OMG! Meu Pai é um deus - 2a. Temporada escrita por Sunny Spring


Capítulo 20
Capítulo XIX - Frenesi


Notas iniciais do capítulo

Bom dia! Como vocês estão?
Obrigada Derek Stefan por comentar ♥

Estamos chegando a uma fase super importante da história. Já passamos da metade. Espero que gostem. Bjs *.*



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O tic tac do relógio era o único barulho no quarto de Norman Osborn. Já era de noite e ele não havia deixado o lugar. Norman puxou as cobertas para cima, encostado na cabeceira da cama e, com as mãos trêmulas, pegou um copo d’água para beber. Por muito pouco ele não deixou o copo cair. Harry abriu a porta do quarto do pai e entrou direto, sem nem mesmo bater. O garoto tinha a respiração ofegante e os olhos arregalados de preocupação. Norman, entretanto, nem mesmo se moveu diante da presença do filho.

— Fez o que eu pedi? - Perguntou por fim. Harry assentiu, tirando um pequeno frasco do bolso do casaco.

— Consegui apenas uma amostra do tal antivírus vivo. A S.H.I.E.L.D levou o resto e interditou a empresa. - Explicou. - Não acho que esteja totalmente pronto.

Norman bufou.

— Eu já imaginava que isso fosse acontecer. - Deu de ombros.

— Pai, onde está o dr. Lowell?  - Perguntou desconfiado. - O que fez com o pobre homem? O que está acontecendo, afinal? - Norman sorriu.

— Sinceramente, é melhor você não saber ainda.

 

Evie

 

Meu corpo estava quente. Mais quente que o normal para alguém como eu, quase queimando. Minha garganta estava seca e dolorida, assim como o resto do meu corpo. Meu nariz  estava entupido. Praguejei baixinho. Forcei meu corpo para fora da cama, não aceitando estar doente. Era impossível. Além disso, eu não podia faltar a aula e tinha o trabalho de biologia para apresentar. Sem contar, o trabalho na S.H.I.E.L.D. Estávamos no meio de uma missão grande e importante. Eu não podia estar doente. Não agora. Não no meio disso tudo. Fui até o banheiro e procurei por um vidro de xarope. Isso deveria resolver um pouco. Tomei uma dose e guardei o vidro na mochila, para caso eu precisasse de uma dose extra. Procurei uma cartela de aspirina e tomei um comprimido.

Me arrumei o mais rápido que consegui e comi alguma coisa antes de sair. Eu não demorei muito a chegar na escola, e encontrei Ned com Peter. Lembrei que nós dois não estávamos nos falando desde o ocorrido no dia anterior, mas não iria deixar de falar com Ned por causa disso. Ele não tinha culpa disso. Me aproximei de Ned com um sorriso fraco.

— Bom dia, Ned. - Não deixei de dar ênfase no nome, para ser bem específica. Ned franziu o cenho, percorrendo os olhos entre Peter e eu. Peter pareceu querer responder, mas ficou calado.

— Vocês dois brigaram? - Perguntou sem jeito.

— Quem brigou? - Peter fingiu não ter entendido. - Não estou vendo ninguém aqui além de nós dois, Ned. - Soltei um ruído, indignada. Ned arregalou os olhos, chocado.

Ned, por favor, diz para o seu amigo que ele não precisa fingir que eu não existo para me ignorar. - Pedi. Ned encarou Peter.

Ned, por favor, diz para a sua amiga que eu não estou falando com ela. - Rebateu. Ned me encarou. Respirei fundo, irritada e Peter cruzou os braços.

— Ned, diz para o seu amigo que quem não está falando com ele sou eu porque ele é um cabeça dura e sem noção! — Ned encarou Peter com um olhar suplicante e ele franziu a testa.

— Ned, diz para a sua amiga que não é porque ela é completamente má, que as outras pessoas também são. - Ned deu um suspiro fraco. Soltei uma risada amarga e dei as costas para eles, seguindo para em direção a aula. Era demais para mim.

