The wire of destiny escrita por Serena Bin


Capítulo 2
Capítulo 2 - A CHEGADA


Notas iniciais do capítulo

Especialmente para E Luz.



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O grande Palácio Celestial estava ainda mais bonito naquela tarde de primavera. Com a brisa fresca que soprava do leste, o aroma adocicado dos pessegueiros plantados às margens do rio era como um convite para admirá-los.

Com um reluzente prendedor de ouro em seus cabelos, o príncipe A-Li observava admirado o entardecer. Muito embora nunca houvesse noite, quando o sol se recolhia atrás das montanhas era o sinal de que o dia estava no fim.

— Alteza, suas vestes já estão prontas. – uma das criadas do palácio curvou-se para o príncipe. – A deusa maior pediu para que não se atrase para a recepção.

O príncipe A-Li virou-se para a criadinha.

— Você está tão bonita, Xiao Hua. – disse ele, sorrindo. A criada por sua vez, corou envergonhada. – Será a luz do entardecer ou sua beleza é natural?

— Alteza. - a donzela baixou a cabeça fazendo algumas mechas de seus longos cabelos negros cobrir-lhe parcialmente a face.

O rapaz se divertia ao ver o embaraço da moça.

— Xiao Hua, - disse o príncipe retirando a mecha de cabelo do rosto da jovem. – Foi apenas um elogio sincero. Não fique envergonhada.

— Então não envergonhe as criadas. – de repente uma voz contida mas muito imponente ecoou pelo jardim.

Caminhando muito lentamente, vinha a deusa maior Bai Qian de Qing Qiu.

Vestida com trajes de seda azulada cujas longas mangas deixavam um rastro para trás, parecia muito mais jovem do que realmente era.

Aos trezentos mil anos, a raposa branca de nove caldas agora era uma anciã, mas que ainda mantinha a beleza e vitalidade das donzelas dos nove céus.

— Foi apenas um elogio, mãe. – o príncipe sorriu. – Não quis ser desrespeitoso.

A deusa virou-se para a criada de rosto redondo.

— Pode sair. – disse sem cerimônias.

A criadinha curvou-se para a deusa e após alguns passos contidos, desatou a correr para longe dos dois.

— Pensei que estivesse descansando. – o jovem príncipe olhou para a mãe.

— Você e seu pai devem estar me confundindo com alguma frágil consorte. – respondeu a mulher, incomodada. – Não estou doente.

Fez-se um minuto de silencio entre os dois.

— Bolinho de Arroz. – a mulher reiniciou. – Tenho um pedido a fazer. Hoje, quando a festividade começar, é importante que você não eleja nenhuma jovem...

— Mãe... – o rapaz protestou. – Já falamos sobre isso.

— A-Li, - Bai Qian se tornou mais incisiva. – Desde que você recusou o noivado com a princesa Su Yin , todos pensam que é porque está interessado em outra garota.

— Eu não estou interessado em ninguém. – A-Li objetou, irritado. – Apenas não quero me casar com minha prima. Quero me casar com uma pessoa que eu ame, mãe. É de amor que estamos falando.

— Eu também espero que seja assim, mas as coisas nem sempre podem ser como desejamos. – Bai Qian argumentou.

O primeiro príncipe sentia-se cada vez mais irritado. Por que eleger um casamento deveria ser o centro de sua existência naquele momento? Desde que recusava o noivado com a sexta princesa do mar do Norte, não se falava de outro assunto nos Nove Céus.

— Filho, - ela tocou delicadamente o rosto do garoto. – Se coloque no lugar de sua prima. Ela foi publicamente rejeitada, e por experiencia própria posso garantir que não é algo bom de se sentir.

— Talvez ser rejeitada por um Bai seja o seu karma, uma vez que a senhora já fora rejeitada pelo pai dela.

— Não seja assim, A-Li. – a deusa maior o repreendeu. – Não estou dizendo que você não possa se envolver com alguém no futuro. Estou pedindo apenas que não faça isso por enquanto, até que o assunto ainda corra pelas bocas venenosas dos Nove Céus.

O príncipe estava desconsertado. Toda aquela conversa havia azedado o clima.

— Se não puder fazer isso por ela, - pediu a mãe. – Faça por mim ou então, pela jovem que um dia entrará em seu coração.

Como ele poderia negar um pedido a sua mãe?

Mesmo irritado, o primeiro príncipe apenas concordou com um breve aceno de cabeça. Depois, tocou o ventre de sua mãe, rezando para que seu pequeno irmão que estava sendo gerado ali não se sentisse oprimido como ele proprio se sentia naquele momento.

***

Quando o mundo mortal desfrutava da madrugada, os Nove Céus ainda com o sol o iluminando começava a receber os primeiros convidados para a grandiosa festividade de logo mais.

Divindades de todas as partes vinham com presentes em mão para celebrar o octogésimo milênio da união daqueles que seriam muito em breve imperador e imperatriz celestial.

O deus da guerra, Mo Yuan trouxera da montanha Kun Lun alguns jovens discípulos além de alguns veteranos que ainda habitam a montanha, como Zilan, o alto imortal que dedicara os últimos oitenta mil anos a guardar o Mar da Inocência.

De Qing Qiu, a rainha Feng Jiu era a diante de uma comitiva de pessoas da família Bai que ia aparecendo a frente dos portões do Palácio Celestial pouco a pouco.

A imortal tinha as vestes escarlate como as rosas vermelhas dos jardins de sua terra natal. O tecido esvoaçante meticulosamente costurado e moldado a sua silhueta esbelta a deixava com a aparência ainda mais estonteante. Nenhum dos Bai soube dizer se toda aquela boa aparência era apenas para a festividade ou se havia algum outro propósito.

