The one she comes back to escrita por Lily


Capítulo 6
06. With Or Without You




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13 de junho de 1994

13h07

Loja do Hyde

Hyde ergueu sua arma de brinquedo e mirou em um cliente no corredor C, a bolinha borracha o acertou direto na nuca, o cara se virou para ele perplexo. Hyde o olhou sério tentando demonstrar que ele não estava de brincadeira, o cara deixou o disco que segura no nicho da bancada e saiu apressado da loja. Hyde voltou seu olhar para Led, que com headphones e a música alta parecia alheia a situação enquanto dançava a sua maneira. Hyde já havia atirado em três desde que ela chegará.

A porta a frente se abriu com o soar típico do sino. Ele sorriu lentamente ao observar Angie caminhar em sua direção erguendo as suas típicas sacolas de compras.

—Oi irmãozinho. Onde ela está? - ela questionou jogando as sacolas sobre o balcão. Hyde aponta a arma de brinquedo para a Led que ainda dançava. As mechas rosas balançando de um lado para outro, enquanto os tênis azuis batiam contra o chão ritmicamente. - Graças aos céus ela puxou a beleza de Jackie. - Hyde puxou o gatilho acertando uma bolinha nela. - Babaca. Por quanto tempo você pretende ficar com ela?

—Red pretende manter ela na cidade até pagar o conserto do carro dele.

—Isso significa que você terá que mantê-la por perto. Ótimo! Papai está louco para conhecê-la.

—Ela é legal.

—Legal tipo você ou tipo Jackie?

Hyde deu de ombros. Led era uma mistura dele e de Jackie. O gosto por roupas e moda eram de Jackie, a insistência em ideais e conceitos abstratos era dele.

Hyde se voltou para Led, ergueu a arma e atirou nela. A garota tirou os fones e virou para ele.

—Angie. - ele disse. Led sorriu e correu até eles, ela então se jogou nos braços de Angie que devolveu o abraço de maneira desajeitada.

—Tia Angie. Papai me contou tudo sobre você. - Led falou agitando os braços daquela maneira que Jackie fazia quando estava animada.

—Ele também me falou muito sobre você, mas não disse que era tão linda. - Angie sorriu para Led, mas sua fala era mentira. Dias antes Hyde havia ido a Kenosha visitado WB para um jantar. E havia sido metralhado por perguntas do pai e da irmã sobre a nova integrante da família. Hyde não notou, mas durante todo o jantar ele não conseguiu esconder o sorriso de felicidade. Era como se apenas agora, a sua vida finalmente começasse. - E seu cabelo é magnífico.

—Protesto passivo-agressivo. - Hyde murmurou. - Mas você ainda não explicou porquê.

Led mordeu o lábio, hesitante. Ela então ergueu os olhos para ele, era como se uma pequena tempestade se formasse nas íris azuis dela.

—Contra mamãe. E as escolhas ridículas dela.

—O quê? Jacks escolheu a paleta de outono ao invés da de verão? - ele questionou. Led revirou os olhos.

—Não. Ela vai se casar com um cara ridículo, que eu odeio.

—Jackie vai se casar? - as palavras saíram da boca de Hyde como se fossem veneno. E isso o surpreendeu. Foram quinze anos e ele jurava a si mesmo que não sentia nada por ela. Ele não podia sentir. Porque eles sabiam que não haviam sido feitos para estarem juntos. Não mesmo. Mas ele não podia negar como aquela notícia lhe pegou de jeito.

—Com um idiota egocêntrico, que… - Led piscou lentamente. Hyde de repente esqueceu de si mesmo e focou nela. Havia algo na maneira como a postura de Led mudou, sua agressividade não passou despercebida por ele. - Ela é uma idiota.

—O amor deixa as pessoas idiotas, Led. - Angie afirmou colocando a mão sobre o ombro de Led, mas a garota apenas balançou a cabeça em negação.

—Mamãe não ama ele. Ela ama o papai tanto quanto ele ainda ama ela.

—Como você pode ter tanta certeza assim? - ele questionou a ela. Led sorriu com prepotência.

—Porque está na cara de vocês dois. Eu vejo como olha para ela, é como se observasse o dia nascer. Você a ama. Não pode negar, papai.

