Onryō escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 3
Capítulo 3




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ATO 3: KABUKI

歌舞伎

Quarenta minutos se passaram depois que Suelen viu a morte da sua patroa. A viatura policial parou em frente à casa e dela saiu um detetive fluente em outro idioma. Entrando na residência, viu Michael London sendo acalmado por seus colegas.

"Senhor, boa noite. Sou o detetive Sendai e este é o meu parceiro Sasuke. Tenho algumas perguntas ao senhor".

"Meu nome é Michael London. Sou americano, da Flórida. Trabalho e vivo aqui há cinco anos. Sou da firma que contrata estudantes estrangeiros..."

O detetive puxou uma cadeira e sentou-se perto do homem. Segundo London, Ricardo Nakagawa havia ligado para relatar algo de estranho envolvendo Suelen. Algumas tentativas dele ligar para ela foram em vão, por isso resolveu ir pessoalmente à residência. Viu Elizabeth Prescott morta e Suelen em estado de choque.

"Não sei muito bem o que ocorreu. Ela é brasileira e foi o seu primeiro dia de trabalho. Na verdade ela é substituta da Yoko, a garota desaparecida. Outros que desapareceram foram os donos. O filho da senhora Prescott e sua nora não aparecem desde a semana passada".

"Depois o senhor nos falará mais detalhadamente disso na delegacia".

Os dois detetives conversaram sobre o desaparecimento surreal de uma estudante japonesa, de um casal americano e agora isso. Sasuke lembrou da investigação nessa mesma casa, que não deu em nada. Sendai pediu para ele não tocar no assunto. O gato preto passou pelos dois e subiu as escadas. O telefone tocou no andar superior.

No último quarto, o toque ficou mais intenso. Eles retiraram as fitas isolantes da porta do guarda-roupa e viram o aparelho largado. Perceberam um tipo de teto falso dentro desse guarda-roupa e perceberam que havia um grande espaço acima do teto. Era como um sótão primitivo de difícil acesso.

"O que você acha disso?"

"Presumo que algo muito grave ocorreu... Pelos Céus!" esbravejou Sendai ao ver os corpos do casal Prescott ressecados.

 

Alguns dias antes...

O casal Vincent e Samantha Prescott entraram em casa acompanhados por Elizabeth, um corretor imobiliário e Lisa Prescott, irmã de Vincent. O corretor mostrou os cômodos para os americanos.

"Retirem os sapatos. Mesmo sendo na própria casa, é cultura calçar o chinelo de algodão e deixar sapatos no vestíbulo" Lisa ensinava o que sabia do Japão. Mostrou a Sam os demais cômodos.

"Cadê a mamãe?"

"Vou atrás dela". Lisa subiu ao quarto dos fundos e viu Elizabeth vendo o teto. Indagou, mas Beth desconversou.

O corretor foi usar o banheiro. Abriu a tampa da privada para fazer xixi quando viu uma cabeça humana dentro. Quase caía pra trás se não fosse por Vincent segurá-lo. A cabeça desapareceu.

"Vamos ficar com a casa".

Durante o tempo que estiveram lá, nada de anormal aconteceu. Porém, Elizabeth se comportava de um modo estranho e ficou até horas sem comer. Obviamente algo a perturbava.

"Vou ao mercado, senhora Beth".

Samantha ficou minutos na prateleira do mercado na tentativa de escolher um produto, mas não conseguia ler japonês. Abriu o pacote, cheirou e levou consigo. Ao chegar na residência, viu a sala completamente bagunçada. Viu o gato preto subir a escada e dois braços brancos pegarem-no.

"Quem está aí?" Mas ninguém respondeu. Ela subiu aos quartos superiores.

Vincent chegou horas depois. Viu sua mãe dormindo, mas o silêncio de Sam era absoluto.

"Amor já chegou?"

Subiu ao seu quarto no andar superior e viu Sam deitada na cama ainda com a roupa do corpo. Tentou acender a luz, mas nada ocorreu. Ela estava com os olhos abertos e aparentemente consciente, mas não se mexia. Tentou balbuciar algo indefinido.

"Querida, fala pra mim o que houve? Você está me assustando!"

A figura de Toshio apareceu na escuridão, assustando Prescott.

