OMG! Meu Pai é um deus - 2a. Temporada escrita por Sunny Spring


Capítulo 45
Capítulo XLIV - Home sweet home


Notas iniciais do capítulo

Bom diaa! Muito obrigada Peh M Barton por comentar ♥

Desculpa pelo atraso. Para compensar vou postar um capítulo bônus antes do epílogo. Espero que gostem. Bjs *.*



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Os sapatos de Harry Osborn faziam um barulho irritante conforme ele batia os pés no chão, quase transtornado. O jovem estava sentado numa sala, na base da S.H.I.EL.D, esperando que algum agente aparecesse. Sua cabeça parecia estar prestes à explodir. O que ele iria fazer agora poderia ser considerado traição contra o seu próprio pai. No entanto, o velho Norman estava morto de qualquer forma, e a culpa de guardar esse segredo começava a corroer Harry de forma que ele não conseguia controlar. Ele não dormia. Mal comia. E sua vida havia virado de cabeça para baixo desde a morte de seu pai. O jovem Osborn teve que assumir todas as empresas do pai, inclusive a Oscorp, que estava em poder da S.H.I.E.L.D, perdendo toda a sua liberdade e paz. Mas, Harry estava decidido a não herdar também os crimes de Normam. Ele tinha que fazer algo, ou ele acabaria doente. 

Harry olhou para os lados, sem ter o que fazer, e começou a bater os dedos na perna, tentando se distrair. Quando Maria Hill adentrou na sala, acompanhada de um agente, Harry levantou-se imediatamente. A agente franziu o cenho, apenas o observando. 

— O que deseja aqui, sr. Osborn? – Perguntou desconfiada. Harry respirou fundo, tomando coragem. 

— Eu decidi contar todos os crimes do meu pai. – Respondeu por fim. – Decidi colaborar com a S.H.I.E.L.D. – Suspirou. Maria franziu a testa, surpresa. E então, Harry contou tudo que sabia.

 

***

 

Uma multidão de pessoas estava reunida nas ruas de Asgard. O silêncio de tensão era predominante. Os Asgardianos aguardavam notícias sobre a guerra e seus familiares. Ninguém sabia ainda o que havia acontecido e se se Surtur havia vencido. Crianças estavam quietas no colo de seus pais. Eles apenas observavam na direção do portal da entrada do reino, esperando pelos guerreiros. Não havia nenhum sinal. Ninguém nem mesmo se moveu. 

Uma sombra, distante no horizonte, surgiu, solitária, fazendo os Asgardianos se preocuparem. Não demorou muito, entretanto, a eles perceberem de quem era aquela sombra. Seu rei estava de volta. A multidão de pessoas urrou de felicidade quando viu centenas de guerreiros e guerreiras atrás de Thor, caminhando em direção à cidade. Ao lado de Thor, estavam Evie, Loki e Nerfi. Isso era sinal de que haviam vencido a guerra. 

Apesar de estarem cansados pela longa batalha, os guerreiros passaram pelo cortejo de comemorações, sendo cumprimentados pelas pessoas. O reino estava em festa pela vitória, ao mesmo tempo que em certo luto pelos guerreiros mortos durante a batalha. Mesmo que não estivessem ali, todos o homenageavam por terem lutado bravamente e seus familiares sabiam que eles haviam morrido com bravura e honra, defendendo seu reino. Conforme Thor e sua família passava, os Asgardianos abriam caminho e faziam uma reverência respeitosa. Peter olhava para todos os lados, impressionado e boquiaberto com a beleza de Asgard. Ele trocou um sorriso com Evie, sem saber o que dizer. Estava feliz por estar ali. Vivo. 

O cortejo real seguiu para o palácio, onde todos se espalharam. Thor, Valkyrie, Loki e alguns outros guerreiros seguiram para a sala do conselho para discutir sobre o reino. Nerfi foi levado para um novo quarto, onde seguiu direto para o banho. Peter foi levado por alguns guardas para um aposento, onde pudesse tomar um banho e descansar um pouco, enquanto Evie seguiu para o seu quarto. Ela não precisou da companhia de guardas e quando chegou à porta de seu quarto, teve uma surpresa. Agathe e Ingrid a esperavam, agoniadas. As duas damas andavam de um lado para o outro sem parar e nem perceberam a presença de Evie. 