— Evie, desculpa, eu não quis dizer isso. - Ouvi Peter correndo atrás de mim, mas não parei. - Evie, por favor… - Ele me alcançou, parando na minha frente. Cruzei os braços. - Me desculpa pelo o que eu disse. Eu não quis dizer que você é má. Desculpa. - Permaneci em silêncio, ainda de braços cruzados. - Não quero brigar. Não consegui parar de pensar no que aconteceu. Não preguei os olhos à noite inteira. - Suspirou. - Eu disse coisas que não devia e me arrependo amargamente por isso.  

— Achei que não estivesse falando comigo. - Murmurei. Ele deu um suspiro fraco.

—Eu sei que eu agi mal…

—Como um idiota! - Acrescentei.

— Eu sei. - Ele hesitou. - Pensar que uma pessoa pode estar sendo acusada injustamente me deixa impaciente. - Ele franziu os lábios. - Será que você pode me perdoar?

Não respondi.

— A vida que levamos - Ele disse baixo para que ninguém nos ouvisse. - é perigosa demais. Coisas terríveis podem acontecer com a gente a toda hora. - Suspirou. - E, seria muito triste se algo ruim acontecesse e estivéssemos em guerra. Em guerra por nada. - Engoli seco. Eu sabia que ele estava certo. Apesar de ser difícil engolir o ressentimento, não ficaria em paz se continuasse a briga.  

— Então, vamos fingir que aquilo não aconteceu? - Sugeri. Ele assentiu.

— Pelo menos, vamos não falar sobre isso. - Respondeu. - Não temos que falar sobre isso, certo? - Eu assenti.

— Certo.

— Então, está tudo bem entre nós?

— Sim?

— Sim?

— Sim. - Sorri. Ele sorriu de volta.

— Será que podemos prometer nunca mais brigar? - Suspirou. - Sabe, isso é tudo bem difícil para mim. - Admitiu. Soltei uma risada fraca.

— Não posso prometer nada, cabeça de teia.  - Brinquei. - Arranjar confusão está no meu sangue.  

— Você é terrível. - Respondeu passando um braço por cima do meu ombro.

—Se me enfrentar de novo daquele jeito - O encarei. - vou mandá-lo para Hell, com uma passagem só de ida. - Sussurrei. Ele arqueou uma sobrancelha.

—Está possuída pelo espírito do seu pai? - Perguntou bem-humorado. - Porque eu podia jurar que era ele falando.

— Estou de olho em você, Peter Parker. - Semicerrei os olhos.

Soltamos uma risada e seguimos para a aula. Estávamos bem de novo. Só não podia ter certeza por quanto tempo.

 

***

A hora do almoço chegou bem a tempo de me salvar de mostrar o dever de casa para a professora de literatura. Foi a minha salvação, já que eu nem mesmo me lembrava do dever de casa. A minha tentativa de ser mais aplicada e responsável estava praticamente arruinada. Eu era péssima em tudo. Não havia salvação para mim. Talvez eu devesse me programar e abrir uma fábrica de gelo, já que era a única coisa que eu sabia fazer com perfeição. Tentei não rir da minha própria desgraça e falhei miseravelmente. Saí da sala de aula, e decidi tomar mais algumas doses de xarope e aspirina. Eles não fizeram nem um pouco de efeito e talvez eu devesse tomar mais, considerando o fato de que eu não era totalmente humana. Engoli três comprimidos de uma vez só, ignorando o gosto amargo e minha garganta dolorida. Passei a mão na testa. Estava pegando fogo.

— Falta pouco. - Eu disse baixinho para mim mesma. Segui pelos corredores e esbarrei em Michelle. Ela tinha uma expressão aflita.

— Evie! Até que em fim. - Ela agarrou meu braço, praticamente me arrastando pelos corredores contra a minha vontade. - O seu irmão. Ele está brigando com os garotos do time de novo. - De novo não. Eu quase resmunguei. - Você tem que fazer alguma coisa.

Michelle não me deu escolha e me levou até o corredor onde Nerfi e os jogadores do time estavam. Meu irmão estava sozinho. Contra cinco. Soltei um suspiro fraco. Ele ia esmagar a cabeça daqueles midgardianos com apenas um golpe. Nerfi encarava os outros como um gato encurralado, mas pronto para dar o golpe. Ao redor de nós, um grupo de alunos já se formava fazendo apostas de quem iria ganhar a briga.

— E, então, Lokison? Achou que o momento não iria chegar. - O capitão do time provocou.

