OMG! Meu Pai é um deus - 2a. Temporada escrita por Sunny Spring


Capítulo 11
Capítulo X - "Don't blame me"


Notas iniciais do capítulo

Bom diaaa! Muito obrigada Violet Lestrange, Lady Dark e Peh M Barton por comentarem ♥ ♥

Mais um capítulo. O que vocês acham que vai acontecer? Me contem suas teorias. Até o próximo ♥

Bjs.



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O dia mal tinha amanhecido em Nova York. Peter saiu de seu banheiro com uma toalha na cabeça para secar o cabelo molhado. O garoto nem reparou em Loki, em mais uma de suas ilusões, sentado em sua cama, encostado na cabeceira e com as pernas repousadas no lençol. O deus brincava de jogar uma bolinha para cima e apenas observou o garoto em silêncio. Peter pegou uma camisa na gaveta da cômoda e a vestiu. Quando se virou, um grito alto escapou de sua garganta. Ele quase caiu para trás com o susto que levara.

— Peter, tá tudo bem? - Tia May gritou lá de baixo, após escutar o grito do sobrinho. Peter respirou fundo, com a mão no coração.

— Está tudo bem, tia May. - Respondeu ofegante, antes que ela resolvesse subir. - Foi só um morcego que entrou pela janela, mas eu coloquei para fora. - Peter fechou a porta do quarto e encarou o deus, assustado. - Se-se-nhor Lo-lo-ki, o que faz aqui? - Perguntou nervoso. Loki esboçou um sorriso sádico, ainda jogando a bolinha para cima.

— É apenas uma ilusão, seu trouxa! - Respondeu por fim. Peter respirou aliviado, e Loki o encarou. - Não quer dizer que eu não possa te matar! - O garoto engoliu seco. O deus parou de arremessar a bolinha. - Vamos direto ao ponto, Inseto Parker! Há quanto tempo você e a Evie estão namorando? - Perguntou sério. Peter quase gaguejou.

—Três meses.

Loki semicerrou os olhos, sabendo que o garoto falava a verdade.

—O quão sério isso é?

—O-o que o senhor quer dizer? - Perguntou nervoso.

—Quero saber o quanto você gosta dela. - Explicou impaciente.

—Muito, sr. Loki. - O deus franziu o cenho.

—Se ela precisasse, você a salvaria, mesmo que custasse a sua vida? - Questionou. Peter respondeu sem nem mesmo pensar.

—Mas é claro!

— Respondeu rápido demais! - Loki estalou a língua, nem um pouco convencido. - Não tem amor próprio? Vamos tentar de novo! - Ele sorriu de forma ameaçadora. - Se a Evie  precisasse, você a salvaria, mesmo que custasse a sua vida? - O garoto ficou em silêncio, analisando a situação por alguns segundos. - Hesitou demais! É sinal de que não gosta dela! - Cruzou os braços.

—O que? Não. - Disse confuso.

— Então você não gosta dela? - Arqueou uma sobrancelha.

— Não. Quero dizer, sim. O senhor está me deixando confuso!

— Sobre gostar da Evie?

— Não. - Peter balançou a cabeça negativamente. - A verdade é que a Evie não precisa ser salva. Ela é forte e independente o suficiente para fazer isso sozinha. - Sorriu. Loki arqueou uma sobrancelha, em silêncio. Apesar de ter gostado da resposta, ele não queria admitir. - Isso era um teste? - Loki negou com a cabeça.

— Não! Porque num teste você poderia passar. E, neste caso, você não vai passar nunca!

Peter encolheu os ombros. Seu sentido aranha estava mais em alerta do que nunca.

—Bem, eu vou indo. - Loki se levantou, dando as costas para Peter.

—Então, o senhor aprova o nosso namoro? - Perguntou esperançoso. Loki o encarou e logo em seguida gargalhou.

— Não aprovo e jamais vou aprovar! - Respondeu por fim. - Parker - Ele se aproximou do garoto ameaçadoramente. - Se magoar a Evie, vou mandá-lo para Nifheim! - Avisou. Peter tremeu. - Sabe onde é, não é? - Sussurrou. Parker assentiu.

—Se-segundo a mi-mitologia nórdica, é o reino dos mortos desonrados. - Respondeu nervoso. Loki sorriu.

—Muito bem. Você sabe. - Loki estreitou os olhos. - Aviso dado! - Disse antes de desaparecer. Peter respirou fundo antes de se jogar na cama, passando uma mão no rosto. Aquela tinha sido por pouco.