— Olá. – Evie chamou a atenção das duas. As damas sorriram quando a viram e correram para lhe dar um abraço. 

— Ah, senhorita. – Agathe choramingou. – Tivemos tanto medo que tivesse morrido. – Confessou. As duas soltaram Evie, que sorriu. 

—  A senhorita se feriu? – Perguntou Ingrid afoita. 

— Está machucada? – Agathe acrescentou, entrando em pânico. – Pelo pai de todos! É grave! Temos que chamar o curandeiro real ou um feiticeiro. – Evie soltou uma risada, balançando a cabeça. 

— Se acalmem. – Pediu calmamente. – Eu estou bem. Não estou ferida. – Agathe e Ingrid soltaram suspiros aliviados. – Mas obrigada pela preocupação. – Sorriu. - E como vocês estão? 

— Aflitas, mas não fomos para a guerra. – Ingrid respondeu quase impaciente, fazendo Evie rir. – Estamos bem. – Suspirou. 

— Mas a senhorita precisa de roupas limpas! – Agathe disse decidida. 

Evie não teve tempo de protestar e as damas as levaram para o interior do quarto, tagarelas. Ingrid foi direto ao closet, enquanto Agathe preparava uma banheira com água quente e óleos perfumados. As horas seguintes passaram como um foguete. Evie tomou um banho relaxante e suas damas de companhia fizeram questão de vesti-la com um vestido elegante. O vestido longo preto, de mangas compridas, tinha pequenas e delicadas flores vermelhas bordadas, além da cintura bem marcada. Evie se jogou na cama, contando todas as novidades paras as duas. Evie sabia que deveria tentar dormir um pouco, mas estava agitada demais para fazer isso. Ela preferia contar tudo o que tinha acontecido para as amigas, enquanto comia alguns biscoitos que Agathe trouxera. 

— Então, o humano está vivo? – Ingrid perguntou, impressionada, após engolir alguns biscoitos. Evie assentiu, sorrindo. Agathe e Ingrid se entreolharam, animadas, e Agathe serviu um pouco de chá para Evie. As três estavam sentadas na cama gigante de Evie, conversando há horas. 

— Isso é ótimo! – Agathe engoliu alguns biscoitos amanteigados. – Agora que o soberano voltou, ele vai voltar ao trono? – Perguntou curiosa. 

— Acho que sim. – Evie bebericou seu chá. – É provável que haja uma cerimônia oficial para que a coroa seja passada a ele novamente. – Ingrid assentiu. Duas batidas na porta a fizeram virar suas cabeças. – Quem será? – Franziu o cenho. 

Agathe levantou-se, ajeitando a saia de seu vestido e a caminhou até a porta. Quando a abriu, seus olhos se arregalaram. Nerfi arqueou uma sobrancelha para a dama e entrou no quarto da irmã sem ser anunciado. Ele vestia uma calça preta de linho, bem alinhada ao corpo, e um casaco da mesma cor. A camisa branca, de tecido fino, estava bem fechada. Seu perfume era forte e preenchia todo o ambiente. Ingrid levantou-se imediatamente. 

— O que você quer? – Evie perguntou despreocupadamente, enquanto comia mais biscoitos. Nerfi cruzou os braços, enquanto Agathe e Ingrid o encaravam quase sem piscar. Evie percebeu que não tinha o apresentado às damas e rapidamente corrigiu seu erro. – Agathe, Ingrid, esse é o meu irmão, o Nerfi. – As damas arregalaram os olhos e fizeram uma reverência. 

— Alteza. – Agathe cumprimentou. Nerfi esboçou um sorriso, arqueando uma sobrancelha. 

