Outro alguém escrita por Aislyn


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Vamos colocar Katsuya num potinho, porque ele está merecendo u.u
Boa leitura!



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Eu vou tentar.

 

E Katsuya realmente falou com os pais naquela tarde, contudo, a resposta obtida não foi exatamente a que ele esperava. Os pais o aceitariam em casa, se quisesse ficar, mas ainda não confiavam nele completamente, então estabeleceram algumas condições: ele teria horário para chegar em casa à noite, precisava de permissão para sair para passeios, desde que dissesse com quem e para onde ia, e o quarto não teria mais tranca, seus pais teriam liberdade para fiscalizar o ambiente sempre que achassem necessário. O xeque-mate foi a imposição que voltasse a estudar no próximo semestre; estava com o curso trancado há bastante tempo e poderia perder a vaga, além de ajudar com todas as despesas da casa.

 

Se o rapaz ainda não tinha noção do que seus atos causaram na família naquela época, agora a situação estava bem esclarecida.

 

Katsuya saiu de casa um pouco aturdido, mas disse que iria pensar e que ainda precisaria ficar no apartamento até o final do mês. A única que pareceu feliz com toda aquela conversa era Mayu, que o acompanhou até o portão, dizendo que não precisava levar aquelas regras tão a sério, pois conhecia os pais e sabia que eles voltariam ao normal quando ele retornasse pra casa e mostrasse que não estava fazendo nada de errado.

 

Queria tanto ter aquela esperança…

 

Olhando para o relógio por um tempo longo demais, percebeu que estava algumas horas atrasado para o trabalho e não havia nenhuma desculpa que pudesse usar. Não queria inventar mentiras. Por outro lado, ainda era muito cedo para ir até a casa de Mikaru, que deveria estar no escritório naquele momento. Se pegou mais uma vez indo até o apartamento do casal de amigos, esperando que as piadinhas de Takeo pudessem animá-lo um pouco.

 

— Katsuya? Tudo bem? – ele olhava para os próprios pés quando ouviu a voz de Izumi à sua frente, notando que a porta havia sido aberta. Será que seria mesmo fácil falar com ele, como Mikaru insinuou? Também havia pensado aquilo dos pais depois de falar com Mayu, entretanto, a visita havia sido um fiasco.

 

— Shiroyama-san está? – Katsuya sentiu um nó na garganta, mas não queria chorar. Todas aquelas imposições o fizeram se sentir uma criança.

 

— Takeo está visitando o irmão, mas não deve demorar. Entra.

 

—  Não… tudo bem. Eu volto depois…

 

— Você não parece muito bem… Por que não fica um pouco? Eu vou mandar uma mensagem e pedir pra ele se apressar.

 

— Na verdade… queria falar com você também. – Katsuya comentou num murmúrio, ainda com medo de desabar na frente do amigo – Preciso me desculpar pelos problemas que causei, por ter mentido pra você e pro Mikaru… Você sempre me escutou e ajudou a lidar com o namoro, mas não consegui coragem pra contar outras coisas que fiz e deixei virar uma bola de neve… agora está tudo uma bagunça, em casa, com meus pais, com o trabalho, os estudos…

 

— Vem, vamos colocar isso em dia. – Hayato puxou-o pela mão para dentro do apartamento, encaminhando-o até o sofá. Não importava o quanto estivesse chateado com o rapaz, não ia conseguir ignorar aquele desabafo – Eu vou preparar um chá pra gente e então você me conta tudo, desde o começo.

 

Em poucos minutos Katsuya estava com uma caneca entre as mãos, relatando tudo que havia acontecido nos últimos meses, desde a ideia estúpida de tomar remédios para a memória, os brancos, a briga com Mikaru e com os pais, a expulsão de casa e até os fatos recentes sobre o trabalho atual, a vontade de voltar a estudar e as imposições recentes dos pais que o fizeram se sentir uma criança. A cada confissão sentia um peso sair de seus ombros. Izumi podia não resolver nada do que estava passando, mas só o fato de ouvi-lo já ajudava a aliviar.

 

— Olha, não tiro a razão dos seus pais em impor algumas restrições. Eles estão preocupados com você e estão fazendo o que consideram melhor. – uma vozinha na cabeça de Hayato o lembrou dos argumentos do pai, tentando obrigá-lo a seguir o que ele achava certo. Não era a melhor pessoa para defender a posição dos pais quando ele mesmo era um rebelde contra os seus – Talvez você consiga negociar quando ganhar a confiança deles novamente. Pense com mais calma e avalie os prós e contras. Imagino que sente a falta deles e morar sozinho, tendo que lidar com todas as responsabilidades, não é fácil.

