OMG! Meu Pai é um deus - 2a. Temporada escrita por Sunny Spring


Capítulo 12
Capítulo XI - Jotuns não têm febre!


Notas iniciais do capítulo

Bom diaaaaa!
Muito obrigada KFEINA, Violet Lestrange e Jace Jane pelos comentários ♥ ♥
Espero que gostem. Bjs *.*



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Norman Osborn era um homem solitário, e, apesar de ser dono de uma grande fortuna, estava praticamente condenado à morte. O homem empurrou a bandeja com o café da manhã para o lado, com as mãos trêmulas, deitado em sua cama. O seu quarto era luxuoso e enorme. Um carpete creme e fofo cobria todo o chão e as janelas grandes estavam fechadas e cobertas com cortinas escuras, deixando o local escuro demais, apesar de já ser manhã. Norman resmungou algo, poucos segundos antes de alguém bater na porta - era Harry, seu filho. O jovem não passava dos dezessete anos, apesar da expressão séria. O garoto adentrou no quarto cautelosamente e se aproximou de Norman, preocupado.

—Pai? - Harry o analisou. - O senhor está bem? - Norman tossiu. - Quer que eu abra as janelas para pegar um pouco de sol?

— Não! - Arfou em meio a mais tossidas. - Eu prefiro o escuro. - Norman puxou as cobertas para si. Harry suspirou, agoniado.

—Está piorando?

— Não importa! - Respondeu baixo. - Se não conseguir o que eu preciso, duvido muito que eu vá viver. - Harry estremeceu. - Precisa estar pronto, Harry. Se algo me acontecer, você terá de assumir os meus negócios. - Continuou. O garoto franziu o cenho, não fazendo ideia do que o pai falava. - Todos eles! - Completou.



Evie

 

Havia um trono diante de mim. Um trono de um azul escuro brilhante como a noite e frio como o gelo, com hastes pontiagudas para todos os lados. O trono sussurrava para que eu me aproximasse. Caminhei lentamente pelo corredor escuro e de gelo, que levava até o trono. Senti algo em molhado em minhas mãos e um grito agudo saiu de minha garganta quando vi que elas estavam cobertas de sangue fresco. Aos meus pés, haviam ossos e pessoas. Mortos. Todos. Gritei o mais alto que pude, pedindo por ajuda, mas ninguém me ouviu. “Você”, uma voz sussurrou em minha cabeça.

Uma onda de água gelada fez minhas narinas arderem e eu levantei num pulo. Minha respiração estava ofegante, e eu tossi tanto que achei que fosse cuspir meus pulmões. Eu e minha cama estávamos encharcados e eu demorei a entender que o que eu tivera foi um pesadelo. Olhei para frente e dei de cara com Nerfi, com um balde vazio nas mãos, me encarando com uma sobrancelha arqueada. Isso explicava a água. Meu querido irmãozinho tinha me dado um banho de água fria para acordar.

— Você enlouqueceu? - Perguntei rouca por causa da água que eu inalara.

— Você estava gritando que nem uma louca. Deu para ouvir lá do meu quarto. - Explicou. - Você estava transtornada. Achei que estivesse com convulsão ou febre. - Deu de ombros. - Joguei água.

— Gigantes de gelo não têm febre! - Respondi áspera. Ele esboçou um sorrisinho. Algo me dizia que ele sabia muito bem disso e só tinha jogado água em mim para provocar.

Ops! - Respondeu debochado. - Talvez eu tenha me confundido. - Fechei a cara numa carranca. - Mas, pense positivo. Pelo menos já está de banho tomado! - Fiz uma careta como resposta. Meu irmão tirou um celular do bolso e tirou uma foto minha antes que eu pudesse esconder meu rosto.

— Para que isso? - Ele riu.

— Vou enviar para o Peter. - Respondeu enquanto mexia no aparelho. - Vamos ver se o seu namorado ainda vai gostar de você quando ver como você acorda, com essa cara de espantalho sequelado! - Fechei a cara.

— Sai do meu quarto, Nerfi! - Gritei. Ele levantou os braços em forma de rendição.

— Estou saindo. - Cantarolou.

— Vai logo! - Esbravejei. Ele gargalhou e se arrastou até a porta em passos de tartaruga.