— Senhoritas. – Cumprimentou, cortês. Ele esboçou um sorriso sedutor, segurando a mão de Agathe e logo em seguida, depositando um beijo em seu dorso de forma galanteadora. Agathe deu um sorriso, quase trêmula, encarando-o no fundo dos olhos. Estavam mais verdes do que nunca, hipnotizantes. Nerfi repetiu o mesmo gesto com Ingrid, que teve uma reação semelhante. Evie assistiu a cena com uma careta no rosto. Ela semicerrou os olhos, tentando descobrir como seu irmão conseguia ser tão sínico. 

— Tomem cuidado. – Alertou Evie às damas, enquanto comia mais biscoitos. – É uma serpente peçonhenta. – Nerfi conteve um sorrisinho. 

— Ah, mas não tanto quanto a minha querida irmãzinha. – Respondeu casualmente, com um sorriso debochado nos lábios. Evie revirou os olhos, enquanto suas damas apenas os observavam, pasmas. 

— O que veio fazer aqui, afinal? - Perguntou despreocupada. 

— Nosso tio deseja a sua presença na sala do conselho, para uma reunião. - Nerfi deu de ombros, fazendo a irmã franzir o cenho. 

— O que tem de tão importante para ser tratado numa reunião agora? - Perguntou a si mesma. - Mal voltamos de uma guerra. 

— Eles querem decidir se a minha cabeça vai continuar grudada no meu pescoço. - Disse Nerfi, monótono. Ela levantou-se bruscamente, encarando o irmão com preocupação. Agathe e Ingrid encolheram os ombros, sem saberem o que fazer. - O que foi? - Deu de ombros. - Eu já sabia que isso iria acontecer. Sou um traidor. - Evie passou por ele, sem dizer nem uma palavra sequer, e deixou seu quarto. Nerfi a seguiu em passos apressados pelos corredores do palácio. 

Os dois chegaram à sala do conselho em silêncio. O lugar estava repleto de conselheiros, alguns guerreiros, além de Valkyrie, Thor e Loki. Evie abriu as portas grandes e pesadas sem bater. Ninguém se surpreendeu. Já estavam esperando por ela e por seu irmão para anunciar à sentença de Nerfi. Os dois entraram no lugar e Nerfi fechou a porta. Estava tranquilo por fora, mas temeroso por dentro. 

— Agora já estamos todos aqui. - Disse um dos conselheiros. O homem usava vestes douradas e elegantes, e seus cabelos grisalhos indicavam que já tinha uma idade avançada. - Devemos decidir a sentença de Nerfi Lokison. - O garoto deu um longo suspiro. 

— Como assim sentença? - Evie perguntou cautelosamente. 

— Traição é um crime muito grave, Evie. - Thor respondeu com cuidado, observando a reação da sobrinha. - Normalmente, é punida com a morte, ou prisão eterna. - Loki cruzou os braços, estreitando os lábios. 

— É a lei. - O conselheiro completou. Evie balançou a cabeça, pensando em algo. 

— Mas, não pode haver um perdão oficial? Do rei? - Sugeriu. Thor suspirou. 

— Em tese, sim. - O conselheiro tomou a palavra. - Mas o rei tem um dever com a lei. Ele precisa cumprir. - Evie trocou um olhar com o irmão, que apenas deu de ombros. 

— Se eu der o perdão ao Nerfi agora, o povo pode se revoltar. - Thor respondeu sob os olhares de todos. - Acabamos de voltar de uma guerra causada por uma mentira. - Nerfi desviou o olhar. - Os asgardianos poderiam se revoltar contra mim e isso enfraqueceria ainda mais o reino. Preciso do apoio do povo mais do que nunca. - Evie mordeu o lábio inferior, tendo uma ideia que poderia dar certo. 

— Mas você não é o rei, tio. - Respondeu perdida em pensamentos. Todos a encararam, sérios. - Eu subi ao trono como rainha regente. - Loki arqueou uma sobrancelha, tentando entender onde a filha queria chegar. 

— O que quer dizer com isso? - Thor perguntou preocupado. Evie esboçou um sorriso. 