Hyde deu ombros sem se importar com aquelas palavras ou apenas fingindo não se importar.

—Vá limpar os CD’s do corredor B ou não ganhará seu salário. - ele ordenou e observou Led se afastar. - Ela está mentindo.

—Não está não! É tão óbvio como o céu é azul. - Angie murmurou. - Você passou 15 anos sem nenhum relacionamento e aqueles que eram supostamente “sérios” nunca deram certo porque você nunca deixou ninguém chegar ao seu coração, porque seria como uma traição a Jackie. Seu coração bate por ela. Jackie...Jackie… Jackie...Jackie.

Hyde revirou os olhos e acertou novamente uma bolinha na irmã.

—Angie. Eu não a amo mais.

—Ok. Continue com essa sua porcaria. Porque eu sei que é mentira. Vocês eram um casal maravilhoso. Vocês conseguiram encontrar um equilíbrio entre suas personalidades e isso foi fantástico. Pena que você estragou tudo.

—Que nós estragamos tudo. - ele a corrigiu, mas Angie negou com a cabeça.

—Não querido. Você estragou tudo com sua falta de autoconfiança e de amor próprio. Você deveria ter ficado. Tê-la ouvido. Não  fugido. Mas você foi um covarde, irmãozinho. Você perdeu a mulher de sua vida porque foi um covarde.

—Não vamos colocar nesses termos.

—Eu só estou dizendo a verdade. Repetindo tudo que você me disse.

—Eu nunca te disse isso.

—Uma semana depois de Jackie sair da cidade, você chegou lá em casa bêbado, eu te ajudei a ir para o quarto e ouvi toda a sua ladainha sobre como perdeu a mulher de sua vida por ter sido um covarde egoísta. E mesmo depois de quinze anos você ainda age assim. Mas não seja um covarde desta vez, Hyde. Deixe que Jackie saiba que você ainda a ama.

—Angie, me faz um favor. - Hyde a olhou da maneira mais calma e doce possível.

—Claro, Hyde.

—Cala a boca.

19h56

Casa dos Forman

Donna foi a primeira a entrar na sala de estar Brooke veio logo em seguida, ambas observaram Jackie que estava sentada no sofá encarando a caixa branca retangular à sua frente. Fazia pouco mais de dez minutos que a encomenda havia sido entregue e Jackie simplesmente não conseguia criar coragem para abri-la.

—Não pode ser tão ruim. - Brooke murmurou a Donna.

—Tudo pra Jackie é ruim. Mas não se preocupe, já vamos descobrir. Eu seguro ela e você abre a caixa. - Donna falou caminhando lentamente até Jackie enquanto Brooke esperava sua deixa. - Hey Jacks, o que tem na caixa?

—Nada. - ela murmurou cruzando os braços.

—Sério? Então você não se importa se seu abri-la, não é?

Jackie tentou avançar sobre a caixa, mas Donna rapidamente pulou em cima dela a empurrando contra o sofá e prendendo-a. Brooke rapidamente correu até a caixa se desfazendo dos nós e do papel pardo que a cobria.

—Saía de mim, seu gigante! Vá aterrorizar um vilarejo de anões ou fazer Eric chorar! - Jackie gritou tentando chutar Donna.

—Brooke, rápido! Ela é pequena, mas é forte.

Brooke finalmente retirou a tampa da caixa e observou por alguns segundos o tecido branco embalado em papel seda, óbvio que era um vestido, o tecido cintilante e delicado. Ela o puxou com cuidado da caixa sem conseguir tirar os olhos daquela beleza em recortes.

—Uau! - Brooke exclamou olhando para o vestido. - Ele é lindo.

—Isso é seu? - Donna indagou finalmente saindo de cima de Jackie.

—Sim. Isso é meu. - ela afirmou ajeitando a roupa que Donna havia amassado devido ao seu ataque. - Você ainda é forte como uma lenhadora. Se você ficar por cima, você mata o Eric.

Donna ignorou o comentário e estendeu a mão para tocar o tecido do vestido que Brooke ainda segurava.

—Por que você tem esse vestido? - Donna questionou.

