O Curandeiro Malfoy escrita por Taquari


Capítulo 3
A Poção nem tão milagrosa


Notas iniciais do capítulo

Estamos quase chegando ao fim dessa fic! Espero que gostem desse penúltimo capítulo :)



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— Malfoy? – perguntou Neville confuso, olhando de Draco para seu pai, sua mãe e de volta para Draco.

— Ah... sim... – Draco afastou rapidamente o cálice de Frank, levantou-se e alisou nervosamente as vestes com as mãos – Eu não sei se você chegou a saber, mas deixei o meu emprego no Ministério e agora estou trabalhando aqui...

— Claro que soube, mas não imaginava que você seria logo o curandeiro dos meus pais!

— Bom... é.

— Ouvi meu pai fazendo barulhos... que é que você estava fazendo? – Neville perguntou desconfiado.

Draco observou Neville por um momento antes de responder. Se tivessem lhe dito que o garoto gorduchinho que fora seu colega em Hogwarts se tornaria esse homem que agora estava em sua frente, jamais teria acreditado. Em lugar das feições assustadas, o garoto que no passado havia sofrido bullying mostrava agora firmeza e uma autoconfiança de dar inveja.

— Eu estava dando esse refresco ao seu pai, mas parece que ele não estava muito afim disso. – Draco respondeu tentando parecer o mais displicente possível, fazendo de tudo para que Neville acreditasse que aquilo era realmente só um suco qualquer, e não que ele estivera tentando enfiar goela abaixo um remédio que fora explicitamente desencorajado a dar.

— Certo, papai não gosta de suco, mesmo – Draco deu um breve sorriso aliviado. – E aí, pai! Tudo bom? – Draco fez menção de sair dali para dar mais privacidade à família, mas o movimento foi percebido por Neville – Não precisa sair, Draco. Afinal, quero saber se você tem sido bom com eles. Mamãe, esse curandeiro tem sido legal com você?

Alice não respondeu. Passados alguns segundos, deu um fraco assobio e voltou a ficar quieta. Neville pareceu ao mesmo tempo assombrado e feliz.

— Caramba, Draco! Isso me pareceu um sim!

Draco não entendeu por que Neville achava que aquilo fora um sim, mas ficou grato que ele assim pensasse. Na verdade, o rapaz estava se sentindo constrangido. Afinal, tinha sido muito ruim com o colega quando eram adolescentes... Por que Neville parecia tão disposto a ser legal com ele?

Neville voltou-se para Draco, encarando-o de forma astuta.

— Draco. Relaxa. Eu não estou achando ruim que você seja o curandeiro dos meus pais. Pra te falar bem a verdade, eu estou achando a situação toda bem engraçada! Veja só, quando é que eu imaginaria que minha mãe estaria contente de estar nos cuidados de um Malfoy! – Draco enrubesceu e olhou para o chão – Ei, acho que me expressei mal... o que quero dizer é... sem ressentimentos. Sério. Eu não estou aqui para te julgar nem nada. Aquilo tudo é passado, agora. E, se quiser saber bem a minha opinião, acho que já estava na hora de você largar o Ministério mesmo. – acrescentou ele, rindo – Vê só, aquilo não seria bom pra você!

— Obrigado, Neville... eu fico feliz de escutar isso – respondeu Draco com um meio sorriso.

O resto da visita de Neville transcorreu bem. Draco escutou atentamente a forma como seu colega falava com os pais, buscando dicas do que poderia fazer nos dias seguintes. No final da tarde, quando Neville ia saindo, sua mãe levantou rapidamente da cadeira, como se tivesse acabado de se lembrar de algo muito importante, e se dirigiu ao filho, que já estava perto da porta. Ela enfiou a mão no bolso das vestes e retirou dali um papel de bala. Segurou as mãos do filho com carinho e lhe entregou o presente.

— Obrigado, mamãe, achei que você ia esquecer hoje! – agradeceu Neville, que se virou para contar a Draco em sussurros – ela sempre me dá esses papéis, sabe. É a parte que eu mais gosto nas visitas.

Draco deu uma breve risada e acenou com a cabeça para Neville, que saía do aposento. “Um mísero pedaço de papel” – pensava ele, mas se surpreendeu quando viu que o rosto de Alice agora estava radiante de felicidade.

