração ao escolher Malfoy.

Não que estivessem namorando, mas tinha acertado na companhia, ao menos ele não tentava a todo custo sequestra-la ou ficava a olhando o tempo todo com aquele olhar possessivo. Um dia antes do baile, Draco a convidou e Krum também. Não é preciso dizer quem ela escolheu, mas aparentemente o búlgaro não sabia escutar “não”.

O que causou uma enorme confusão, com dois meninos rolando na grama e Draco dando uma chave de braço no outro. Hermione não sabia como reagir, mas tinha plena certeza de que não seria mais incomodada. E quando pensou que fosse ter paz, Krum começou a gritar tudo que ela havia feito e tentou prendê-la em seus braços.

Sendo a bruxa mais inteligente deixou que pensasse que ele havia ganhado e quando ele menos esperava, ela lhe deu um soco no nariz, bem mais forte do que o que havia dado Draco no ano passado e o petrificou. Recado dado, ela saiu de cena do mesmo modo que chegou, calma e confiante.

Pegou Draco pela mão e saiu caminhando com ele, sabia que apesar de causar estranhamentos, as pessoas já estavam acostumadas com aquela dupla inédita. Quando ela chegou na biblioteca, escolheu o lugar mais afastado para conversarem.

— Só queria te agradecer por tudo o que fez por mim esse ano, de verdade.

— Não precisa agradecer, a verdade é que eu sempre gostei de você. Durante muito tempo achei que te xingar e irritar era a única maneira de chamar sua atenção, mas aprendi que há maneiras melhores de fazer isso. Espero que nossa amizade não acabe.

Ela não respondeu nada, ao invés disso fez algo que sempre tivera vontade de fazer, se aproximou dele e quando já podia sentir o hálito em seu rosto, selou os lábios o beijando. Não sabia dizer quantas vezes sonhou com aqueles lábios, mas podia afirmar que, nem em seu sonho mais real, aquele beijo fora tão bom.

O menino tinha gosto de menta e sabia exatamente o que fazer, pediu a passagem com a língua e a trouxe mais para perto. Quando o ar se fez necessário, colou a testa de ambos e continuou dando alguns selinhos nela. Agora que a tinha conquistado, não a largaria mais.

Se separam e cada um foi para seu dormitório, mas Hermione viu que algo tinha acontecido quando notou um bilhete em sua cama de Vitor Krum, nele estava escrito: “Hermione, eu te amo e prometo nunca abandonar. Draco Malfoy irá pagar pelo que fez e você está perdoada, sei que apesar de ser uma pessoa horrível, em algum lugar há um bom coração, me deixe ajuda-la com isso. Com amor, Krum.”

A garota dobrou a carta, guardou em suas vestes e saiu correndo pelos corredores e escadarias, até chegar nas Masmorras. Por sorte, havia aprendido todos os caminhos secretos e teve a sorte de chegar junto com um primeiranista. Assim que ele abriu a porta, ela correu para dentro.

Correu tanto para achar o quarto do loiro que nem ligou para todos os olhares direcionados a ela. Bateu uma, duas, três vezes na porta. Na quarta, Malfoy abriu. Estava apenas de calça moletom. A pegou pela mão e a puxou para dentro do quarto, o trancando logo em seguida.

— Mione, o que houve?

Ela lhe mostrou a carta e então ele soube que, enquanto estivesse na escola, aquele búlgaro não a deixaria em paz. E eles nem haviam namorado.  Draco falou para ela passar a noite ali e ela pediu para que ele dormisse com ela. Estava com medo e não podia negar.

— Vai ficar tudo bem, eu prometo. Amanhã isso acaba e ele vai embora.

— Eu sei, mas tenho medo que ele me ache na minha casa. Sei que é muita paranoia, mas o Profeta Diário realmente estava certo quando disse que eu tinha um ingresso sobrando para um show que terá em Londres por ter brigado com a minha amiga que iria junto.

— Eu vou com você.

— Mas?

 — Sem “mas”, eu vou com você e ponto final. Não vou te deixar sozinha, nem que eu tenha que dormir do lado de fora da sua casa e montar acampamento.

— Tudo bem e é claro que você pode ficar em casa, afinal vai estar lá para me proteger e fazer companhia. A única coisa, é que eu quero chegar cedo para conseguir um lugar bom.

— Quem diria que a Hermione Granger, sabe-tudo, bruxa mais inteligente da nossa idade gostasse de ficar na grade dos shows.

Ela sorri e virou de lado para dormir, apoiou a cabeça no peitoral de Draco e deixou ser abraçada por ele. Ali, naquele momento entre o dormindo e o acordado, ela teve certeza de que havia feito a escolha certa ao confiar nele.

Malfoy passou as férias todas na casa dos Granger e, ao contrário do que havia pensado, não havia sentido tanta falta da família. Na verdade, percebeu que morava em um ambiente completamente tóxico e que aquilo que tinha, definitivamente não era uma família.

O grande dia chegou e ele não pode deixar de sorrir ao ver que a namorada tinha um sorriso de orelha a orelha. Sabia que o quarto dela era decorado praticamente com fotos desse artista. Sabia também que durante muito tempo ela havia fantasiado sendo namorada dele e com certeza já havia brigado com os haters desse cantor. Afinal, ela havia dito um dia que daria tudo para ser uma backvocal, apenas para acompanha-lo.

   Mas ele sabia que ela faria mais, como dormir na calçada para vê-lo ou madrugar na fila sem reclamar, ele a conhecia muito bem para saber que ela faria tudo por um popstar.

Pode ser difícil de imaginar que a Hermione que estuda em Hogwarts passaria noites em uma fila para ter o mínimo de atenção vindo de alguém famoso (ainda mais por ter 100% da atenção do bruxo mais famoso voltada apenas para si), mas ela adorava isso e Draco Malfoy aprendeu a amar também. Agora ele também faria tudo por um popstar, inclusive fingir um desmaio na porta do hotel em que a celebridade estaria hospedada.