Corações Indomáveis escrita por jcoelho010


Capítulo 2
Cap 2


Notas iniciais do capítulo

Só uma coisinha antes de começar a leitura, como essa fic está toda em primeira pessoa (como se o personagem estivesse contando o que está acontecendo pra vocês) e se passa em um ambiente rural, achei que ficaria mais legal escrever usando uma linguagem mais coloquial. Então procurei fazer os pronomes de tratamento o mais próximo possível do que a gente fala no dia-a-dia. Por exemplo, "seu" Fulano. Ninguém chama o vizinho ou algum conhecido por "senhor" Fulano! A gente fala assim: "Viu a chuva que caiu ontem seu Carlos?!". Sei lá, acho que ficaria mais coerente usar a nossa linguagem popular.
Ainda falando em linguagem, outra coisa que eu preciso esclarecer é que, diferente dos peões da fazenda, empregadas e dos moradores da vila, os Uchihas e agregados não falam caipirês (cês discurpa eu porisso!). É que assim, como eles são graduados e tals, achei que não faria muito sentido se eles falassem com sotaque caipira. Não que eu esteja chamando quem tem esse sotaque de burro, não é nada disso! Só achei que seria uma boa maneira de diferenciar eles das demais pessoas da fazenda. Fora que escrever em caipirês dá muito, muuuuuiito trabalho. E como essa fic tem diálogo pra car@lho, resolvi não assumir essa mão de obra!
No mais acho que é só! Boa leitura!



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02 de Abril - Domingo

Sasuke Uchiha

 

O sol estava rachando naquela tarde de domingo. As cigarras quase se matavam cantando no tronco da cerejeira. Aquela era a primeira semana de abril, e apesar de o outono já ter começado há alguns dias, o calor do verão ainda teimava em esquentar as tardes e tornar os dias mais longos. Não gosto do verão! Pra mim, nada como o bom e velho inverno, mas isso não vem ao caso. Apesar do calor teimoso, eu tinha que concordar que aquele dia estava agradável. O céu estava limpo e azul, preenchido apenas por uma nuvem aqui outra ali, e uma brisa calma e tranquila cortava o ar de vez em quando. Aquele seria um dia perfeito para uma bela costela fogo de chão, uma boa cervejada com o pessoal ou até pra dar uma banda a cavalo por aí. Seria perfeito, se não fosse pelo fato de ser o aniversário de um mês da morte do meu pai.

Padre Sarutobi: Caros irmãos e irmãs… estamos aqui reunidos essa tarde em virtude do falecimento de Fugako Uchiha… que hoje completa um mês…

Itachi, meu irmão mais velho, pediu ao Padre Sarutobi que rezasse uma missa singela e, principalmente, rápida no jardim da nossa casa, ao invés de na paróquia da vila. Confesso que a ficha ainda não me caiu muito bem. Há exatos trinta e dois dias atrás, eu, meu pai e meu irmão estávamos fazendo as contas e as planilhas das finanças da fazenda até tarde da noite, até tomamos uma gelada pra ajudar a pensar, e no dia seguinte, ele simplesmente amanhece morto. Eu e Itachi estranhamos que naquele dia, já eram oito horas da manhã e nada do pai levantar dar as caras no rancho. Ainda mais se tratando do seu Fugako, famoso por levantar antes do sol. Quando chegamos no quarto, encontramos ele ainda de pijama na cama, deitado de lado como ele gostava. Chamamos ele várias vezes, até sacudimos o ombro dele, aí Itachi resolveu checar - só pra desencargo de consciência mesmo - e viu que ele estava sem pulso. Nosso pai morreu assim, do nada e dormindo?! Como pode isso?! Seria hilário se não fosse trágico! Depois que os médicos fizeram a autópsia, descobrimos que na verdade ele não morreu do nada. Ele tinha um aneurisma cerebral não tratado. Não tratado e não informado! Eu, meu irmão e todos da fazenda e da vila ficamos estarrecidos com essa notícia. Fugako Uchiha guardava uma bomba relógio dentro da cabeça e resolveu que seria prudente não contar pra ninguém, nem para os próprios filhos. Que peça você nos pregou hein pai! Você deve estar rindo muito da nossa cara aí no céu. Mas um dia a gente ainda se encontra pra tirar essa história a limpo!

Itachi: Sasuke… qual é a graça?! - sussurrou o meu irmão - Você está olhando pra cima e rindo que nem um abestado!

Eu estava rindo sozinho e nem percebi!

Sasuke: Ah… foi mal mano… eu estava só… pensando com meus botões aqui!

Itachi: Então para de pensar e presta atenção na missa! Se não o Padre Sarutobi vai te dar um xingão na frente de todo mundo!

E ía mesmo! Espantando meus pensamentos de lado, passo os olhos pelos presentes. Todos os cidadãos da vila, sem exceção, estavam reunidos no jardim da fazenda pra prestar seus sentimentos de novo. A fazenda Uchiha é a maior produtora de gado de corte da região Sul do país. Nossas terras ficam em uma cidadezinha do tamanho de um ovo, chamada Vila Konoha e nós empregamos uma boa parte dos cidadãos desse lugar e também de cidadezinhas próximas. Meu pai era um cara muito respeitado por essas bandas, honesto, trabalhador, sempre procurando agir da forma mais correta possível. Era por isso que todos estavam aqui presentes outra vez, pra prestar respeito pelo grande homem que ele foi

Padre Sarutobi: Antes de encerrarmos essa simplória homenagem… Itachi gostaria de falar algumas palavras...

