O Portal escrita por LeniVasconcelos


Capítulo 8
O Acordo




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A alquimista saltou de sua cama e saiu correndo pelos corredores à procura de Edmundo. Não sabia o motivo de procurá-lo, talvez porque se sentisse segura de contar algo. No dia anterior, havia conhecido a Rainha Susana, antes do passeio com Edmundo. Era uma mulher alta e esbelta, com longos cabelos, e usava uma coroa de ouro. Ela foi muito solícita a Danna, mas não transparecia que gostava de ouvir desabafos de desconhecidos.

Ao invés de Edmundo, Danna encontrou nos corredores a Rainha Lúcia.

—  O que estais fazendo aqui, srta. Danna? Aconteceu algum problema? Parece assustada.

    A Rainha parecia ser a pessoa em que Danna estava procurando.

—  Sonhei com o Leão e…

—  Aslam? Como ele está?

—  Ele está… bem?

—  O que ele disse?

—  Er… bem… explicou algo que não sabia o motivo de estar acontecendo.

—  O que seria?

Danna hesitou um pouco. Ela não sabia se Rainha Lúcia a entenderia.

—  Tem a ver com tua varinha?

—  Sim… Como sabias?

— Eu vi seus pertences no quarto de Rei Edmundo, meu irmão. Ele parece encantado com os pertences, porque os guarda numa caixa. Eu não sei se o encanto é pelos pertences ou de quem são.

Danna ficou sem palavras. Enrubesceu e deu uma risada nervosa. Rainha Lúcia, apesar de ter notado, fingiu que nada estava acontecendo, e continuou.

— De qualquer forma, mesmo que você faça magia, você não é como a Feiticeira Branca. Ela não tinha ligação com Aslam, muito menos em sonho.

—  Como era a Feiticeira Branca?

Rainha Lúcia abriu um sorriso fraco e disse apenas:

— Fria — e sumiu pelo corredor.

Danna ficou acordada naquela noite. Passou duas semanas após o ocorrido procurando respostas para conseguir voltar para sua casa. Gostaria de terminar as pesquisas, dar notícias a Alvo e o casal Flamel e ainda, ajudar trouxas civis a fugirem de locais de risco. Entretanto, tudo que descobriu, foi a possibilidade de fazer poções, o que já era um bom começo.

Começou a fazer poções simples, para solucionar casos de saúde. Dores de barriga, febre, enxaqueca eram inexistentes com a presença de Danna. O que mais a impressionou foi funcionar nos animais que ali viviam, deduzindo que seriam da mesma linhagem que os animagos. Estava satisfeita com os resultados, mas precisava saber o quanto podia fazer do seu mundo.

Isso ajudou em muitos pontos o reinado dos quatro reis. O povo vivia em sua completa paz que se tornavam até um pouco preguiçosos para fazer as coisas, além da realeza adorar Danna.

Acordou em seu quarto, quase um laboratório de poções, e concentrou-se em tomar um banho antes de encontrar os Reis.

Quando voltou ao quarto, Rei Edmundo estava sentado em sua cama, com a postura ereta analisando suas poções.

A bruxa saltou para trás, mas Edmundo nem se moveu, apenas olhou para ela.

— Assustou-me, Edmundo.

— Peço perdão pelo inconveniente.

— Não, fiqueis tranquilo. Você sempre será bem vindo aos meus aposentos.

Edmundo abriu um largo sorriso e olhou profundamente nos olhos de Danna.

— E você, aos meus, minha cara.

Danna gaguejou, mas não conseguiu reproduzir nada inteligível. Edmundo continuou.

— Estou aqui a trazer teus pertences. Estás sendo boa com o nosso povo, não vejo motivos para continuar com eles.

Edmundo estendeu primeiro a varinha de Danna, exatamente como havia deixado, e logo após, uma caixinha de madeira em que Rainha Lúcia havia citado com todos os outros.

— Agradeço pela confiança, mas gostaria de lhe pedir uma coisa.

