O Curandeiro Malfoy escrita por Taquari


Capítulo 1
Problemas no Hospital


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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— E você, Malfoy? Por que você escolheu ser curandeiro?

Vários pares de olhos se viraram para o rapaz, que estava sentado no canto de um sofá na sala dos curandeiros no penúltimo andar do Hospital St. Mungus, enquanto um silêncio cheio de expectativa enchia a sala. O novato vinha provocando muitos comentários desde que começara a trabalhar ali, o que fazia pouco mais de um mês. Não era sempre que se via um promissor funcionário do Ministério da Magia largar repentinamente todo o conforto do Departamento de Execução das Leis da Magia e então entrar na carreira da “medicina bruxa”.

Draco percebeu os olhares e então ficou ainda mais desconcertado.  Remexeu-se um pouco no assento e tentou iniciar alguma resposta genérica qualquer.

— Não sei bem... acho que eu queria um pouco de mudança na minha vida.

Algumas pessoas deram risadinhas encabuladas.

— Tem certeza que isso é motivo suficiente para deixar para trás toda a sua carreira no Ministério? – Terêncio Higgs, um colega mais velho, lhe perguntou, mostrando desconfiança e curiosidade na resposta do jovem – Sabe, com a influência da sua família e tudo o mais...

Draco crispou os lábios; estava detestando aquela situação. Pensou rapidamente em alguma desculpa para tentar sair dali e então puxou seu relógio do bolso das vestes verde-claro, exclamando:

— Caramba, olha só a hora! Preciso urgentemente dar a medicação para o Sr. Hooper, tenho de ir. Até mais. - naturalmente, era uma desculpa esfarrapada. Na verdade, Hooper já havia recebido alta no dia anterior.

Ele se levantou num movimento rápido e pôs-se a sair daquela sala, com os olhares dos colegas de trabalho ainda sobre si. “Nota Mental” - pensou ele ao entrar no corredor - “Evitar a sala de descanso dos curandeiros quando estiver cheia”.

Draco odiava aquela atenção toda, queria que as pessoas simplesmente aceitassem que ele houvesse mudado assim sem mais nem menos a sua escolha vocacional, sem mais perguntas e ponto final. Um dos motivos para isso é que sempre o assunto “sua família” vinha à tona. Sempre a mesma coisa. “Mas e o seu pai, Draco? O que ele achou disso?”. Já não bastasse a importunação pela mudança, ainda tinham que vir lhe perguntar sobre seu pai!

Depois da Grande Batalha de Hogwarts, a família Malfoy precisou passar por uns bons meses de provações para mostrar que havia realmente mudado sua lealdade (nada, é claro, que algumas boas doações monetárias para fundos governamentais e alguns depoimentos – pasmem – dados pelo próprio garoto Potter não resolvessem). Embora a situação familiar houvesse melhorado consideravelmente no pós-guerra, novos embates surgiram. Draco ainda se lembrava com detalhes os olhos furiosos de seu pai e os olhos confusos de sua mãe durante a janta na qual casualmente anunciou sua renúncia ao posto do Ministério enquanto se servia de uma colherada de pudim. Durante a semana seguinte a essa declaração, o pai se restringiu às cordialidades de um seco “bom dia, filho” ao amanhecer e alguns comentários pungentes toda vez achava necessário alfinetar a mudança de emprego da sua cria (o que não foram poucas vezes). Sua mãe, no entanto, fora um pouco mais receptiva, embora também questionasse toda a situação.

De qualquer modo, Draco não se sentia mais tão à vontade para ser comparado com seu pai. Quem sabe seria uma tentativa de se desvincular completamente daquele passado obscuro nem tão distante? Por isso, cada vez que sua família era mencionada naquela nova polêmica de sua vida, sua paciência se esgotava mais rápido.

A causa de sua fuga da sala dos curandeiros, porém, não era apenas por isso. Não, na verdade havia outro motivo, até mesmo mais importante. O jovem odiava não só aquela atenção, mas particularmente também a pergunta que estava rodando entre os presentes naquela sala...

“Por que você escolheu ser curandeiro?”

A verdade era que Draco não fazia ideia alguma da resposta. E isso desconcertava cada centímetro do seu ser.

Draco se dirigiu até a sala de avisos, na qual havia um grande quadro negro encostado na parede. Nele, gizes de cera encantados escreviam o nome dos curandeiros e suas tarefas conforme novos pacientes chegavam ao hospital. Estava buscando seu nome quando viu um giz começar a escrever: “Draco Malfoy – Paciente X. Lovegood, 1º Andar, Enfermaria Dai Llewellyn, Leito 03 - Entregar poção anti-queimadura de Salamandra e aplicar curativo”.

