Me ensina a amar escrita por Saaimee


Capítulo 6
Capítulo especial — Dia dos namorados


Notas iniciais do capítulo

Com essa data chegando era claro que eu não ia deixar um dos meus casais favoritos de fora :D Como o título diz, esse é só um capítulo curto para comemorar o dia. São três estórias curtinhas separadas da trama, mas que tenho certeza que aconteceram em algum momento por aqui :D
Essa também é a primeira fic especial de dia dos namorados 2019 que estou fazendo o dia todo nas minhas contas.
Então sem mais demora... Boa leitura!



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Manhã.

Não era a primeira vez que ele ouvia aquele som frustrado do estalo de língua que vinha do quarto de Goushi. Na verdade, devia ser a terceira vez e, por isso, tinha voltado alguns passos depois de passar pela porta só para olhar o que ele fazia.

O jovem estava sentado em sua escrivaninha de frente para a janela em uma posição tão desleixada que fazia Kento se perguntar se suas costas não doíam. Entretanto, o que o fez dar um passo para dentro do cômodo foram os movimentos pesados da mão passando pelo cabelo até pousar firme na nuca enquanto a tampa da caneta na outra não parava de bater contra a madeira como se contasse cada um dos segundos que passava.

O maior se aproximou com calma caminhando na ponta dos pés descalços para não alarma-lo com sua presença. Não era da conta dele o que o parceiro fazia ou deixava de fazer, mas não podia evitar a curiosidade que se apossava dele para entender que tipo de problema estava causando tanta impaciência naquele local.

Devagar, se esgueirou por trás dele como um gato vendo por cima de seus ombros uma folha de papel em branco descaçando sobre a madeira lisa. Surpreendentemente não havia nada de incomum naquela cena e por isso Kento se sentiu decepcionado ao não encontrar palavras jogadas pelos cantos e rabiscos de letras para uma nova música.

Sem perder o interesse seus olhos desviaram captando uma decoração incomum ao redor. Espalhado por toda a madeira estavam diversas bolinhas de papel que, como dentes-de-leão, pareciam estar sendo assopradas diretamente para o cesto no canto onde algumas outras já tinham sido jogadas.

Sem ter uma expressão certa em seu rosto o maior se abaixou em busca de uma das folhas esquecendo seu plano de não ser visto. E antes que pudesse se aproximar do lixo viu o rosto do moreno se virar intrigado encontrando o seu.

Levou uns dez segundos em completo silêncio até que percebessem em que situação estavam. Goushi rapidamente pulou da cadeira gritando enquanto o maior se afastava tentando evitar que o barulho irritasse seus ouvidos.

— O que está fazendo aqui?! – Estava indignado com a presença, era claro, mas a vermelhidão em seu rosto também mostrava que ainda não tinha se recuperado do susto. — Quem te deixou entrar?!

— A porta estava aberta.

— Isso não quer dizer que podia estar aqui! – O olhar desleixado do parceiro o fez rosnar irritado e logo o lembrou dos papeis sobre a mesa. Quase em pânico ele voltou para sua posição tentando esconder tudo o que podia com o corpo.

— O que está fazendo? – Vendo os movimentos rápidos e sem qualquer cuidado que amassavam as folhas, perguntou confuso.

— Não te interessa!

Os gritos continuavam junto das mãos apressadas diante do maior. Ele não sabia o porquê de estar tão envergonhado, mas estava determinado a entender e, aproveitando o desespero do menor, se agachou pegando a bolinha de dentro do cesto.

Com calma ele a desfez alisando os cantos enquanto seus olhos tentavam decifrar o que estava escrito ali. Levou alguns instantes, mas assim que conseguiu entender um sorriso largo brilhou em seu rosto.

— Vocês são tudo o que eu sempre quis. – Falou alto em um tom sorridente fazendo o menor parar de se mover quase engasgando com o susto. — Meu coração sempre bate forte quando estou com vocês. Quando vejo seus sorrisos é como se meu corpo quisesse faz-

Goushi nem esperou Kento terminar de falar para se esticar agarrando o papel das mãos dele enquanto gritava na tentativa de evitar ouvir a leitura vergonhosa das palavras que queria esquecer.

O maior o assistiu se afastar rasgando a folha com o rosto vermelho mostrando os dentes raivoso e só conseguiu rir. Dessa vez ele nem precisou dizer nada para provoca-lo.

