O Portal escrita por LeniVasconcelos


Capítulo 4
Caminhos de Cair Paravel




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Conta-se que Nárnia sofreu um inverno de cem anos antes de Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia chegarem lá e lutarem contra a Feiticeira Branca. Derrubaram ela de seu falso trono, já que a mesma se julgava Rainha de Nárnia, contudo, obtiveram sacrifícios. Sacrifícios estes que morreram diversos cavaleiros narnianos para retornar a paz e o cessar do inverno eterno.

Danna deitou-se novamente e bufou. Mal sabia onde estava e gostaria de ir pra casa. Fechou os olhos e pensou nas pessoas que convivia, os alquimistas... Nicolau, Alvo... Seus melhores amigos. Esboçou um sorriso. Pensou se eles sentiriam falta dela durante este dia que havia passado ausente.

Nicolau era alquimista que nem Danna e já tinha várias descobertas feitas com sua esposa Perenelle, como a criação da Pedra Filosofal e o que ela produzia, o Elixir da Vida. Tanto Nicolau quanto Perenelle viviam há mais de 600 anos. Pelo seu notável estudo e avidez de Danna por conhecimento, esforçou-se para juntar-se ao famoso Nicolau para desenvolver mais estudos além da imortalidade. Conseguiu através de Alvo, um amigo muito próximo de Nicolau e Perenelle.

Alvo viu potencial em Danna e chamou a alquimista para estudar em projetos e, em breve, apresentá-los com ele e Nicolau uma nova descoberta. Danna criou um vínculo com os dois maior que a Alquimia e contou seu maior desejo para, possivelmente, um futuro feito científico.

Danna gostaria de trazer os mortos da Primeira e Segunda Guerra Trouxa de volta à vida, principalmente os civis, pessoas injustiçadas por brigas políticas, de poder. Acreditava que muitas famílias foram injustiçadas com bombardeios nas cidades por causa de decisões de seus governantes. Churchill foi nomeado primeiro-ministro da Inglaterra dois meses antes de acontecer os ataques a Inglaterra. "Não tenho nada a oferecer, para além de sangue, sofrimento, lágrimas e suor." É o que havia dito na cerimônia de posse. O Primeiro-Ministro tinha discursos motivadores para os trouxas acreditarem que ganhariam a todo custo a guerra, mas Danna achava uma perda de tempo todos eles: ela acreditava que ele deveria preocupar-se com a saúde e moradia da população e não com discursos vazios.

A bruxa voltou à sua realidade quando ouviu algo entre as paredes de pedra em que se situava. Fez menção em pegar a varinha, mas conteve-se após lembrar que ela não havia funcionado naquela floresta. Estava vulnerável a ela, e não sabia o que fazer mais para chegar em Cair Paravel.

Olhou para as pedras em que se situava: pareciam encaixadas formando uma parede alta. Engraçado ter uma espécie de portal no meio, feito igualmente de pedra, pensou. Não arriscou-se a passar por ele por ter feito a mesma coisa no dia anterior e ter se dado mal. Seguiu com o olhar para a pedra imensa rachada, a frente do portal. Parecia uma... mesa quebrada?

— Finalmente tu acordastes, achava que nunca o faria! - Danna tomou um grande susto e havia engatinhado de costas rapidamente antes de notar que era Teko com mais alimentos. Desta vez, trouxe amendoins, algumas frutas e ervas. Improvisou com duas folhas os pratos.

— Pelas barbas de Merlin, Teko! Tu me destes um terrível susto!

— Peço perdão, Sra. Danna. Mas estou acordado há horas e tu nem se mexeste.

— Perdoa-me, Teko... Eu não dormia há um dia procurando saber sobre Nárnia... Eu continuo um pouco perdida - Teko olhou para a moça misericordioso. Não gostaria de deixá-la desta forma.

— Espere um momento.

Danna observou Teko sumir na floresta. Como ele já tinha feito isso antes e voltado, a bruxa não se preocupou em esperar. Começou a separar igualmente o que o esquilo havia trazido, mas esperou ele voltar para começar a comer, apesar de já sentir fome.

Teko retornou após meia hora com um pergaminho. Danna estava curiosa para saber o que havia dentro dele. O esquilo esticou o pergaminho sobre o chão e havia um desenho de locais e seus nomes: um mapa.

       

— Preste atenção, sra. Danna: nunca perca este mapa. Primeiro, para nunca perder-se. Segundo, porque caso Nárnia entrar em guerra, nossos inimigos não podem saber os locais que moramos ou conhecemos.

— Certo.

— Jure pela sua vida.

— Faria um Voto Perpétuo por isso, mas sem magia...

— O que dissestes? - Teko arregalou os olhos e piscou duas vezes. Danna apressou-se a dizer:

— Nada! É só uma forma de jurar pela vida! - deu um sorriso amarelo. Teko franziu a testa, mas continuou falando:

— Então, é seu. Estamos bem aqui - e apontou onde estava escrito "Mesa de Pedra". Fazia muito sentido o nome. - e gostaria de levar-lhe para Cair Paravel, bem aqui.