Enquanto Itachi caminhava até onde o padre estava, eu botei as mãos nos bolsos e me afastei alguns passos para olhar para o horizonte. Toda aquela imensidão de montanhas verdes me transmitia uma paz surreal. Eu acho que eu não conseguiria viver em qualquer outro lugar que não fosse a fazenda

Itachi: Bem… eu acho que não preciso falar muito a respeito do meu pai… - disse num tom solene e calmo – Acho que todos aqui presentes conheceram muito bem o grande homem que ele foi… o caráter dele... acredito que todos vão lembrar dele com carinho... não só dos momentos bons... mas também dos momentos difíceis em que ele esteve ao nosso lado... sempre presente... pronto para o que der e vier…

Esse é meu irmão mais velho Itachi, sempre com o discurso pronto na ponta da língua! Se tem uma coisa que eu invejo nele é esse dom da palavra que ele tem. Itachi sempre sabe a coisa certa a dizer, sabe conversar com todo tipo de pessoa, de qualquer classe social, com qualquer personalidade, desde a mais humilde até a mais abastada. Já eu, bom, digamos que eu tenho outras habilidades! De fato eu e Itachi somos parecidos só mesmo no quesito físico. Nós dois somos altos, fortes, cabelo e olhos pretos. Agora, no jeito de ser somos completamente diferentes. Enquanto ele é um perfeito diplomata, eu sou meio que a mistura de um xerife de faroeste com jagunço boiadeiro.

Itachi: Por último eu gostaria de agradecer a presença de todos vocês... agradecer a solidariedade nesse momento de dor... mas seguiremos em frente... juntos... porque como diria o próprio seu Fugako... não há noite tão longa que não encontre o raiar do dia.

Uma salva de palmas explode do pessoal como se eles tivessem acabado de ouvir um show do Zezé de Camargo e Luciano. Com um meneio de cabeça discreto, meu irmão me chama pra falar alguma coisa também, mas eu nego, claro. Discurso definitivamente não é comigo!

Padre Sarutobi: Em nome do pai… do filho… do Espírito Santo…

Todos: Amém!

Padre Sarutobi: Descanse em paz Fugako…

De novo aquela leve brisa cortou o ar no jardim, trazendo aquela paz de espírito e sensação de que tudo ficaria bem. Agora é tocar em frente, segue o baile! De repente, o conforto e o silêncio do momento foi cortado bruscamente, pelo som desagradável de uma dessas músicas pop de viadinho vindo de longe. Mas que diabos era isso?!

Padre Sarutobi: Que som é esse?! - perguntou tão intrigado quanto os demais

Aquele barulho dos infernos parecia aumentar a cada segundo como um enxame de marimbondos se aproximando. Todo mundo olhava pra todos os lados, procurando o buraco de onde essa música estaria saindo. Eu olho pra um lado, olho pra outro e nada de encontrar de onde vem esse som

Padre Sarutobi: Jesus de Nazaré!!!

Eu, Itachi e o resto, olhamos todos na direção da porteira de entrada da fazenda. Num primeiro momento até achei que aquilo fosse uma alucinação causada pelo sol ou coisa parecida. Mas aí, esfreguei bem os olhos pra limpar os paranhos e vi que não era alucinação nenhuma. Era real! Um carro cor-de-rosa - repito cor-de-rosa! - estava vindo pela estrada de entrada em alta velocidade, fazendo as curvas fechadas a toda, levantando uma nuvem de poeira por onde passava. E detalhe, aquele barulho demoníaco de música pop vinha dele.

Itachi: Mas o que é isso?!

Se meu irmão Itachi, que tem o dom da palavra, já estava sem palavras, imagina eu! Meu queixo caiu no chão quando aquele carro ridículo parou bem na frente da nossa casa com uma freada brusca, digna de cinema. E como se aquela chegada triunfal já não fosse o bastante, quando a porta de trás do veículo se abriu, um homem se largou de joelhos no chão, e botou até as tripas pra fora. A perplexidade estava estampada no meu rosto. Que diabos era aquilo afinal?! Antes que alguém pudesse falar ou fazer qualquer coisa, o som para de vez e as portas da frente se abrem

???: Ai que nojo Higurashi!!!

