Outro alguém escrita por Aislyn


Capítulo 11
Epílogo - parte I


Notas iniciais do capítulo

E chegamos à reta final que não é bem o final! -q
O epílogo está dividido em duas partes e em seguida virão algumas cenas extras (cinco, no total).
Vamos colocar ordem na vida do Katsuya, porque nem só de torturar um personagem vive uma autora *cof cof*

Boa leitura!



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A sineta tocou de leve quando entrou na cafeteria, trazendo uma sensação nostálgica enquanto observava ao redor. Nada estava fora do lugar desde que pisou ali na última vez. A decoração era a mesma, alguns rostos conhecidos dos clientes, a movimentação entre as mesas, aquele cheirinho de café vindo do balcão. Katsuya puxou o ar com força, sentindo-se em casa, mesmo que ali fosse seu trabalho. Enquanto caminhava até o balcão, recebeu alguns acenos e sorrisos acolhedores, cumprimentando a todos de volta.

 

— Bom dia, Miura-san! Izumi-san já chegou? – abordou a supervisora assim que ela surgiu pela porta da cozinha, recebendo um sorriso enorme da moça.

 

— Ah, então é verdade! Nossa criança rebelde está de volta! – Miura deu a volta no balcão, acenando para que ele a seguisse – Izumi-san chegou tem um tempo, pediu pra te levar lá quando chegasse pois precisava falar com nós dois. Imagino que você sabe do que se trata.

 

— Sei, mas ainda acho essa ideia uma loucura. – Katsuya deu de ombros, comentando por alto que esperava ser uma boa ajuda.

 

Bateram à porta da gerência, encontrando Hayato afundado numa pilha de papéis, batucando o lápis na mesa com uma mão enquanto usava a calculadora com a outra para conferir algumas despesas.

 

— Izumi-san, Katsuya chegou. Quer conversar agora ou melhor voltarmos depois?

 

— Ah, pode ser agora. Sentem, tenho muita coisa pra passar pra vocês. – Hayato afastou os papéis para um lado, sorrindo satisfeito com o retorno do amigo e lhe dando as boas vindas – Mikaru devia participar da reunião, mas ele mandou mensagem dizendo que teve um problema na empresa, então seremos só nós três. Miura, a partir de hoje, Katsuya vai treinar para ser seu assistente. Ele irá cobrir suas férias e, em seguida, intercalar horário com você, para que não precise fazer tantas horas extras. Takeo parou de vez com as aulas de guitarra e decidiu ficar apenas com a cafeteria e como suporte em alguns shows, se dispondo a cobrir uma parte do horário. Mikaru disse que ia analisar as escalas e, se tudo correr bem, vocês terão fins de semana intercalados.

 

A cada pequena novidade que Izumi contava, o sorriso de Miura aumentava cada vez mais. Aquilo era um sonho e não queria acordar! Amava o trabalho que fazia ali, mas confessava que alguns dias eram bastante cansativos, ainda mais com a responsabilidade que tinha. E agora ia dividir aquele peso! Hayato pareceu notar a animação da moça e pediu para que ela fosse com calma, pois ainda levaria um tempo até o treinamento terminar e tudo estar no lugar, mas isso não pareceu desmotivá-la.

 

Assim que Miura saiu, Hayato caminhou até o armário, tirando de lá algumas mudas de roupa e entregando para Katsuya.

 

— Esse é seu novo uniforme. E isso, – uma tiara com orelhas de gatinho foi posta sobre o pacote, fazendo Katsuya corar – é um brinde, cortesia minha. Se achar que combina com a nova roupa, pode usar para trabalhar. No mais, bem-vindo de volta à Shirozumi!

 

— Obrigado… eu acho… – Kurosaki sorriu sem graça, olhando envergonhado para as orelhinhas – Você… contou pro Mikaru? Sobre o meu antigo trabalho?

 

— Não contei, pode ficar tranquilo. Só meu primo, Takeo e eu sabemos disso, mas acredito que, se quisesse, Mikaru daria um jeito de descobrir. – Hayato deu um tapinha encorajador em seu ombro, acenando com a cabeça para a porta – Vai lá, Miura está te esperando. Fico feliz que esteja de volta.

 

— Obrigado. Espero fazer tudo certo.

 

* * *

 

Mesmo que a primeira tentativa de reaproximação com os pais não tenha sido das melhores, Katsuya não desistiu de tentar negociar as regras impostas para retornar àquela casa. Com a ajuda de Mayu, ele levou seus pertences que estavam no apartamento para o antigo quarto, também contando com a ajuda da irmã para colocar tudo no lugar. A menina era quem mais lhe dava apoio e incentivo para conversar com os pais, repetindo diversas vezes que, mesmo que eles se mostrassem distantes, estavam com saudades e sentiam sua falta ali. E ele acreditava nisso, pois também sentia muita falta da família.

