The wire of destiny escrita por Serena Bin


Capítulo 1
Capítulo 1 - O CORVO E O DRAGÃO


Notas iniciais do capítulo

Olá amores ♥
Essa é uma fanfic que eu tenho guardada há muito tempo na gaveta sobre o drama Ten Miles of Peach Blossoms.
Desde que terminei o drama, fico pensando que o principe A-Li e a Ying do Reino Fantasma poderiam ser um potencial casa, e cá estamos nós com essa fanfic.
Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/774011/chapter/1

Era o décimo dia da primavera quando o emissário trajado de vestes de suntuosa seda branca atravessou a fronteira para o Reino Fantasma e adentrou os caminhos que o levariam até o Grandioso Palácio Ziming.

O sol alto no céu demonstrava que era perto do meio dia.

A jovem divindade viera sob as ordens do príncipe herdeiro Ye Hua apenas para convidar a remanescente monarquia fantasma para um grande evento que prometia movimentar não apenas os Nove Céus, mas todos os reinos adjacentes.

— Jovem Celestial, o que o traz até as longínquas terras do Reino Fantasma? - um dos muitos soldados da guarda imperial interceptou o jovem imortal antes que ele atingisse os portões principais do palácio.

O rapaz, ainda de aparência franzina, mas já de idade considerável curvou-se perante o guarda oferecendo-lhe uma breve reverencia antes de responder:

— Venho em nome de sua alteza, o príncipe herdeiro dos Nove Céus, Ye Hua e sua esposa, a deusa maior Bai Qian de Qing Qiu. -  O rapaz levantou o olhar e mirou o guarda. – Há um convite a ser entregue à Senhora Fantasma.

O guarda, cuja armadura negra cintilava sob a luz do sol a pino apenas acenou, apanhou a pequenina caixa de ébano e verificou seu conteúdo. Dentro dela, havia uma esteira de bambu selada com um selo imortal o qual apenas seu destinatário poderia remover.

— Liberem a passagem. – O guarda fantasma ordenou. – O emissário é um celestial e deseja ver sua majestade, levem-no até ela.

Após a ordem, a divindade imortal passou por entre as fileiras de soldados e seguiu pelo caminho do campo de lavanda primorosamente florido até chegar ao seu destino. Quando isso aconteceu, subiu os degraus de mármore polido sentindo-se extasiado pelo beleza e requinte do local sendo incapaz de acreditar que aquele era o mesmo Grandioso Palácio Ziming que há oitenta mil anos, quando o poderoso Qing Cang travara uma batalha com seu filho Li Jing, caíra em ruínas.  

Mas agora, os olhos do imortal viam as paredes de bambu refletirem a luz do sol e o assoalho de madeira lustrosa cobrir o chão sob a deslumbrante tapeçaria que ia da entrada até o trono, localizado ao fundo do grande salão onde uma dama de aparência bela e jovem sustentava sobre os ombros um majestoso manto azul, e acima de sua cabeça, o adorno de cabelo que lhe era favorito: uma fivela de prata fria milenar, o qual pertencera a seu irmão mais velho, Li Yuan.

Do auto de seus quase trezentos mil anos, Yan Zhi, a terceira princesa do Reino Fantasma, agora Senhora de seu povo ainda era capaz de manter sua nobreza de espírito intacta. Em todo o mundo das divindades, em todos os reinos menores e nos Nove Céus comentavam sobre como uma jovem e inexperiente princesa conseguira reerguer um reino em decadência extrema em questão de alguns poucos milênios.

Certamente que ela tivera ajuda de muitas pessoas, mas a real verdade para toda seu sucesso em retirar do Reino Fantasma o estigma e peso destruidor que carregara por gerações era que Yan Zhi, não buscava o status ou qualquer outra coisa além de restabelecer o povo que agora era sua única família. O tempo e suas provações ao longo da vida a fizeram além sábia, fazendo valer a máxima de que grandes líderes não buscam por poder, mas são chamados por necessidade.

— Bixia*. – A serviçal de confiança caminhou até sua majestade e curvou-se. – Um celestial deseja ve-la.

— Um celestial? – ela refletiu. – Peça para que entre.

O emissário então, caminhou até o centro do salão, parando há poucos metros da bela governante. Ele curvou-se em respeito e disse:

— Alto imortal Xiao Feng, saúda vossa majestade, a Senhora Fantasma, Yan Zhi.

— Levante-se.  – Pediu a mulher. – O que o traz aqui?

O emissário endireitou-se e respondeu:

 — Fui enviado pelo príncipe herdeiro Ye Hua para entregar-lhe um convite especial.

