Somos pessoas de múltiplas fases, no sentido que o tempo todo, conhecemos novas pessoas, e com isso, novas interações surgem. A pessoa que é seu amigo, no dia seguinte pode virar alguém distante, pelos mais diversos motivos.

Por isso que é importante, saber valorizar a amizades que temos, e para isso, todo uma postura é necessária, afinal, não é possível ler mentes. Uma pessoa só vai saber que você aprecia a companhia dela, se você der sinais disso, seja por apelidos, seja por atenção, elogios, e até mesmo dizer isso diretamente a pessoa. 

São diversas, as formas para demonstrar isso. Muitas vezes essas ações podem ser de maneira consciente ou inconsciente, mas ela causam impactos na outra pessoa. Qualquer pessoa gosta de ser valorizada. 

Isso pode surgir desde do início da relação com a pessoa, ou se construindo aos poucos, como de forma repentina, a visão que você tinha de alguém se modificasse, e ela tivesse mais ou menos importância para si. 

Nossa fala, comportamento, ações e até personalidade se modificam nisso, para melhor ou pior, podendo modificar toda a relação.

Assim, depois de partirem da cidade, depois de horas andando, Jiraya sinalizou para seus estudantes pararem, e assim eles fizeram, descansando ao lado da estrada de terra, e com diversas árvores ao redor. Eles já estavam chegando relativamente perto da próxima cidade, tendo mais um dia ou dois de viagem, e la, eles passariam a noite e o dia seguinte para aproveitarem o festival anual que acontecia na cidade. 

De certa forma esse era o plano definitivo de Jiraya, com vários detalhes sendo pensando, porém isso só aconteceria quando chegassem lá e até que isso acontecesse, Jiraya preferia se focar no treinamento de Naruto, e começar a pensar em um treinamento para Tayuya, já que as pernas delas já mostravam sinais de melhoria, e seria necessário exercícios para fortalecer os músculos da região. 

Mas nem sempre as coisas vão como planejado e com isso, Naruto, após todos eles lancharem, estando umas 2 horas da tarde, parou em frente a Jiraya de pé e pediu, “Ero-Sennin, quero que me ensine sobre selos.”, sua expressão mostrava o quão sério ele estava. 

Isso rendeu um olhar curioso de Jiraya e Tayuya, ambos internamente questionando esse pedido repentino, Jiraya principalmente, por seu aluno nunca ter demonstrado real interesse por isso, e então ele perguntou, “Por que o interesse repentino, pirralho?”

Naruto então, demorou um segundo para responder, não encarando os olhos de Jiraya, um sinal claro de que estaria ocultando a verdade, “Eu apenas acho que seria legal de aprender.”, o motivo era fraco, tanto para Jiraya quanto para Tayuya, mas o Sannin não quis insistir, pois ele sempre quis ensinar a seu pupilo a arte que seu clã já foi conhecido no mundo inteiro, porém sem querer forçar nada para Naruto. 

Já para Tayuya sua linha de pensamentos era um pouco mais diferente. Não era preciso ser um gênio para suspeitar das motivações do loiro, tendo as memórias de ontem, e o seu rosto determinado a pensar em algo. Naruto queria aprender a arte dos selos, para que pudesse ajudar Tayuya. 

A ideia de forma prática era idiota. Jiraya era provavelmente um dos maiores mestres em selos, e para que Naruto chegasse a seu nível e o superasse, para assim, ter chances reais de resolver o problema do selo amaldiçoado, seria necessário anos, talvez até décadas. 

Entretanto, isso não a impedia que seu coração se aquecesse pelo gesto genuíno de querer lhe ajudar. Tayuya se sentia agradecida, mas, ao mesmo tempo, ela não gostava de ficar devendo a ninguém e com isso, em uma inspiração repentina, também se levantou e disse, “Sendo assim, eu também quero que me ensine, velho pervertido.”, declarou em um tom casual. 

Agora tínhamos duas pessoas confusas com outro pedido repentino, Jiraya agora, sentindo que perdeu algo de importante ontem. O Sannin então se pôs a pensar, e não achou muito ruim a ideia, ele já pensava em treinar Naruto nisso após ele pedir, e com Tayuya ainda não podendo se mover livremente, um treinamento teórico poderia ser útil para ocupar ela.

