12 & Clara: A Roda De Fogo escrita por Cassiano Souza


Capítulo 14
O cerco de chamas - parte 4


Notas iniciais do capítulo

Olá!!! Finalmente o final! Estão animados para o fim? Pois bem, esse capítulo era pra ser parte do outro, mas aí o ritmo ficaria desengonçado. E fiz este capítulo do jeito que achei melhor, não do jeito que poderia ser melhor. Entenderá quando terminar a leitura. BOA LEITUAR!



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UNIT/ SALA DE CANALIZAÇÃO MENTAL

A penumbra da sala continuava. E o Doutor e a Missy ainda em suas macas, conectados a cabos às suas naves, e de pernas e braços cercados de detidos por amarras. Mas nada disto importava, o que preocupava a dupla agora era o silêncio gritante, que parecia ser tão fatal quanto qualquer ameaça. 

— Tudo está tão quieto. - Disse a Mestra com um olhar distante. – Acho que estão todos completamente mortos lá fora.

— Não seja tão otimista! - Pediu o Doutor. – Só por que haviam sons incessantes de metralhadoras, gritos de horror, e bombas?! Você está ficando velha.

— Sim, já te falei sobre o meu aniversário.

— E até convidamos o seu velho amigo.

— Mas ele sempre se atrasa! Vive fugindo de suas responsabilidades.

— E porque não fugiria? Tão interessantes quanto tomar sol num dia nublado.

— Ah, e por isso vive correndo, coitado. Mas somos dois na verdade, Doutor, você e eu. E eu a pior entre os três. É tudo a minha culpa o que passamos agora, me sinto uma fracassada, uma idiota, uma estupida.

— Você admitindo isso?! Realmente este é o fim do mundo!

— Não, querido, sou apenas eu sendo realista. Bônus dessa regeneração!

— Gosto dessa regeneração.

— Só por causa das curvas extremamente exuberantes?

— Não, ela me lembra alguém.

— Alguém interessante, espero.

— Uma pessoa muito importante, uma que me ajudou nos tempos difíceis, e que fez mil pactos comigo.

— Não sei de quem está falando, mas deve ter significado alguma coisa de boa.

— Muita coisa de boa. E por isso vou lhe dar um belo presente quando sairmos daqui, Missy.

— Ah, pode ficar com a sua lua de mel e liquidificador patéticos!

— Não é isso, somos nós. - A Missy permaneceu curiosa. – Uma aventura, que tal? Você e eu, como nos velhos tempos. Uma aventura... - Os olhos do Doutor brilhavam, mas tão chamativos quanto as estrelas na noite.

— Você está sendo melodramático, sabia?

— Ei, não estrague o momento!

— Mas tudo bem, eu aceito. Mas, aquele seu bichinho de estimação não pode vir junto!

— Se para você a Clara é um bicho de estimação então não devia se sentir tão enciumada.

— Ora! Não quero pegar carrapatos.

Mas interrompendo a discussão da dupla, quatro batidas fortes e exigentes soaram na porta. A tranca girava apressada, mas ainda não conseguia abrir.

— Quem é? - Questionou a Missy. – Bombeiros? Amo bombeiros. - E o Doutor revirou os olhos.

— Somos nós, Missy. - Ecoou a voz de Osgood. – Eu e Clara viemos resgata-los, mas a porta parece estar trancada. - Continuavam forçando. – Kayjela tinha a chave, mas acho que ela não está mais entre nós.

 – Ah, não se preocupem, achei algo bem útil. - Ecoou a voz de Clara, e vários sons de batidas brutais foram escutados por todos.

— Clara, isso é um extintor de incêndio! Não uma chave de fenda.

— Bem, mais funciona, eu e o Doutor já fizemos isso no refeitório da escola! - Continuou a bater.

— De certo que o Doutor tenha feito, minha querida, mas prefiro métodos mais práticos. - Ecoou uma outra voz, uma voz masculina, já madura e cansada. – Já ouviram falar em chave de fenda sônica?

— Essa voz... - Disse a Missy encarando o vão da entrada, por onde as sombras das pernas do sujeito encobriam.