 

Na primeira semana, Katsuya acatou com todas as ordens impostas, tentando amenizar o clima ruim que surgia sempre que os quatro estavam reunidos. Era difícil ignorar a expressão severa da mãe e os olhares arredios do pai, contudo, cada vez que isso acontecia, Mayu estava ao seu lado para ajudar.

 

— E o serviço, está gostando? – Mayu quebrou o silêncio durante o jantar no fim de semana, ganhando um sorriso afável do irmão.

 

— Estou sim. Demorei pra aprender algumas coisas, mas acho que estou pegando o jeito.

 

— Que bom! – e voltando a atenção para a outra mulher presente na mesa, ela contou animada – Mamãe, o Katsu-nii agora é supervisor na cafeteria!

 

— Assistente! – Katsuya corrigiu no mesmo instante, tentando evitar que a informação incorreta seguisse adiante – Eu só ajudo a supervisora.

 

— É? Parabéns. – foi a resposta curta que obteve, mas que considerou um avanço, já que em outras tentativas ele só recebeu acenos.

 

— Obrigado…

 

— Você era garçom, não era? O que faz agora? – três pares de olhos se viraram para o outro lado da mesa, onde o pai de Katsuya estava sentado. Vê-lo interessado no assunto emocionou o rapaz.

 

— Nós servimos de intermediários entre os funcionários e a gerência. Repassamos problemas que precisam ser resolvidos, distribuímos tarefas e organizamos os horários de pausa. Também resolvemos conflitos com clientes e às vezes ajudamos com algumas papeladas no escritório.

 

— Hmm… parece difícil e tem muitas responsabilidades. – o homem comentou pensativo, acenando em aprovação – Eles devem confiar em você, parabéns. É bom ver que está se esforçando.

 

— Eu estou tentando e espero que dê certo. Ainda estou na experiência.

 

O restante do jantar foi bem mais tranquilo, onde até a mãe se mostrou mais interessada nos assuntos que discutiam. Katsuya sentia o receio dela em se aproximar, sabia através de Mayu que ela não queria se decepcionar de novo, mas pelo visto, estava dando uma chance.

 

Contou a eles, em outra oportunidade, sobre o retorno ao curso de veterinária, que aconteceria no próximo semestre. Talvez precisasse refazer algumas matérias para relembrar o conteúdo, levando em conta o tempo que estava afastado, mas dessa vez ia levar a sério e fazer tudo do jeito certo.

 

A parte mais difícil, na opinião de Katsuya, foi contar que Mikaru e ele voltaram a namorar. Seu pai o encarou enviesado mas não comentou nada, já que sua mãe não perdeu tempo em resmungar o quanto era errado essas idas e vindas, o quanto isso abalava uma relação e que eles precisavam parar com aqueles joguinhos. A única que pareceu feliz, mais uma vez, foi Mayu.

 

E, se falar do namoro já foi difícil, aparecer durante o final da tarde, alguns dias depois, com uma mala feita, foi extremamente agonizante. Sua irmã começou a chorar antes mesmo que se explicasse, tornando dolorosa a conversa que viria a seguir.

 

Katsuya contou da proposta de Mikaru, afirmando com aquilo que o retorno do namoro era realmente sério.

 

— Eu quero morar com ele, mas quero fazer as coisas certas aqui em casa. Não quero deixar ninguém chateado ou com raiva de mim, quero ir com a consciência tranquila. Por isso, eu vim pedir a permissão de vocês. Pra sair, mas também pra poder voltar, vir visitar ou passar alguns dias… E se as coisas não derem certo por lá, queria saber se eu ainda seria aceito aqui…

 

Aquele foi o estopim para a senhora Kurosaki começar a chorar, indo ao encontro do filho para abraçá-lo e encher de recomendações. Era como se toda aquela animosidade de antes tivesse simplesmente sumido no ar e voltassem a ser a família unida de antes. Logo sua irmã se juntou ao abraço, apertando-o pela cintura e pedindo que não fosse embora de novo, enquanto seu pai se contentou em dar tapinhas em seu ombro, puxando-o para um cafuné quando a mulher lhe deu espaço.

 

Katsuya sabia que os erros que cometeu não foram esquecidos, mas havia ganhado uma nova chance de acertar tudo e mostrar que ia melhorar. Queria deixar os pais orgulhosos de quem ele era.


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Notas finais do capítulo

Continua!

Pra quem comemora, desejo um feliz natal, pra quem não comemora, vamos curtir esse feriado!!!



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