Da porta do motorista, sai uma figura, que eu nunca vi igual na minha vida. Por mais que eu olhasse de outros ângulos, a única coisa que eu conseguia associar aquela mulher, era com o cruzamento de uma calopsita com uma árvore de natal. Aqueles cabelos curtos, cor de gema de ovo, apontando pra todos os lados me lembrava muito o topete de uma ave rara das Ilhas Maldivas que eu vi uma vez no Discory Channel. Não sei de onde ela vem, mas com certeza lá maquiagem não existe, o que foi passado naquela cara foi massa corrida e coberta com gesso hospitalar mesmo. Se a cabeça já era esse desastre, do pescoço pra baixo dispensa comentários. Parecia que aquela criatura se embrulhou em um papel celofane vermelho e pendurou brincos, colares, pulseiras, anéis, tudo que ela viu pela frente. Aquela mulher sem dúvida sofria de mal gosto patológico. Já a pessoa que sai da porta do carona é, um pouco menos exótica, vamos dizer. É até bonitinha aliás. Uma garota jovenzinha, usando essas roupinhas da moda e de marca que toda patricinha usa, tipo essas modelinhos cabeça oca dessas redes sociais que o pessoal da cidade perde horas olhando. Meio magra demais pro meu gosto, mas até que é ajeitadinha. Só aquele cabelo comprido pintado rosa me deixou meio intrigado. Não sei se gosto ou desgosto disso, mas enfim, não faz diferença. Aquelas duas, claramente mãe e filha, deixaram o homem ainda vomitando pra trás e caminham na direção da casa, olhando pra todos os lados como se estivessem avaliando o lugar. Sem perder mais tempo, eu e Itachi nos aproximamos, junto com os outros curiosos

???: Hum… nada mal! - a calopsita fala como se não tivesse ninguém ali. Como assim nada mal?! - Parece que o Fugako realmente venceu na vida!

???: Aff… se morar em um fim de mundo como esse é vencer na vida… quero ser uma fracassada obrigada! - respondeu a de cabelo rosa

Mas qual é o problema dessas duas?! Elas continuavam olhando e resmungando uma pra outra como se só elas estivessem no lugar

???: Higurashi… está tudo bem aí?! – perguntou a mais velha lançando um olhar de esguelha para o cara ainda no chão

O cara a quem ela chamou de Higurashi só teve condições de fazer um sinal positivo com a mão antes que uma nova remessa de vômito escapasse. Cansado de ser ignorado, Itachi resolve tomar a frente da coisa

Itachi: Er… boa tarde… - cumprimenta com aquele jeito polido e cordial dele - Podemos ajudar em alguma coisa?!

???: Ah… até que enfim alguém prestativo nesse lugar! - rebateu a ave rara das Maldivas - Estamos procurando os filhos do Fugako… os herdeiros disso aqui! Vá chamá-lo querido… por favor!

Eu e meu irmão trocamos um olhar desconfiado. Quem eram aquelas duas esquisitonas?!

Itachi: Er… os filhos do Fugako somos nós senhora! Eu sou Itachi Uchiha… e esse aqui é meu irmão mais novo Sasuke!

???: Vocês são os filhos do Fugako?!

A garota de cabelo rosa tirou os óculos escuros e deu um passo à frente, medindo primeiro meu irmão e depois a mim. Certo, eu definitivamente estou mais do que acostumado a ver as garotas me olhando de cima abaixo daquele jeito. Mas, eu não sei por que, alguma coisa naqueles olhos verdes não me cheirou muito bem. Aquele brilho de malícia parecia diferente. Alguma coisa me diz que aí vem problema

Itachi: Somos sim… por que?! - indagou assumindo uma postura levemente mais defensiva - As senhoras… quem são?!

???: Ah… que indelicadeza a nossa! - disse a loira - Eu me chamo Mebuki Haruno Charlotte Bragança… - ela se apresentou com um floreio - E essa é…

???: Pode deixar que eu mesma me apresento mãe! – interrompeu a garota se aproximando ainda mais e estendendo a mão - Meu nome é Sakura Haruno… e eu... também sou filha do Fugako!

Meu queixo foi no chão outra vez! Oi?!

Itachi: Er… desculpe… eu acho que eu não ouvi muito bem!

Sakura: Não tem problema… eu repito! Eu… Sakura Haruno… sou a filha mais nova do Fugako Uchiha! Entendeu agora?!

Não! Definitivamente aquilo não era possível! Não tinha como! Não tinha por onde! Aquela garota, terminantemente, não era filha do meu pai!

Sasuke: Que tipo de brincadeira é essa?! - perguntei assim na cara dura mesmo - Garota… você tem noção do que está falando?!

Itachi: Calma Sasuke!

Sasuke: Como calma Itachi?! - era só o que me faltava! - Você não ouviu o que essa garota acabou de falar?! Ela disse que é filha do nosso pai!!!

Itachi: Calma… isso deve ser algum mal entendido!

Mebuki: Não é mal entendido nenhum meu querido! - falou aquela criatura toda cheia de si - O meu tesouro aqui… também é filha do pai de vocês. Aliás… eu deveria ressaltar que ela é filha biológica… diferente de vocês dois… que são só adotados!

Escutei uma onda de exclamações de espanto e perplexidade dos cidadãos atrás de nós. Não era segredo pra ninguém que eu e Itachi tínhamos sido adotados quando crianças. O que deixou a todos surpresos, foi o fato de ela se declarar filha biológica. Se era mesmo verdade o que aquela garota estava falando, isso só podia significar uma coisa

Sakura: Nosso pai nunca contou pra vocês que ele teve uma filha fora do casamento?! - retorquiu com uma voz cínica, fazendo questão de ressaltar o termo fora do casamento - Achei que ele tivesse confiado a pulada de cerca dele pelo menos aos filhos!