— Começou a escrever cartas de amor agora, Goushi?

— Até parece! Cala a boca!

Sempre exagerado com seus gritos excessivos fazia qualquer um querer provoca-lo ainda mais. Kento nunca gostou de ter que lidar com esse lado infantil dele, mas admitia — para si mesmo — que adorava sua honestidade nos momentos em que sentia vergonha. Chegava a ficar admirado com suas bochechas vermelhas quando os seus olhos tremiam inseguros. Era... doce.

Novos gritos tomaram conta do lugar tentando empurrar o maior para fora do cômodo a força, porém só conseguiram o trazer de volta para a situação. Ele sabia, agora, do que se tratava todos aqueles estalos de língua.

Lembrou que na tarde passada, antes de terminarem o dia, Tsubasa os encontrou avisando sobre a campanha de dia dos namorados onde a Thrive participaria com mensagens para aos fãs. Naquele momento ninguém foi contra ou tentou pedir por mudanças quando Yuuta parecia tão animado e Kento já dizia alguma frase pronta a garota, entretanto Goushi estava incerto desde o início.

Tranquilo como se não ouvisse as reclamações do moreno, Kento se sentou na cama o escutando bufar com mais alguns avisos para sair dali. Seus olhos mais uma vez seguiram para a escrivaninha e então as palavras lidas anteriormente cruzaram sua mente.

— Por que amassou? Não estava ruim.

— Cala a boca! Você estava rindo. – Virando o rosto, respondeu quase resmungando emburrado.

Vendo a reação do rapaz fez o mais velho se perguntar se tinha o ofendido fazendo se segurar para não rir daquela expressão desamparada. Entretanto também não podia se culpar por ter feito aquilo quando imaginou Goushi dizendo aquelas coisas no momento em que lia a carta.

— Por que escreveu aquilo? – Perguntou tentando mudar os pensamentos e evitar outro riso. — Não é algo comum vindo de você.

A acusação fez o menor desviar o olhar novamente coçando a nuca como se não soubesse o que dizer. O pequeno gesto deixou Kento ainda mais curioso fazendo seus olhos se colarem nele.

Goushi sabia que fingir que não tinha ouvido aquilo não o faria sair dali por isso estalou a língua novamente enquanto se jogava sobre a cadeira apoiando os cotovelos na mesa sem olhar para o rosto persistente ao seu lado.

— Eu... É parte do trabalho, não é?

— Tecnicamente. Mas você não precisava ir tão longe.

— Que? – Se virou confuso com as bochechas ainda vermelhas. — Você vive dizendo esse tipo de coisa como se não fosse nada. – Comentou em tom irritado, porém assim que viu a sobrancelha arqueada do rapaz se calou engolindo rispidamente os sentimentos. — Eu não... tava te copiando...

Ele preferiu não dizer nada e deixar que o silêncio culposo fizesse sua parte pesando sobre os ombros do moreno que automaticamente abaixou a cabeça tentando esconder as bochechas queimando mais uma vez.

— Ah... Se você quiser, posso te ajudar. – Sugeriu sem ter qualquer reação de volta. Sabia que o menor nunca iria aceitar isso, mas dessa vez ele não demonstrou ser contra com seus gritos orgulhosos. — Por que não tenta falar sobre o que você gosta ao invés de se forçar a frases prontas?

Por mais que a sugestão fizesse sentido isso só fez Goushi levantar o rosto encarando a janela seriamente parecendo refletir sobre o assunto.

— Tipo... Musica? – Questionou confuso notando o outro acenar positivamente com a cabeça.

Se tinha uma coisa que Kento sabia era que Goushi não amava nada além dos sons dos instrumentos e o calor das palavras em melodias então seria mais fácil falar sobre o sentimento “amor” pensando nisso, entretanto não esperava ver a expressão desconfiada que ficou no rosto dele enquanto encava a folha.

Estava pensando sobre o que deveria escrever e até se sentia inseguro depois de perder tantas horas tentando imitar o maior que não sabia se suas palavras fariam jus a ocasião. Kento notou e calmo como sempre retomou a conversa.

— São seus sentimentos de verdade. Acho que é isso que eles vão querer. – As palavras soaram pelo quarto como se não fossem nada e finalmente trouxeram os olhos vermelhos ao seu encontro. Foi só por um instante antes dele se voltar para a folha, mas foi o suficiente para fazer Kento morder os dentes em um sinal para que seu corpo não reagisse.