Mas após o intrigante som da chave de fenda sônica ecoar, a porta se abriu imediatamente, e trazendo a gloriosa imagem do terceiro Doutor sendo iluminado pela luz dourada do corredor, e de frente das trevas profundas da sala. Osgood e Clara o encaravam completamente embasbacadas. 

— Aí meu Deus, Clara, é o terceiro Doutor, é o terceiro Doutor! - Disse Osgood tendo um ataque de ansiedade.

— Bombinha, Osgood, apenas isso. - Aconselhou a outra.

— Eu sei, Clara, mas é o terceiro Doutor! - O terceiro a-encarava sem jeito, mas logo desvia o seu olhar até o outro.

— Então foi daqui onde foi emitido a mensagem. Mas vejo que mesmo em apuros tem acompanhantes muito prestativas, Doutor.

— Muito, espere só pra ver elas acordando cedo, onze da manhã, são sempre muito dispostas. Mas outra é uma antiga arqui-inimiga/amiga do passado. É bem prestativa também, quando está de bom humor, ou quando está com algumas de suas necessidades satisfeitas.

E a Missy pigarreou.

— Você? - O terceiro a olhou da cabeça aos pés. – A Rani!

— A Rani?! - Perguntou a Missy revoltada. – Ora, que absurdo! A Missy! - Corrigiu.

— Missy quem?

— Eu!

— Mas quem é Missy?

— O Mestre!  Não era obvio?! Tive que me rebatizar, afinal estragaria o mistério.

— A Mestra?! - O terceiro arregalou os olhos. – Bom, ficou bem melhor sem aquele cavanhaque.

— Isso foi um elogio, querido?

— Hum, posso dizer que você é muito bonita, minha cara.

— Obrigada, você também não é nada mal. Porém ainda deixo o cavanhaque crescer, quando não tenho nada melhor para fazer! - O décimo segundo refletiu sobre – Viu, sobrancelhudo? É assim que se fala com a Mestra.

— É, mas talvez haja outras mestras para mim. - Retrucou o décimo segundo, e a Missy fechou a cara. – E talvez o fim do mundo não seja o melhor momento para flertar.

— Hum, você realmente está ficando inacreditavelmente velho.

— Mas e as suas companhias, Doutor, onde estão? - Perguntou Clara ao terceiro.

— Jo. - Respondeu ele. – Lá em cima.

— Mas por quê? Vendo a nave? Há uma enorme nave negra encobrindo acho que metade da região!

— Está lá em cima apenas. Para dar o poder de escolha a alguém. Um condenado.

— Como assim? - Indagou Osgood. – O que você pretende?

E sem responder, o Doutor apenas fitou o seu futuro, e a sua velha amiga.

 

***

 

TERRAÇO DA UNIT

Os bips do sinalizador apitavam constantes, e Jo continuava a apontá-lo para cima.

— Ah, isso é mais chato do que procurar sinal de telefone em Sheffield, ou wifi em Leadworth. Ah, pelo menos os sorvetes eram incríveis.  

Mas de repente, um enorme flash de luz surge na frente da humana. Jo parou com o sinalizador, e encarou o resultado saído da luz. Um homem de cabelos até os ombros, barbado, e trajado em roupas prateadas e cravejadas de detalhes negros a encarava malicioso.

— Você me chamou. O que deseja? Paz? Alianças? Ou... Entregar o meu troféu?

— Acho que nenhuma das opções. Mas quase uma aliança, sim.

— Não estou interessado.

— Vá em bora. Vá em bora e você não perderá mais nada além de seu troféu.

— Quanta ousadia! Acha que eu lutei contra milhares de rivais e aliados de meu próprio sangue, para ser o verdadeiro campeão e acabar de mãos vazias?!

— A vida é injusta, não tenho culpa. Queria ter ganho na loteria, mas nunca aconteceu também.

— Me roubaram! Eu não vou simplesmente aceitar isso!

— Escolhas e consequências. Vá, e viva. Fique, e morra.

— Nunca conseguiriam me deter.

— Tem certeza, eu conheço um cara.

— Conhece? Eu matei muitos caras.

— Ah, mas este nunca seria morto por patifes como você! Doutor... Sempre um passo afrente e um atrás.

— Ele é dançarino?