 

— Eu não sei se quero voltar pra lá… com tudo que disseram, parece que vai continuar difícil pra mim e não quero deixar um clima estranho em casa. Não quero ser motivo de briga entre eles ou algo assim.

 

— Voltaram a conversar? Que ótimo! – a voz de Takeo sobressaltou Katsuya, que não escutou a porta sendo aberta. O guitarrista caminhou pela sala, sentando ao lado do namorado – Pegou o cargo de babá de volta?

 

— Estou tentando. Quer assumir daqui?

 

— Ah, não. Fique à vontade. Você lida com isso melhor que eu. – empurrou-o de leve com o ombro, voltando a atenção para o visitante – Peguei só o final, mas seus pais estão brigando por sua causa? Um te aceitou de volta e o outro não?

 

— Não… eles me deixaram voltar pra casa, mas com algumas condições…

 

— Hmm e você não aceita elas…

 

— Não é que não aceito, mas me proibiram de tudo! – choramingou baixinho. Katsuya sabia que não adiantava fazer birra, mas não conseguiu evitar.

 

— Então vai morar com o Mikaru?

 

— O que?

 

— Mikaru. Ele não te chamou pra morar junto? – Takeo apontou o óbvio, arrancando de Hayato um sorrisinho de canto. Ali estava uma solução que ele não havia pensado.

 

— Ele disse pra passar lá mais tarde, depois que falasse com meus pais… mas imagino que seja só pra passar a noite ou pra contar as novidades…

 

— Ou pra dividir a casa, a vida a dois, entre outras coisinhas. – Takeo riu sacana, conseguindo deixar Katsuya envergonhado – Ele não te convidou aquele dia, no seu apartamento?

 

— Mas a condição era se meus pais não me aceitassem de volta… e eles aceitaram.

 

— Aham… mas vamos levar em conta que Mikaru também não se entende bem com os pais, acha que ele vai te negar um lugar pra ficar? Mesmo que seja por pouco tempo?

 

— E algum de nós não tem problemas com a família? – Hayato comentou despreocupado, apontando uma verdade daquele grupo. Todos tinham ou já tiveram alguns desentendimentos com os pais ou irmãos – Não sei bem como é a situação do Mikaru, mas imagino que é tão ruim quanto a nossa.

 

— Ele nunca me falou a respeito, então não sei também… – Katsuya notou, talvez pela primeira vez, que não sabia nada sobre a família do empresário. Olhou curioso para Shiroyama, na esperança que o amigo de infância de Mikaru pudesse saciar a curiosidade.

 

— Eu só topei com o velho duas vezes e ele tentou me agredir nas duas. Mikaru é um santo perto dele.

 

— Ahm… era pra isso ser animador? – Hayato tentou esboçar um sorriso, mas não queria nem imaginar como seria alguém pior que o sócio.

 

— Vocês queriam saber, eu contei. – Takeo levantou as mãos, abstendo-se de qualquer culpa – Está esperando o que pra ir arrumar as malas, Katsuya? Eu posso te dar carona, vai chegar lá mais rápido.

 

— Uma carona seria bem vinda… – Katsuya sorriu agradecido, voltando o olhar cheio de expectativa para Hayato – Só mais uma coisa… Izumi-san, quais as chances de me contratar de novo pra sua cafeteria?

 

— Saiu do outro serviço? Poxa, estava pensando em trocar ideias pra inovar nossos uniformes e acrescentar orelhinhas de gatinho… – Hayato riu baixinho, mas Takeo não conseguiu ser tão discreto, ainda mais ao notar a expressão atônita do visitante. Katsuya achou mesmo que não iam descobrir! – Você seria muito bem recebido, se quisesse voltar, Katsu, mas é Mikaru quem cuida das contratações e eu não posso passar por cima da ordem dele.

 

— Foi ele quem sugeriu que eu conversasse com você. Ele sabe que não estou gostando do atual emprego.

 

— Ah, nesse caso é outra história! Me procure quando ajeitar a papelada. Vou colocar você na escala para a próxima semana.

 

A conversa não se prolongou muito depois disso, visto que Katsuya parecia ansioso em sair dali, provavelmente para contar as novidades para Mikaru. Takeo se despediu junto com o rapaz, dizendo à Hayato que voltaria assim que o deixasse na casa do amigo.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo! Espero que estejam gostando!



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