Meu irmão soltou uma risada debochada. Dois outros jogadores seguraram meu irmão, um de cada lado, como se isso fosse fazer muita diferença. Ele continuou rindo. Jhonny, irritou-se, e acertou Nerfi com um soco de uma vez só. Senti meu estômago gelar, enquanto o resto do meu corpo ainda estava febril. Esperei meu irmão reagir, mas ele não esboçou qualquer reação. No entanto, eu sabia exatamente o que ele estava fazendo. Nerfi irritava as pessoas ao máximo que elas pudessem suportar para que tivessem uma reação errada. Ele sairia como vítima, e na primeira oportunidade, fora da escola, escondido de todos, acabaria com eles. Meu irmão era um manipulador nato, agora eu percebia. E, ao contrário de mim, não era nem um pouco impulsivo quando queria.

— Não vai reagir? - Johnny provocou. - Onde está sua força?

Ele vai matá-lo quando estiver dormindo, seu idiota. Pensei. Nerfi me encarou rapidamente, e conteve um sorrisinho. Ele parecia ter lido os meus pensamentos. Jhonny o acertou novamente e eu me senti tonta. Quase perdida. Estávamos em um corredor afastado e era praticamente impossível que o resto da escola ouvisse a confusão. Aquilo não ia acabar, já que meu irmão não parava de rir, levando os jogadores ao ápice da irritação. Jhonny colocou a mão do bolso, tirando algo de dentro. Eu me irritei. Uma coisa era eu bater no meu próprio irmão, o que era algo completamente aceitável já que ele era irritante. Outra, era um estranho bater. Num ato de impulso me atirei no meio dos dois, no mesmo instante que o capitão lançou o que estava em sua mão. Fui atingida em cheio por uma chuva de farinha. Os dois jogadores soltaram meu irmão em tempo de não serem atingidos. Toda a minha roupa e a de Nerfi ficou coberta de farinha branca. Eu tossi, engasgada. Jhonny riu.

— Isso que eu digo que é acertar dois coelhos com uma cajadada só. - Debochou. Senti a raiva tomando conta de mim.

 

. . . . . . . . . . . . . .  . . . . . . .. . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 

 

—Evie, pare! Aqui não. Você vai matá-lo! - Meu irmão sacudia meus ombros freneticamente como se quisesse me acordar.

Olhei para frente, confusa. Johnny estava caído no chão, se retorcendo de dor. Ele segurava a própria cabeça como se alguém estivesse a esmagando. Eu estava na mente dele e estava provocando  aquela dor. Demorei alguns minutos para me lembrar onde eu estava. Eu não tinha feito aquilo, tinha? Eu não me lembrava de ter entrado na mente de Johnny e a última memória que eu possuía era de ter sido atingida por uma mão de farinha. Deixei a mente de Jhonny, sentindo-me tonta. O garoto ainda permaneceu no chão, respirando com dificuldade e os alunos em nossa volta estavam pasmos. Eu também estava.

O sinal tocou, anunciando o fim do almoço, e a multidão se dispersou rapidamente antes que algum inspetor aparecesse a castigasse todos ali. Meu irmão me arrastou pelo braço, nos tirando da confusão. Eu ainda me sentia perdida, mas não protestei. Olhei para a minha roupa e  percebi que já estava limpa novamente. Só podia ter sido ele. Paramos na porta da sala de Biologia e Nerfi me encarou.

— Eu não falo nada do que você fez para o nosso pai e você não conta o que eu fiz, certo? - Apenas assenti com a cabeça. Meu irmão suspirou.

—Nerfi? - Falei baixo.

—O que foi?

— Eu não me lembro de ter feito aquilo. - Confessei. Ele me fitou por um breve momento.

— Não foi nada. - Deu de ombros. - Esquece isso. Vai ficar tudo bem. - Ele não esperou a minha resposta e adentrou na sala.

Respirei fundo antes de entrar também. A maioria dos alunos já estavam acomodados em seus respectivos lugares, e eu me sentei ao lado de Mary. Ela me olhou, desconfiada, mas não falou nada. Peter e Ned também me encararam. Pareciam curiosos. Meu corpo estava quente demais e tudo ao meu redor parecia estar girando sem parar. O sr. Hanks entrou na sala rapidamente e já começou a falar. Ele pediu para que os alunos começassem a apresentar seus trabalhos, e o primeiro foi meu irmão. Ele explicou cada teoria sem nem mesmo gaguejar. Depois de mais dois alunos, eu fui chamada. Soltei um suspiro fraco e me dirigi até a frente da sala. Todos estavam me encarando, cheios de expectativas para eu começasse a falar.

