The one she comes back to escrita por Lily


Capítulo 4
04. Don't stop me now




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05 de junho de 1994

10h30

Loja do Hyde

Eric se jogou contra o sofá e pegou a nova revista do Rolling Stones que estava jogada na mesa de centro. Embora o movimento na loja fosse pouco ainda havia um certo frenesi no ar. Talvez fosse culpa de Hyde que corria de um lado para outro ajeitando os discos, as fitas e os CD’s em seus devidos lugares. Seu assistente, Bart, era um cara gordinho que trabalhava apenas meio período pela manhã e sempre saia mais cedo, ele não ajudava muito, mas nunca havia sido demitido. Eric não conseguia entender porque Hyde ainda mantinha Bart na loja, parecia ilógico.

—Está nervoso por Led estar vindo para cá? - Eric indagou assim que Hyde se sentou ao lado dele no sofá.

Jackie e Led haviam partido de volta para Virgínia na manhã seguinte ao fatídico encontro, Jackie haviam insistido em voltar para pegar suas coisas e de Led, mas ninguém parecia realmente confiar que ela fosse voltar Point Place, então Donna se prontificou a ir com elas, apenas para garantir.

—Não. - Hyde afirmou, mas Eric o conhece bem para saber que toda aquela calma que ele estava demonstrando era apenas uma fachada para o seu nervosismo. Hyde era pai, tinha uma filha que parecia incrível, ela tinha o cabelo rosa, era vegetariana e acredita em teorias da conspiração. Era uma versão feminina de Hyde.

—Led parece ser legal. Embora eu ache que quase impossível quando se é filha do diabo. - ele disse virando a página da revista. Hyde revira os olhos. Ele sempre ficava irritado quando Eric dizia que Jackie era o diabo. Claro que ela era chata, irritante, mandona, mimada, um tanto pegajosa e enjoada. Mas também era gentil, carinhosa e atenciosa, ela havia aprendido a não forçá-lo a fazer nada que não quisesse, mas no fim sempre conseguia com que ele fizesse o que ela queria. Para Hyde, Jackie era como uma boneca russa, com várias outras faces escondidas. - Eu ainda não consigo acreditar que Jackie nomeou a filha de vocês com o nome da sua banda favorita. Eu sempre imaginei que ela colocaria o nome de uma princesa da Disney.

—Eu também. Mas desta vez ela me surpreendeu. - Hyde disse. Ela sempre me surpreende.

—Você fez um bolo para Led? Já encheu os balões ou comprou os presentes? Foram quatorze anos cara, acho que contando os presentes de aniversário e de natal, você está devendo mais de 50 presentes. E ainda tem os presentes de “desculpe por trair sua mãe e fazer com que ela fugisse de mim”. - Eric falou mantendo o sorriso cínico no rosto. Hyde apenas revira os olhos e o soca no ombro. - O quê?! Eu apenas disse a verdade. Se você não tivesse sido um idiota, Jackie não teria ido embora e Led teria crescido com você. A culpa é sua.

—Eu sei, Forman.

É  claro que ele sabe. Led havia embarcado em uma viagem em busca de seu pai, mas para o azar dela o que havia achado era apenas um idiota com problemas de confiança. Hyde sabia que a garota merecia algo melhor. Alguém melhor que ele. Ele não queria machucar sua bonequinha como havia machucado Jackie, por isso se manter emocionalmente era sua melhor saída. Apenas não queria que ela se apegasse sabendo que logo teriam que dizer adeus.

—Mamãe vai tentar convencer Jackie a ficar lá em casa durante o tempo que elas ficaram aqui. - falou Eric ao virar outra página da revista. - Ainda não acredito que Red conseguiu colocar uma garota, que ele conhecia há apenas alguns minutos, de castigo e ainda ameaçar enfiar o pé na bunda dela.

—É um dom, cara. Um lindo dom.

11h23

Casa dos Forman

Jackie abriu a porta do quarto de hóspedes, que antes era o quarto de Eric, mas depois de uma grande faxina, novas cortinas, uma nova cama e paredes pintadas, havia se transformado no quarto de hóspedes que Jackie dividiria com Led.

Ela deixou as malas ao lado da porta. Havia conversado com seu chefe e pedido algumas semanas de férias para se organizar devido a confusão que Led havia feito. Ela não explicou porque iria passar as férias em Point Place e nem porque estava irritada com aquilo, ela apenas pediu um adiantamento e sigilo.