Jackie mordeu o lábio. O vestido era longo apertado até a altura do joelho onde se soltava em fazendo leves ondas. Um inferno de uma perfeita obra de arte.

—É o meu vestido de casamento.

Brooke e Donna se viraram subitamente para ela, o vestido caiu de volta a caixa.

—Vestido de casamento? - Brooke a olhou confusa. - Você vai se casar?

Jackie abriu a boca para responder, mas parou assim que a porta da cozinha se abriu e Led entrou acompanhada de Angie.

—Jackie. - Angie sorriu caminhando até ela, mas foi impedida por Donna que colocou o braço a frente dela.

—Espera aí, como assim você vai casar? - Donna questionou incrédula.

Jackie olhou para Led, porém seu olhar acabou indo parar em Steven que estava atrás de Led. Eles se encaram como se o tempo estivesse parado, como se só houvesse os dois na sala. Jackie tem este estranho impulso de correr até ele e explicar sua situação, como se devesse algo a ele. Por isso ela apenas para, erguer minimamente o queixo e diz.

—Sim. Eu vou me casar.

—Parabéns. - Steven disse erguendo a lata de cerveja roubada da geladeira de Red. - Espero que seu noivo não parta em retirada quando chegar ao altar.

—Ele não é você, Steven. - ela retrucou mantendo a voz normal.

—Burn. - Angie murmurou enquanto passava por Donna e seguia até ela. Jackie a abraçou com carinho. - Senti sua falta.

—Eu também.

—Nossa, lindo reencontro! Agora Jackie, desembuche! - Donna gritou apontando freneticamente para o vestido.

—O nome do azarado é Martin Martinez, o cara do esporte da emissora da mamãe. - Led falou se jogando no sofá.

—Aquele idiota que fica rindo das próprias piadas? - Brooke indagou, Led assentiu.

—Oh Jackie. - Steven sussurrou em pesar.  Jackie revirou os olhos o ignorando. - E quando será a união dos pombinhos?

—Daqui a três semanas. - ela revelou.

—Mamãe posso ver seu vestido? - Led indagou. Jackie rapidamente fechou a caixa e a empurrou contra Donna.

—Você não vai chegar perto deste vestido. Não depois da última vez.

—Última vez? - Angie a olhou confusa.

—Este é meu segundo vestido, já que Led resolveu fazer uma cabana com o primeiro modelo. - Jackie explicou olhando para a filha que apenas sorria.

—Mas não deve ter sido mais bonito que este. - Donna afirmou, Jackie balançou a cabeça pedindo silenciosamente que ela calasse a boca. - Longo, meio apertado, com um decote em V.

—Espera aí! - Led se levantou subitamente, então apontou para Jackie. - Você não fez isso, fez? Não ouse dizer que fez.

—Eu não fiz. Letta fez. - Jackie deu de ombros fingindo não se importar com o chilique da filha.

—Sua vadia.

—Led! - Steven olhou irritado para ela. Mas Led apenas permaneceu olhando duro para Jackie.

—Você não tinha o menor direito de fazer isso. - a garota rosnou irritada e saiu correndo da sala para o segundo andar.

Jackie suspirou frustrada passando a mão pelo cabelo.

—Essa definitivamente não era à reação que eu esperava. - Angie afirmou olhando para ela. Jackie se moveu em direção a escada, porém Steven ergueu a mão para ela e disse.

—Eu vou. Acho que ela não quer olhar para sua cara por algum tempo. - ele deixou a cerveja na mesa e marchou para o andar de cima. Ela o observou por alguns segundos até ele desaparecer.

—Você ainda gosta dele, não é? - Brooke indagou, fazendo-a se voltar para ela.

—Desculpa, o quê?

—Você ainda gosta dele. - Brooke repetiu, mas já não era uma pergunta, era uma afirmação.

—Não. Eu não gosto mais dele. - Jackie retrucou se sentando no banco do piano. - Deixe de amar Hyde há anos. Agora amo Martin.

—Mas seu coração ainda bate por Hyde. - Angie falou. - Seus olhos brilharam quando ele entrou.

—Mentira. Eu não amo o Hyde.

—Oh, você ama. - Donna afirmou colocando a caixa no sofá. - Vocês dois se amam.