 

Evie

 

Franklin Denver estava morto. A notícia que Natasha trouxera no dia anterior tinha pegado todos de surpresa. A única possível testemunha, que poderia nos ajudar a descobrir os planos da H.Y.D.R.A tinha preferido engolir uma cápsula de veneno do que dar o depoimento sobre o caso. Franklin havia se suicidado para não falar o que sabia. Isso era sinal de que algo muito grave estava prestes a acontecer, ou já acontecendo. Apoiei minha cabeça nas minhas mãos enquanto observava o sr. Stark andar de um lado para o outro. Estávamos em mais uma reunião na Torre Stark. Além do suicídio de Franklin, mais dois ataques do “ser misterioso” haviam acontecido e algo me dizia que os dois fatos poderiam ter alguma ligação.

— Por que o Franklin se suicidou? - Eu quebrei o silêncio da sala. Natasha cruzou os braços, preocupada.

— Ele preferiu morrer do que contar e correr o risco de ser pego pela H.Y.D.R.A! - Respondeu baixo. - Existem coisas que podem ser muito piores do que a morte, e ser pego pela H.Y.D.R.A é uma delas! - Não era da morte que Franklin tinha medo, e sim de ser pego e torturado. Apenas suspirei. Estávamos na estaca zero de novo. Peter resmungou baixinho na cadeira em que estava sentado, bem longe do meu pai.

— O caso é que mais dois ataques consecutivos ocorreram. - Disse o sr. Stark com uma ruga de preocupação. - Os dois mais ou menos no mesmo horário. Mas, sem nenhum padrão. - Ele analisou as imagens no holograma. - Ele só destrói. Não há padrão. Não parece ter um objetivo muito certo.

— A coisa destruiu coisas por onde passou e feriu pessoas. - Rhodey acrescentou. - E parece estar mais forte a cada dia. Como se evoluísse.  - Encarei as imagens que estavam passando. A coisa parecia andar sem rumo pelas ruas da cidade. Apenas destruindo. No segundo ataque, o misterioso ser, encapuzado, pareceu lançar algo de seu corpo. Como se fosse poder. O sr. Stark parou as imagens quando viu isso.

— Parece ter poderes! - Disse Wanda, atenta nas imagens. Meu pai estreitou os olhos, perdido em pensamentos, e meu tio pareceu ficar mais tenso ao olhar as imagens.

— Não pode ser um dos infectados pelo soro extremis? - Perguntou Peter. - Sabe, aquele que o Victor e o professor Santiago fizeram? - Stark arqueou uma sobrancelha. Nerfi se endireitou em sua cadeira.

— Pode até ser um daqueles mutantes que escapou.

— Ele só ataca durante a noite. E os ataques têm sido mais frequentes. - Natasha franziu a testa. - Talvez devêssemos ficar de tocaia pela cidade. Para ver o que acontece.

— Ótima ideia, Natasha! - Stark concordou. - Pirralho! - Ele chamou. - Ah, espera, esqueci que a sala está cheia de pirralhos! Parker! - Peter o encarou.

— Sim, sr. Stark!

— Você pode fazer isso, não é? Está acostumado a perambular pela cidade.

— Claro, sr. Stark. - Respondeu rápido.

— Ótimo! Por enquanto, um de nós é suficiente para vigiar. Não podemos chamar a atenção de quem é que esteja fazendo isso. - Stark encarou Loki, que revirou os olhos. O Sr. Stark nunca confiaria em meu pai e ele parecia pensar que tudo era culpa de Loki. Até mesmo uma gripe. E que ninguém espirrasse naquela sala!

— Concordo. - Meu tio assentiu. - Precisamos pegar logo essa coisa. - Ele encarou meu pai, que permaneceu em silêncio.

Quando a reunião acabou, todos se dispersaram, mas não foram embora. Me aproximei de Peter, que estava sentado no canto da sala. Ele me olhou rápido, mas desviou o olhar, com os ombros tensos. Olhei ao redor e vi Loki fingindo estar conversando com meu tio, quando na verdade, estava de olho em nós dois, principalmente em Peter. Ele respirou fundo. Já até imaginava o que poderia ter acontecido. Conhecia meu pai muito bem para saber do que ele era capaz. E conhecia Peter muito bem para saber que estava escondendo alguma coisa.

— Ele te ameaçou, não foi? - Dei um longo suspiro. Peter me encarou.

—O que?

—O Loki te ameaçou, não é?

Peter ficou em silêncio.

— Não precisa responder, o seu silêncio já diz tudo.