— Quando é a cerimônia oficial para coroar você ao trono novamente? 

— Amanhã à noite. - Valkyrie respondeu. Evie sorriu.

— Isso significa que a Evie é a rainha de Asgard até lá. - Loki falou, acompanhando o raciocínio de Evie. Os dois eram os únicos entendendo o que estava acontecendo. 

— Eu assinarei o perdão do Nerfi. - Disse Evie, decidida. Nerfi encarou a irmã, atônito. Mal acreditava que ela faria isso por ele. Depois de tudo que ele tinha feito. - O povo não ficará contra meu tio porque não será ele que vai assinar o perdão. - Explicou. - Depois de amanhã, eu não serei mais rainha, então, não fará diferença. - Deu de ombros. 

— Mas isso é quase um golpe! - O conselheiro interveio. - É errado. - Loki revirou os olhos. 

— Ah, cale a boca! - O deus respondeu impaciente. - Quem se importa com o que é certo? - O homem abriu a boca, ofendido. Thor encarou a sobrinha com um vinco de preocupação na testa. 

— Mas isso poderia prejudicar o seu futuro. - O loiro disse, referindo-se a profecia que apenas eles dois conheciam. Evie ficou em silêncio por alguns segundos, pensando no que isso poderia causar. Ela sabia que corria o risco de que todos a odiassem por isso. Mas, ela não podia deixar que seu irmão fosse preso. Nem morto. Sua família valia mais que uma coroa. 

— Há um grande tempo até que isso se cumpra. - Respondeu baixo. 

— Cumprir o que? - Loki franziu o cenho, desconfiado. 

— Até lá, eles esquecerão. - Continuou, ignorando a pergunta do pai. Thor esboçou um meio sorriso, enquanto Loki cruzava os braços, emburrado. Odiava não saber o que estava acontecendo. 

— Prepare o perdão de Nerfi para que minha sobrinha possa assinar. - O loiro ordenou ao escrivão. 

— Não podem fazer isso. - O conselheiro protestou. - Isso é…

— Trapaça? - Perguntaram Evie, Loki e Nerfi em uníssono. O homem encarou os três por um longo momento, até que suspirou.

— Eu desisto. 

Evie sorriu, sendo acompanhada pelo pai e pelo irmão. 

 

***

 

A noite em Asgard estava linda. O céu tinha um tom azul escuro, quase cintilante. As estrelas brilhavam no céu muito mais do que na Terra. O dia da coroação tinha chegado. A sala do trono, no palácio, estava repleta de convidados. Nobres, plebeus, e até mesmo alguns Jotuns estavam presentes no local para assistir Thor receber a coroa de volta. Todos usavam roupas elegantes e dançavam ao som de uma música animada. Além da recoroação de Thor, Evie e Nerfi também seriam coroados oficialmente como princesa e príncipe de Asgard. 

A música no salão parou, anunciando a entrada de Thor. O deus usava vestes bordadas à fios de ouro e uma longa capa vermelha de veludo nas costas. Logo atrás dele, vieram Evie e Nerfi. Ele usava um traje preto, completamente de veludo e com apenas alguns detalhes dourados. Evie usava um longo vestido dourado, com uma capa da mesma cor. Seus braços estavam de fora e seus cabelos estavam levemente presos.Todos os convidados pararam, em silêncio, e se viraram em direção ao trono para assistir a cerimônia. 

Thor foi o primeiro. Ele se ajoelhou no chão quando um ancião depositou uma grande coroa dourada sobre a sua cabeça. Quando ele se levantou, todos ajoelharam-se em uma reverência respeitosa. O próximo foi Nerfi. Ele se ajoelhou diante de Thor, que cobriu sua cabeça com uma coroa dourada simples e rústica. Ele se levantou e abriu espaço para que sua irmã se aproximasse. Evie repetiu o gesto do irmão e recebeu uma coroa dourada, adornada com delicadas e pequenas estrelas. Ela se levantou, respirando fundo. 