Jackie balançou a cabeça. Não. Ela não amava Steven. Ela não podia mais amá-lo. O amor dele podia machucá-la e ela já estava farta de tentar se proteger. Ela só queria alguém que a amasse e falasse em voz alta. Que não escondesse seus sentimentos quando ela o questionasse. Jackie só queria alguém em quem confiar. E Steven não se encaixa naquele perfil.

—Eu preciso de uma bebida. - afirmou se levantando e caminhando até o bar de Red. Ela precisava de algo para esquecer.

20h10

Hyde bateu na porta com cuidado e  esperou até ouvir a voz de Led dizendo que ele podia entrar. Ele empurrou a madeira e entrou. Led estava deitada de barriga para baixo na cama, o rosto enterrado no travesseiro e o corpo coberto pela manta. Ele caminhou até ela e se sentou na borda do colchão.

—Led, você não deveria ter chamado sua mãe de vadia. - ele disse.

—Eu sei. Sinto muito. - ela murmurou com a voz abafada.

—Não é pra mim que você deve pedir desculpas.

Led gemeu envolvendo ainda mais a manta contra o corpo, quase formando um casulo. Hyde coçou a nuca sem saber o que falar. Ele não tinha prática com crianças ou em conversar sentimentais. Jackie sempre reclamava com ele por isso.

—Led, você não pode controlar a vida de Jackie. Ela tem que fazer suas próprias escolhas, mesmo que você não goste. Você não pode impedi-la.

Led bufou e sentou na cama jogando a manta para longe, seus olhos estavam vermelhos e seu lábio inferior tremia, ela estava prestes a chorar. Hyde sabia que Jackie fazia a mesma coisa quando também ficava triste.

—Eu desenhei aquele vestido. - ela disse. - Eu o fiz como um presente para mamãe. Eu gostava muito dele. Por isso fiquei irritada quando percebi que nana Letta o transformou em um vestido de casamento. -É ruim quando as coisas não saem como planejamos, mas não podemos gritar com as outras pessoas por causa disso.

—Eu sei. Só que… - Led abaixou a cabeça apertando a bainha da sua camisa, mas então se levantou da cama e correu até sua bolsa. Ela voltou com um caderno de desenho e estendeu para ele. Hyde abriu o caderno e se surpreendeu ao encontrar desenhos de vestidos variados, mas todos feitos com os mínimos detalhes e dedicação. - É o meu passatempo.

—Isso é um dom, princesa.

—Eu acho que sim. Desenho quando estou inspirada. No dia em que desenhei o vestido da mamãe, eu havia acabado de descobrir sobre você. Eu acho que, inconscientemente, eu o desenhei para que ela o usasse com você. Eu o desenhei para você.

Hyde sorriu minimamente virando outra página, então notou uma foto de Jackie com Led, sua filha sorriu segurando um ursinho de pelúcia azul, ela nos deveria ter mais do que seis anos, seus olhos azuis brilhavam intensamente em felicidade.

—Você quer ficar com ela? - Led indagou. Hyde notou que aquela pergunta não direcionada apenas a foto.

Ele encarou Jackie na fotografia, seu sorriso e seus grandes olhos castanhos. Seu coração não bateu rápido, suas batidas eram calmas e tranquilas, olhar para ela era como voltar para casa. Ele não queria perder aquela sensação.

—Quero muito.

—Então fiquei.

Hyde pegou a foto e a guardou no bolso da sua camisa de flanela.

—Led, sei que não gosta do noivo de sua mãe. Mas me prometa que não fará nada. Me prometa, Led. Prometa que você não estragar o relacionamento de sua mãe.

Led abriu a boca para retrucar, mas então assentiu

—Ok. Eu prometo que não vou estragar o relacionamento da mamãe.

Hyde assentiu e beijou testa de Led.

—Converse com sua mãe, está bem? Ela apenas está confusa.

Led afirmou com a cabeça novamente e então o observou se afastar até sair do quarto. Ela mordeu o lábio e então pegou o caderno que Steven deixou aberto na cama, o fechou e apertou contra o peito, então sussurrou baixinho.

—Não se preocupe papai, não vou estragar o relacionamento dela, vou estragar o casamento


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