— Secretamente, sim, mas não conte a ninguém. E ele irá pará-lo. - Jo cruza os seus braços, por de trás de suas costas.

— Dizimei um sistema planetário inteiro com as minhas próprias mãos, acha que este planetinha fedorento será difícil? Acha que alguém chamado “Doutor” será diferente?!

Se aproximou com um olhar cheio de fúria até Jo, que o encarava completamente seria e confiante.

— Você aceita ou não aceita ir em bora? Última chance, estamos com pressa. - Avisou ela.

— Eu sou Hugnor! O campeão da guerra das relíquias, o Matador de Milhões, o Banhado no Sangue Antigo, o Ressuscitado das Promessas Eternas, o Senhor das 188 Constelações, a Estrela de Pedra do Abismo, a Fera das Jaulas de Polaxx, o Cavaleiro Bufante da Lua! Eu nunca partirei sem o meu troféu!

— É, foram belos títulos, principalmente esse último, mas pena que não significam mais nada a partir de agora. - E assim Jo revela o seu alque toque, que havia escondido atrás de suas costas.

E com estas palavras, um raio de luz certeiro e esverdeado partiu do pátio para a imensa nave sob os céus, onde imediatamente ela se dissolve no ar, sendo consumida pelo brilho verde do raio, e evaporando como se nada houvesse sido algum dia. Um segundo raio logo foi também disparado, porém apenas seguiu direto ao céu, até se perder de vista.

— O Terror Negro! - Disse Hugnor descrente. – Como poderia?!

— Exatamente por aquilo que te trouxe até aqui.

— E Roda de Fogo? - Jo confirma com a cabeça. – Vocês são monstros. Seres injustos e cruéis! - Hugnor mirou seu olhar para o pátio, onde o terceiro Doutor, Osgood, e Clara se encontravam com a Roda, mas já entrando na TARDIS.

— Ninguém pode ficar com uma máquina dessas, Hugnor, e agora você poderá compreender.

— Eu nunca irei me conformar! - Caiu de joelhos, se sentindo patético.

— E poderia ser pior. Sabíamos que nunca iria aceitar, mas também não poderíamos apenas deixa-lo ser consumido, você como qualquer outra forma de vida merece palavras finais.

— Os meus exércitos... Destroem sua cidade, matam sua gente, e mutilam as suas famílias, neste momento. Por que não me deixariam morrer como um inseto esmagável?

— Compaixão, Hugnor - Se agachou frente a ele. – Compaixão, sempre.

— Ah, você não é uma militar, é?

— Não.

— Então está explicado porque é tão burra.

Se levantou depressa, ativando mais do que imediatamente a sua espada de plasma, reluzindo o seu brilho fatal e sanguinário. Jo apenas engoliu a seco.

— Sabe quantos milhares de vidas esta arma já tirou? Prepare-se para ir ao inferno, minha querida senhora.

Mas interrompendo os desejos vingativos do homem, um som o-roubava sua atenção, e o-fazia olhar para trás, onde uma cabine azul surgia magicamente aos poucos, e sacodia os seus cabelos castanhos, com uma leve brisa luminosa.

As portas se abrem, e os dois Doutores e suas três amigas saem de lá.

— Veio do início dos tempos só para me encontrar, querido? - Perguntou a Mestra, portando um olhar provocante. – Que romântico.

— Ladra. - Disse seco. – Romântico será quando eu dialogar com a sua cabeça arrancada. - A Missy morde um de seus indicadores.

— Você diz coisas tão sensuais.

— Ou quando eu a empala-la em minha espada.

— Vá com calma, querido! Nos conhecemos faz muito pouco tempo. - Hugnor corou as bochechas. – Bem, cerca de incontáveis bilhões de anos atrás.

Jo corre até o grupo.

— Agora que pararam com os flertes, eu lhe direi a verdade. - Disse o terceiro Doutor. – Eu sinto muito, meu caro, mas você perdeu.

— Estão com o meu troféu. - Fitou a Roda, nas mãos do décimo segundo. – Consumiram a minha nave, mas... Logo outro raio foi lançado. O que era? Uma formação de algo, suponho. É assim que a máquina funciona, mas o que construíram?

