Sevens steps to Love escrita por Dusant


Capítulo 7
Coragem - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Chegamos na reta final de Sevens step to Love, inicialmente esse capítulo deveria ter apenas 3 mil a 4 mil palavras, depois foi para 7 mil, e ai já tava passando de 9 mil palavras, kkkkkkkk. Como eu sei que existem pessoas que não gostam de capítulos muito longos, e também pessoas que gostam disso, então decidi chegar em um meio termo.

Esse capítulo será dividido em 3 partes, sendo que postarei uma por dia, a partir de hoje.

Agradecimento especial, a Bloom, pela recomendação.

Elogios, criticas, duvidas e sugestões são bem-vindos, e todos os comentários serão respondidos com a devida atenção.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/773811/chapter/7

Quando falamos em coragem, automaticamente pensamos em atos grandiosos, atos heróicos, atos de pessoas que movem o céu e a terra para provar algo a alguém, porém, coragem pode se mostrar perfeitamente em pequenos atos. Quando se está atraído por alguém, várias vezes, se passa em nossa mente fazer ações ou dizer coisas para essa pessoa, e de certa forma, requer coragem para realizar isso na vida real, afinal, não se sabe ainda se o que você pretende fazer, pode ou não agradar a outra pessoa.

O primeiro beijo é algo que se encaixa bem, principalmente quando falamos do primeiro de sua vida. A incerteza, a ansiedade, a expectativa, várias emoções que rodeiam a sua mente, fazendo se questionar se deve ou não tentar beijar aquela pessoa que você se atrai. O simbolismo por isso é bastante forte, e muito provavelmente sempre será lembrado por você, sendo algo bom ou ruim.

Geralmente isso surge do momento, da sensação que algo deve ser feito, e para que aconteça, você deve ter a coragem para fazer. Essa é a coragem que falo, a coragem de pequenos atos, nascidos de um momento, que podem impactar em sua vida diretamente.

O dia seguinte foi algo particularmente bastante ruim para Jiraya, com a cidade ainda com medo do suposto “demônio”, que havia surgido. Uma mulher de cabelos vermelhos, pele negra, e com chifres brancos. Junto a isso, da forma como os boatos correm com uma velocidade gigantesca, não foi surpresa para Jiraya, as pessoas relacionarem o “demônio”, a garota ruiva, e de pele clara, que tocou uma música que antes era considerado algo divido para os ouvidos de quem escutou.

Agora, era considerado algo profano, uma tentativa dela de seduzir as pessoas para perto dela, e devorar suas almas.

 Quando o medo está envolvido, as histórias não se tornam as melhores, e as pessoas que as escutam não se preocupam muito em questionar elas.

De qualquer forma, após Jiraya ter acordado de uma ressaca brutal, com uma dor de cabeça forte, e mais ainda, se amaldiçoando da imensa estupidez que fez, ele agora pensava os próximos passos que faria para resolver tudo isso, e com muito mais cuidado, pois o problema que tinha em mãos era muito maior do que uma discussão no hospital.

 De forma calma, Jiraya percebeu que a informação que ele sem perceber, tinha revelado, apesar de ser bastante problemática, não teria sido muito difícil de se resolver posteriormente, pois, por mais que Naruto estivesse com raiva no momento, o velho shinobi sabia que após ele tivesse se acalmado, tendo uma conversa com Jiraya, o loiro teria entendido a situação da Tayuya, que realmente não tinha nenhum escolha, e as chances dele a perdoar seria consideravelmente maiores.

 Tudo se resolveria, haveria alguns gritos e talvez algumas lágrimas mas teria uma solução no final.

 Mas a merda daquele Selo Amaldiçoado tinha que piorar tudo!

 Isso também era culpa de Jiraya, o selo que ele tinha usado para conter o Selo Amaldiçoado, era o mesmo que ele usava em Anko, e vendo que ele foi efetivo com a ex-aluna de Orochimaru, ele acreditou que seria efetivo com o Selo Amaldiçoado de Tayuya. O nível dois do selo foi algo que ele esqueceu de pensar sobre, e era bastante obvio que o selo que Jiraya tinha projetado para conter um “protótipo” que era o de Anko, não seria o suficiente para conter um plenamente desenvolvido como o de Tayuya.