Sasuke: Lave bem essa boca antes de falar do meu pai! - esbravejei sem me importar com a plateia

Itachi: Sasuke controle-se! - pediu, como se fosse assim fácil, e depois se virou pra elas - Senhora e Senhorita Haruno… isso que vocês estão falando é muito sério. Há alguma comprovação da veracidade desse fato?!

Mebuki: Ora… mas é claro meu querido! - ela se volta para o cara no chão - Higurashi… aqui Higurashi… chegou a sua vez de falar!

Ainda zonzo e pálido pelo enjoo, o tal do Higurashi coloca uma balinha de menta na boca - pra disfarçar aquele bafo de comida estragada - e se apressa para se juntar a nós. Enquanto ele caminhava aos tropeços, desviei meus olhos daquelas duas, pra tentar colocar meus pensamentos em ordem. Meu Deus, aquilo não podia estar acontecendo. Como que o meu pai, um homem íntegro, de caráter, foi ter uma filha fora do casamento?! Aquilo ia totalmente contra tudo que ele ensinou a mim e ao Itachi!

Higurashi: Er… boa tarde senhores… me desculpem… pelo inconveniente! – fala um tanto constrangido – Er... meu nome é Yuri Higurashi… fui contratado em sigilo pelo seu Fugako para cuidar do processo de reconhecimento de paternidade da Sakura... assim como do processo de inclusão dela na divisão da herança.

Itachi: Reconhecimento de paternidade?!

Sasuke: Inclusão na herança?!

Que conversa era aquela?!

Higurashi: Isso! O seu Fugako deixou em meu poder antes de seu falecimento… um documento de reconhecimento de paternidade… e também um vídeo onde ele reconhece por livre e espontânea vontade que Sakura Haruno é filha legítima dele. Além disso… ele também deixou cláusulas e condições a serem seguidas na divisão da herança… onde incluem a filha biológica.

Mebuki: Em resumo... ele quer dizer que a minha Sakura… tem direito a um terço de tudo isso aqui! E vocês não podem fazer nada a respeito!

Claro! Era um golpe!

Sasuke: Vocês não estão falando sério! - não podiam estar

Sakura: Mas é claro que estamos Sasukezinho… somos irmãos! - afirmou com um sorriso de orelha a orelha transbordando cinismo - Nós três… somos os herdeiros Uchiha!

Eu e Itachi trocamos novamente um olhar desconfiado. Desde pequenos, eu e meu irmão temos uma espécie de conexão mental. Uma coisa que temos que conseguimos decifrar os pensamentos um do outro só com o olhar. Deve ser coisa de irmão de sangue mesmo! E eu sabia exatamente com o que ele estava preocupado nesse exato instante. Enquanto eu estava possuído de raiva daquelas duas golpistas, Itachi estava chateado pelo fato de nosso pai ter escondido essa garota da gente. Primeiro escondeu a doença que o matou, agora essa menina. Quantos segredos seus ainda vamos descobrir pai?!

Itachi: Isso... não faz nenhum sentido! - ele falou meio desnorteado - Por que o nosso pai esconderia uma coisa dessas da gente?!

Sasuke: Pra mim… está muito claro o que é isso! – falei na lata – É um golpe! Um golpe sujo que essas duas trambiqueiras armaram pra ganhar dinheiro fácil!

Enquanto a calopsita Mebuki fez cara de espanto, como se estivesse se sentindo ofendida com a minha acusação, a tal da Sakura apenas me encarou com os olhos estreitos de raiva. Mas era só o que me faltava mesmo. Aquela garota vem até a nossa casa, no dia da missa de um mês da morte do meu pai, exalta aos quatro ventos que é filha dele - com isso praticamente o chama de adultério - e ainda se acha no direito de ficar brava?! Coitada da Filombeta! Eu, que de santo não tenho nada, sustento o olhar dela na mesma intensidade. Vamos ver quem afrouxa primeiro!

Sakura: Você acha que isso é um golpe irmãozinho?! Acha que eu não sou filha do pai de vocês?!

Sasuke: Não me chama de irmãozinho sua golpista! Eu tenho certeza que você não é filha do meu pai!

Sakura: Ok! - concorda ainda com aquela pose prepotente - Higurashi… você tem uma outra carta na manga para o caso de eles não acreditarem certo?!

Higurashi: Er… aqui está! - fala estendendo um envelope branco na nossa direção

Antes mesmo que o Itachi pudesse sequer tocar naquele envelope, eu arranquei da mão do cara e abri. Um monte de palavras e números estava escrito numa folha de papel timbrada. Não entendi bulhufas daquilo

Sasuke: O que é isso?! - questionei sem paciência

Higurashi: É um exame de DNA! Antes de falecer o seu Fugako também deixou armazenado no Laboratório Central… amostras de sangue e tecido para que o exame fosse feito… caso fosse necessário uma comprovação mais sólida da paternidade da Sakura!

Sakura: Imaginamos que vocês não iriam acreditar na nossa palavra… por isso já nos precavemos e providenciamos o exame… que como vocês podem ver… deu positivo!

