O Portal escrita por LeniVasconcelos


Capítulo 11
No Escuro da Floresta




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Danna estava farta de revelar suas origens e não saber nem metade da história do lugar que estava. Por que Edmundo era tão incomodado com a Feiticeira Branca? Haveria ele feito algo no passado?

    Levantou-se imediatamente. Precisava de ajuda para desvendar. Foi direto aos seus aposentos e começou a juntar seus pertences. Não sabia o quanto precisava deles. Logo após, foi à cozinha, às escondidas. Precisava de mantimentos para sair. Algo dizia-lhe, porém, que deveria procurar a biblioteca que Edmundo só havia lhe mostrado a porta.

A bruxa seguiu os corredores refazendo o caminho até a biblioteca, evitando que qualquer pessoa passasse perto dela. Precisava saber o quanto antes o que Edmundo tanto evitava.

— Precisas de alguma ajuda?

    Danna parou de andar e prendeu a respiração. Virou-se lentamente antes de soltar o ar.

     Estava andando em duas patas apenas e ainda falava. Quase… humano.

— Não lhe reconheço, senhor. De onde és? — perguntou.

— Sou o Sr. Castor, Srta.

— Encantada

— Igualmente srta.

— Pode não contar ao Rei Edmundo que me viu?

— Por qual motivo, srta? Não posso mentir para meus Reis.

— Não precisas mentir, somente ocultar a verdade. Ele não quer me contar uma coisa, e eu gostaria de saber.

— Não seria para protegê-la?

— Não gosto de ficar sem conhecimento do que está havendo.

— Entendo. Boa sorte em sua procura —  e o Castor desapareceu do corredor em que estava.

    Danna continuou seu trajeto a biblioteca, prestando mais atenção e indo com mais cuidado que antes. Aprendeu a esconder-se na Guerra, principalmente, a não deixar provas ou vestígios. E esta noite, estava decidida a buscar suas respostas.

    Entrou na biblioteca e encantou-se com a sua grandiosidade: todas as paredes do grande salão eram repletas de prateleiras de livros, havia apenas duas a três grandes janelas para entrar a iluminação. A bruxa não tinha iluminação para saber qual livro buscar, fez menção em pegar sua varinha antes de hesitar e bufar, lembrando que ela não funcionava em Nárnia.

    Fechou os olhos e tentou pensar em algo que pudesse criar no escuro. Lembrou de Alvo falando que os bruxos africanos não utilizam varinhas, apenas a concentração e força do pensamento. Posicionou sua mão esquerda aberta para cima, ao lado do corpo e pensou numa bola de fogo. Demorou alguns minutos concentrando-se e… nada. Parecia que ela não havia habilidade para isso.

    Então, tentou pela luz do luar nos livros que estavam em expositores no centro da sala. Pegou um, e levava próximo a janela, antes de apertar os olhos para ler e devolvia quando a informação não era útil.

No terceiro livro, achou a história de quatro crianças que foram parar em Nárnia no Inverno Eterno. Ao invés de devolver, guardou-o em sua bolsa, junto com seus pertences. Voltaria pela manhã, então não sentiriam falta do tal livro.

    Saiu cuidadosamente da biblioteca e foi pelos corredores mais escuros para buscar Sanchez, seu cavalo, para ir à toca de Teko, visitar o amigo que salvou sua vida. Conseguiu sair do castelo sem ser vista, e fez o caminho para o estábulo, quando foi amordaçada, vendada e presa.

    Como tudo que é em silêncio, foi uma fuga insegura. Ela não podia gritar, porque não seria ouvida. Não sabia onde estava indo… Sabia somente que conseguiram passar pela segurança do Grande Rei Pedro e começaria suas aulas de defesa pessoal no dia seguinte. Mas que burrice, Danna!, pensou reclamando para si mesma.

Seu coração batia descompassadamente e ficou sem saber o que fazer após isso. Estava tensa, tremia e começou a chorar baixinho esperando o pior. Só sabia que estava sendo carregada em um cavalo, pelo movimento e rapidez. Danna tentou tatear com o próprio corpo onde exatamente estava no cavalo e percebeu que andava na parte traseira. Talvez… se jogasse o corpo pra trás… Caísse do cavalo. O cavaleiro nem notaria. Quando ouviu o galope ficar mais leve, jogou com toda a força que tinha seu corpo pra trás e caiu rolando.