 Foi um erro, nascido da arrogância, e pensando bem, vários erros foram cometidos ontem a noite nascidos da arrogância. Poderia não haver perigo algum para ele e seus alunos, mas ainda poderia haver outras possibilidades, como o fato das merdas que ele poderia fazer bêbado.

 No fim, tudo que Jiraya fez foi suspirar, pois não importasse quantos anos se passasse, quantos erros cometesse, ele ainda poderia fazer mais ainda, e só imaginando a raiva que Tsunade teria dele, pelo que ele fez a Naruto e a Tayuya, já o fazia se estremecer levemente.

 Jiraya então ouviu um barulho de passos descendo pela escada, estando o Sannin, atualmente na entrada da pousada, se servindo do café da manha, Jiraya já sabia a quem pertencia os passos. De forma lenta, Naruto descia, um rosto cansado e sem qualquer animo ou alegria para nada, uma imagem deprimente na visão de Jiraya.

 Naruto pegou um pouco de leite, e alguns ovos com bacon, tendo seus movimentos parecendo como a de um robô, e se sentou na mesa de Jiraya, em uma cadeira em frente a ele. Um silêncio se estendeu, onde Naruto sequer olhava para o seu mestre, seus olhos desfocados e pensativos, e Jiraya, não sabendo exatamente como começar tudo isso.

 Então ele simplesmente decidiu ser direto.

 “Você não pode culpar ela pela morte de Hiruzen.”, ele afirmou de forma clara, rendendo um olhar por parte de Naruto, agora mostrando alguma vida, porém, tendo raiva acompanhado. 

“O que ela fez?”, Naruto não queria saber de nada que Jiraya dissesse, ele apenas queria que tivesse suas respostas que ele queria.

“Ela, junto com o quarteto do som, criaram uma barreira de alto nível, que prendeu Orochimaru e Hiruzen dentro, não podendo ninguém interferir na luta.”, ele respondeu, percebendo que enquanto as dúvidas de Naruto não fossem respondidas, isso não iria para lugar algum.

“Sendo assim, ela tem culpa na morte de Jiji!”, Naruto concluiu o seu raciocínio, um tom irritado em sua voz. 

“Naruto, ela era serva de Orochimaru, você mesma a ouviu, se ela não cumprisse o que ele lhe ordenasse, ela provavelmente seria morta ou coisa pior!”, pensando nas possibilidades doentias que Orochimaru poderia fazer para punir seus subordinados, apenas fez com que Jiraya tremesse internamente. 

“Eu não me importo! Ela matou uma pessoa especial para mim, por que eu deveria perdoa ela?!”, agora Naruto demonstrava as emoções dele, raiva, tristeza, dor, mas principalmente confusão. 

De alguém que não sabe mais o que pensar sobre uma pessoa que rapidamente estava crescendo em seu coração. 

Jiraya percebia tudo isso, Naruto já tinha passado por muita coisa, sofrido muita coisa, a traição de Sasuke, ainda era recente e provavelmente ainda machucava bastante ele. Outra pessoa que no pensamento dele, havia lhe traído, provavelmente era demais para ele. 

“Você sabia de tudo isso, não é?”, o tom dele agora, era mais baixo que antes, a dor e receio ainda bastante forte nele. 

“Sim.”, Jiraya internamente apenas lamentou mais ainda os seus atos, vendo o loiro visivelmente se encolher perante a afirmação. 

“Como você consegue conviver com a pessoa que matou seu mestre?”, perguntou o loiro, finalmente olhando para Jiraya nos olhos, e demonstrando toda a tristeza que sentia. 

A pergunta era para ele, mas Jiraya percebia que poderia ter uma mensagem oculta por trás, e aproveitando essa chance, ele deu uma resposta mais longa, “Naruto, nós somos shinobis. As pessoas podem elogiar e engrandecer nossa profissão, Vontade do Fogo e todas essas besteiras.”, aqui Naruto levemente levantou as sobrancelhas, intrigado com isso, “Mas a verdade é que somos mercenários, pessoas com poderes, que podem ser pagas para fazer qualquer coisa. Muitas vezes somos pagos para matar.”