— Eu tinha as melhores calculadoras do universo, o que você acha que eu faria? - Fitou o Doutor e Missy.

— Uma arma?

— Não.

— Uma fortuna?

— Não.

— Um exército?

— Não.

— Então... Qualquer bobagem que não me importe.

— Uma homenagem. - Responde Clara. – Zyjela morreu tentando salvar quem amava, e reconsiderando os seus erros. Existe um novo asteroide lá em cima agora. - Olhou para cima. – E tem o seu nome.

— E o que farão agora, assistir a minha ruina? Eu chorar, eu pedir perdão?! Eu vivi e cresci sonhando com aquela peça, a minha história não pode acabar assim!

— Então teremos de nos enfrentar, e eu sinto muito... Mas você vai perder. - Disse o décimo segundo.

— Veremos. Está me desafiando a um duelo?

— Sim, querido, e você vai perder. - Avisou a Missy.

— Cale-se, sua ladra!

— Um duelo, meu caro, mas pelo direito de ir atrás da Roda. - Explicou o terceiro Doutor.

— Ora, para onde ela irá?

— Eu darei um final a ela. - Acrescentou o décimo segundo.

— Irá destruí-la?!

— Não é tão fácil, mas darei um jeito.

— Não, Doutor. - Disse o terceiro Doutor. – Isso não é seu dever, esta é uma responsabilidade da Mestra! Ela foi a responsável por tudo, ela deve continuar a fugir com a Roda.

E a Missy fitou o chão pesarosa. Mas o décimo segundo se convenceu.

— É o justo, querido. - Disse a Mestra – E posso dar um fim na Roda, tem um buraco negro no centro de toda galáxia.

— Mas teríamos uma aventura. - Disse o décimo segundo entristecido. – O seu presente, uma viagem... Só nós dois.

— Pode ficar pra outro dia. Não vou morrer!

— TARDISes não funcionam muito bem próximas de buracos negros, se quiser dar um final à Roda... Talvez esta seja a última vez que nos veremos.

— Ah, seja otimista! Não tomamos milk-shakes, derrotamos ditadores, e desintegramos uma lenda só para eu acabar assim!

— Vilã clássica?

— Sempre. Porém, realmente talvez esta seja a última vez, nada é impossível. A última vez que os últimos Senhores do Tempo se encontrarão. - Se encaravam firme, com um rosto quase tocando o outro. – Que tipo de despedida você acha que viria a calhar?

— Só uma.

— Qual? - E todos os outros encaravam impacientes com a despedida. Clara cruzou os braços imaginando o que viria dali, e as suas sobrancelhas estavam tão curvadas quanto as do Doutor, se ela fosse um Dalek, já teria exterminado alguém.  E o terceiro Doutor, continuou sem entender o significado de tanto sentimentalismo na cena, pois no seu tempo não era assim.

— Poderiam andar logo?! - Questionou Hugnor impaciente.

— Cale a boca, cérebro de pudim! - Ordenou o décimo segundo.

— Então diga logo, querido. - Pediu a Missy. – Diga qual melhor despedia viria a calhar entre nós.

— Apenas essa.

E assim a despedida aconteceu. O Doutor beijou a Missy, e a Missy beijou o Doutor. Os seus lábios se mordiam ardentemente, e as suas línguas se tocavam desesperadamente. Aquele foi um beijo que marcaria as suas longas memórias por todas as suas regenerações. Todos encararam surpresos, fosse boquiabertos ou de sobrancelhas em pé. Durou talvez 1 minuto essa “despedida”, e o terceiro já batia o pé no chão impaciente.  Mas após o termino deste momento, a Missy apenas fitou feliz aos olhos verdes e contentes do outro, o-beijando mais uma vez, mas agora sendo um carinhoso beijo na bochecha.

— Adeus, querido. - Jogou o seu chapéu no chão.

— Adeus, querida. - Lhe entregou a Roda de Fogo.

— Veja só, sou uma super vilã, e o mocinho me acaba de entregar uma das armas mais terríveis do universo. Confia em mim, docinho?

— Você disse desde o início que estava tentando ajudar, e por isso havia roubado o seu chefe. Não confio em você, mas não há escolha, você deve pagar por seus erros, e encerrar o que começou.  O que quis dizer lá no começo?