Itachi: Deixe eu ver Sasuke! - pediu

Higurashi: Também há mais duas amostras armazenadas em mais dois laboratórios… sendo um deles nos Estados Unidos. Caso vocês queiram outro exame… posso providenciar...

Itachi: Não precisa providenciar nada… tenho plena confiança nesse laboratório… os resultados nunca falham!

O que?! Itachi já ia ceder assim fácil?!

Sasuke: Itachi… esse exame só pode ser falso!

Mebuki: Ah… mas que garoto teimoso! - resmungou aquela esquizofrênica - Aceite de uma vez que Sakura é filha biológica do Fugako rapaz! O exame é a prova disso!!!

Sasuke: Pois olhe o que eu faço com esse maldito exame!

Assim, sem mais nem menos, arranquei o maldito exame das mãos do Itachi, rasguei em mil pedaços e joguei pra cima, fazendo uma chuva de papéis picados. Eu sei que rasgar aquele exame não ia fazer diferença nenhuma, mas eu estava puto! Eu precisava extravasar! Eu precisava rasgar alguma coisa, quebrar alguma coisa! E se demorasse mais um pouco, eu ia quebrar era as pernas finas daquela garota!

Sasuke: E aí irmãzinha… gostou dessa?!

Por um minuto ela fica em silêncio, apenas me olhando com aquela cara de bunda. Mas logo depois o rosto dela começa a se contorcer devagar, e mais um pouco, até que a retardada cai na gargalhada. Ela estava me achando com cara de palhaço no mínimo. Quanto mais aquela golpista ria, mais a minha fúria aumentava. Jesus, me dê paciência, porque se me der força eu mato!

Sasuke: Posso saber o que é tão engraçado?! - rosnei possesso

Sakura: KKKKK… ai ai… como você é infantil Sasuke… - ela desdenhou - Quantos anos você tem?! Vinte e cinco?! Vinte e seis?!

Sasuke: Vinte e sete! Não que seja da sua conta claro!

Sakura: Vinte e sete anos! Você já é um homenzinho crescido! Não tem mais idade de fazer ceninha com direito a papel picado né!

Sasuke: Vou te mostrar quem faz ceninha! - dane-se a Maria da Penha, vou acabar com essa garota!

Quase como se já estivesse prevendo o que eu ía fazer, Itachi me segura bem no momento em que eu estava a milímetros de distância daquele cabelo rosa. Ah mas eu ia deixar essa garota careca! E ainda por cima ela continuava rindo da minha cara!

Itachi: Sasuke… o que é isso?! Se controle!

Sasuke: Que mané se controle o que Itachi?! Olha a cara de vigarista dessa garota!

Itachi: Sasuke… pelo amor de Deus… ela é uma garota!!! - rebateu enfatizando bem a palavra garota - Você vai bater em uma mulher?! Foi isso que o nosso pai te ensinou?!

Não! Não foi! Se tem uma coisa que nosso pai sempre nos ensinou foi a enaltecer as mulheres. Respeitar a elas mais do que a nós mesmos. E nunca, em hipótese alguma, levantar um dedo sequer contra uma mulher.

Sasuke: Mas essa menina está me tirando do sério Itachi! - resmunguei enquanto ela ainda rachava de tanto rir

Sakura: KKKKKKKKK… ai ai… eu não sabia que essa visita ia ser tão divertida! - ela zombou e depois assumiu uma expressão mais séria - Seu pai foi infiel com a sua mãe Uchiha… e nada do que você faça vai mudar isso!

Itachi: Meça bem as suas palavras moça! - ralhou lançando um olhar desaprovador que fez a rosada estalar os olhos e calar a boca na hora. Até que enfim você está tomando as rédeas da coisa irmão! - Estamos na frente de todos os cidadão de Konoha... meu pai era muito respeitado por essa região… todos aqui tem muita admiração pelo grande homem que ele foi! Você não tem o direito de chegar aqui exaltando que ele foi infiel!

Foi recompensador ver aquela garota baixando a bola diante da resposta do Itachi. Mais recompensador ainda, foi quando ela desviou o olhar para as pessoas da vila que ainda estavam no jardim da casa. Assim como nós, os cidadãos de Konoha também estavam indignados com o atrevimento daquelas duas forasteiras. O desgosto e a hostilidade estavam estampados no rosto de cada morador da cidade e, por um segundo, tive a impressão de ter notado um certo desconforto no olhar verde dela.

Higurashi: Er… senhores… - se intrometeu com um leve receio - Será que não poderíamos conversar em um local mais reservado?! Tenho os outros documentos para apresentar… e o vídeo…

Itachi: Sim sim claro… - concordou embaraçado - Me desculpem… com essa confusão eu até esqueci os bons modos! Vamos pra biblioteca… todos nós! Discutiremos mais à vontade lá.

Sasuke: Nem pensar… - protestei na hora - Essas duas golpistas não vão entrar na nossa casa!

Itachi: Sasuke… por favor… pare de agir como uma criança! O único jeito de a gente resolver isso é sentando e conversando!

Eu queria esbravejar! Eu queria gritar! Eu queria atear fogo naquelas duas! Mas Itachi estava certo, o único jeito de acertar tudo era na base da conversa. Mesmo sentindo minhas tripas revirando de ódio, eu respirei fundo e cruzei os braços em sinal de concordância. Seja o que Deus quiser!