A caneta demorou alguns minutos antes de começar a rabiscar o papel, mas assim que fez toda sua concentração se prendeu ali. Ele até parecia uma criança se esforçando para responder as perguntas do dever de casa. Infantil como sempre, mas era essa inocência que o fazia especial.

Kento o assistiu trabalhar nas ideias como se não estivesse sendo notado. Era estranho como se esforçava para ser o centro dos olhares sempre que tinha a chance, mas, nesse momento, sentiu conforto em estar ali. Talvez fosse porque estava ocupado assistindo o rapaz ou porque, sempre que estava com Goushi, não se sentia sozinho no silêncio.

O viu se afastar da cadeira como se estivesse relendo seriamente suas palavras e sem querer sorriu. Até nesses momentos ele era impulsivo e não sabia esconder o que estava pensando. Kento adorava observa-lo e ver cada detalhe que podia ser um defeito como algo interessante.

— Terminou? – Perguntou o fazendo olhar rapidamente antes de dar um aceno positivo.

Sem pedir permissão ele se levantou apoiando-se na mesa inclinando seu corpo para mais perto. A folha estava a sua frente, mas foi difícil lê-la de início. Estava ocupado sentindo o perfume do rapaz invadindo seu espaço sem que Goushi notasse.

A nota era simples com poucas linhas e algumas palavras fortes expressando seu calor pela música e seus desejos em fazer que os outros sentissem a mesma intensidade que ele. Não era romântico como Kento, mas determinado e honesto para trazer sorrisos aqueles que o amavam.

Estava sorrindo quando terminou, mas foi rápido em disfarçar sua expressão sentando-se novamente na cama. Goushi o olhou de canto tentando evitar que notasse sua ansiedade em saber o que tinha achado, mas foi em vão.

— Que tal terminar com “vamos fazer novas lembranças em breve.” – Sugeriu olhando para a mesa e logo notou o menor retomando a caneta escrevendo suas palavras. Seus olhos se fixaram nele vendo o rosto calmo de olhos focados que ouviam sua voz com atenção. — Obrigado. – Continuou, implorando que agora o visse e repetisse aquilo para ele. Kento queria novas lembranças e, principalmente, queria sentir o calor que Goushi tanto falava. — Eu te amo.

As palavras saíram deixando sua garganta seca sem ter mais nada para oferecer. Seus olhos não mudaram a posição e seu coração absurdamente desesperado gritava em alerta lembrando a ele que tinha medo de tudo isso. Goushi parou a caneta no mesmo momento que o ouviu. O ar de Kento se foi e sua mão tremula apertou o colchão tentando o controlar.

O moreno virou a cabeça de leve o suficiente para conseguir encara-lo com olhos sérios sem notar a tensão que dominava o corpo todo do outro. Em seguida suspiro coçando a nuca sem jeito antes de dizer qualquer coisa.

— Acho... que só obrigado está bom...

O comentário veio acompanhado de sobrancelhas fechadas e bochechas levemente rosadas. Kento suspirou sentindo toda a força de seu corpo sumir com o balde gelado de alivio. Era claro que Goushi não ia entender suas intenções e, de alguma forma, isso era bom.

Riu de sua fraqueza fazendo o menor rosnar irritado por pensar que, novamente, era motivo de piada.

— É... Acho que está bom assim.

— — —

Tarde.

— Ah, Goushi! – De dentro do quarto, Kento chamou assim que viu o menor passando no corredor o fazendo voltar para trás inclinando a cabeça curioso. — Pode me ajudar a praticar minhas falas?

— Claro.

Todos sabiam que o rapaz ia participar de um drama em algumas semanas por isso estava se esforçando tanto, por essa razão Goushi nem considerou ignorar seu pedido. Afinal, mesmo que discutissem o tempo todo ele queria ver o parceiro sucedendo em seus projetos.

Com calma adentrou o quarto sem se preocupar em fechar a porta e logo que se aproximou recebeu o script das mãos do maior. Kento mostrou aonde ia começar a leitura e quais frases Goushi deveria acompanhar, em seguida se afastou tomando um tempo para retomar a concentrando antes de iniciar.