— Não sei como seus amigos te aguentam, você é insuportável. - Comentou. Peguei meu despertador no criado mudo e joguei na direção no meu irmão. Mas, Nerfi saiu do quarto antes que o objeto o acertasse, e o relógio bateu na parede. Por sorte, não quebrou. Bufei. - Errou! - Ele colocou a cabeça na porta aberta de novo. Peguei um travesseiro encharcado e arremessei na cabeça dele, que, desta vez, não teve tempo de desviar. - Ai! - Resmungou. - Filha da p

— EI! - Loki gritou lá de baixo. - OLHA A LÍNGUA, VOCÊS DOIS! EU ESTOU OUVINDO! SERÁ QUE NÃO TEM UM DIA QUE NÃO PODEM PASSAR SEM BRIGAR??? - Nerfi revirou os olhos e finalmente saiu da minha vista.

Levantei da minha cama e tomei um banho. Aquele trono do meu sonho não saía da minha mente. Depois de tanto tempo sem sonhos, esse não tinha sido nem um pouco agradável. Terminei de me arrumar e desci para tomar café. Loki estava sentado à mesa, tomando um copo de suco. Me sentei numa cadeira em frente, me servindo com umas torradas.

— Teve um pesadelo? - Meu pai franziu o cenho. Engoli um pouco do suco, apressada.

— Não foi nada demais. - Dei de ombros. No entanto, parecia sim ter sido algo importante. Nerfi passou por nós, apressado, e seguiu em direção à porta sem dizer nenhuma palavra.

— Não vai tomar café? - Loki perguntou sem encará-lo. Nerfi parou e se virou.

— Não tenho tempo. - Deu de ombros. - Tenho que atacar pessoas inocentes por aí! - Respondeu sarcástico e sorriu. Meu pai respirou fundo, controlando-se para não rebater a resposta atravessada que tinha recebido. Se tinha uma coisa que meu irmão não temia era desafiar a morte. Nerfi deu as costas de novo e saiu, batendo a porta. Meu pai bufou e revirou os olhos, impaciente. Os dois eram orgulhosos demais para pedir desculpas.

—Pai?

—O que foi?

Eu mastiguei minha torrada devagar.

—Você se lembra, no passado, como meu avô deixava as coisas mais difíceis para você e como teve problemas por causa disso? - Perguntei com cautela. Loki franziu o cenho, tentando entender aonde eu queria chegar, até que suspirou. Eu não precisei terminar, pois ele já havia entendido. Dei um sorriso fraco. Terminei de tomar o meu café em silêncio e me despedi antes de sair para a escola.

 

***

Fechei o livro de história para prestar a atenção no que Ned estava falando e apoiei meu rosto nas mãos. Eu não estava muito concentrada na matéria mesmo e estava sonolenta demais. Estávamos na biblioteca da escola, tentando fazer nossos trabalhos de história, mas apenas Peter parecia realmente concentrado. Mary não parava de andar pelas estantes, passando os dedos entre as prateleiras e os livros para fingir que estava concentrada nos estudos.

— Ned - Peter fechou o livro, desistindo do que estava fazendo. - Você vai lá em casa sábado? Para terminar aquele negócio? - Perguntou. Franzi o cenho.

— Que negócio? - Perguntei curiosa. Os dois se entreolharam, nervosos.

— Um negócio super maduro! Para pessoas maduras. Nada infantil. - Peter tropeçou nas próprias palavras. Soltei uma risada.

— Vão montar lego! - Conclui, ainda rindo. Ele suspirou, concordando.

— Ah, não vou poder ir. - Respondeu Ned por fim. Peter franziu o cenho, desconfiado.

— Por que não?

Endireitei minha postura na cadeira, analisando o nervosismo repentino de Ned.

— Porque… - Ele pigarreou. - Tenho que ajudar minha mãe a limpar o porão. - Completou. Ned não parava de mexer nas mãos e balançar as pernas. Sinais de mentira. Peter deu de ombros, parecendo ter se convencido da resposta do amigo. No entanto, Ned não me convenceu. Ele estava mentindo para o Peter, o que era algo que ele nunca fazia. Algo estranho demais.

— A gente termina outro dia então!

Desviei meu olhar de Ned, deixando as paranóias da minha cabeça de lado.

— Ah, Evie, eu esqueci de contar o que eu fiz para você! - Peter disse animado, tirando algo da mochila. Era um par de luvas brancas, que ele jogou para mim.

— O que é isso? - Ned perguntou antes que eu tivesse tempo de abrir a minha boca. Peter sorriu.

— São luvas com microdispositivos que ampliam para o ambiente certas habilidades! - Explicou. Arqueei uma sobrancelha, confusa. - Pode vestir? - Pediu. Vesti as luvas brancas de couro sintético e macio que tinham o tamanho exato das minhas mãos, e, que deixavam os meus dedos livres. As luvas pareceram ligar algum dispositivo tecnológico dentro do tecido, me fazendo sentir uma corrente passando pela minha pele.  - Você pode congelar as coisas ao toque, certo? - Assenti com a cabeça. - Com essas luvas você poderá expandir o seu próprio poder!