— Um e-mail, odeio e-mails. DEC. Algum individuo sem nome me pede um favor, e eu vou lá e obedeço, afinal talvez ele seja mais do que um cara idiota. - Disse fitando a garota impossível.

O Doutor não entendeu, mas a Missy sabia que ele um dia iria. Ela logo esticou a entrada de sua TARDIS chapéu, e assim enfiou a Roda de Fogo lá dentro, e logo adentrou também, dando tchauzinho com os dedos. Hugnor partiu para cima, mas o terceiro Doutor imediatamente o envolve com sua capa, e o-rodopiou logo em seguida, fazendo-o cair no chão. O som da TARDIS logo soa, e o chapéu se retira da presença de todos.

— Não! - Berrou Hugnor. – Eu não posso ter perdido! Eu sou Hugnor, o Grande! O Terrível! O Indomável!

O terceiro Doutor se aproxima, em sua pose heroica, e olhar mortal.

— Você é um Balerion. Extintos há bilhões de anos, porém eram orgulhosos, e por isso sei que nunca desistirá.

— Exato. Sabe que te matarei, e partirei em busca da minha ladra.

— Não, você não vai.

— Não? Como irá me impedir? Homem desarmado, homem impotente.

— Desarmado, sim. Mas impotente não, nunca! - E enfiando uma de suas mãos em seu sobretudo, o Doutor retira um intrigante objeto, intrigante e prateado. Uma colher.

— Eu sou o Doutor, e essa... É a minha colher. - Hugnor fecha a cara.

— Isso é uma ofensa!

Partiu para cima. Hugnor ardia em ódio, e a sua espada resplandecia conforme suas emoções. Ela foi lançada por cima, mas o Doutor rebate o golpe, desviando-o para a direita. Hugnor avança novamente, e assim percorriam por todo o terraço a se enfrentarem.

— Mas isto é absurdo demais, Doutor. - Diz Jo ao décimo segundo. – Uma colher?!

— Colher de adamantium, utensílio básico do planeta Lua de Mel. - Responde o Senhor do Tempo.

— Com você tudo é tão maluco! Havia me esquecido.

— Aproposito, olá, nem tivemos tempo de interagir. - Apertaram as mãos. – Como vai? Grisalho novamente.

— E lhe caiu muito bem! Nada mal. - Sorriam.

Mas enquanto o Doutor e Jo dialogavam, o terceiro Doutor e Hugnor continuavam a se enfrentar arduamente. Hugnor lançou cheio de fúria um golpe de baixo para cima, e o Doutor saltou para o lado, caindo rodopiando no chão. Hugnor então aproveita o Doutor caído, e lança novamente um golpe contra ele, mas ele rola para a esquerda, e escapa de sua morte. Mas Hugnor lança outro golpe, e o Doutor rola novamente, para a direita.

— Doutor, desista! Você não pode me derrotar. - Lançou mais um golpe contra o chão.

— Desistir? Boa ideia, cansei disso.

O Doutor rolou para longe, e imediatamente se levantou. Lançou a colher na cara de Hugnor, que acabou se descuidando ao se curvar, pois ela atingiu um de seus olhos. E assim, o Doutor o deu um pontapé enorme, que o-fez cair brutalmente próximo à beira do terraço. Faltava poucos metros para Hugnor despencar de lá, e se espatifar metros abaixo.

— Acha que está vencendo, Doutor?

— Eu sempre estive por cima. Mas respeitei o seu direito de honra. Porém acho que já chega, já é hora de pararmos com isso.

O Doutor fitou o décimo segundo, e assim o-fez um gesto com o sua cabeça, que logo faz o décimo segundo ativar o óculos sônico, e assim a espada de Hugnor se desativou, secando as suas laminas plasmáticas por completo. Ele aperta o botão do cabo, mas nenhuma espada se manifestava.

— Trapaceiro!

— Justo. - Corrigiu.

— É a maior vergonha e humilhação para o meu povo morrer impotente e encurralado! - Lagrimas escoriam de seus olhos. – Eu não posso acabar assim!

— Ninguém falou em acabar.

— E não irá me jogar daqui de cima?!

