O Portal escrita por LeniVasconcelos


Capítulo 10
A História de Danna




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Rei Edmundo saiu tenso da Sala de Tronos. Não gostava da forma em que seu irmão estava tratando a visitante de Nárnia. Não era apenas uma mulher. Era uma filha de Eva diferente das outras. Tinha muito mais que apenas uma história para contar.

Dois dias haviam se passado após o incidente da  floresta. Poderia-se dizer que Edmundo estava ansioso para encontrá-la novamente além da Sala de Trono, pois lá, deveria tratá-la com formalidade e equidade para não cometer nenhuma injustiça perante aos demais.

Foram dois dias atrás de Fildus e nenhum sinal dele pela floresta. Havia, de súbito, mandado o exército cercar o castelo. Agora, Grande Rei Pedro ordenou para que o exército se dividisse, retirando a autoridade de Edmundo. Pedro… Sempre inoportuno, pensava o Rei Edmundo, ele nunca pode ficar fora do comando.

Chegou aos seus aposentos e viu sentada na escrivaninha próxima a sua mesa quem gostaria de ver. A alquimista havia prendido os longos cabelos negros num coque, fazendo aparecer seus lindos olhos castanhos. Como ela era linda… Uma beleza exótica e intensa. Edmundo permitiu-se admirá-la por um momento.

— A melhor surpresa que eu poderia ter — disse sorrindo para a bela figura que a esperava. Danna levantou-se indo em direção a ele.

— Precisava vê-lo a sós, meu querido. Estou preocupada com vossa pessoa — disse Danna suspirando.

— Eu é que estou bastante preocupado! Deixei-te estes dois dias para se restaurar do que houve na floresta.

— Do que se referes?

— Do que queres referir-se?

Danna abriu um sorriso tímido. Sabia que ele gostaria de falar sobre o beijo que deram na floresta, assim como ela. Contudo, precisava de respostas para o que estava havendo.

— Por que tinhas tanta raiva daquele homem?

— Não tenho raiva, mas ele é injusto com seu povo e não segue princípios.

— Quem é ele?

— Fildus. Um homem bem mais velho, que governava um reino perdido.Veio visitar nosso reino e viu toda nossa fartura para dividir entre nós e nosso povo. Queria levar minha irmã para desposá-la, mas eu o impedi.  Após isso, o homem virou extremamente fanático pela Rainha Lúcia.

— Ela não quis ir com ele?

— Não! Este homem é um desgosto!

— E ele voltou para cá para levar a Rainha Lúcia?

— Ele tentará, mas eu impedirei a todo custo. Minha irmã não merece viver no inferno.

— Certamente.

— E tu, Srta Danna? Como estás?

— Estou pensando em nós.

— Não estás nem um pouco traumatizada com o que houve?

— Edmundo, eu vejo isso acontecer todas as manhãs no meu mundo. E parece que as guerras nunca acabarão. Vejo pessoas morrerem, passando fome e desespero… Uma faca apontada pro pescoço acaba sendo quase nada.

O Rei e analisou as palavras de Danna por alguns minutos, antes de responder:

— Conte-me sobre seu mundo.

— À noite, talvez… Agora...

— Eu tive muito medo de lhe perder — admitiu
Edmundo interrompendo-a.

Danna hesitou a fala. Não estava esperando ouvir isso neste minuto. Inclinou a cabeça e estendeu a mão para acariciar os cabelos de Rei Edmundo. Ele fechou os olhos e apenas deixou-a. Nem parecia o mesmo homem que ameaçou Fildus a morte. Deu um beijo em seu rosto, fazendo Edmundo abrir os olhos.

— Eu não quero me restaurar de nada — afirmou Danna com seu rosto muito próximo, olhando em seus olhos. E acrescentou: — Posso passar a noite aqui? Eu estou fazendo uma poção de arder os olhos.

— Estais arranjando desculpas para ficar aqui? — riu o Rei.

— Talvez…

— Danna…

— Tudo bem, eu falo-te a verdade… Quero ficar perto de ti.

— Estou completamente surpreso e encantado com tal pedido.

— Conto-lhe minha história esta noite como uma história de ninar.

O Rei Edmundo deu uma risada, puxou Danna pra si e fechou a porta dos seus aposentos. Deu-lhe um beijo caloroso antes de dizer:

— Fique o tempo que precisar.

A bruxa não esperou a noite chegar para contar a sua história ao Rei. O casal deitou-se na cama e permaneceram abraçados, entreolhando-se. Danna ficou um momento em silêncio e começou a contar ali mesmo.

— Nasci numa família mágica, numa das aldeias bruxas conhecidas pelo time de Quadribol, Appleby Arrows.   

— Quadribol… O que seria?

—  Um esporte com vassouras.

— Suponho que vassouras voadoras. Continue.

— Appleby é uma pequena aldeia em Lincolnshire, como é conhecido pelos não-mágicos. Fui educada em casa e, com a minha família sendo mágica, sempre vivi em ambientes em que as louças lavavam sozinhas ou a vassoura varria diariamente a casa. Meus pais não estavam nunca em casa: eram aurores, uma função que protege os bruxos de ameaças de grande escala. Meu pai foi considerado um heroi há 20 anos.

— Então… quem lhe criaste? — perguntou o Rei Edmundo acariciando as costas da bruxa.