“Muito bem, se vocês querem isso creio que não haverá problema. Eu ainda tenho um pouco de material para treinarmos o básico, mas se quiserem prosseguir, vamos ter que arranjar mais na próxima cidade.”, ele finalizou, vendo um sorriso no rosto dos dois garotos, e uma vontade de aprender que de certa forma deixou ele feliz. 

Finalmente, ele teria a chance de mostrar quão foda era, para seus discípulos.

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O treinamento em selos, na visão de Jiraya, deu vários resultados positivos. A arte de selamento não era exatamente difícil de se aprender, sendo necessário apenas uma boa caligrafia e paciência, para escrever o conjunto intricado de fórmulas necessárias para os selos mais básicos. 

Todos os chunnins teriam o básico aprendido, e um dos requisitos mínimos para que seja promovido a um Jõunin, era justamente chegar no nível quatro de dez níveis existentes, na arte dos selos. Isso garantia que eles aprendessem diversas formas diferentes de se utilizar essa arte, auxiliando em suas missões. 

O grande problema era que para se avançar, se precisava de algo que muitas poucas pessoas pareciam demonstrar. 

Criatividade. 

Pois o mundo dos selos, lhe garantiam uma liberdade para fazer praticamente o que quiser, porém era necessário que a pessoa soubesse exatamente o que estava fazendo, mas, ao mesmo tempo, estivesse disposta a arriscar na inovação de antigas fórmulas e na criação de novas fórmulas. 

Não havia um passo a passo para se chegar nos níveis mais elevados, o único clã que poderia ter a educação para isso, foi prontamente exterminado. Seu conhecimento, sendo algo temido pelo mundo inteiro. 

De certa forma, Jiraya poderia entender isso. Minato poderia ser famoso no uso dessa arte, conseguindo aprender e melhorar a técnica criada pelo Segundo Hokage, Tobirama Senju, Hirainshin no Jutsu, em algo que o fez ser considerado uma lenda, mesmo sendo tão novo. 

Mas foi Kushina que o ensinou tudo isso, e de certa forma, nunca que Minato poderia chegar a seus pés nesse quesito. A mulher era simplesmente um monstro nesse quesito, tendo a capacidade de desenhar selos com o seu próprio chakra até mesmo no ar, e de forma quase que instantânea, conseguia criar fórmulas complexas, que demoraria dias para Minato ou Jiraya conseguirem. 

Naruto demonstrava esse potencial. Ele não possuía uma boa caligrafia, sendo algo bastante deplorável, mas na questão de teoria era praticamente um gênio. Onde após ensinar algumas fórmulas básicas para eles, Naruto não só compreendia com extrema facilidade, como ele conseguiu combinar duas das 4 fórmulas entregues, e fazer uma fórmula que era pelo menos 2 níveis acima. 

Isso alegrava Jiraya, vendo um potencial oculto no garoto, e surpreendentemente, Tayuya também demonstrava potencial. Ela era bastante rígida na questão da teoria, porém sua caligrafia era praticamente perfeita. Onde ela conseguiu colocar nos pergaminhos com o pincel, de forma rápida e precisa, todas as 4 fórmulas básicas, em um tempo que Jiraya apenas conseguiu alcançar depois de meses de treinamento constante. 

Em suma, eles eram dois jovens, com pontos fortes e pontos fracos, que ironicamente poderiam se complementar bem, e felizmente, demonstravam um imenso interesse pelo assunto, após Jiraya ter mostrado o básico. Onde para o último progresso visível para Jiraya, foi deles terem passado a tarde inteira, sentados um do lado do outro, com vários pergaminhos e potes de tintas usados ao redor dele, discutindo sobre o assunto e se ajudando mutuamente. 

Sem xingamentos, brigas, provocações, zombarias, ou qualquer coisa do tipo. 

Pela primeira vez, Jiraya conseguiu relembrar de um antigo casal, que para sempre estaria em seu coração, vendo agora, ironicamente, uma ruiva e um loiro, estudando juntos e de forma amigável.