— O meu trabalho é sobre… - Hesitei por um momento, sentindo minha visão ficar turva. - É sobre… É sobre… Do que eu estava falando mesmo?

— O seu trabalho, srta. Lokison. - Meu professor respondeu com uma sobrancelha arqueada.

— Sim! - Soltei uma risada fraca. - O meu trabalho é sobre a evolução das espécies… - Senti meu corpo ficar fraco e eu fui de encontro ao chão.

 

***

— Ela morreu? - Escutei uma voz familiar vinda de Ned.

— Não. Ela está respirando. - Era a voz de Peter.

Abri meus olhos e dei de cara com Peter, Ned e Mary. Eu estava na enfermaria da escola, deitada na maca. Vi os três respirarem aliviados quando me viram conscientes. Eu desmaiara. No meio da sala de aula.

— Até que em fim! - Ned suspirou. - Você ficou apagada por uns dez minutos.

A enfermeira se aproximou da maca, acompanhada de Nerfi. Ele estava de braços cruzados e parecia impaciente. A senhora passou a mão em minha testa, e balançou a cabeça em negação.

— Está queimando em febre. - Ela disse por fim. - Ela devia ir a um hospital. - A mulher se virou para o meu irmão. - Você pode se responsabilizar em levá-la para casa? Já que são irmãos. - Nerfi ficou em silêncio, pensando na possibilidade.

— Tudo bem. - Respondeu de má vontade. - Eu me responsabilizo. - Deu de ombros.

A enfermeira deu um meio sorriso e preparou uma autorização para que eu pudesse sair mais cedo. Peter, Ned e Mary tiveram que deixar a enfermaria para voltar a aula, mas deixaram as minhas coisas comigo. Eu me arrastei para fora da maca em passos lentos. Ainda estava tonta e sentia náuseas. Meu irmão e eu deixamos o prédio da escola em completo silêncio, e nos dirigimos até o estacionamento. Senti meu estômago revirar.

—As chaves do carro? - Ele perguntou. Franzi o cenho. - O que? Você não espera que vai dirigir neste estado, né? - Pude ouvir a irritação em sua voz. Eu hesitei.

— Você sabe dirigir? - Minha voz saiu fraca. Ele revirou os olhos, impaciente.

—Mas é claro! Eu não sou estúpido como o nosso tio!

—O nosso tio não é estúpido! - Rebati. Tive a impressão de tê-lo ouvido murmurar “Diz isso porque ele nunca tentou te assar.” Ele estendeu uma mão para que eu entregasse as chaves, o que fiz, com má vontade.

Meu estômago revirou de novo e eu só tive tempo de correr até uma lixeira próxima antes de tudo que estava em minhas entranhas sair.

—Droga! Eu tenho estômago fraco. - Resmungou. Senti mais uma onda vindo e continuei com a cabeça abaixada. - Vai ficar me devendo para o resto da vida. - Disse enquanto prendia meu cabelo com uma caneta. Respirei fundo e levantei a cabeça. - E, que aparentemente, não vai ser muito longa. Você parece um zumbi! - Pensei em responder, mas estava cansada demais, então, apenas mostrei o dedo do meio. Ele soltou uma risada, debochado.

Seguimos para o carro e meu irmão dirigiu até em casa. Por sorte, chegamos vivos. Eu parei na porta porta de casa antes de entrar e encarei Nerfi.

— Não diga nada ao nosso pai. - Pedi. No entanto, meu irmão entrou em casa fazendo exatamente o oposto.

—PAI! A EVIE ESTÁ MORRENDO AQUI!

Eu quase o xinguei. Nós dois paramos quando demos de cara com Natasha e meu pai, sentados à mesa da cozinha, extremamente sérios. Loki me encarou quando me viu e Nat deu um longo suspiro. Aquele olhar eu sabia bem o que significava. Ela tinha contado tudo ao meu pai.

—Evie, temos que conversar. - Disse meu pai, áspero.


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