O jovem imortal entregou a pequena caixa de ébano para a serviçal que a levou até Yan Zhi que ao abrir a esteira de bambu encontrou em letras douradas escrito um pequeno poema, onde era convidada para a festa de comemoração pelo octogésimo milênio de casamento do príncipe herdeiro Ye Hua com deusa maior Bai Qian de Qing Qiu.

O convite ainda trazia um objeto mágico como mimo. Uma pedra de jade mística capaz de capturar e guardar para sempre uma lembrança.

A Senhora Fantasma fechou a esteira de bambu e a guardou dentro da caixinha de ébano, depois sorriu.

— É muita gentileza de sua alteza se lembrar do Reino Fantasma em uma data tão feliz.

— Com sua licença, me retirarei primeiro. – o emissário celestial curvou-se para sua majestade e saiu silenciosamente.

No caminho para a saída do reino, avistou uma formação rochosa além do campo de lavanda onde, as margens de um rio de águas cintilantes, duas jovens donzelas descansavam abaixo da sombra de um enorme salgueiro.

As jovens de pele pálida tinham seus longos cabelos negros presos em adornos de prata, suas vestes de seda escura tinham mangas que pareciam corvos planando na ação do vento.

As duas sorriam e pareciam felizes enquanto uma delas brincava com a água com um tipo de magia que o imortal desconhecia, então, seguiu em frente rumo ao seu ponto de partida.

A sutil presença do visitante não passara despercebida pela percepção intuitiva e sensível de Lan Yanjing, a mais velha das sobrinhas de Yan Zhi.

— Veja, meimei*, é ele. – a jovem apontou para o horizonte logo atrás do viajante celestial. – Ele é o viajante de quem lhe falei há alguns meses.

Lan Yanjing possuía uma peculiar habilidade de prever o futuro e mesmo que raramente entendesse suas visões, seus olhos cor de âmbar lhe revelara que um alto imortal os visitaria em algum momento para trazer-lhes um convite que mudaria o modo como suas vidas caminhavam, especialmente a de sua prima, Ying.

Ying Yi, como havia sido batizada há oitenta mil e trezentos anos, era a segunda sobrinha de Yan Zhi, a única filha de Li Jing. A garota meio sangue entre dois povos essencialmente diferentes.

Um mistério ou um milagre. Desde que fora revivida pela essência celestial de Zi Lan, tudo a respeito da existência da jovem princesa fantasma fora dos domínios do Grandioso Palácio Ziming, era um completo tabu.

A jovem olhou por cima dos ombros e encontrou apenas o vislumbre do viajante que naquele momento sumia entre as vistosas árvores do bosque, sentindo seu coração pulsando ainda mais forte porque se lembrava das previsões de sua prima.

O que aquele rapaz teria trazido que poderia implicar em seu futuro? Mas, por mais que tentasse pensar em alguma explicação plausível, não conseguia.

— Onde você vai? – Ying Yi perguntou de repente ao ver a prima levantar-se rapidamente.

— Até o grande salão. – respondeu a mais velha. – Não está ansiosa para saber o que trouxe o viajante até aqui?

Ying Yi hesitou, mas cedeu à pressão, seguindo ao encontro de sua tia, Yan Zhi.

No grande salão, a Senhora fantasma bebia chá de jasmim acompanhada de seus guardas reais. Ela discutia detalhes da viagem que faria aos Nove Céus nos próximos dias.

— Majestade, - Lan Yanjing e Ying Yi disseram ao mesmo tempo. Ambas se curvaram respeitosamente a matriarca.

— Aí estão minhas belas flores de magnólia. – Yan Zhi sorriu ao ver as sobrinhas. Sem filhos de seu próprio ventre, a Senhora Fantasma via nas meninas as crianças que a vida lhe dera. Em cada uma delas, encontrava conforto para a perda de seus amados irmãos. Uma lembrança tênue da família que um dia tivera.  – Tomem chá com sua velha tia.

— Guma*, a senhora não é nenhuma velha. – Lan Yanjing sorriu. – É sábia, justa e muito honrada. O tempo lhe cai bem.

Yan Zhi apreciava a sonoridade dos elogios da sobrinha apesar de tudo.

— Com sua beleza e vitalidade, nenhum ser é capaz de dizer que já viveu mais de duzentos milênios. – Observou Lan Yanjing.         

A senhora fantasma riu-se e voltou-se para Ying Yi que se mantinha calada ao lado de Yanjing.

— Ying’Er, algum problema? – perguntou a tia. – Está tão calada.

Ying sorriu brevemente e desviou o olhar da pequena caixinha de ébano posta sobre a mesinha a frente da tia. Ela sentia que ali estava o motivo da visita do jovem celestial.