— Quer dizer que eu vou poder congelar sem tocar? Apenas usando as luvas? - Ele assentiu. Minha boca se formou num “O” e eu quase dei um gritinho.

— A luva vai funcionar como um canal transmissor. - Explicou. - E vai transferir o gelo que você formar! - Sorriu. - E ainda muda de cor, basta clicar num desses botões internos! - Eu o enlacei num abraço apertado e ele riu. Ned passou as mãos no rosto, pasmo.

— Cara, vocês precisam parar de dar armas para a Elsa! Eu tô começando a ficar preocupado!

Fiz uma careta para Ned, ainda segurando Peter no abraço.

— Obrigada, Pete! Eu amei. - Sorri. Nossos rostos estavam a milímetros de distância. Mordi o lábio inferior.  

— Pelo amor de Deus! - Ned exclamou, com uma cara de nojo. - Vão fazer isso em outro lugar, estamos na biblioteca! Isso é nojento!

— Ned! - Repreendeu Peter, com as bochechas ficando vermelhas de vergonha. Por algum motivo, ele ficava ainda mais fofo quando estava encabulado. Dei um beijo em sua bochecha.

— Por que estão tão agitados? - Mary se aproximou com um livro nos braços. Eu soltei Peter do abraço, ainda rindo.

— Peter fez umas luvas que dão mais poder! - Ned explicou. Mary franziu a testa, interessada.

— Pode fazer pra mim também? - Pediu de uma vez só. Peter me olhou, antes de tirar algo da mochila. Era outro par de luvas, exatamente igual ao meu. Ele jogou para Mary, e ela deu um gritinho, animada.

— Eu imaginei que você fosse pedir! - Peter deu de ombros.

— Como você fez isso? - Perguntou Ned, curioso.

— É simples. No mesmo estilo, do lança teias do homem-aranha!

— Do homem-aranha? - Mary franziu o cenho. Peter se endireitou na cadeira, percebendo que tinha falado demais. - Você conhece o homem-aranha? - Peter quase engasgou.

— E-e-le é tipo meu amigo! - Mentiu. Mary suspirou e me lançou um olhar de reprovação, seguido por um som malicioso e um sorrisinho. Revirei os olhos. Ela ainda achava que eu estava traindo o Peter com o homem-aranha.

— Devia rever melhor quem são seus amigos! - Respondeu por fim, antes de voltar a olhar as prateleiras dos livros. Peter e Ned se entreolharam, confusos.

— O que deu nela? - Peter perguntou. Dei um longo suspiro.

— Ela meio que me viu beijando o homem-aranha outro dia. - Sussurrei. Ele franziu a testa. - Ela acha que eu estou traindo você com ele. - Expliquei. Peter ficou em silêncio e fez uma expressão séria.

—  Eu não acredito nisso! - Ele balançou a cabeça em negação. - Você está me traindo logo com o teioso? Logo com aquele cara? Eu não esperava isso de você, Evie! - Ele estalou a língua, fingindo estar decepcionado. Ned riu com vontade.

— Peter! - Dei um soquinho de leve em seu ombro e ele riu.

— Estou brincando! - Sussurrou.

— Precisamos tomar mais cuidado. - Alertei. - Como foi a Mary, poderia ter sido outra pessoa. - Ele assentiu.

— Você tem razão! - Concordou.

***

O sr. Hanks, professor de biologia falava algo sobre a matéria, mas a minha mente não estava na aula. Como bióloga, minha mãe estaria decepcionada comigo. Mas, eu não conseguia não ser distraída, e, as coisas ao meu redor não estavam me ajudando em nada. Estava concentrada demais tentando reproduzir em meu caderno o desenho do trono de meu pesadelo. Talvez assim, eu conseguisse encontrar alguma coisa sobre ele em algum lugar, se é que ele realmente existisse. Estava pintando as laterais do desenho com lápis e senti Mary me cutucando de leve com o cotovelo. Ignorei-a completamente, apesar dos cutucões estarem se tornando repetitivos e irritantes.