Higurashi: Er… uma conversa amistosa na biblioteca parece ótimo!

Conversa amistosa é uma ova seu advogado do diabo! Com um sorrisinho amarelo, Itachi se vira na direção do pessoal de Konoha. Ninguém tinha dado um piu sequer com toda a confusão que se desenrolou bem na frente deles. Tenho certeza que daqui a pouco vão estar todos comentando e dando pitacos sobre a filha secreta de Fugako Uchiha! Mas eu não os culpo. O showzinho gratuito que essa garota oportunista e a mãe dela fizeram aqui hoje realmente é digno de fofocas.

Itachi: Senhores… eu agradeço mais uma vez a presença de todos aqui essa tarde e peço desculpas por essa confusão. Bem… er… eu acho que não adianta pedir que não espalhem essa história… todos da cidade acabaram de ver tudo com seus próprios olhos não é?! Eu só peço que não tirem conclusões precipitadas... nem façam qualquer julgamento sem termos toda essa história tirada a limpo primeiro. Pode ser?!

Todos concordaram em um murmúrio coletivo e pouco a pouco começaram a ir embora. Alguns amigos mais chegados e os peões da fazenda ainda paravam e davam os últimos votos de pêsames a mim e ao Itachi antes de ir. Vi pelo canto do olho quando a garota rosada tentava desviar a atenção dos olhares desaprovadores que alguns dos moradores lançavam para ela. Ela realmente estava incomodada! Já a mãe dela, continuava alheia aos olhares, admirando a casa e a fazenda como um artista admira a própria obra de arte. Qual era a dessa mulher afinal?!

Itachi: Então senhoras… seu Higurashi… - chamou depois que a última pessoa se foi - Vamos entrando?! Me acompanhem por favor!

Itachi seguiu na frente, guiando o grupo. Logo atrás dele foi o advogado Higurashi, seguido pelas duas trambiqueiras que andavam de braços dados como duas adolescentes. Eu me certifiquei de ir bem atrás delas, pra ficar de olho, caso elas tentassem furtar qualquer objeto de valor que elas pudessem encontrar pelo caminho até a biblioteca. Não pude evitar de achar graça da reação daquelas duas, era óbvio que elas estavam impressionadas com a nossa casa. Mas também já era de se esperar, modéstia a parte, nosso lar é quase um paraíso em terra. Nossa casa é uma construção grande e moderna, mas com um toque de rusticidade que casava muito bem com a fazenda. Muito bem arquitetada, com vários cômodos, parte feita de madeira, parte feita de alvenaria, uma parede ou outra revestida de pedras e muitas, muitas vidraças. Meu pai era apaixonado por vidraças, e claro que nossa casa tinha várias paredes feitas de vidro que mostravam locais estratégicos do interior, ao mesmo tempo que proporcionavam vista de toda a fazenda. E ele adorava exatamente isso, ficar dentro da casa, mas com a sensação de estar do lado de fora! No momento em que entramos pela porta da frente, foi mais engraçado ainda. Aquelas duas quase caíram pra trás quando se viram em uma grande e muito bem mobiliada sala de estar. O que será que elas estavam esperando?! Um monte de feno e uma vaca leiteira deitada no sofá?! Não é porque moramos em uma fazenda que não podemos ter bom gosto. Modéstia a parte, nossa casa é tão bonita e requintada quanto essas mansões de revista de arquitetura.

Itachi: Senhoras?! - chamou ao perceber que elas continuavam paradas no meio da sala - Por aqui por favor!

Levemente desconcertadas, elas se apressaram para seguir Itachi e o advogado, e eu, fui no encalço. Enquanto caminhávamos pelos corredores bem decorados, eu ouvi quando a calopsita mãe sussurrou pra filha

Mebuki: Sakura... parece que eles estão nadando em dinheiro não é?!

Sakura: Pois é... - concordou ainda meio embasbacada - Ainda bem né! Essa herança vai ser uma jogada bem melhor e mais vantajosa do que os casamentos que você queria me empurrar!

Mebuki: Acho que com a sua parte da herança… vamos poder sair do vermelho e ainda sobra!

Eu sabia! Elas só estão atrás de grana. Ah mas essas duas trambiqueiras bateram na porta da casa errada. O que eu puder fazer pra dificultar a vida delas, eu vou fazer! Nós cinco seguimos até o final do corredor e entramos na biblioteca. Na minha opinião, a nossa biblioteca é muito mais bonita e impressionante visualmente do que a sala de estar, apesar de não ser o cômodo que eu mais visito. Muito mais bem decorada com quadros e obras de artistas aleatórios, bem mobiliada com estantes altas repletas de livros - que eu nunca li por sinal - mas cuidadosamente organizados por gênero e nome do autor. Meu pai era um leitor compulsivo. Lia de tudo, desde aquelas enciclopédias enormes com nomes de animais e plantas em latim, até romances policiais em que só se descobre quem é o assassino no último parágrafo do livro. Aliás, esses eram os prediletos dele. E justamente essa paixão dele por livros fez com que ele cuidasse pessoalmente da decoração da biblioteca. Cada cantinho daquele lugar, cada itenzinho que estava ali, foi meticulosamente escolhido e organizado por ele. A biblioteca definitivamente não era meu cômodo favorito da casa, mas eu tinha que concordar que era o mais bonito.