— Oficialmente, agora, apresento Nerfi Kenneth Lokison - Disse Thor para os convidados. - e Evie Stwart Lokidottir, príncipe e princesa de Asgard. - Completou. 

Os convidados se curvaram ao mesmo tempo, em uma reverência. Nerfi deu um longo suspiro, enquanto Evie sorria discretamente. Ao olhar para o lado, a jovem avistou o pai próximo a uma pilastra, no canto da sala. Loki acenou com a cabeça, mal podendo conter um sorriso orgulhoso. Evie retribuiu o sorriso. Quando a multidão se pôs de pé novamente, Thor ordenou que a festa continuasse. A música alta voltou e servos do palácio começaram a servir aperitivos na bandejas. Nerfi se misturou na multidão, enquanto Evie procurava Peter. Ela seguiu entre os convidados, sempre sendo parada por um ou outro, recebendo uma reverência. No entanto, ela não demorou a avistá-lo, mais afastado de todos, na varanda da sala. O lugar era ligado com um dos corredores principais. Peter estava distraído, escorado na mureta da varanda, observando o céu. Evie aproximou-se vagarosamente, sem fazer qualquer ruído. Quando estava próxima o suficiente, ela soprou em sua nuca, fazendo ele se arrepiar por causa do susto. Peter levou uma mão ao coração, enquanto Evie caía na risada. 

— Droga, Evie. - Peter acabou sorrindo. Evie o abraçou pelas costas, escorando a cabeça na altura de seu ombro. - Você não cansa de me assustar? - Perguntou bem-humorado. 

— Não. - Evie sorriu. - É engraçado. - Admitiu. Peter soltou um resmungo de boca fechada, observando o céu de Asgard. Ele acariciou as mãos de Evie, que estavam apoiadas em sua barriga. - Por que está aqui longe? - Perguntou depois de alguns segundos de silêncio. Peter sorriu. 

— Estava admirando o céu. - Explicou, admirado. - Nunca vi nada assim na Terra. - Evie deu um sorriso, olhando na mesma direção que ele. 

— Eu sei. - Estava perdida em pensamentos.

Parker suspirou. 

— Mas como está se sentindo? - Perguntou virando um pouco a cabeça, na tentativa de ver seu rosto. - Foi uma luta e tanto. - Sorriu. 

— Estou bem. - Respondeu baixo. - Estou muito feliz que esteja vivo. 

— Bem, eu também. - Sorriu. 

— Posso perguntar uma coisa? - Evie rompeu o silêncio curto. 

— Claro! 

— Você ainda sente sensação de perigo quando está perto de mim? - Havia uma pontinha de preocupação em sua voz. Peter franziu o cenho por causa disso. 

— Não. - Ele foi honesto. - Quero dizer, só quando o seu pai está por perto. - Forçou um sorriso. Evie soltou uma risadinha, aliviada. 

— No fundo, meu pai gosta muito de você.

Peter fez uma careta, nem um pouco convencido. 

— Eu não teria tanta certeza assim. 

O dois estavam perdidos em risadas quando Knut apareceu. 

— Alteza. - Ele fez uma breve reverência. - Todos os soldados da sua guarda pessoal já foram selecionados e estão prontos para o cortejo real. - Avisou. Evie soltou Peter. 

— Ah! Obrigada, Knut. - Respondeu, gentil. - Por que não vai se divertir um pouco? - Sugeriu. - Não precisa trabalhar hoje. 

— Obrigado. - Knut estava sorridente. - Não posso ficar muito distraído. Sou chefe da guarda agora. - Evie assentiu. 

— Peter, esse é o Knut, um amigo e chefe da guarda. - Apresentou. - Knut, este é o Peter. - O guerreiro franziu a testa. 

— O humano! - Exclamou. - É um prazer conhecê-lo. - Disse simpático.

— É um prazer conhecê-lo também. - Respondeu amigável. 

— Eu vou indo agora, o trabalho me espera. Tenham uma boa noite. - Knut fez uma breve reverência antes de deixá-los sozinhos novamente. Evie suspirou. 