O Doutor negou com a cabeça.

— Eu sou o Doutor, aquele que faz os outros se sentirem melhores. - O décimo segundo virou a cara entristecido, talvez discordasse disso. – É claro que eu nunca o-jogaria daqui de cima, eu o-jogarei para a outra direção.

— O quê?!

O Doutor então puxa Hugnor grosseiramente por seu braço, e o joga no chão, em direção dos outros.

— Algemem ele. Jo?

— Sinto, meu amigo, mas não carrego mais algemas. - Lamentou Jo. – Perdi o pique, sabe?

— Aqui! - Disse Osgood nostálgica, retirando uma algema de dentro de sua camisa, e entregando ao Doutor, que logo algemou o campão derrotado, que tanto chorava se lamentando.

— Muito eficiente, minha cara. - Felicitou o terceiro Doutor.

— Obrigada! - Correspondeu Osgood emocionada.

— Bombinha. - Aconselhou Clara, e assim a outa o-fez. – Algemas, alguém sempre tem uma por aí.

— Tem? - Indagou o décimo segundo confuso.

— Esqueça isso.

O terceiro termina de algemar o derrotado, e assim se levanta confiante, e o-aconselhando a algo:

— Assim como Zyjela, aprenda com os seus erros, Hugnor. Você possui títulos e grandes histórias, mas nada disso importa se foi feito apenas para ser admirado pelo mal. Tente acabar diferente, nem todos os seus oponentes terão a mesma conduta que nós tivemos hoje, o universo é cruel.

— O que vão fazer comigo? - Questionou o campeão derrotado com sua voz de choro.

— Stormcage, seu novo lar. - Respondeu o décimo segundo.

— Desconheço esse nome. - Notou o terceiro.

— A casa da leoa. - Disse o décimo segundo sorrindo. – É uma prisão para psicopatas do seu tipo, Cavaleiro Bufante da Lua.

— Não! - Berrou Hugnor. – Não!

Ele chorou, e esperneou, estava completamente desolado, e o Doutor ainda não havia terminado.

— Garota da bombinha. - Chamou o terceiro Doutor. – Uma missão muito importante para você.

— Sim! - Respondeu Osgood absolutamente animada. – Pode dizer, eu faço qualquer coisa, Doutor! Qualquer coisa!

— Ótimo, leve esse elemento à uma cela qualquer. - E o sorriso da jovem se desfez completamente. – Agora, Doutor, você, eu, Clara e Jo devemos ir ao Arquivo Negro.

— Para encontrar uma maneira de parar os robôs assassinos? - Indagou Jo.

— Exato, Jo! E logo em seguida um piquenique em Highclere Castle, com todos os nossos amigos!

— Ohu, Doutor, isso é maravilhoso!

— Com certeza, Jo, com certeza!

— Após tantos anos, uma aventura como essa!

— Preparada?

— Sempre.

— Sim. E, Doutor? - Se referiu ao outro. – Não se atrase!

Deram as mãos, e assim partiram rumo a nave da esperança, a TARDIS, que imediatamente se desmaterializou.

— Ótimo, Clara, agora a nossa vez! Mundo em perigo. - Puxou a mão de Clara, mas ela o-puxou contra.

— Não, a gente não vai.

— Clara, Londres está sendo atacada por seres com poder explosivo capaz pra explodir um planeta!

— Sim, mas a gente não vai.

— O quê?! - Suas sobrancelhas se curvaram completamente.

A jovem mulher encara ao velho Senhor do Tempo com o seu olhar mais sincero e sereno possível, tocando em seu rosto. Ele igualmente toca a macia mão dela.

— Você ainda não entendeu, não foi?

— Não, ainda esperando uma boa explicação, professora de inglês.

— Tudo isto estar acontecendo... E você me dizendo ontem que não é um homem bom... Qual o motivo principal, Doutor? Falta de piedade, exibicionismo, ou a vergonha gallifreyana pelos horrores da guerra?

— Não entendo onde quer chegar. - Virou o rosto.

— Entende sim. - Sorriu. – Não teríamos chegado até aqui se não fosse por tudo isso que eu citei, Doutor, nada disso teria acabado assim.