Lovegood? Draco conhecia aquele nome. Talvez fosse o excêntrico pai de Luna Lovegood, que havia estudado mais ou menos na mesma época que ele em Hogwarts.

Draco subiu então ao último andar do hospital, onde ficavam os caldeirões nos quais os curandeiros preparavam suas poções. Completamente diferente das masmorras em Hogwarts, a sala circular com paredes de pedra pontuadas por algumas heras que cresciam em espirais até o teto era muito bem iluminada pelas inúmeras janelas com seus belos vitrais. Draco foi ao armário de ingredientes, separou o que precisava e se dirigiu a um caldeirão vazio. Por sorte, aquela poção para queimaduras era fácil e rápida de se preparar. Além do mais, Draco havia sido um bom aluno na escola, com notas excepcionalmente boas em poções.

Com o elixir em mãos, desceu até o primeiro andar e foi até a enfermaria que havia sido indicada no quadro negro. Lá, encontrou um bem-humorado senhor por volta dos seus 50-60 anos deitado em uma cama próxima à janela.

— Boa tarde, senhor... Xenophilius – Draco leu a identificação na cabeceira da cama – Sou o curandeiro Malfoy e serei responsável pelos seus cuidados durante a internação.

— Ahh, Malfoy... esse nome não me é estranho – Xenophilius falava calmamente e com um sorriso no rosto, como se estivesse levemente entretido – Sim, sim... creio que minha filha Luna me falou de você uma vez ou outra durante a escola.

— Sim, acho que cheguei a conhecer sua filha. Corvinal, não era? – Draco olhou para a ferida na perna direita daquele senhor. Estava um bocado feia, mas ele já tinha visto coisas piores. – Posso examinar sua perna?

— Claro, claro, jovem.

Draco começou a realizar alguns movimentos com a perna e alguns feitiços com sua varinha, vendo se estava tudo em ordem, enquanto Xenophilius tagarelava sobre como tinha conseguido ser mordido por uma salamandra.

— ... e foi por isso que eu resolvi entrar naquela caverna, sabe, eu estava muito entediado por não ter conseguido pescar nenhum Dilátex naquele dia – ele parou de repente seu monólogo – Ei, você está me ouvindo? – perguntou ele com desconfiança.

— Hum, quê? Claro que estou. – Draco recolocou sua varinha no bolso das vestes e tornou a se dirigir àquele senhor – Senhor Lovegood, acho que seu ferimento poderá ser curado em no máximo uns 2 ou 3 dias, e logo estará em casa novamente. Vou aplicar essa poção, tudo bem?

— Que boa notícia! – Draco se inclinou e começou a espalhar a poção pela perna - Acho que estou me lembrando melhor agora, você não é aquele garoto que estava envolvido com um lado mais... obscuro da magia, se posso assim dizer? É, acho que foi isso mesmo que Luna me contou... embora ela tenha me contado também que você largou tudo isso depois da Guerra. Sabe, Luna é uma boa garota – Xenophilius parou ao ser interrompido por Draco.

— Ora, é mesmo? Sr. Xenophilius, todos temos um passado, não é verdade? Não nos esqueçamos que o senhor mesmo também tentou vender Potter aos Comensais, pelo que me disseram! – Draco respondeu aborrecido, enquanto aplicava o elixir em cima da ferida.

— Ei, eu estava desesperado! – Xenophilius respondeu irritado, empertigando-se na cama – Eu não tinha outra opção!

— Sim, sim... nenhum de nós tinha, não é verdade? – respondeu um Draco amargurado em voz baixa.

Draco fez um curativo minimamente aceitável e se dirigiu para a porta da enfermaria, sob os olhos intrigados de Xenophilius. Porém, ao ultrapassar a porta, percebeu que alguém estivera observando aquela cena do lado de fora: uma mulher alta de cabelos escuros que lhe caíam em ondas na altura dos ombros, olhos verdes cintilantes e postura imponente. Nada menos que sua chefe, Astoria Greengrass. E para piorar, seu rosto não parecia nada feliz.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Pessoal, não tem nada que aqueça mais o coração de uma escritora do que um reviewzinho. Nem que seja pra dizer só "oi, legal", ou pra dizer que não gostou mesmo.
Até o próximo capítulo!



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