— Minha irmã mais velha, até meus onze anos. Após isso, recebi uma carta para Hogwarts, uma escola de magia e bruxaria da Inglaterra. Estudava o ano inteiro e, nas primeiras férias de verão, retornei para casa. Ela havia me deixado. Fiquei duas semanas procurando-a, e o restante das férias, tive que dar meu jeito para encontrar meus pais. Fui ao Ministério da Magia, órgão do governo mágico, e eles faleceram na mesma época em que fui a Hogwarts e ninguém havia me avisado. Minha irmã ficou devastada e sumiu do país. Nunca consegui encontrá-la.

"No dia em que fui ao Ministério da Magia, não só descobri tudo isso, como implorei por informações de como ir de volta para Hogwarts. Um dos aurores que trabalhava com meus pais resolveu ajudar-me, mas não contou o motivo do sumiço deles. Apenas levou-me a Hogwarts e fez um pedido extraordinário para me receberem no período de férias de verão, concebido todos os anos, até a minha formação. Theseus Scamander foi um dos meus maiores exemplos de compaixão que tive. Prometi a mim mesma que a teria sempre que alguém precisasse.

Vivi sete anos em Hogwarts. Saí de lá praticamente invisível, poucos alunos e professores me conheciam. Tinha que ganhar algo para viver, mas quis apostar tudo em meus sonhos: alquimia.

Sempre que podia, estava nas bibliotecas dos mais variados setores a procura da alquimia. Encontrei um livro sobre Nicolau Flamel, um famoso alquimista que descobriu a imortalidade através do Elixir da Vida e a Pedra Filosofal, como havia escrito o livro. Fui atrás do nome e ele era muito famoso, difícil de acha-lo, mas... Era amigo de Alvo Dumbledore, um professor muito conhecido em Hogwarts. Fui atrás dele mostrando meus estudos até então e fui reconhecida. Alvo apresentou-me a Nicolau Flamel e sua esposa.  Gostaram das minhas pesquisas, que envolviam a igualdade entre mágicos e não-mágicos, pois há preconceitos com os não-mágicos: mágicos sentem-se superior aos que não são e sempre tive repulsa a esse tipo de pensamento.

Nessa mesma época, fui morar em Falmouth, uma cidade no extremo oposto de onde nasci. Fui à casa onde morei e achei melhor apagar evidências, memórias de tudo que ali viveu e levar o que não tive coragem de apagar ao novo lar. Presumo que tenho apenas isso para contar-lhe."

O Rei Edmundo ouviu a história com muita atenção antes de falar qualquer coisa. Tentou interrompê-la o mínimo possível, para não fazê-la perder em seus pensamentos.

— Tudo que eu tenho a dizer é que sinto muito, mas não compreendo como algum filho de Adão possa fazer mal a uma filha de Eva tão boa.

Danna surpreendeu-se com a reação do Rei. Deu uma risada e trocou sorrisos com Edmundo antes de perguntar:

— Por que não me contas da Feiticeira Branca?

Rei Edmundo hesitou antes de dizer:

— Eu prefiro não falar sobre isso.

— Querido…

O Rei levantou-se da cama virando-lhe de costas para Danna. Atormentava-o falar deste assunto e Danna justamente tocou nele.

— Pergunte qualquer outra coisa de Nárnia. Eu lhe responderei.

Danna não estava acreditando no que estava acontecendo. Danna estava indignada e disse em dois tons mais alto:

— Mas por quê!? O que tem tanto esta Feiticeira que é tão mencionada mas nunca contada sua história!?

— Acalme-se Danna! Não falei nada tão absurdo! — exclamou Edmundo segurando seus ombros.

— Você me prometeu contar a história de Nárnia…

— Não! Eu prometi para dar-lhe livre acesso a Biblioteca! E posso contar-lhe a história de Nárnia, só não gostaria de falar sobre a Feiticeira Branca.

Danna hesitou e respirou fundo. Não estava afim de discutir.

— Está bem.

— Descanse. Deves estar exausta — deu um beijo em sua testa e saiu dos aposentos para o Salão Principal a fim de saber o quanto as tropas haviam conseguido com a busca de Fildus.

— Sr Castor — cumprimentou o Rei quando encontrou um enorme castor no Salão.

— Vossa Majestade.

— Há novidades perante a vossa busca?

— Nenhuma informação veio a nós, meu senhor.

— Estarei a ver isso, agradeço Sr Castor.

O Sr Castor virou-se para ir embora. Repentinamente, Edmundo teve uma ideia. O animal havia andado alguns passos antes do Rei dizer:

— Sr Castor, espere!

O Sr Castor parou e esperou-o ir ao seu encontro.

— O que desejas, Majestade?

— Estou preocupado com Danna, mas não retornei a falar com ela para tentar melhorar as coisas. Não gostaria que ela soubesse de meu passado e erros.

— Tens verecúndia de mostrá-la?

—  Profundamente.

— Pois não deverias, Majestade. Tu errastes, como qualquer Filho de Adão e não há nada de mal nisso. Pior seria se a moça soubesse por terceiros.

—  O que queres dizer?

— Quero dizer-te que, quando és franco, a pessoa pela qual contaste não terás medo de confiares em ti.

O Rei Edmundo considerou a resposta de Sr Castor quando foi procurar Danna. Ela não encontrava-se em seus aposentos, nem nos aposentos dele, biblioteca, Sala dos Tronos…

— Sr Tumnus, vistes Danna?

— Não, Vossa Majestade. Parece que ela… sumiu.


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