 

Os dias se passaram e agora Draco já tinha se acostumado com sua nova rotina. Já tinha preparado caldeirões da sua Poção para Recuperação de Confusão, a qual dava todo dia para seus dois pacientes. Alice parecia até mesmo gostar do momento em que Draco chegava pra lhe ajudar a tomar o elixir! Frank, que provavelmente se espelhara na sua esposa, agora parecia menos avesso à ideia de tomar aquele líquido. Ao final de uns dois meses, o rapaz percebeu que passara a ser recebido por Frank com leves palmadinhas nos braços cada vez que chegava na enfermaria, embora ainda fosse muito raro que olhasse em seus olhos, e Alice balançava alegremente as pernas toda vez que ele passava pelo cortinado.

Draco também por fim passou a interagir melhor com seus colegas de profissão. Agora, conseguia até mesmo conversar sobre Quadribol na sala dos curandeiros sem se sentir constrangido, embora ainda recebesse alguns olhares de vez em quando. O que ele ainda não tinha captado, porém, era que os olhares não eram mais de desconfiança, mas sim de agradável surpresa...

Encorajado pelo que achava que estava sendo o maior sucesso com seus pacientes, Draco um dia chamou Astoria em sua enfermaria para mostrar o quanto sua poção milagrosa havia sido benéfica para o tratamento.

— Olha pra isso, Greengrass, Alice agora já consegue pentear os cabelos sozinha! E Frank já sabe amarrar os próprios cadarços! – Draco disse triunfante para a chefe, que se limitou a dar um sorriso muito misterioso, mas de qualquer forma bastante satisfeita.

— É mesmo, Malfoy? Tem certeza que é a sua poção que está fazendo isso? – Astoria respondia fazendo força para não rir na frente dele.

Draco não entendeu o porquê da reação, mas continuava acreditando piamente que era a sua poção que era a causadora de tanto avanço.

 

Algumas semanas depois, Draco estava diante de Alice, preparando-se para lhe dar a dose diária do remédio, quando Astoria apareceu atrás dele.

— ‘Dia!

— Bom dia, Malfoy. Vim ver como você estava se saindo.

— Você escolheu um ótimo momento para aparecer. Estava exatamente indo dar a minha poção para Alice, sabe.

Draco encheu um copo com a poção e o entregou a Alice. Como de costume, as mãos de Alice bambolearam bastante e, quando o copo quase caiu de sua mão, Draco logo apoiou as mãos dela nas suas e a ajudou a levar o copo à boca. Ela terminou de beber e sem esforço algum devolveu o cálice em cima da mesa de cabeceira. E, em seguida, fez algo que nunca tinha feito antes: levantou as duas mãos e segurou com elas carinhosamente o rosto de Draco, que enrubescera como um pimentão. Além disso, exprimia um suave sorriso para ele. Quando o soltou, Draco olhava com expressão de vitória para a chefe.

— Tá vendo só! Acho que vou começar agora mesmo a escrever alguma coisa sobre minha poção... – mas Astoria começara a dar gostosas gargalhadas. - ora, que foi?!

Ela puxou o rapaz pelo braço e ambos saíram da enfermaria.

— Malfoy, não é possível que você seja tão obtuso! – ela ainda ria.

— Do que você está falando? – Draco agora parecia ofendido.

— Pelo amor de Deus, até os outros curandeiros estão percebendo sua evolução! Eu acho que finalmente entendi a coisa toda. Você não decidiu se tornar curandeiro para curar as pessoas. Você se tornou curandeiro para ser curado. Muito sensato, se quer saber.

 Draco continuava encarando a chefe sem entender nada do que ela falava.

— Você não começou a ver um padrão nisso tudo? – ela perguntou com um sorriso, olhando ansiosa para o jovem, mas diante da sua total perplexidade continuou – Vou começar te dando uma dica. Você nunca percebeu como Alice devolve o copo à mesinha com total graciosidade?

— Que? - Draco franziu as sobrancelhas; ainda não entendia onde ela queria chegar. – Desembucha logo!