—Evie, não…

—Ah… - Eu o interrompi. - Meu pai e eu precisamos ter uma conversa séria. - Peter choramingou.

 

  ***

— Não acredito que ameaçou o Peter! - Falei séria. Loki fez uma careta e cruzou os braços. Havíamos acabado de chegar em casa e Nerfi se jogou no sofá como se ainda fosse o Fish. - Não devia ter feito isso. - Cruzei os braços. - Isso foi muito imaturo! - Completei como se eu fosse a responsável ali.  Nerfi soltou uma risadinha.

— Eu disse que ela ia ficar brava! - Sibilou. Meu pai fez uma carranca.

— Cale a boca, Nerfi!

—  Você o ameaçou! - Acusei, ainda brava. Loki franziu a testa, fingindo ser inocente.

— Eu nunca fiz isso. - Blefou. Semicerrei os olhos.

— Fez sim! - Nerfi cantarolou, enquanto abria um pacote de amendoim.

— Cale a boca, Nerfi! - Loki disse áspero.

—Por que não deixa o Peter em paz? - Perguntei por fim. Ele resmungou algo que eu não entendi.

— Eu não o ameacei, só fiz uma visitinha. - Deu de ombros.

— Ele disse que iria mandar seu namorado para Nifheim! — Nerfi contou, rindo.

—PAI!

— NERFI!

— Não acredito que fez isso! - Respondi pasma.

— Não foi bem assim. - Loki se defendeu.

— Foi sim! - Nerfi cantarolou. Loki o encarou com uma carranca e um um estalar de dedos fez meu irmão se tornar um corvo. Nerfi, ou melhor, o corvo, começou a debater as asas enquanto tentava voar pela sala, fazendo barulhos estranhos. Ele parecia engasgado.

— Estou muito decepcionada. - Respondi para meu pai.  Loki virou o rosto para o outro lado, emburrado. - Eu gosto do Peter e você precisa parar de fazer com que ele tenha um mini ataque do coração toda vez que te vê! - Loki revirou os olhos. Nerfi voou por cima de nossas cabeças com uma tosse de corvo, quase batendo em nossas cabeças. Meu pai cruzou os braços.

— Não vou mais ameaçá-lo! - Disse contrariado. Sorri.

—Você promete? Sem trapaças desta vez?

Como se ele realmente não fosse trapacear. Talvez eu estivesse sendo um pouco boba por me iludir deste jeito. Ele hesitou por um longo segundo. Estava relutante.

—Tudo bem. - Respondeu de má vontade. Um barulho me fez dar um pulo. Meu irmão acabara de bater com o bico na parede e caiu. Antes que ele batesse no chão, Loki o fez voltar para a forma humana. Nerfi levantou rápido, irritado e com os cabelos bagunçados. Contive uma risadinha.

— Isso não foi engraçado! - Bufou, emburrado. Ele tossiu, ainda engasgado com o amendoim que estava comendo antes de ser transformado num corvo. - Eu quase morri engasgado! - Meu pai conteve uma risada. Nerfi bufou e saiu da sala, em passos firmes e bateu a porta do quarto com uma força tão grande que o barulho se espalhou pela casa inteira.

— Acho que ele ficou bravo. - Comentei. Loki me encarou.

— É possível! - Riu.

***

Algo me fez acordar de madrugada. Eu não sabia o que exatamente. Algo em mim não parecia bem. Um incômodo no peito. Medo. Um medo que eu não entendia. Meu coração estava acelerado mais do que o normal e minha respiração agitada. Olhei para o teto do meu quarto escuro, respirando e expirando. Me sentei na cama, esfregando os olhos. Eram duas da manhã ainda. Estiquei meu corpo dolorido para fora da cama e me arrastei para fora do quarto. Eu precisava de um copo d’água para me acalmar. Saí pelos corredores da casa e escutei vozes vindo da sala. Eram de Loki e Nerfi. Me encostei na parede, escondida, para ouvir do que eles falavam. Não parecia uma conversa muito agradável.

— Por que acha que sou eu? - Nerfi perguntou com a voz alterada. - Poderia ser qualquer um! - Forcei meus ouvidos e prestarem a atenção. Do que eles estavam falando, afinal?

— Porque você mente! Sei que esconde algo! - Respondeu Loki mais baixo, mas sério. Muito mais do que o normal.

— E isso é motivo suficiente para desconfiar de mim? - Rebateu irritado. Eles estavam falando dos misteriosos ataques da cidade. Pelo que eu estava entendendo, meu pai desconfiava de Nerfi.