Higurashi: Nossa… que bela coleção! - exclamou ao botar os olhos nas prateleiras recheadas de lombadas

Itachi: Obrigado! Nosso pai gostava muito de ler!

Higurashi: Impressionante… realmente impressionante!

Pelo jeito, as vigaristas mãe e filha também não eram muito chegadas a livros, pois a biblioteca foi a única parte da casa que não as impressionou. Talvez, se elas soubessem o valor de alguns daqueles exemplares, iriam se impressionar. Itachi nos guiou até o final da sala, onde havia uma mesa de mogno grande com um conjunto de cadeiras estofadas, própria pra reuniões, e mais afastado estava o que nós chamávamos de “o cantinho do Itachi”, que consistia em uma escrivaninha espaçosa com um notebook, impressora e outros aparelhos que ele usava pra cuidar da administração da fazenda. Atrás da escrivaninha tinha outra estante com os livros de agronomia e pecuária dele. E a melhor parte, na minha opinião, a parede do fundo era toda feita de vidro, do teto ao chão, e dava uma vista quase surreal de toda a fazenda. Itachi indicou as cadeiras com um gesto de mão e sugeriu que Higurashi se sentasse na ponta, assim todos teriam uma visão melhor dele. Aquela tal de Sakura fez questão de se sentar bem na minha frente, como se fosse pra me provocar. Aquela pirralha abusada estava consumindo todo o meu pavio, que já era curto!

Higurashi: Então senhores… - começou enquanto retirava uma pasta preta de sua maleta - Eu acho que antes de mais nada… eu deveria apresentar o vídeo… gravado pelo próprio Fugako a vocês. O que acham?!

Sasuke: Eu acho que você pode enfiar esse vídeo no…

Itachi: Sasuke!!! - rebateu me olhando feio e depois se voltou para o cara - Proceda como achar melhor Higurashi! Podemos usar o meu notebook.

Higurashi: Perfeito!

Itachi prontamente buscou o notebook e o colocou na ponta oposta da mesa, para que todos pudéssemos assistir ao vídeo. Em seguida ele pegou o DVD que o advogado entregou e o colocou pra rodar. Num primeiro momento a tela estava toda preta, mas logo em seguida, a imagem do nosso pai sentado na escrivaninha do Itachi apareceu. Aquela foi a coisa mais estranha que eu já presenciei na vida. Eu ainda não estava cem por cento habituado ao fato de que meu pai estava morto e que eu nunca mais o veria e de repente ele estava ali, na tela do notebook, como se estivéssemos em uma videoconferência. Instintivamente eu lancei um olhar na direção da escrivaninha, como se precisasse ter certeza de que ele realmente não estava ali. Depois de alguns segundos em silêncio, o Fugako do vídeo começou a falar:

“Itachi... Sasuke... quando vocês estiverem assistindo a essa gravação certamente eu já estarei morto... por tanto... em primeiro lugar... quero aproveitar a oportunidade para me desculpar por ter omitido de vocês a informação da minha doença. Vocês dois... como meus filhos e herdeiros... tinham o direito de saber que a minha vida estava chegando ao fim... e apesar de ter cogitado a ideia de compartilhar com vocês sobre a minha condição por diversas vezes... até o presente momento eu continuo achando que essa foi a melhor maneira de lidar com a situação... tanto pra mim... quanto pra vocês. Em segundo lugar... quero deixar bem claro que não estou gravando esse vídeo sob nenhum tipo de ameaça ou chantagem... se bem conheço você Sasuke... essa ideia já deve estar tão fixa na sua cabeça quanto as raízes da cerejeira estão na terra do nosso jardim. Não... essa declaração que farei agora... não só é de livre e espontânea vontade... como também um alívio poder dividir com vocês um segredo que carrego há anos. Essa linda moça que se apresentou a vocês como Sakura Haruno... é minha filha biológica... e irmã mais nova de vocês!”

Não! Não podia ser verdade!

“Isso mesmo... eu tive uma filha fora do casamento e apesar de tê-la mantido em segredo durante todo esse tempo... seria uma grande alegria pra mim poder ter revelado isso enquanto ainda estivesse vivo. Mas antes que vocês... Itachi e Sasuke... tirem conclusões precipitadas... quero contar como tudo aconteceu realmente! Foi a exatamente vinte e cinco anos atrás... no pior momento da minha... quando descobri que a minha esposa Mikoto… a mãe de vocês... havia desenvolvido um câncer maligno incurável e tinha pouca expectativa de vida. Vocês não imaginam o quanto foi triste pra mim... saber que em pouco tempo eu perderia a mulher da minha vida... e mesmo com toda a fortuna que tínhamos... não havia nada que pudesse ser feito. Lutamos durante meses... entre cirurgias e sessões exaustivas de quimioterapia... mas no final todos só estávamos tentando adiar o inevitável… Mikoto iria morrer mais cedo ou mais tarde. Uma noite... depois de uma cirurgia que quase custou a vida da Mikoto... encontrei uma jovem mulher chorando na porta do hospital... e me aproximei dela.”