— Mas quando ela sobe o braço para a boca, ela se atrapalha bastante, não? – Draco começou a entender... mas, não, não seria isso... – Você não percebe que ela se faz de boba para que você a ajude? Você não vê que o que ela mais gosta nas suas visitas é o momento em que você toca nas mãos dela, quando você a ajuda a tomar o elixir? E o Frank, que agora finalmente tem quem converse com ele quase diariamente! Não é a sua poção que tem ajudado os dois a ficarem mais felizes, é você!

— O quê? Claro que não! Ah não, não me venha com a sua história de curar pelo amor, você sabe muito bem que isso é balela. Afinal, tenho dado minha poção diariamente, é claro que é ela que tem feito todo esse efeito.

Nesse instante, Astoria lançou a ele um olhar travesso, mas também que pedia desculpas. O que estaria escondendo dele?

— Não me leve a mal, Malfoy, mas simplesmente não podíamos deixar você continuar a dar a poção... afinal, é um pedido explícito da família deles para que não lhes seja dado nada. Eu e Thessa... hum, concordamos em trocar seu estoque por um simples suco de maçã. Mas não conseguimos lhe contar a verdade! Você parecia sempre muito feliz dando a poção a eles... não tivemos a coragem.

Draco parecia ter sido esbofeteado no meio da cara. Olhava agora incrédulo e desapontado para Astoria, que ainda sorria.

— Então... tudo o que eu fiz... na verdade não era nada?

— Mas como assim nada! Você ainda não consegue perceber o bem que tem feito a eles? OK, você não inventou uma poção milagrosa, entendo o seu desapontamento, mas veja a mágica que você criou ali dentro! Quantos curandeiros nesse mundo conseguiram criar uma relação tão boa como a sua?

Draco estava tentando absorver tudo, ainda se sentindo enganado. Balançou vagarosamente a cabeça de um lado para o outro, encarou Astoria com um olhar feio e saiu dali. Ela tentou segurar o seu braço, mas logo ele se desvencilhou e saiu dali.

 

Voltou à sua enfermaria várias horas depois de ter ficado sozinho em uma sala vazia, pensando no que havia ocorrido nos últimos meses. Cabisbaixo, entrou pela porta e logo foi surpreendido por Alice, que tirava do bolso um papelzinho de bala e lhe entregava.

Draco foi incapaz de reprimir um sorriso.

 

No dia seguinte, Draco esperou até todos os outros colegas terem saído da sala dos curandeiros. Estava na esperança de encontrar Astoria sozinha, no momento em que ela fosse terminar o expediente. Ficou alguns minutos sentado no sofá, mas logo ela chegou e retirou sua bolsa do guarda-volumes.

— Greengrass? – ele anunciou sua presença em voz baixa e se levantou.

— Ah, olá, Malfoy. Você quase me deu um susto agora, sabe.

— Ah... perdão. – Draco ficou encarando o chão, reunindo coragem para dizer o que queria falar. – Eu queria... pedir desculpas. Você estava certa.

Astoria o encarou por alguns segundos, mas então abriu um sorriso.

 - Eu sabia que você não seria um cabeça-dura... – ela disse mais para si mesma do que para ele.

— O que foi que disse?

— Nada! Fico feliz em saber que você finalmente entendeu tudo.

Os dois trocaram um breve sorriso.

— Mas ainda não estou plenamente satisfeito com suas respostas. – Draco disse, fingindo uma austeridade que não existia.

— Ah não, é? – Astoria perguntou dando um sorriso debochado cativante.

— Eu ainda tenho o direito de saber por que você não me contou logo que tinha trocado minha poção. Eu diria... acho que precisamos conversar sobre isso. A sós. Quem sabe no Caldeirão Furado, agora, o que me diz?

— E o que te faz pensar que eu, sua chefe, sequer tenho a obrigação de te dar essa resposta, Draco? – continuou ela no mesmo tom encantador.

— Ah, agora estamos nos chamando pelo nome, Astoria? – perguntou ele triunfante. – Gostei da mudança – acrescentou em voz baixa.

 Ele chegou mais perto, de modo que conseguia ver perfeitamente bem o brilho nos olhos da mulher.

— Aceito a proposta. – ela disse.

Os dois saíram do aposento de mãos dadas e desceram para saída do hospital.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Comentem pra eu poder saber o que vocês acharam :)



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