— Não precisa ficar com ciúmes. - Sibilou. Peter a encarou, corando. 

— Eu não estou. - Ele quase gaguejou. Evie cruzou os braços, nem um pouco convencida. - Eu juro que eu não estou. - Insistiu. - Eu só estou curioso. No tempo em que eu estava morto, aconteceu muita coisa? - Peter fingiu despretensão. 

— Está querendo saber se eu comecei a namorar alguém? 

Peter quase engasgou com a própria saliva. 

— Você começou? - Perguntou sem jeito. - Olha, eu vou entender, eu estava morto. A vida tinha que seguir. - Acrescentou, nervoso. Evie sorriu. 

— Não, Peter. Eu estava muito triste para isso. 

— Você ficou triste? 

— Mas é óbvio! - Respondeu por fim. 

— Sinto muito que tenha ficado triste. - Suspirou. 

— Você não tem culpa de ter morrido. - Respondeu calmamente. 

— Eu sei. Mas não gosto de ver ninguém triste. - Ele a puxou para um abraço. - Principalmente você. 

— Sabe o que o Ned me disse uma vez? - Evie deitou a cabeça em seu peito. 

— O que? - Perguntou tenso. 

— Que você tinha uma quedinha por mim há muito tempo. 

Peter ficou em silêncio. 

— Não tinha

Evie se desprendeu do abraço, arqueando uma sobrancelha. 

— Não? 

— Eu ainda tenho. - Sorriu, roubando um beijo rápido. - Você é perfeita. - Evie estava prestes a beijá-lo quando Nerfi entrou no meio, passando os braços pelos ombros dos dois, enquanto segurava uma taça em uma das mãos. Já não usava mais seu casaco de veludo e sua camisa branca estava meio aberta. 

— Aproveitando a festa? - Perguntou com a voz quase arrastada. Evie fechou a cara, emburrada. 

— Estávamos. Até você aparecer e atrapalhar. - Evie acusou. 

— Atrapalhei? - Perguntou, sínico. - Ótimo! Eu adoro atrapalhar. - Nerfi os apertou mais ainda, fazendo-os seguir pelo corredor. Evie reparou na taça em sua mão e no líquido que havia dentro. 

— Você está bebendo vinho? - Evie arrancou a taça da mão do irmão, que resmungou. 

— Na verdade, eu ainda pretendia beber. - Confessou. 

— Não vai beber! - Evie rebateu, mandona. - Não tem idade pra beber! - Nerfi revirou os olhos. 

— Tenho sim!

— Não tem não! Se eu que sou mais velha, não tenho, imagina você que é bem mais novo!

— Oito meses. - Nerfi bufou. - Eu sou oito meses mais novo que você, mas você age como se fossem oitenta anos. - Evie sorriu. 

— Não vai beber e ponto final! 

Peter conteve uma risada, apenas assistindo. 

— Desde quando você é responsável, Evie? - Questionou Nerfi. 

— Eu não sou. Mas já tem irresponsável demais na nossa família. 

Nerfi entortou a boca. 

— É! Eu tenho que concordar. - Disse baixinho. Evie deixou a taça de lado, em um vaso de plantas. Nerfi pegou de volta. - Mas eu vou beber mesmo assim. - Evie empurrou a taça de sua mão, jogando-a no chão. Nerfi abriu a boca, irritado. 

— Olha o que você fez!

— Eu disse pra não beber! 

— Você não manda em mim! - Respondeu irritado. 

— Gente, calma. - Peter tentou acalmá-los. 

— Eu sou mais velha! - Evie ignorou. 

— Oito meses! Você não tem poder pra mandar em mim! 

— Eu sou herdeira do trono! Você deve obediência à mim! 

— Ah! Pega esse trono e enf…

— Com licença. - Magnus pigarreou, chamando a atenção dos três. Evie e Nerfi pararam automaticamente com a briga e forçaram um sorriso. O ex comandante tinha o cenho franzido. - Atrapalho? 

— Não. - Evie e Nerfi responderam em coro, forçando ainda mais o sorriso. Magnus deu de ombros. 