“Em algum momento da sua vida, você matará alguém. Seja por legitima defesa, por vontade própria, ou simplesmente cumprindo alguma missão, mas você irá matar alguém. Essa pessoa poderá ser algum vilão, alguma pessoa que fez algo de errado, ou simplesmente alguém que teve o azar de ter sua morte paga por alguém. De qualquer forma, todas as pessoas que se chamam shinobis, terão suas mãos manchadas de sangue.”, então ele questionou, de maneira que o loiro realmente pensasse sobre isso.

“Quem você acha que tem as mãos mais manchadas de sangue?” 

Naruto pareceu pensar, sua raiva sendo momentaneamente esquecida, diante a pergunta, um tempo se passou, e ele finalmente respondeu, seu tom com uma incerteza na resposta, “Pessoas más?”, a resposta ingênua e feita com bastante incerteza, deu vontade de rir para Jiraya, mas ele não queria estragar a conversar e ainda com um rosto sério ele apenas respondeu. 

“Kages. Eles são as pessoas que mais terão suas mãos manchadas de sangue.”, Jiraya deu uma pausa em sua fala, esperando que Naruto absorvesse tudo isso e assim prosseguiu, “Como líder de uma aldeia militar, o Kage será responsável por cada missão e consequentemente de cada morte proposital ou acidental, de forma direta ou indireta. Ele pode não cometer, mas a culpa ainda recairá parcialmente nele, e no final, temos centenas e até milhares de vidas tiradas por causa de um Kage.” 

“Sarutobi pode ser o seu Jiji, amado e querido, mas durante as guerras shinobis, ele foi um dos principais lutadores das linhas de frente, o número de pessoas que ele matou, culpadas e inocentes, sequer poderia se comparar a Tayuya. Quando se tornou Hokage, cada ordem que dava, muito provavelmente poderia ter mortes envolvidas, e isso cairia diretamente nos ombros dele.”, e de fato era verdade, existia um motivo que Hiruzen era temido e viveu por tanto tempo, afinal, quando todos os seus inimigos estão mortos, não existem muitas ameaças para si. 

Por muito tempo, Hiruzen era um líder implacável, não tendo nenhum remorso ou escrúpulos para que a Aldeia prosperasse, e de certa forma, isso lentamente foi corroendo o coração daquele velho homem, e um dia, ele percebeu que se continuasse nesse caminho, não haveria volta. De certa forma muitos dos erros que ele cometeu no final de sua vida, a fuga de Orochimaru por exemplo, foi resultado de Sarutobi simplesmente não conseguir mais fazer isso. 

No final o homem foi morto pelo seu erro, mas Jiraya tinha certeza, que ele morreu, sabendo que no final, mesmo com todos os erros que cometeu, seu mestre faleceu em paz. 

“Sendo assim, Hiruzen é uma pessoa má Naruto?”, a pergunta era algo que Jiraya não esperasse que Naruto respondesse, e vendo a sua expressão confusa, parecia que sua expectativa era correta, e logo ele finalizou, terminando a sua refeição e dando um gole rápido em seu café, “Todos nós cometemos erros e fazemos ações que não nos orgulhamos, alguns mais que os outros, mas nem por isso, deveríamos julgar elas de forma superficial. Tayuya é uma garota que cometeu erros, mas que nunca teve uma escolha real na sua vida para decidir, e finalmente, isso foi dado a ela. Então por favor, não tire isso dela.” 

Com isso, ele se levantou, se dirigindo a saída, para encontrar um local para que escrevesse um relatório a Tsunade, relatando tudo que ocorreu, mesmo sabendo da confusão que daria para ele, e deixou um loiro extremamente pensativo na mesa. 

Ao menos agora, sua confusão não era acompanhado de raiva. 

 

—----------------------------------

 

O local era úmido e abafado ao mesmo tempo, uma chuva rápida, porém intensa, tinha acontecido na madrugada, e com isso, as árvores e o solo ainda se encontrava úmido, tendo o sol da manha iluminando, com um cheiro de mormaço recorrente, deixando um clima desagradável, pela falta de circulação de vento. Uma garota se encontrava em uma posição fetal, sua pele era escura, em um tom claro, podendo ser facilmente ser confundida com as sombras que as árvores produziam. 

