Quando olho pro seu reflexo talhado nesta pedra de mármore, obra do meu Silver Chariot, vejo como não foi capaz de captar sequer um terço da sua essência. Você tinha um olhar bondoso de quem já viu tanta maldade no mundo e ainda assim se apegava às coisas positivas que existiam por aí. Eu gostaria de ter sido um pouco melhor, um pouco menos egoísta e ter te escutado mais.

Mas a vingança não é um prato que se come frio como dizem por aí. Ela toma conta do seu corpo, mexe com a sua cabeça e desordena os sentidos. Faz tudo o que parece certo ser errado e te faz acreditar que pessoas ao seu lado são como pedras no caminho.

A verdade é que nunca quis me afastar de vocês para ir atrás de J. Geil, mas o medo de que ele arrancasse de mim a única coisa boa que consegui em anos após a morte de minha irmãzinha me torturava constantemente, me assombrando com pesadelos terríveis pintados pelas mortes dos melhores amigos que já tive, você incluso.

E agora, encarando esse pedaço de pedra que não é capaz de te representar, vejo que isso é verdade, que eu jamais deveria ter me aventurado sozinho quando minha cabeça estava em outro lugar, mas você sempre soube, não é? E eu te acusei de coisas horríveis como se você nunca tivesse sofrido também, Avdol. Sinto tanto por isso, mas palavras são incapazes de expressar toda a dor e arrependimento que carrego.

Sei que você não gostaria disso, sei que preferiria que eu seguisse em frente, mas o sentimento que guardo por você e por tudo o que fez por mim é forte demais e não será apagado. Você não apenas poupou e salvou a minha vida como deu um significado a ela.

Seguirei em frente com a cabeça erguida embora o meu coração permaneça ferido. E, espero que de onde você estiver, possa me observar com seu Magician’s Red.

Merci, querido amigo, e que em breve possamos nos reencontrar outra vez.