Ser garota do tempo no jornal era incrível, a única coisa que ela tinha que fazer era apontar quando e onde provavelmente iria chover, nevar ou fazer calor. Jackie ama seu emprego por simplesmente ter que ficar parada por alguns minutos explicando o mapa e depois voltar para casa bem a tempo de ver Led voltar da escola.

—Meteorologia. - Jackie disse ao sr. Forman quando ele pergunta se ela terminou a faculdade. - Era o único requisito para ser a mulher do tempo do jornal das sete.

—Mamãe tem uma legião de fãs. Eles são meio lunáticos. - Led murmurou antes de subir a escada para o segundo andar. Ela está animada para ir ao encontro de Steven, ela quer conhecê-lo melhor, saber sobre o que ele gosta ou não gosta muito. Led está esperançosa. Jackie está assustada.

Por 15 anos Jackie havia tido Led para si. Sua pequena bonequinha, sua vida. Mas agora Led havia decidido ir atrás de Steven, para começar uma nova vida, novas histórias que provavelmente não incluiriam ela. Jackie estava assustada em perder sua filha para o grande idiota.

—Os meninos vão acampar com as crianças nesta tarde. - Kitty disse enquanto retirava os pratos da mesa, Jackie logo de prontifica para ajudá-la, enquanto Red se retirava para a sala e Led já estava no andar de cima. - Talvez seja um ótimo momento para aproximar Steven de Led.

Jackie congelou por alguns segundos, Kitty percebe isso.

—Led não gosta muito da natureza. - Jackie murmurou lavando os pratos.

—Querida, sei que ainda é duro para você encarar Steven depois do que ele fez, mas faça isso por Led. Ela viajou até aqui apenas para se encontrar com ele. Led realmente quer criar um laço. - Kitty disse enquanto organizava os pratos nos armários. - E você tem que dar um voto de confiança a Steven, ele mudou. É um ótima pessoa e será um ótimo pai para Led. Dê uma chance para ele.

Jackie mordeu o lábio, hesitante. Era óbvio que Led amava acampar, ela era uma escoteira desde os sete anos. Tinha muita prática. E amaria passar um tempo com Steven. Mas Jackie não estava muito certa sobre o que fazer. Porém, a felicidade de sua filha era mais importante que o seu orgulho.

—Ok. Vou ligar para Steven. - ela afirmou fazendo a sra. Forman sorrir.

13h10

Loja do Hyde

—Então, que horas vamos? - Fez indagou jogando suas coisas no chão da loja já fechada. O acampamento era algo que eles faziam a cada mês, pais, filhos e Hyde, iam para o meio da floresta para pescar e contar histórias de terror. Frey e Fez cuidavam da comida, Eric e Cole arrumavam as barracas, Kelson e o pequeno Dave preparavam a fogueira enquanto Hyde fumava seus cigarros observando o lago. Era sua rotina. - Mal posso esperar para testar minhas novas receitas.

—Não! Da última vez todo mundo voltou com infecção intestinal por sua causa. - Eric acusou sentando no sofá, as crianças corriam pela loja. Hyde ergueu a arma de brinquedo e atirou em Dave quando o garoto se aproximou da sessão de clássicos dos anos 70.

—Hey! No meu filho não! - Kelson gritou ao correr até Dave que havia sido acertado na testa.

—Então faça que essa peste mantenha suas mãos longe dos meus discos.

—Por que você é tão chato, tio Hyde?

—Por que você é tão intrometido, garoto? - ele retrucou mantendo o sorriso.

De repente o telefone da loja tocou, Hyde pulou da cadeira e caminhou até a bancada que ficava no meio da loja, esticou a mão e pegou o fone.

—Grooves, em que posso ajudar? - ele indagou mantendo a voz calma.

—Sou eu, Hyde. - ela disse. Jackie.

Hyde sentiu a tensão tomar conta de seu corpo. Passou a mão pelo cabelo e indagou.

—Em que posso ajudar? “Porque está me ligando?”

—A sra. Forman falou sobre essa viagem que vocês fazem para acampar e ela achou que seria uma boa ideia você levar Led. “Não é minha opção, mas ela me forçou assim.”

—E ela acampa? “Eu não posso levar a garota se você não quiser. Concordamos que eu não sou um bom pai.”

—Sim. “Você sim, eu não.”

—Ela não é como você? “Ela não vai gostar de mim.”

—Não. “Ela já gosta.”

—E ela vai querer ir? “Tem certeza?”

—Claro. “Absoluta.”

—Ok. “Se ela me odiar a culpa é sua.”

—Ok. “Ela nunca vai te odiar.”