— Você sabe, nos últimos dias eu não consigo parar de pensar em você. – Assim que começou a falar o moreno notou a diferença em seu tom como se tomasse cuidado com cada palavra. Seus olhos se levantaram do papel assistindo o maior se virando de costas timidamente deixando claro o tipo de personagem que fazia. — Toda hora me pego querendo saber como você está, o que está fazendo... Se teve algo que te fez sorrir quando eu não estava perto ou se está passando por alguma dificuldade.

Era doce como um adolescente descobrindo seu primeiro amor e apesar daquilo irritar o moreno, também prendia sua visão. O silêncio se prolongou e só então o menor notou que era sua vez de continuar.

— Ken-kun... – Leu como qualquer outra palavra, porém aquilo soou tão errado que fez sua voz tremer com vergonha desestabilizando sua concentração. — Ah... É... Ah, você... Não é assim...

— Eu sei, mas... – perto de Kento ele parecia uma criança se apresentando na frente da turma pela primeira vez. Estava tão envergonhado que nem notou o momento que o outro se virou para ele se calando por longos instantes antes de poder continuar. Também não notou as próprias bochechas rosadas que Kento viu. — Sempre que estou longe de você é assim! Eu não aguento mais guardar isso. – O tom da voz aumentou desesperado fazendo Goushi tirar os olhos confusos do papel e ver o maior se aproximando.

O susto o fez automaticamente dar passos para trás na tentativa de se afastar sem nem ver se tinha alguma fala nesse momento.

— Está se tornando insuportável me segurar.

— Espera- Que-

O moreno já tinha se perdido por completo na velocidade que os acontecimentos tomavam o fazendo esquecer totalmente o roteiro e só prestar atenção na necessidade de manter distância do outro. Não havia mais falas, somente a respiração pesada de Kento e em seguida a colisão de suas costas contra a parede.

Ele pensou em chamar sua atenção, mas assim que viu os olhos curiosos o encarando de cima se calou.

— Diz. – Falou calmamente quase sussurrando. — Se lembra do dia em que me ajudou a estudar para a prova? – Goushi o encarou sem pensar em pegar o script deixando claro a tensão que parecia agarrar seu corpo o impedindo até de respirar. O maior notou e por isso resolveu continuar sem as falas dele. — Você pode me ajudar dessa vez de novo?

— Ah... Aizome, acho que-

— Não vai fugir. – O moreno nem conseguia falar direito e, mesmo assim, foi interrompido pelo som alto da mão de Kento batendo contra a parede ao seu lado fechando sua saída. — Eu não sou bom com as palavras então me deixa te mostrar- Goushi, o que está fazendo?

O choque tinha o assustado a ponto de fazê-lo prender a respiração por segundos, entretanto sua expressão era tão raivosa que fez Kento parar achando que estava irritado com ele.

— Você disse que ia me ajudar.

— Ah... Eu... É, só que... – Sua boca tremia palavras enquanto suas bochechas queimavam envergonhado por ter sido pego. Kento então notou o que tinha acontecido e sorrindo se aproximou o fazendo bater a cabeça na parede engolindo em seco.

— O que foi? Não consegue olhar pra mim? – Seu corpo se inclinou para frente aproximando seus rostos o suficiente para o menor morder os dentes em um berro interno que quase saia pelos olhos em pânico. A voz doce arrepiou suas costas e paralisou seu corpo. — Goushi...

— KenKen, eu achei o-

No meio da provocação a voz contente de Yuuta invadiu o quarto chamando a atenção de seus rostos que viraram automaticamente surpresos.

O mais novo viu Goushi escancarar a boca como se sua alma tivesse saído do corpo e o rosto de Kento o encarar pensando em alguma desculpa rápida para a situação. Yuuta não disse nada apenas aguardou alguns instantes para ver os dois serem consumidos pelo susto e depois, em silêncio, puxou a porta do quarto os fechando dentro ouvindo os gritos desesperados chamar seu nome querendo explicar a situação.

— — —

Noite.

Já tinha passado das onze horas quando Kento saiu do quarto em busca de um copo de água e acabou sendo surpreendido quando viu Goushi dormindo encolhido no sofá da sala com alguns CDs espalhados sobre a mesa de centro.

Não era incomum que os três prolongassem seus serviços um pouco mais além do horário normal e acabassem indo dormir tarde, porém era difícil ver o lobo solitário tão indefeso em um campo aberto como esse.