— E o que está fazendo?! Tentando me culpar, me atingir?

Clara imediatamente negou com a cabeça.

— Estou dizendo que chegou a hora de provar à si mesmo que é sim um homem bom. - O Doutor continuou desentendido. – Nada neste dia, Senhor do Tempo, teria ocorrido se você alguma vez, alguma vez... Tivesse olhado para trás. Volte, volte no tempo e faça algo de bom, Doutor, você e eu.

— O que está querendo? Passear?! O mundo está acabando, e com “mundo” eu quero dizer Londres, sua cidade! Sua madrasta pode acabar morta, sabia?!

— E com olhar para trás, eu quero dizer ir lá nos tempos difíceis, pós guerra. E salvar alguma tribo Zygon perdida por aí que seja.

— Clara...

— Se não fosse pela vergonha gallifreyana, nenhum deles estaria aqui, e você sabe disso. - Uma certeza desesperadora percorria os olhos e mente do Doutor, e na face de sua amiga, o desejo de provar a bondade de seu amigo, a ele mesmo. – Zygons sempre foram monstruosos, mas humanos nunca foram diferentes, e mesmo assim você nunca nos abandonou. Não seja indiferente com seres tão miseráveis quanto nós, Doutor. Todos erramos e acertamos, e ninguém é tão especial quanto qualquer outro que seja.

— Clara, sua alma... Sua alma é tão bela. - Se virou envergonhado.

— Não, Doutor, a sua é que é, mas não gosta de enxergar, porque é bom demais pra ser verdade.

 – Mas estamos no meio de um ataque, já disse dez vezes.  O mundo não pode ficar sozinho e esperar só porque tenho uma máquina do tempo!

— Há um outro Doutor aqui, e é só o que qualquer mundo precisa “um” Doutor. Um Doutor, Doutor, qualquer mundo.

 – Você me acha mesmo um bom homem?

— O melhor de todos. - Se voltou para ele.

— Por que acredita tanto em mim?

— Ou porque eu sou baixinha, e baixinhos são teimosos, ou porque quando gostamos muito de alguém... Sempre fazemos de tudo para o-tirarmos das trevas.

— Ohu, Clara Oswald, eu te pago?

— Não é meu chefe, é o meu passa tempo.

— Bom, mas por quanto tempo?

— Sempre, que tal?

— Assim está de bom tamanho. Para sempre então, Clara Oswald. Me dê a sua mão. - Estendeu a dele, e assim Clara correspondeu com a sua. – Vamos!

Correram de mãos dadas, rumo para a TARDIS daquela regeneração, cheios de felicidade e deslumbramento um pelo outro em seus olhos e sorrisos. Mas observando aquela partida, Osgood chorava seriamente quantidades magníficas de lagrimas.

— Ah, esse momento deles foi tão lido. - Soou o nariz. – E eu testemunhei ele! Estou de prova, e eu shippo! Vou me lembrar todos os dias, pena que o meu celular descarregou! Sempre descarregando. - Soou o nariz novamente. – Francamente mereciam um beijo também! Por que só a Missy tem tanta sorte? Doutor e Clara pra mim formam um casal lindo com certeza!

— Dia de azar? Pensei que eu era quem estava arrasado. - Comentou Hugnor, ainda deitado no chão, completamente deprimido.

— Ah, mas foi tão injusto! Por que a Clara também não ganhou um beijo?!

— Você parece uma espécie de torcedor revoltado porque não obteve o resultado esperado de uma partida.

— Quis dizer um fã indignado com o final de sua série favorita?! Sim, estou.

— Então por que você mesma não beija a outra jovem?

— A Clara nunca iria olhar para mim.

— Por que não? Você é tão bonita. - Disse em um tom provocante. Osgood recuou seus ombros.

— Olha, isso não vai funcionar. Você vai para a cadeia e ponto final. E nem tente, não faz o meu tipo!

— Está me dando um fora?!

— É claro que eu estou te dando um fora! Vocês são tão convencidos. Vou registrar tudo no meu diário.

Osgood se levantou, e assim guiou Hugnor até a sua cela provisória, para depois ser encaminhado até uma das maiores prisões de segurança máxima dos anos 5000.