—Vou ligar quando sairmos daqui. “Isso não vai dar certo.”

—Claro. “Pensamento positivo, Steven.”

Hyde desligou o telefone e se virou para seus amigos.

—Novidades. Adivinha quem vai com a gente.

14h55

Em algum lugar a caminho do lago

Led sorriu animada enquanto batia os pé ao som ritmado de alguma música que tocava no rádio. Não havia conversa entre eles desde que saíram da casa dos Forman, Led queria puxar assunto, porém não sabia por onde começar. Havia algo pairando no ar. Algo não tão distante da vergonha e da dor. Para Hyde, Led era tudo o que poderia ter acontecido se ele não tivesse sido um canalha com Jackie. Eles poderiam ter sido um família, ele estaria lá durante a gravidez, durante os enjoos e desejos ridículos, durante os primeiros passos e as primeiras palavras. Ele poderia ter sido o pai que nunca teve. Mas como sempre havia estragado sua chance sendo o idiota de sempre.

Steven Hyde não servia para ser feliz.

—Ela ainda ama você. - Led falou traçando linhas no vidro da janela. Hyde a encara pelo canto do olho, a algo de verdade em suas palavras, ele percebe que talvez ela não queria dizer aquilo apenas para culpá-lo ou incitá-lo a fazer algo. Não. Ela apenas quer que ele saiba a verdade. - Eu ouvi a conversa de vocês no telefone.

—E daí? - ele indagou fingindo não dar importância. Mas Led é fluente em Jackinês o suficiente para saber que aquela conversa não era exatamente uma simples conversa.

Ela havia a conversado com a sra. Forman um pouco antes de Steven chegar. Kitty havia falado sobre como Steven era cético sobre seus sentimentos, sobre como ele não se considerava digno de receber o amor que os outros estavam disposto a dar e sua insegurança vinha do relacionamento que ele tinha como os pais ou a total falta de relacionamento. Led não queria, mas sentia pena de Steven. Ela sabia que ele odiava quem sentia pena dele. Por isso irá tentar de todas as maneiras possíveis fazer com que ele entendesse que o amor que ela sentia não precisava ser retribuído de uma vez só. Led só queria seu pai por perto.

—Um dia você ainda ainda vai me amar. - ela afirmou em tom calmo, como se apenas fizesse um simples comentário. Hyde arqueia a sobrancelha, um sorriso simples surge em seus lábios. Era era realmente filha de Jackie e sua filha.

—Ok. “um dia.”

—Ok. “um dia.”

15h20

Em algum lugar perto do lago

As barracas estavam sendo montadas por Cole e Eric, Fez e Frey estavam cuidando da comida, Kelson e Dave estavam no meio da mata atrás de graveto para a fogueira. Led estava ao lado de Hyde, ambos apenas observando o lago.

—O que vocês fazem de legal aqui? - ela indagou cutucando o chão com um pedaço de madeira.

—Eu bebo, fumo e espero Kelson gritar com Dave ou com Cole. - Hyde disse puxando um maço de cigarro do bolsa de sua camisa. Led o olha torto. - O quê?

—Não gosto de fumantes.

—Por que?

—Porque são suicidas. Eles sabem que vão morrer a cada tragada, mas mesmo assim continuam. A maioria deles morrem jovens.

Hyde revirou os olhos, mas instintivamente guardou o maço. Ele poderia fazer isso mais tarde.

—Jackie ainda escuta aquelas músicas irritantes do ABBA? - Hyde questionou. Led deu de ombros.

—Ela gosta muita da Whitney Houston e Mariah Carey. Mas em alguns finais de semana ela escuta Led Zeppelin. É quando sei que ela sente sua falta.

E lá estava de novo a verdade escancarada disfarçada de um simples comentário. Hyde sabia que Led era como Jackie, uma pequena manipuladora, mas não sabia o poder que ela tinha. Por isso deveria ter cuidado.

—Desde quando ela começou a gostar de Led Zeppelin?

—Ela ouvia quando estava grávida de mim. Fazia ela se sentir em casa.

—Você gosta?

—Sim. Adoro dizer a todos que meu nome é por causa da banda. Eles me olham como se eu fosse louca. Principalmente agora com esse cabelo rosa.

—Por que pintou o cabelo?

—Foi uma forma de protesto passivo-agressivo.

—Pelo o quê?

Led mordeu o lábio enquanto enrolava uma mecha rosa entre os dedos. Hyde observou que ela compartilhava aquele tique que Jackie tinha, coisa que fazia quando estava nervosa.

—Depois te conto.


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