Mebuki: Essa jovem mulher de quem ele fala sou eu! – falou a loira toda presunçosa

“Nós começamos a conversar e ela me disse que o noivo dela tinha acabado de dar entrada na UTI... ele tinha sofrido um AVC se não me engano e como ele já tinha uma certa idade talvez não resistiria aquela noite. Também contei a minha história a ela... compartilhamos nossas dores… desabafamos tudo que estávamos sofrendo. Conversa vai... conversa vem... acabamos indo jantar no restaurante do hotel onde eu me hospedava quando ia pra capital com a Mikoto... e depois de algumas taças de vinho... acabamos subindo para o quarto e passamos a noite juntos.”

Sasuke: O noivo morrendo na UTI e ela passa a noite no bem bom com outro...

Itachi: Shiiiu!

“Não estou falando isso porque tenho orgulho do que fiz... pelo contrário... tenho vergonha de ter sido um fraco... de ter me deixado levar pelo momento e ter traído a Mikoto quando ela estava entre a vida e a morte. Acredito que Mebuki também tenha ficado desconfortável com a situação pois pediu pra que esquecêssemos o que tinha acontecido... e seguíssemos em frente. Confesso que pra mim não foi nem um pouco difícil esquecer aquela noite…  a cada dia que passava a saúde da Mikoto se tornava cada vez mais frágil… e naquele momento a minha atenção estava totalmente direcionada pra ela. Bom… como vocês já sabem... alguns meses depois... ela veio a falecer... na mesma noite eu conheci vocês… meus filhos… e durante o processo de adoção eu comecei a pensar naquela mulher daquela noite... queria saber se ela estava bem... se o noivo realmente havia falecido... foi então que  decidi procurar por ela. Na verdade não foi muito difícil… com ajuda de alguns contatos eu descobri onde ela morava… e decidi fazer uma visita. Foi aí que descobri que ela estava grávida… Mebuki estava grávida e quando vi o estado em que o noivo dela havia ficado depois do AVC... quase em estado vegetativo... só pude deduzir que o filho era meu. Depois de alguma insistência... ela confessou que realmente eu era o pai do bebê que ela esperava... uma menininha... minha filha. Ela também contou que havia convencido a família do noivo de que o bebê era dele e eles aceitaram realizar o casamento mesmo com o homem daquele jeito.”

Sasuke: Que golpe bem dado hein!!!

Itachi: Sasuke!

“No fim das contas Mebuki me convenceu de que ela e a neném ficariam muito melhor sem mim e que era pra eu desaparecer da vida delas. Sem querer ser um estorvo pra ela eu aceitei... deixei que outro homem registrasse e criasse a minha filha… mas com a condição de que ao menos uma vez ou outra eu pudesse visitar a menina... mesmo que às escondidas. Conforme Sakura foi crescendo as visitas foram ficando cada vez menos frequentes... até que a Mebuki me pediu para parar de vez com as visitas... dizendo que o meu contato com a Sakura estava atrapalhando a vida delas. Entendam que eu nunca quis esconder a Sakura de ninguém... sempre foi o meu desejo apresentar a minha filha biológica a todos... principalmente a vocês...  Itachi e Sasuke… que são irmãos dela... mas aceitei me manter em silêncio acreditando que estava realmente fazendo o que era melhor!”

Meu pai fica em silêncio novamente e, mesmo que através de um vídeo gravado há algumas semanas, era possível sentir o peso do remorso dele.

“Bom... voltando ao presente... quando descobri o aneurisma no meu cérebro... decidi que era hora de reverter essa situação. Contatei o Higurashi às escondidas... contei a ele toda a história e me informei sobre o que eu poderia ou não fazer... o que estava ou não dentro da lei. Como não me restava muito tempo de vida... achei melhor expor tudo depois da minha morte... assim pelo menos vocês poderiam lidar com uma coisa de cada vez. Pedi para que Higurashi procurasse Sakura e Mebuki exatamente cinco dias depois da minha morte e explicasse toda a situação. Bom... e o resto vocês já sabem! Antes de finalizar... eu gostaria de pedir a vocês... Itachi e Sasuke... que não criem barreiras entre vocês e sua irmã... abram seus corações... se permitam conhecer a garota maravilhosa que eu não pude conhecer... e você Sakura... eu ficaria muito feliz se você aceitasse ser reconhecida como minha filha. Sei que as circunstâncias não são das melhores... mas não deixem que rancores por algo que aconteceu no passado estrague um futuro maravilhoso que vocês podem ter como uma família. Eu parti desse mundo levando esse segredo comigo... mas se vocês estão descobrindo isso agora... saibam que meu espírito está em paz... e eu estarei sempre por perto... olhando por vocês... meus três filhos preciosos!”


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Notas finais do capítulo

Tá aí, primeiro encontro da Sakura com os irmãozinhos, já deu pra notar que Sasuke não curtiu muito a novidade né! Só posso assegurar que vai ter barraco a torto e direito daqui pra frente!
Esse foi o segundo capítulo... logo mais posto o próximo!



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