No primeiro instante Aizome não fez nada além de observar o cômodo vazio onde a luz esquecida da cozinha acesa ajudava a iluminar o corpo do rapaz. Depois pensou o que esteve fazendo esse tempo todo a ponto de não conseguir voltar para o quarto. E por fim resolveu se mover passando por um dos sofás pegando o cobertor fino que jazia ali enquanto reclamava mentalmente de quão descuidado era quando estava ocupado trabalhando com músicas.

— E acha que pode reclamar dos outros.

Resmungando, Kento se aproximou vendo de perto o corpo pequeno do rapaz com as roupas amassadas revelando algumas partes que nesse momento deveriam estar frias.

Se inclinando ele puxou o cobertor sobre o corpo dele cuidadosamente enquanto suspirava cansado. Estava ajeitando o pano em seus ombros quando notou o rosto do moreno próximo ao seu. Foi automático ouvir seu coração tropeçando no ritmo o alertando para se afastar no mesmo instante, entretanto seu corpo enfeitiçado não respondeu.

Ele viu os lábios entreabertos suspirando com calma como se não existem motivos para ter pressa e sentiu, em suas mãos apertando o pano, a respiração dele subir gentilmente cobrindo seu corpo de paz e fazendo sua mente se perder em medo.

Lentamente seus dedos aliviaram a pressão soltando o cobertor enquanto seu corpo extasiado por ilusões se recusava a se mover.  Seus braços descansavam ao lado de seu corpo e seus olhos tristes mal piscavam como se tivessem medo de perder um único segundo daquela imagem.

Sua boca se abriu soltando palavras sem som que sussurram seus desejos nos ouvidos ensurdecidos do moreno. A saliva desceu lentamente evaporando no calor emanando de seu peito assustado e logo suas pernas cederam o fazendo se sentar sobre os joelhos no tapete ao lado do rapaz.

A imagem a sua frente não o viu, não o sentiu e menos ainda o quis. Em sua mente a imagem do quarto escuro cobriu sua vista tentando apagar a imagem pacifica do outro colocando uma barreira à sua frente.

No silêncio ouviu sua respiração se soltar contra sua vontade quebrando o ritmo calmo de Goushi e colocando a mostra o desespero que o dominava. Era doloroso não ser visto no escuro e perceber que estava sozinho o aterrorizou.

Sua mão correu até a dele em um pedido apavorado de socorro. Seus dedos o apertaram levemente sem querer acordar sentindo seu calor atingir sua pele como a luz em um dia sombrio.

Sua cabeça afundou no estofado próximo do cotovelo dele escondendo o sorriso trêmulo em seu rosto e abafando a respiração chorosa que não queria ouvir.

— É assustador... – sussurrou entre o pano tomando um tempo para se estabilizar antes de mudar a posição para observar o rosto dormindo. — Pode me prometer que não vai desaparecer? – Novamente sussurrou implorando para que houvesse algum sinal de resposta, entretanto, como sempre, só o silêncio o observou. Ouvir sua própria voz desaparecer na solidão o fez morder os lábios amedrontado enquanto engolia a saliva forçadamente empurrando o choro para dentro. — Por favor... Não me deixa sozinho.

Sem força ou qualquer coragem de se afastar dali, Kento escondeu o rosto no sofá implorando para que seu coração parasse de bater tão rápido e que as imagens em sua mente desaparecem de uma vez. Seus dedos acariciaram os de Goushi delicadamente e por um instante de carência imaginou que o moreno tinha correspondido com um leve apertão, porém teve medo de levantar o rosto e se decepcionar mais uma vez permitindo que uma fantasia o dê-se esperança outra vez.


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Notas finais do capítulo

Eu gosto de como o Kento é sempre tão cuidadoso com tudo que sem querer acaba deixando claro o que sente ao falar demais, porém o Goushi é tão burro que não consegue ver nem isso. Ele vai precisar que o Kento segure a cabeça dele e fale diretamente olhando nos olhos “eu te amo” pra entender o que está acontecendo.
Also, Aizome é uma criança triste que me instiga a querer ver chorando, mas a verdade é que quero cuidar dele :(
Obrigada por ler e ainda tem mais especiais! Passa na minha page se tiver interesse que hoje tá só love ♥

Ah, lembrete: pode ser que esse mês não tenha capítulo novo aqui por conta dos projetos que estou trabalhando, mas em Julho é certeza que estou de volta pra comemorar o aniversário do Goushi ♥



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