Lan Yanjing sentia a agitação no coração de Ying. A garota então, num gesto de genuína proteção, agarrou a mão da princesa mais jovem e sorriu para ela.

Aquele, era como um lembrete de que para o bem ou para o mal, Ying teria a prima ao seu lado, servindo de apoio como sempre fora.

— É muito bom que estão aqui. – Yan Zhi comentou apanhando a caixinha de ébano. –O Reino Celestial nos enviou um convite para um evento muito especial.

A Senhora Fantasma então esticou a esteira de bambu para Ying que a apanhou com desconfiança.

 Nunca havia visto um objeto tão bem trabalhado como aquele, impregnado de uma magia que ela não conhecia para que de alguma forma era capaz de distinguir.

Em pensamento, ela leu o poema:

“As flores dos pessegueiros em Qing Qiu florescem o ano todo

Por milênios elas produzem o alegre vinho

No lembrete da paz, um sincero e genuíno pedido se faz

As terras distantes dos reinos longínquos em nosso caminho

Dos Nove Céus, aos oito desertos e sete mares,

Da alegria que reina e nunca se afasta

Estendemos nosso convite

As ilustres monarcas do Reino Fantasma.

Para a celebração do enlace que se perpetua através da eternidade

Que venham mais oitenta mil anos

Repletos de amor e tranquilidade.”

— É um convite! – Lan Yianjing sorriu entusiasmada. – Um convite para a celebração de aniversário de casamento do príncipe herdeiro!

— Foi uma grande gentileza termos sido convidadas. – Yan Zhi lembrou as sobrinhas.

— Nós vamos? – Yanjing perguntou.

— Sairemos na próxima manhã.      

— Não é fantástico, Ying’er? – Lan Yanjing perguntou, animada. – Vamos a uma importante celebração no Reino Celestial. Não está animada?

— Nós nunca saímos do Reino... – refletiu Ying Yi apreensiva. – Mas, imagino como devem ser os outros reinos, principalmente os Nove Céus.

— Vamos finalmente conhecer a deusa maior de Qing Qiu! – Yanjing pediu o convite para a prima e quando ia lê-lo em voz alta, um arrepio frio subiu por suas costas no exato momento em que tocou o objeto.

A expressão da princesa fantasma mudou de repente. Suas bochechas antes coradas agora estavam pálidas e seus olhos fixos no horizonte denunciavam que ela estava tendo uma visão.

Num mundo diáfano, onde a fumava rósea parecia se misturar as nuvens do céu do crepúsculo, duas imagens se formavam. A primeira, escura e pequena, algo que Yianjing julgou ser um corvo de plumagem preto-azulada que sobrevoava acelerado um vale onde no fim dele, sobre a relva ressequida, um enorme dragão dourado parecia estar a mingua, clamando por ajuda após ser gravemente atacado por alguma outra fera. O pequeno corvo de repente, pousou sobre a cabeça do dragão moribundo e transferiu para ele uma pequena gota luminosa que fez com que o poderoso animal recobrasse os sentidos e saltasse para a vida novamente enquanto no chão, agora o corvo era o doente, enfraquecido, piando.  Sussurrando o que Lan Yanjing entendeu como um lamento. Um adeus. 

— Yan’Er. – Chamou a tia, ao perceber a expressão atordoada da sobrinha que apenas recuperou os sentidos segundos depois.

— Foi uma visão? – Ying perguntou, aflita.

— Não. – Ela mentiu.

— O que você viu? – Ying tornou a perguntar.

— Não foi uma visão, Ying’Er. Foi só...um devaneio.

— Acalme-se, Yan’Er. – Yan Zhi estava agora ao lado da sobrinha, segurando sua mão.  – Venha, vou leva-la aos seus aposentos. Descanse.

Yan Zhi saiu minutos depois amparando Yanjian. A garota sofria com o fardo de ter visões sobre as quais não compreendia.

Ying acompanhou a comitiva levar a prima e desparecer no horizonte. A garota então apanhou o convite celestial novamente e o mirou fixamente.

Embora Yangjing tivesse mentido, Ying sabia que ela havia tido uma visão ao tocar na esteira de bambu e de algum modo Ying sentia no íntimo de seu coração que naquele momento, o que quer tenha aparecido na premonição de Lan Yanjing, tinha a ver com seu incerto futuro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vocabulário:

??” Bixia = do mandarim, significa "majestade".

??” Meimei = do mandarim, significa "irmã mais nova."

??” Guma = do mandarim, significa "tia"



Eu espero que tenham gostado do primeiro cap. Se você leu até aqui, que tal deixar um review? É tão bom ter contato com vocês...
É rapidinho e de graça ♥
Até a próxima.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The wire of destiny" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.