"Quem é você?"

Longos fios negros saíam da parede atrás de Vincent.

 

O detetive Sendai viu uma mandíbula humana ao lado dos dois corpos.

Horas depois, Ricardo e Oliver chegaram ao hospital e viram Suelen deitada na cama do quarto. A enfermeira pediu para que apenas um entrasse e o namorado entrou.

"Amor, está bem? Disseram que te encontraram desmaiada ao lado do corpo da sua patroa".

Ela se levantou imediatamente e abraçou o namorado. Estava visivelmente abatida e tremia muito.

"Onde estou?"

"No hospital. Você desmaiou quando viu a sua patroa ter um ataque"

"Não foi isso o que aconteceu. Escute, eu vi algo naquela casa. Algo que com certeza não era humano. E não me olhe assim, não estou louca!"

"Não falei isso".

O detetive Sendai pediu para conversar com ela. Durante o tempo que estiveram juntos, falaram sobre o acontecido com a dona Beth além do fato do casal Prescott estarem ressecados no teto falso da casa.

A garota pediu para ter alta hospitalar, haja vista não queria ficar sozinha. Na ida para casa, no carro de Oliver, o rosto de uma mulher apareceu no reflexo da janela. Ricardo perguntou o motivo do susto dela.

"Nada..."

 

Naquela mesma noite, Michael London voltou para a agência à noite. Em seu escritório escutou batidas na porta, abriu, mas ninguém estava. Mais outras batidas, ele abriu e outra vez sem ninguém. Guardou as suas coisas e desceu a escada para o andar térreo. Viu uma pessoa ensanguentada caminhar com dificuldade pelo hall.

"Yoko... é você?"

Escorregou na trilha desangue deixada por ela. Michael pediu que ela virasse. A visão da mulher sem a mandíbula fez ele gritar. Tentando correr, escorregou na poça e deu de cara com o chão. Pegou os óculos e viu o rosto branco fantasmagórico de uma mulher perto de si.

 

Suelen tomava banho quando sentiu uma ferida na sua cabeça. E dela saíam dedos humanos. Gritou. Ricardo foi acudi-la, mas nada viu.

Completamente assombrada, pegou uma cadeira e foi pesquisar na internet o nome Toshio.

"Mãe e filho mortos pelo pai. Kayako Saeki, Toshio Saeki mortos pelo marido e pai Takeo Saeki".

Ela viu a foto de um americano ao lado. Peter Kirk, professor de inglês numa escola de Nerima, morreu por suicídio meses atrás. Kirk era colega de Kayako Saeki, professora de japonês do primário.

"Tudo bem?"

"Que susto!"

"Desculpa. A culpa é minha, porque se eu eu tivesse recusado a oferta do London, nada disso teria acontecido".

"Não se culpe. Ninguém poderia adivinhar".

 

No dia seguinte, o detetive Sendai fumava cigarro no terraço da delegacia quando Suelen pediu para falar com ele.

"Mais uma vez aquela casa faz vítimas. Conheço a história dela e da sua maldição. Faz uns dois anos quando ocorreu uma tragédia familiar envolvendo pai, mãe e um filho. Parece que o professor estrangeiro havia estado na casa e visto os cadáveres".

"Vocês chegaram a uma conclusão?"

"Não, pois os meus colegas que investigaram na época desapareceram... Sabe, pode parecer estranho, mas eu acredito que algo de ruim exista naquela casa. Temos uma superstição que diz que quando uma pessoa morre com muita violência e sofrimento, a sombra da morte toma conta do espírito da vítima e passa a matar qualquer um que entrar no lugar que ela morreu. Não quero assustá-la, senhorita Oliveira, apenas dizer que isso vai além da capacidade humana".

Ela agradeceu ao policial e foi embora. Perdeu o dia de aula da faculdade para investigar sobre a família Saeki. A primeira coisa que fez foi ir ao apartamento de Peter Kirk e ser recebido por sua esposa.

"Peter era um homem exemplar. Até hoje não sei como ele foi capaz de se matar. Pode ficar à vontade".

Num álbum de fotos da escola, Kirk  aparecia junto com a esposa ou com os amigos. E em todas as fotografias uma linda japonesa aparecia perto.


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