Da longícuas terras litorâneas, duas importantes famílias vinham trazendo presentes para os noivos. Die Feng, o velho sênior de Bai Qian era um dos que vinham de lá. De braços dados com sua bela esposa adentraram os portões admirados com o requinte da decoração do lugar.

Pouco atrás deles, vinha o rei do mar do Norte, o segundo tio do príncipe herdeiro Ye-Hua. Trouxera ao seu encalço, sua esposa Xiao Shing e todos os seus oito filhos, dentre eles, a sexta princesa Su Yin, com a qual A-Li havia rejeitado matrimônio.

A princesa Su Yin era uma bela e notável moça de pouco mais de quarenta mil anos. Era aos olhos dos deuses, ainda muito jovem, mas que pela necessidade de cultivar a essência desde muito pequena havia ascendido à alta imortalidade muito cedo.

Era bondosa de sorriso gentil e olhar cativante. Inteligente e honesta. Suas individualidades garantiram a ela a atenção do avô, o inflexível Lorde Celestial. Mas, mesmo que o velho imortal se recusasse a reconhecer Xiao Shing como nora, ele não poderia jamais ignorar a notoriedade da neta, Su Yin.

— Majestade. – o Lorde das Estrelas, Si Ming cumprimentou o rei do Norte curvando-se para frente. Em seguida, virou-se para os filhos do casal. – Altezas.

Para Xiao Shing, o Lorde apenas fez um breve aceno de cabeça.

Em outro ponto do grandioso saguão externo, de repente três figuras surgiram envoltas em fumaça negra.

— Senhora Fantasma. – Si Ming cumprimentou a bela monarca que trajava vestes escuras ornamentadas com plumas azuladas das raríssimas fênix negras do Reino Fantasma.

Em seus cabelos, uma brilhante tiara de cristais preciosos a deixavam ainda mais elegante sob o manto azul cobalto que ela trazia sobre os ombros.

— Lorde das Estrelas. – Yan Zhi respondeu, em seguida apontou para as duas donzelas ao seu lado. – Minhas sobrinhas.

— Altezas. – Si Ming as cumprimentou também.

As duas jovens eram dentre as imortais de suas idades a mais belas. Na verdade, todos conheciam a fama das donzelas do Reino Fantasma. De como elas eram especialmente bonitas e atraentes, mas havia ainda quem acreditasse que tal coisa era fruto de magia proibida usada a fim de seduzir.

— Estão todos olhando para nós. – Lan Yanjin comentou, incomodada.

— Vocês são moças bonitas. – Yan Zhi respondeu. – É normal que atraiam a atenção.

— Eu soube que alguns imortais pensam que usamos magia para sermos bonitas. – a mais velha disse em tom apreensivo. – Se eles descobrem que sou metade sereia, poderiam mandar me enclausurar em alguma prisão celestial.

Ying Yi segurou a mão da prima e sorriu.

— Fique tranquila. – disse a moça. – Não se lembra que a tia selou nossos poderes? Ninguém vai reconhecer sua metade sereia aqui.

— Não entendi porque a tia selou você também. – Lan Yanjing refletiu enquanto caminhava lentamente em direção à porta do grande salão.

— Yan Er, - respondeu a princesa mais nova. – Não seja ingênua. Então não sabe que sou uma espécie de aberração para os Nove Céus? – Ying Yi correu os olhos ao redor observando as divindades celestiais do local. Ela acompanhava seus olhares surpresos seguidos de cochichos baixos, e imaginou se cada um deles que a encarava naquele momento estaria pensando em como uma pessoa como ela, mestiça de dois povos tão diferentes poderia ainda estar viva. – A maioria pensa que fui revivida com magia das trevas.

Lan Yanjing sentiu o pesar nas palavras da prima.

— Será que é ela? - as duas princesas captaram um cochicho espantado enquanto passavam por um grupo de celestiais. – A mestiça?

— Quem diria que aquela vil traidora do sangue conseguiria deixar uma descendente – um outro celestial destilou seu veneno. Ying Yi e a prima captavam o ódio no ar. – Que adiantou morrer e deixar uma semente traiçoeira para trás?

— Só pode ser. – um dos anciãos celestiais respondeu. – Eu conheci a mãe dela há oitenta mil anos. Ambas são idênticas na aparência, mas eu não sinto a essencial imortal, apenas a aura demoníaca.

— Os deuses a fizeram nascer morta, mas a audácia do Reino Fantasma, fez a magia negra traze-la de volta a vida. – o homem olhou para Ying Yi com desprezo mordaz. - Como pode ser aceitável que o príncipe herdeiro ainda tolere tais presenças no Reino Celestial?

Ao passar pelo ultimo celestial do grupo, Ying Yi apenas baixou a cabeça sentindo-se menor que a partícula de pó que seus pés levantavam do chão.

Naquele momento, a jovem princesa entendera o porque de sua tia Yan Zhi ser tão resistente quanto a deixa-la sair dos domínios do Reino Fantasma. É que o mundo além da fronteira era cruel e sem escrúpulos.

— Eles não sabem nada sobre você. – A rainha Yan Zhi cochichou para a sobrinha. – O Palácio Ziming não foi capaz de corromper seu coração puro. Não deixe que meros celestiais o façam.

Yan Zhi apenas olhou para o grupo com igual descontentamento e adentrou comas sobrinhas para o Grande Salão, de onde o som das cítaras já podia ser ouvido em uma alegre balada romântica. 



 


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Notas finais do capítulo

-

Obrigadíssima por ler ♥

Se você gostou, que tal deixar seu comentário, tá? É tão rapidinho e me ajuda tanto...

Beijoquinhas e até a próxima. 



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