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Depois de horas de estudos, Tayuya finalmente sentia que havia feito algo de produtivo, onde depois de dias se sentido uma prisoneira, e depois, um estorvo para as pessoas, ela fez algo de produtivo. Os elogios que recebeu do loiro e do velho pervertido, pelo que ela tinha feito, também foram ótimos para melhorar o seu humor. 

Inicialmente ela ficou meio ciumenta, por Naruto, a pessoa que ela julgava ser o idiota, conseguir compreender a explicação de Jiraya, de maneira tão rápida e precisa, onde já estava conseguindo entender todo o conceito, e depois de algumas horas ele já estava conversando com um velho impressionado, sobre algumas coisas que ela ainda não entendia bem. 

Mas quando chegou a hora da caligrafia, foi quando ela brilhou, onde a letra de Naruto era algo bem ruim, com várias vezes borrando uma parte da fórmula, tendo uma letra muito instável. Já Tayuya, conseguiu de forma limpa e rápida, copiar as fórmulas no pergaminho, e recebendo elogios impressionados de Jiraya e Naruto. 

Isso fez ela perceber como era idiota, a própria, sentir ciúmes de Naruto, por entender o assunto mais rápido que ela. 

Surpreendentemente, Naruto era um ótimo parceiro de estudo, estando bastante focado, mas, sempre disposto a explicar qualquer coisa que ela sentisse duvida. Tayuya, também o ajudou quanto a sua caligrafia, observando ele escrevendo e indicando o que ele poderia melhorar, para evitar erros. 

No final, vendo que seus defeitos eram de certa forma, complementares, decidiram trabalhar juntos, e no fim da tarde, rendendo grande elogios de Jiraya, um tom orgulhoso em sua voz, conseguiram aplicar 3 das 4 fórmulas, sendo que eram de nível chunnin. 

Após o jantar, já num tom muito mais casual e tranquilo, Jiraya contava como havia treinado Naruto para os exames chuunin, e o loiro afirmando que ele estava tentando matá-lo, lembrando da cena dele sendo jogado do penhasco. Isso rendeu muitas risadas de Tayuya, imaginando toda essa cena. 

Ela se sentia leve. 

No passado, sempre era pela sua sobrevivência, sendo uma orfã, e tendo que aprender desde de cedo como viver em meio as favelas da Vila da Pedra, até que quando ela fez nove anos, foi capturada e vendida como uma escrava. 

Por sorte seu destino nunca foi como uma escrava sexual, conhecendo pessoas que passaram por isso, e a vida dura que era reservado a elas. Ela trabalhou até seus dez anos em uma lavoura, perto da fronteira do país dos arroz, e um dia, houve um ataque, várias pessoas tinham sido sequestradas, e o selo amaldiçoado foi colocada nela, e por sorte ela havia sobrevivido. 

Quando Orochimaru a viu, avaliando os sobreviventes do experimento, a primeira coisa que fez, foi pegar seus cabelos, e com isso, um sinistro sorriso surgiu. Após esse dia, ela foi levada sobre sua tutela, e anos depois o quarteto do som foi criado. 

Quando ela havia afirmado a Naruto que sua única família havia sido morta, de fato era verdade, mas de longe poderia dizer que ela era feliz nisso. Kidomaru, Sakon e Jirõbõ, eram pessoas detestáveis, e não a respeitavam em nada, principalmente por ser uma mulher, e ser a mais fraca do grupo em combate, mesmo com suas invocações de ogros. 

Mas era tudo que ela tinha. Não foi uma família formada pelo amor ou carinho, mas pela necessidade, pois não havia opções para nenhum deles. Agora, eles estavam mortos, e ela estava viajando com duas pessoas, que a respeitavam, e a tratavam bem, mesmo com o início da relação conturbada. 

Muitas coisas aconteceram, mas após muito tempo, Tayuya, pensou mais uma vez na pergunta do loiro, na praça da cidade, e ela finalmente, conseguia enxergar um futuro para ela. 

Esse futuro era agradável.