— Uma oferta?

— Talvez uma negociação.

O Rei não escondeu sua cara de interesse. Talvez seria vantajoso.

— Sou todo a ouvidos, Srta. Danna.

— Certo. Eu explico de onde eu vim e cada um dos meus pertences se você apresentar a biblioteca de Cair Paravel para mim.

O Rei deu uma leve risada. Pensou nas duas semanas que procurou alguma pista do que seria, obsecado por todo o estudo. Havia dias em que ele não dormia procurando exatamente estas respostas.

— Com todo o respeito a Vossa Majestade, mas qual a graça da minha proposta?

— Nenhuma, somente que você poderia acabar com minha eterna curiosidade há duas semanas atrás me propondo o que acabou de dizer.

— Isso é um sim?

— Com toda a certeza do mundo. Também gostaria de lhe propor que você faça suas pesquisas científicas num quarto a parte.

— Um laboratório?

— O que seria? Imaginei um escritório. Peço um aposento vazio para colocar esses tipos de pertences.

— É exatamente isso. Mas… há algum motivo?

— Preocupa-me tua saúde. Estais dormindo diretamente com tuas experiências.

— Por que não propôs isto antes?

— Pelo mesmo motivo que tu não propusesse explicar pra mim sua origem.

— Tu és arguto.

— Sei disso.

Edmundo levantou-se e parou na porta. Virou o rosto para admirar Danna.

— Quer me acompanhar num passeio? 

Edmundo caminhou com Danna pela floresta, para pensar nos acordos que havia acabado de fazer com ela.

— Procuras algo em específico na biblioteca?

— Sua história em Nárnia e livros de magia.

— Quer que eu mesmo conte o primeiro?

— Se assim desejar…

Edmundo entrou por um dos corredores de árvores e Danna o seguiu sem pestanejar. Estava chegando perto dele quando sentiu um puxão em seus braços, que foram prendidos rapidamente.

Danna soltou um berro e o Rei Edmundo imediatamente sacou a espada e virou-se.

Havia um homem  com Danna a sua frente, presa apenas nas mãos e uma faca apontada pro pescoço.

— O que tu queres, Fildus?

— Dê-me o que quero que a moça será poupada.

— Estás fazendo algo inoportuno. Tu sabes que não posso.

— Levarei a bela dama que lhe acompanha.

— Nem por cima do meu cadáver.

O Rei Edmundo puxou o laço de sua capa fazendo-a cair no chão e golpeou o homem no ombro. Virou-se e deu uma gravata no pescoço. O movimento foi tão rápido que Danna não conseguia falar nada, apenas tremer. O homem deu uma risada.

— Esta dama é valiosa. É sua?

— Solte-a. Ela não tem nada a ver com isso. Deixe-a em paz!

— Ou se não o que?

— Morrerás a sangue frio.

O homem de nome Fildus soltou imediatamente Danna que, consequentemente foi solto por Edmundo.

— Encontre-me sozinho se quiseres algo de mim — disse Edmundo raivosamente.

Fildus correu depressa para sumir pela floresta. O Rei Edmundo guardou a espada na bainha e  correu para Danna.

— Estás bem?

— Sim, claro. Só assustada.

— Eu também estou.

Edmundo segurou com as duas mãos o rosto de Danna e acariciou suas bochechas. A bruxa enrubesceu mas olhou fixamente os lábios de Edmundo. Ele a contemplava, como se fosse frágil e pudesse quebrar.

Danna puxou o pescoço de Edmundo e o beijou. Sentia uma enorme necessidade de fazer aquilo naquele momento e ele não parecia nem um pouco relutante para isso.

Sentia um frio na barriga e o coração acelerado. Agora ela diria que  estava no início de uma nova aventura.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar, às vezes pode surgir mais ideias do que estou prevendo com a opinião de vocês. Eu não gostaria de colocar a história em hiatus por falta de inspiração.



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