Porém o que a tornava destacável, era primeiro, seus chifres, 6 no total, sendo que 2 pares deles, um do lado do outro, grandes e encurvados, e dois em cima de sua cabeça, o da frente sendo muito menor que o de trás, criando uma imagem que facilmente poderia amedrontar as pessoas, principalmente civis. Seu cabelo era um tom vermelho vivo, facilmente percebido, e que para alguns, poderia se tornar uma visão exótica e sedutora.

Mas ontem a noite, era a visão de um demônio. 

Tayuya não havia dormindo bem, após horas correndo e saltando entre as árvores, suas pernas, que claramente não estavam preparadas para tamanha tensão simplesmente desistiram, e aconteceu justamente quando ela pouso em um galho grosso de uma das árvores ao redor, e como consequência a ruiva simplesmente caiu vários metros até o solo, onde em um estado de pura exaustão mental e física, simplesmente apagou, acordando algumas horas depois. 

Agora ela se encontrava sentada rente a um tronco de árvore grosso, uma expressão vazia de quaisquer emoções, e com roupas, outrora lindas e que mostravam quão bela ela era, sendo meros trapos, que cobria seu corpo, sendo que ela sequer percebia o estado que estava. 

O Selo Amaldiçoado ainda brilhava levemente, a dor que causava podendo ser alta para uma pessoa normal, mas para Tayuya não passava de um simples lembrete de quem ela era.

Monstros não tinham segundas chances. 

Ela finalmente havia compreendido isso, o fato dela ter sobrevido a algo que certamente deveria ter matado ela, não foi o sinal de um recomeço. Ela não possuía essa oportunidade, sendo simplesmente mais um tormento em sua vida. 

Afinal, quanto mais alto o lugar que se cai, mais dolorosa será a sua queda. 

Agora, depois de uma noite que facilmente poderia ter sido a melhor de sua vida, a farsa tinha acabado, e a realidade tinha sido jogada em sua cara, literalmente a partir de uma pedra jogada em sua testa, que ainda a marcava. Os rostos eram vários, mas as expressões eram sempre as mesmas. 

Medo, raiva, ódio, desprezo. 

Ela não era humana. A muito tempo lhe foi tirado esse título, não importasse se ela não teve uma escolha nisso, a realidade estava estampada cruelmente em sua pele negra e em seus chifres brancos. 

Tayuya não era nova a isso, o medo é algo que ela sempre viu no rosto das pessoas em suas missões, ela matou sua cota de pessoas, inocentes e culpadas, mas, ainda assim, havia sangue em suas mãos. O velho Hokage era algo que não lamentaria, era seu trabalho na época, e para ela, ele era simplesmente isso, uma missão, em que ela teve ordens para montar uma barreira e terminar com ela quando ordenado. 

Monstros não choravam, mas quando ela se lembrava do rosto da pessoa que tinha sido o sinal de um recomeço em sua vida, não havia como não parar as lágrimas que caiam, eram poucas, já tendo gastado bastante, mas elas estavam la, molhando a suas bochechas. 

Em seu coração, lentamente, a tristeza estava acabando, a dor da perda, a dor da farsa estava sumindo, e em seu lugar a aceitação, fria e cruel, de um fato que por muito tempo ela estava se negando, mas a realidade tem seu toque mágico para mostrar. 

Monstros sempre continuariam monstros. 

Esses eram os pensamentos sussurrados na cabeça de alguém de pele negra, chifres brancos, e cabelos vermelhos como sangue. 

O Selo Amaldiçoado continuava a brilhar lentamente em seu ombro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Essa parte mostra alguns dos furos que eu deixei no capitulo anterior, como por exemplo, o fato de Jiraya não ter feito nada, quando Naruto e Tayuya discutiram, e de certa forma, realmente, quando os ânimos fossem acalmados, Naruto perceberia, que não tinha sentido ter raiva de Tayuya, vendo que ela não teve nenhuma escolha nisso.

O final foi feito de forma meio inconclusiva e será melhor explicado na próxima parte, espero que apreciem a leitura do capítulo como um todo ao fim.

Se possível, me digam se agradam essa forma de partes divididas, não utilizarei disso sempre, mas sempre gosto de saber a opinião dos meus leitores.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sevens steps to Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.