Princesa Industrial - Nova versão escrita por AmanteSolitária


Capítulo 6
Não é o que você está pensando




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Voltei para a minha mesa solicitando a meus pais que fossemos para casa. Eles se recusaram dizendo que ainda tínhamos assuntos profissionais a cumprir. Cada minuto se alastrava como se fosse horas e eu sentia Ele me olhando o tempo todo. Fingi que estava tudo bem, que aquilo não tinha me atingido e tentava ficar mais próxima de Luan e sorrir quando ele falava comigo. Assim demonstraria que estava feliz com ele e evitava que situações como a que acabara de acontecer se repetissem futuramente.

 

Assim que fomos pra casa, meus olhos se recusavam a fechar. Minha mente parecia estar ligada na tomada, enquanto meu corpo suplicava por uma boa noite de sono. Quando finalmente consegui dormir, sonhei com Ele.

 

Acordei um pouco atordoada. Tomei um banho e me deitei novamente. Todas as lembranças do meu passado com ele vieram a tona ontem a noite e me deixaram arrasada. Não queria comer, não queria dormir, não queria sair. Tudo o que eu queria era colocar meus pensamentos em ordem enquanto encarava o teto do meu quarto.

 

Depois do que pareceram minutos, senti uma fome quase incontrolável. Já eram 20hs. Como o tempo havia passado rápido. Quase como se pudessem ler meus pensamentos, o interfone do meu quarto tocou:

 

  – Srta. Mirela, seus pais estão pedindo que desça para jantar. Temos visitas.

 

— Márcia, por favor, avise-os que não me sinto bem e veja se é possível que eu jante em meu quarto.

 

— Srta. o seu pai insiste que venha jantar. Pediu para lhe avisar que são os Martoni.

 

Droga. Não acredito que Ele veio até a minha casa logo agora. Só porque eu estava me recompondo da conversa de ontem a noite.

 

—Tudo bem. Vou me vestir e desço em breve. - Disse por último.

 

Me arrumei passando uma maquiagem leve e um vestido branco florido. Respirei fundo e desci as escadas.

 

— Será uma união ótima para ambas as famílias. Teremos o domínio do mercado. Não vejo razão para que este casamento não ocorra.

 

Pai, porque você não tatua na testa que está forçando sua filha de 17 anos a casar? Seria menos óbvio do que esta conversa! Ou muitas taças de vinho já foram tomadas, ou meu pai perdeu o senso do que é plausível de ser falado. Termino de descer os últimos degraus e me encaminho para o meio da sala, onde Ele, a mãe e o pai estão sentados. Cumprimento a todos, e quando chego Nele, meu corpo se arrepia. Sentir sua respiração em minha pele só piora a situação.

 

Respiro fundo e me recomponho antes de sentar no sofá. Ele percebe que sua presença me afeta e sorri. Uma conversa se desenrola conforme o tempo passa, mas não consigo prestar atenção. Meu foco permanece em não olhar para Ele, continuar engajada na conversa e evitando transparecer meu nervosismo naquele momento. Jantamos e meu pai chama o Sr. Martoni para uma conversa no escritório.

 

— Enquanto isso, - Diz minha mãe - Tenho algumas coisas para conversar com a Linda. Por quê vocês, crianças, não vão para o jardim e colocam o assunto em dia? - Concordo com a cabeça e saio porta afora. Ele sai atras de mim.

 

O momento não poderia ser pior. Eu havia brigado com Ele na noite passada e remoído isso em minha mente o dia inteiro. Além disso, nossos pais poderiam chegar a qualquer momento. Ele esperou estarmos longe o suficiente da casa para dizer algo:

 

— É engraçado como seu pai fala com apenas três taças de vinho. O surpreendente dessa vez, é que ele falou exatamente o que eu precisava tanto saber. E nem percebeu. Não precisei abrir a minha boca. - Ele olhou para mim e sorriu.

 

— Eu não sei o que queria saber. - Não poderia deixar que meus sentimentos interferissem outra vez nas coisas que eu dizia. Qualquer bobagem poderia desencadear uma briga, ou um surto, maiores do que o de ontem.

 

— Não se faça de besta, Mirela. - Ele ainda me encarava, enquanto eu continuava olhando para frente. Sabia que se olhasse para ele, cairia em seus braços naquele momento de fraqueza. - É tudo um negócio. Um grande negócio. Você vai se casar porque seu pai acha que vai fazer bem para a empresa. Ele está obrigando a filha, de dezessete anos, a casar com um desconhecido por pura ganância. - Pelo canto dos olhos podia vê-lo sorrir abertamente.

 

— Ele não é um estranho. É meu noivo. Há muito tempo. - Ele fechou o sorriso. Parou alguns segundos em silêncio, e finalmente me replicou.

 

— Há quanto tempo você sabe que terá que casar com este cara? - Ele me encarou. Quando viu que eu não respondia nem olhava para ele, pegou no meu ombro e me virou. Há quanto tempo? - Respirei fundo. Sabia que não iria gostar do que viesse a seguir.

 

— Desde que nasci. - Respondi e fechei os olhos. Não conseguiria encarar sua face decepcionada.

 

— Você está me dizendo que, durante o tempo todo que estávamos juntos, você já sabia que teria que casar com outro homem? - Assenti. - Você está me dizendo que você deixou que eu me aproximasse, me apaixonasse, sabendo que eventualmente teria que me largar.

 

— Não é bem assim que…- Ele me cortou.

 

— É assim, sim. Você me fez de trouxa. Eu não sei o que te dizer neste momento. - Ele começou a caminhar de volta para a casa, mas segurei em sua mão.

 

— Felipe, por favor, me escuta. - Respirei fundo. - Esse foi o problema. Eu me apaixonei primeiro. Isso nunca poderia acontecer. - Ele olhou pra mim. - Eu tentei deixar bem claro, tanto pra mim, quanto pra você, que seria apenas um rolo. O problema é que me apaixonei e demorei tempo demais para ter coragem de acabar com tudo. Quando consegui, foi porque te amava demais para saber que eventualmente te faria sofrer. Quanto mais rápido eu acabasse, menos você sofreria. Menos EU sofreria. Pelo menos foi o que achei. Mas já vi que estava enganada uma vez que sofro até hoje.

 

— Eu sofri bastante, mas não entender o porque fez com que tudo doesse bem mais. Preciso de um tempo pra entender essa situação toda, mas saiba que você faz isso bem pior do que poderia ter sido.

 

— Tem certeza? Por que você saber que tenho uma obrigação com a minha família, não vai fazer tudo passar eventualmente, mas um fora inesperado passaria. - Continuei olhando para ele. - Se eu pudesse, teria ficado com você, mas tem algo muito maior do que nós dois que me impede de fazer o que eu quero.

 

— Nada é maior do que a sua vontade. Não podem te obrigar a isso. - Ele respondeu enquanto pegava minhas duas mãos.

 

— Acho que você não conhece a minha família o tanto quanto pensa. As consequências seriam graves. Para nós dois. E eu não posso arriscar a sua vida por um capricho. Por mais que eu queira ficar com você. - Respondi e voltei apressada para dentro da casa.


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Notas finais do capítulo

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