—SENHORITA LOKISON! - O grito do sr. Hanks me fez quase cair da cadeira. Mary me lançou um olhar de aviso. Então, esse era o motivo pelo qual ela estava me cutucando. O professor estava me chamando a tempos e eu não havia percebido. - Desculpe. - Pigarreou. Alguns alunos soltaram umas risadinhas. - Estava perguntando sobre a matéria, mas vejo que está concentrada demais nisto. - Seus olhos pararam no caderno em minhas mãos. - Gostaria de compartilhar o conteúdo deste seu caderno com seus colegas? - Sua pergunta era retórica. Não. Nem um pouco. Engoli em seco, tensa. - Ou prefere ir para a diretoria e ficar de detenção?

Olhei ao meu redor. Peter me lançou um olhar de tensão e eu entreguei o caderno para o professor de uma vez só. Puxei as mangas do meu casaco e desviei o olhar, já esperando por uma bronca, mas o sr. Hanks apenas arqueou uma sobrancelha, estreitando os lábios, como se estivesse contrariado.

—Muito boas anotações, srta. Lokison. - Elogiou, me devolvendo o caderno. Franzi o cenho, confusa. O meu desenho havia desaparecido, e, no lugar dele, haviam anotações sobre a aula.

—Obrigada, sr. Hanks. - Sorri, mantendo a voz firme, apesar de não estar entendendo nada.

—Bem, voltando a aula… O trabalho do semestre será individual. - Ele disse, chamando a atenção de todos para si mesmo.

Respirei aliviada. No instante seguinte, as anotações de biologia foram substituídas pelo meu desenho novamente. Encarei Mary perplexa e ela deu de ombros, tão pasma quanto  e não fazendo ideia de como aquilo tinha acontecido. Olhei para o outro lado e vi meu irmão contendo um sorrisinho vitorioso. Ele tinha feito aquilo? Eu quase fiquei boquiaberta. Meu irmão fizera uma ilusão para me livrar de uma detenção? Parecia um milagre extraordinário demais de se acreditar.  Nerfi me encarou e deu de ombros, com um sorriso convencido. Dei um sorriso fraco como resposta e ele assentiu com a cabeça, tranquilo. Aquilo significava um “obrigado”. Pela noite anterior. E, estávamos quites.

 

***

Quando a aula finalmente terminou, eu decidi ir até uma lanchonete antes de ir para a S.H.I.E.L.D. Estava cansada demais e talvez um copo de café me ajudasse a despertar. Segui no curto caminho à pé. Às vezes, em Nova York, isso era bem mais rápido e menos estressante do que ir de carro. Segui por um caminho mais tranquilo, por ruas estreitas e silenciosas. Estava prestes de chegar à saída quando vozes me fizeram recuar um passo. Me escondi atrás de uma caçamba de lixo para observar. Três homens altos, de touca na cabeça, estavam cercando um garoto menor.

—O que você tem para nós? - Perguntou um dos homens, arrancando a mochila das costas do garoto que  não devia passar dos dezesseis. O homem de casaco abriu a mochila e a virou de cabeça para baixo, derrubando os livros e cadernos do menino.

—Por favor, me deixa ir! - Pediu. Os três se entreolham e soltaram risadas em uníssono.

Por favor, me deixa ir!— Remedou outro.

Eu tinha duas opções. A primeira, era dar meia volta e fingir que não tinha visto nada. A segunda, era dar um passo à frente e bater de frente com três caras que eram bem maiores do que eu e, com certeza, não eram muito amigáveis. Suspirei. De que adiantava ter poderes se eu não iria fazer nada de bom? Respirei fundo.

—Hey! - Saí detrás da caçamba, chamando a atenção dos quatro. - Deixem o garoto em paz! - Exigi. Os três homens se entreolharam e riram ainda mais.

—Olha, e aí, princesinha? - Perguntou o que parecia ser o líder do trio. Revirei os olhos, impaciente. Não tive que fazer muito esforço para fazer levitar as caçambas de lixo.

—Se quer saber - Respondi enquanto lançava todas as latas na direção do trio, os acertando em cheio. Eles arregalaram os olhos, amedrontados e levantaram. - Eu sou meio que uma princesa mesmo. Deveria ter mais respeito, principalmente se gosta de estar vivo! - Sorri. Os três saíram correndo antes que eu pudesse continuar. O garoto ficou parado, apenas me  encarando, boquiaberto. Me aproximei devagar. - Desculpa. - Pedi sem jeito.

—Como fez aquilo?

—Longa história. - Dei de ombros. - Quer ajuda? - Ele assentiu rápido, saindo do transe e eu o ajudei a recolher os livros e cadernos.

—Obrigado. - Agradeceu. - Qual o seu nome?

—Evie. - Sorri. - E o seu?

—Miles. - Respondeu por fim. - Miles Morales. - Sorriu.


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