— Parabéns pela coroação. - Disse sincero pela primeira vez desde que Evie havia chegado em Asgard. 

— Obrigada, Magnus. - Evie agradeceu. - Parabéns pela vitória! 

— Obrigado. - Respondeu sério. Magnus fez uma breve reverência e se afastou, seguindo direto pelo corredor. 

— Hey! - Loki veio pelo lado contrário, chamando a atenção dos três. - Aquele que acabou de falar não é o tal guerreiro que tentou envenenar o Thor? 

— É sim. - Evie deu de ombros. Loki conteve um sorriso sádico. 

— Nós vamos ter uma conversa! - Loki passou pelos três na direção em que Magnus seguira. Sua capa voou conforme ele andava, em passos apressados. 

— Pai, ele só estava desejando parabéns. - Evie resmungou, mas Loki nem mesmo ouviu. Ela, Peter e Nerfi apenas observavam na direção em que o deus tinha ido. 

— Hey, você! - Loki gritou para Magnus. - Como ousa tentar envenenar o rei de Asgard e ainda por cima ameaçar a minha filha? - O ex comandante não parou de andar, e apenas apertou os passos, fugindo de Loki como o diabo foge da cruz. 

— Pai, não vai fazer nenhuma besteira. - Evie gritou, mas Loki não ouviu. 

— Sr. Loki, estresse faz mal para o coração. - Peter acrescentou. 

— Olha o barraco no dia da nossa coroação, pai. - Nerfi resmungou. Magnus e Loki sumiram no final do corredor. Evie deu um longo suspiro, sendo acompanhada pelo irmão. - Eu aposto duzentos dólares que o nosso pai arranca a cabeça do Magnus. - Nerfi conteve um sorriso. 

— Eu aposto trezentos que ele vai jogá-lo no fogo. - Respondeu Evie, despreocupada. Os dois sorriram. 

— Vocês não vão fazer nada? - Peter perguntou, pasmo. Evie e Nerfi se entreolharam, soltando suspiros cansados. 

— Tá bom. - Nerfi resmungou. - Vamos logo. - Os três seguiram pelo corredor, quase correndo. 

— Pai, deixe o Magnus vivo! - Evie gritou. 

— Não importa o que faça, não coloque fogo nele! - Nerfi acrescentou. - Não quero perder a aposta para a minha irmã! 

— Não arranque a cabeça dele! - Evie gritou. Os três correram, rindo, e desapareceram no corredor. 

 

***

— Que entre a ré! – Anunciou o juiz. Desta vez, Evie pôde entrar livre na sala do julgamento. Sem algemas ou correntes. Estava livre. 

Três meses já haviam se passado desde a Vitória de Asgard contra Surtur. Por causa do depoimento se Harry Osborn, o caso de Evie havia sido reaberto, dando uma nova chance à ela de provar sua inocência diante de todos. Já havia sido comprovado que o vírus tinha alterado o corpo da jovem, fazendo-a perder o controle sobre suas ações. 

O tribunal estava cheio. Todos estavam presentes – testemunhas, familiares e os amigos de Evie. Natasha cochichou algo para Loki, que apenas assentiu, sem tirar os olhos de Evie. A jovem sentou-se perto de seu advogado, apenas assistindo. Suas mãos estavam mais geladas do que nunca. Estava nervosa. Queria ficar livre das acusações da justiça. E, apesar de adorar viver em Asgard, ela não queria mais ser uma fugitiva. O promotor levantou-se de sua cadeira, caminhando até a frente do tribunal.

— Apesar de ter sido provado que a acusada estava sob efeito de um vírus mutante, – O homem disse cautelosamente. – ela cometeu homicídio. Três pessoas foram mortas por causa disso. Há dezenas de testemunhas. – Loki murmurou um palavrão baixinho em seu lugar. Gwen, que estava junto com outros espectadores, apenas encolheu os ombros ao lembrar do pai. 

— Meritíssimo? – O advogado de defesa protestou. – Eu gostaria de apresentar uma contra prova. 