— Você acha que eu sou estúpido, Nerfi? - Perguntou áspero. - Sei que você sai escondido  à noite! - Me esgueirei próxima à parede para ver os dois. Eles estavam em pé no meio da sala e Nerfi acabara de cruzar os braços.

— Se acha que sou eu, por que nunca me seguiu então? - Meu irmão questionou. Loki estreitou os olhos.

— Sinceramente, tenho medo do que vou fazer com você se descobrir o que você esconde! - Respondeu baixo, quase entre dentes. Nerfi soltou uma risada amarga.

— Não tenho motivos para sair destruindo tudo!

— Também não tem motivos para não fazer!

Nerfi suspirou.

— Você sempre vai culpar a mim! - Respondeu baixo. Loki revirou os olhos.

— Não haja como vítima. Você sabe que não é! - Loki quase gritou. A discussão deles parecia estar ficando mais séria. Talvez, eu devesse interferir. Antes que isso ficasse pior. Me aproximei dos dois com cautela, mas eles pareceram não se importar com a minha presença. - Por que ficou aqui? O que você realmente quer?

— Eu já disse! - Respondeu irritado. - Só quero ter uma vida normal!

— Gente… - Falei baixo. Os dois me ignoraram.

— Você sabe que não é isso! - Respondeu no mesmo tom. Encolhi os ombros.

— Gente!

— Cale a boca, Evie! - Gritou Nerfi.

— É melhor abaixar o tom, Nerfi! - Loki o repreendeu, com um olhar ameaçador. Meu irmão recuou um passo, assustado. - Posso ser seu pai, mas ainda sou Loki Laufeyson, deus da trapaça e rei de Jotunheim, e você não quer me provocar! - Completou de forma ameaçadora. Nerfi ficou em silêncio, respirando pesado.

— Isso não é justo! - Respondeu mais baixo. - Você me criou porque quis!

— Sim. Não faça eu me arrepender disso!

Nerfi engoliu seco, com os olhos cheios de fúria e saiu de nossas vistas, batendo a porta do quarto pela segunda vez no mesmo dia. Abracei meus próprios braços, sem saber o que fazer. Uma coisa era estar numa briga. Outra era assistir uma briga. E, eu não gostava muito da segunda alternativa.

— Pai - Sussurrei. Ele não me encarou. - Não devia ter dito isso. - Falei baixo. Ele me encarou.

— É! - Assentiu. - Eu sei! - Admitiu. Ele deu as costas e saiu pela porta da sala, fechando-a devagar. Suspirei. Não sei quantos minutos se passaram. Tomei um copo d’água na cozinha e respirei fundo. Tinha que fazer algo. Fui até o corredor e parei na porta do quarto que um dia fora de minha mãe. Bati duas vezes.

— Nerfi! - Chamei baixo. Não recebi resposta e bati de novo. - Nerfi? - Abri a porta cautelosamente.

O quarto estava vazio. A cama estava intocada. O vento forte uivava e  balançava as cortinas da janela aberta. Tentei pensar. Se eu estivesse com raiva, onde eu iria? Eu já sabia muito bem a resposta. Me aproximei da janela e impulsionei meu corpo para fora, pisando com cuidado no telhado. Com medo de quebrar alguma telha, decidi me ajoelhar e ir engatinhando. Apenas me movi um pouco pra vê-lo, sentado na quina da casa, com o rosto entre os joelhos. Me aproximei em silêncio e me sentei do seu lado, abraçando minhas próprias pernas. Ele não se moveu, apesar de saber que eu estava ali. Cutuquei seu ombro com o meu bem devagar. No entanto, ele me ignorou. Fiquei em silêncio, observando o céu.

— Nerfi?

—Vai embora, Evie. - Resmungou com a voz abafada.  

— Ele não quis dizer aquilo. - Disse por fim. Meu irmão não respondeu. - Nosso pai te ama. Pode parecer às vezes que ele não se importa porque ele é assim. Mas, no fundo, ele gosta muito de você. - Nerfi levantou a cabeça mas não me encarou. Seus olhos estavam vermelhos e suas bochechas molhadas. Ele estava chorando. Fiquei surpresa. Nerfi podia ser a serpente mais peçonhenta de todas, mas ver meu irmão chorando foi de partir o coração. Como se eu sentisse também. Ele limpou as lágrimas com a manga do casaco. Voltei a encarar o nada. Às vezes não falar nada era a melhor decisão que alguém poderia tomar. Apenas encarei o que estava na minha frente e Nerfi fez o mesmo, limpando uma lágrima ou outra de vez em quando, sem dizer nenhuma palavra sequer.


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