O baque, apesar de mais leve, deixou o corpo de Danna completamente dolorida pela velocidade. Seu coração parou por um segundo antes de perceber que o som dos cascos do cavalo sumiram pela floresta. E não voltaram.

Danna demorou a retirar suas mãos das cordas que lhe amarraram para retirar as amarras da boca e dos olhos. Olhou para todos os lados. Não havia ninguém e nem sabia onde estava.

Pareceu que o homem (ou quem quer que seja) não notou seus pertences escondidos. Todos estavam lá inclusive o livro que tinha acabado de surrupiar.

A bruxa levantou e começou a caminhar por onde estava. Procurou algo que já tinha visto na floresta alguma vez, tomando cuidado em não ser vista. Resolveu sentar um pouco e esperar o dia amanhecer.

Dormiu abraçada a todos os pertences por poucas horas e muito mal. Estava com dor nas costas e pescoço quando ouviu um barulho e abriu imediatamente os olhos.

— Danna — ouviu baixinho entre as árvores.

— Quem me chama? — disse ela.

— Teko. Siga o som da minha voz.

Danna levantou imediatamente. O esquilo que salvara sua vida antes de Cair Paravel voltara novamente. Mas estava tão escuro... Não estava conseguindo enxergar um palmo à sua frente.

— Vamos quando amanhecer, Teko.

— Não temos tempo, srta.

Danna deu dois passos seguindo a voz de Teko.

— Por que não posso lhe ver?

— Estou aqui, siga-me.

Danna foi caminhando devagar atrás da voz de Teko, mas nunca conseguia alcançá-la. Parecia que Teko estava fugindo.

— Deixaria-me mais confortável se tu apareceste.

— Já estamos chegando a luz, srta. Danna.

Realmente, estavam. Havia uma pequena luz no meio da floresta. Danna deduziu que seria uma fogueira. Continuou conversando com Teko para segui-lo.

Interrompeu o passo imediatamente.

— Danna, vamos! Não temos muito tempo!

— Quem me garante que tu és meu amigo esquilo? Sabes quem é e meu nome, mas estou seguindo apenas uma voz!

Danna havia semicerrado os olhos e trincados os dentes. Pensou em fugir para longe da voz, já que não enxergava Teko, mas decidiu ficar e ver onde isso dava.

Andou até a luz, sem acompanhar a voz de Teko e, quando sentiu que seria presa de novo, jogou seus braços pra trás.

Duas bolas de fogo surgiram em suas mãos queimando a roupa de sabe lá quem que queria prendê-la. Deve ser a mesma pessoa que me prendeu no castelo, pensou. Todos os homens que ali estavam, saíram correndo após o ocorrido.

Finalmente olhou pros lados e apareceu Teko, com o olhar assustado ao lado dela, cabisbaixo.

— Me entregaria a estes homens, Teko? Por que fizestes isso comigo?

— Fui ameaçado, Danna! Não tive escolha!

— Ameaçado por quem?

— Er… Estes homens?

— Por ordens de quem?

Teko ficou em silêncio.

— Não tem como confiar em ti assim!

— Não, Danna!

— Me aponte a direção do castelo. Não tente me seguir!

    Teko, muito triste, começou a caminhar no escuro em direção ao castelo. Danna andou em passos mais largos e quando perdeu Teko de vista, começou a correr. Seu coração estava acelerado. Como conseguiu fazer aquilo com as mãos? Estava com raiva, mas não sabia que conseguia fazer magia com as mãos.

Concentrou-se em sua raiva em ter sido traída por Teko e novamente a bola de fogo surgiu em sua mão.

Lembrou-se de Alvo falando de poderes feitos com as mãos. Seria possível bruxos de todos os lugares aprenderem feitiços com as mãos? Seriam feitiços controlados pela emoção? Ou seria somente o efeito de Nárnia? Nárnia tem algum efeito em sua magia?

Ela caminhou em direção onde Teko apontou por algum tempo até chegar ao rio onde encontrou Leine pela primeira vez, mas desta vez, ela não despertou.


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