— Pois bem. – O juiz concordou. O advogado de defesa se levantou. 

— Por favor, que entre Nerfi Lokison. – Pediu. A porta do tribunal foi aberta e o jovem adentrou no local sem olhar para os lados. Até mesmo Loki pareceu surpreso com isso. – Você disse que tinha testemunhas, certo? – Perguntou ao promotor. O homem apenas assentiu, curioso. – Mas, quem pode provar que era a Evie naquele dia? – O advogado apenas trocou um breve olhar com Nerfi. O jovem respirou fundo, antes de fazer sua aparência mudar. Seu corpo encolheu e parte de seus músculos desapareceu. Seus cabelos ficaram longos e sua roupa mudou. Os burburinhos começaram no lugar. Nerfi estava igual a sua irmã. Como uma cópia fiel. Evie semiabriu a boca, pasma. – Me digam, alguém pode encontrar alguma diferença entre os dois? – Questionou. O juiz permaneceu sério. – Alguma testemunha pode afirmar que era a Evie naquele dia? – Ninguém respondeu. – Diante disso, não pode haver acusação. – Nerfi voltou a sua aparência normal. Os burburinhos só aumentaram, e o juiz teve de pedir silêncio.

O juiz terminou de recolher os depoimentos antes de anunciar um pequeno recesso. Ninguém saiu do tribunal. Estavam ansiosos. Os minutos passaram e o juiz voltou ao local. Todos se levantaram, em respeito. O homem fez um sinal para que todos se sentassem novamente. 

— Depois de uma longa conversa com o júri – Começou, sério. – e de avaliar todos as provas, eu declaro, Evie Stwart Lokison – Ele pausou, fazendo Evie prender a  respiração. Essa era a hora. Seria definitivo. – Inocente. – Ela quase caiu no choro, de emoção. Estava completamente livre. Era inocente e não precisava mais fugir. Era como se um grande peso tivesse sido tirado de suas costas. Evie se levantou e a primeira a abraçá-lo foi Natasha. A ruiva tinha dado sumiço em algumas imagens de segurança da cidade do dia do ataque de Evie, ajudando-a em seu álibi. 

Evie recebeu os cumprimentos de Ned e Peter. Estava conversando com os dois quando Gwen se aproximou, acompanhada de Miles. 

— Olá, Evie. – Ela disse gentilmente. Evie deu um sorriso fraco. – Fico feliz que isso tenha se resolvido. – Falou, sincera. 

— Obrigada por tudo, Gwen. – Gwen deu um sorriso fraco, enquanto Evie reparava em Miles. – Como vocês se conheceram? – Perguntou curiosa. 

— É uma longa história. – O garoto respondeu animado. – Você nem imagina o que aconteceu, Evie. 

— Por que não nos conta? – Sugeriu Ned. Nerfi se aproximou do grupo. 

—  Vai ficar pra outra hora. – Gwen interrompeu Miles. –  Temos que ir agora. – Miles assentiu. 

— A gente se vê! – Acenou. Os dois se despediram antes de deixar o grupo para trás. Mary foi a próxima a se aproximar. 

— Mary! – Evie exclamou ao ver a amiga. A morena esboçou um sorriso. 

— Ah, vadia molenga, você está livre! – Respondeu feliz. Mary deu abraço em Evie, que retribuiu. Ela podia jurar que viu os olhos de Mary marejarem. – Sabem o que isso significa? – Ela a soltou. -  Que nós vamos comemorar! – Anunciou. Todos urraram. 

— Isso! – Comemorou Ned. – Comidas e bebidas na conta... – Ele parou, olhando para todos. Não tinham dinheiro. Todos se entreolharam, sem saberem o que dizer, até que Peter gritou:

— Tudo na conta do Sr. Stark! 

— Do Sr. Stark! – Gritaram em uníssono. Evie sorriu e lançou um “obrigada” ao irmão pelo que ele tinha feito. Nerfi apenas deu de ombros, ficando feliz por ver a irmã bem. 


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