— Espera... Gostaria? Não virá mais comigo? 

— Não posso, tenho que voltar para a colônia. Lero deve ter falado um monte de mim.

Danna pensou no dia anterior quando o outro esquilo virou as costas para o seu amigo e não voltou mais. Ficou pensando se não poderia ajudá-lo, de alguma forma.

— E se eu for com você explicar para eles a minha versão?

— Ficaria lisonjeado com sua ajuda, sra. Danna, mas minha colônia é fiel com seus membros. Além disso... Tu não passarias pelos túneis, sem querer ofendê-la

— Entendo... Vamos comer então e depois tu podes ir.

— Espere... Tu colocastes menos amendoins para mim?

— Não, eu dividi tudo igualmente! Você quer é mais amendoins, espertinho...

Teko deu seu maior sorriso e fez a maior cara de pidão.

— Podes ficar com todas as minhas frutas, sra. Danna

Danna riu e deu todos os seus amendoins para o seu amigo. Pegou uma laranja de sua folha. O esquilo colocou todo o restante das frutas, insistindo o seu pedido. 

— Tu precisarás delas quando for caminhar.

Ele não estava errado. Não sabia quando chegaria a Cair Paravel a pé. Comeram a refeição em silêncio, trocando olhares tristes. Mesmo em algumas horas, Danna gostou ter passado o tempo com Teko que era muito gentil e bom. Lamentava-se de ter que continuar a viagem sozinha.

Quando despediram-se, Danna pegou-o no colo, abraçou como um animal de estimação e posou-o novamente no chão.

— Lembre-se de mais uma coisa: as árvores ouvem - e desapareceu tão rápido que nem deixou Danna questionar.

Estava sozinha de novo, mas desta vez com um mapa e algumas frutas. Guardou o que conseguiu no bolso do seu casaco. Observou a floresta e notou mais uma coisa que havia esquecido: Aslam falou de uma profecia, que quebraria o inverno eterno... Não estava nevando em Nárnia. Como poderia ter um inverno eterno? Pensou em perguntar sobre isso quando chegasse.

Olhou o mapa: era melhor seguir o rio até o final. Como era complicado ficar sem magia! Caminhou em silêncio, seguindo o curso do rio, pensando como era bonito todas as coisas ali enquanto via guerra em Falmouth e Londres. Estava começando a gostar deste lugar.

Seus pensamentos travaram quando ouviu um barulho nas águas. Não era um peixe pulando ou uma ave alimentando-se deles... Era diferente. Como se alguém estivesse mergulhando. Parou a caminhada e virou a cabeça devagar.

Visualizou uma moça em formato de água: era bonita, tinha os cabelos curtos e repicados, nariz e lábios finos. Era alta, esbelta. Usava um vestido até os joelhos, transpassado, lembrando um vestido grego. Essa moça sorria para Danna. Era um sorriso largo e bonito, como se já a conhecesse.

— Onde estás indo, jovem dama? - perguntou a moça de água a Danna.

— Cair Paravel - foi tudo que conseguiu dizer.

A moça olhava encantada a Danna, como se tivesse vendo algo totalmente novo, o que deixava a bruxa muito nervosa e encabulada. Mergulhou novamente, mostrando o caminho de Cair Paravel através do rio. Era hipnotizante vê-la dançando nas águas.

Danna seguiu todo o percurso andando rapidamente atrás de sua nova guia, às vezes até acompanhando na dança pela terra, quase um dueto. Até se esqueceu onde estava indo ou o que procurava, que sentia fome, cansaço...

Apenas deu-se conta de tudo isso quando sua nova amiga parou e disse:

— Deve alimentar-se. 

A bruxa desabou no chão como um boneco de pano. Sentiu cansaço nas pernas e muita fome. 

— Descansar também - a imagem de água disse, dando uma leve risada. 

— Qual seu nome? - perguntou Danna curiosa.

— Leine.

— E o que tu... és? - a alquimista não sabia como perguntar a ela, que não pareceu ofendida.

— Sou uma náiade, um espírito da água - respondeu sorrindo.

— Não posso mais do que isso. Cair Paravel é bem ali - e apontou para o castelo branco a cerca de um quilômetro dali. Leine estava cabisbaixa.

— Por quê?

— Não devo falar com desconhecidos. Mas tu pareces da espécie de Vossas Majestades. Eles são tão bonitos! Tu também és! Espero que aches o que procuras - disse antes de sumir nas águas

Danna hesitou. Queria perguntar muito mais, falar muito mais, além de agradecer por todo aquele momento que passaram juntas. Respirou fundo. Náiade. O que seriam náiades?

Era cerca de quinze horas quando Danna despediu-se de sua amiga náiade. Ela estava sentada próximo ao rio, e parou para alimentar-se. Comeu metade das frutas, retirou o blazer sujo e lavou o rosto com as águas próximas. Retirou seus pertences de dentro do casaco quando foi golpeada na cabeça e apagou-se.


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Notas finais do capítulo

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