 

***

 

GALÁXIA 4/ SISTEMA DOS PLANETAS DE ALUGUÉIS/ PLANETA 9/ 10.000.000 ANOS ATRÁS

— Atenção, famílias Zygon! Atenção famílias Zygon!

Dizia a estrondosa e eletrônica voz, oriunda de uma gigantesca nave armada em todas as suas direções.

— O pagamento está atrasado. O pagamento não foi realizado. O planeta será incinerado. Atenção, o planeta será incinerado.

E todas as famílias Zygon da enorme tribo metropolita, entraram em desespero, fosse chorando ou fechando os seus olhos. As crianças Zygon se abrigavam em seus casulos, e os seus demais progenitores rezavam baixo em busca de acalento. Mas em meio ao choro e toda a reza, havia outro som. Um som, que por onde passasse ou traria desespero ou esperança, e naquele momento, justamente naquele momento, duas coisas ele havia trazido. 

— Temo decepciona-los, mas nenhum planeta será incinerado, não hoje. Não aqui, não agora.

Disse um homem grisalho de óculos de sol, saindo de uma caixa azul, que havia se materializado no topo do maior prédio da metrópole, um prédio orgânico como os demais, e que quase arranhava o casco da nave de incineração.

— É, escutem o escocês. - Disse uma jovem de cabelos castanhos, e belas bochechas arredondadas. – Nenhum planeta, nenhuma vida. Ninguém morre hoje, não com a gente por perto! Todo mundo vivi.

— Quem são vocês? - Questionou a voz da nave.

— Você não sabe? - O homem grisalho tocou em seus óculos, e a garota de cabelos castanhos sorriu animada. – Vou te contar uma história.

 

 


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Notas finais do capítulo

E então, fim! Kk não havia apenas esta versão de final, haviam outras possibilidades que talvez agradassem mais todos vocês, mas... sempre lembrem-se, esta é em primeiro lugar uma homenagem, e não apenas uma fanfic. A outra versão acabaria muito sem lado emocional, e com mortes horríveis, e não queria um final sangrento na minha fanfic de homenagem ao Capaldi!
A outra versão seria: o Doutor destrói a nave do Hugnor pensando que assim os Skovox Blitzer se desativariam, mas aí percebe que mesmo assim não se desativaram, aí ele e todos os outros tentam convencer o Hugnor a entregar um aparelho tal ou código que desativasse eles ou desse controle. Mas o Hugnor nunca daria, então pede para fazerem um acordo, que seria o aparelho/código em troca da Roda de Fogo. Logico que os Doutores nunca aceitariam, então o Hugnor diz que não dará nada. Aí o 12 convence o 3 a lutar, pois sabe que vai vencer, pois é o seu futuro. Aí lutam, e o Hugnor perde, e entrega o aparelho/código. Porém, como é orgulhoso não aceita a derrota, e assim se joga do terraço, mas após todos tentarem convence-lo a não fazer.
Seria um bom enredo? sim! Mas... isso tiraria por completo o efeito do último capítulo, que aliou Zygons e humanos, e assim não faria mais tanto sentido a aliança deles ter durado tão pouco, e aí provavelmente não teriam se convencido realmente a mudarem e respeitarem uns aos outros. Ou seja, traria Zygons rebeldes de novo. E eu e o Capaldi não queremos ver zygons rebeldes de novo, queremos ver zygons da paz.
E como queria algo mais emocional, e também já chega de exterminar os meus personagens, preferi que o Hugnor ficasse vivo, e que a Clara ressaltasse a questão do I `m a good man, da oitava temporada, mesmo o Doutor já tendo respondido no final dela. (você tem que ler essa penúltima cena do doutor e clara com uma aba do chorme aberta, tocando uma daquelas músicas emocionantes da série).
Mas isto é uma homenagem, e quis trazer vários dos elementos da era Capaldi aqui novamente. Me inspirei principalmente na nona temporada, e muito em grandes obras que admiro, como GOT. Também usei aquilo que o Moffat mencionou antes da estreia da nona, que era o desvio de ideia, ou seja, você vai ver algo complexo porém com a cabeça livre de compilações para entender, coisa que muitos reclamavam durante quina e sexta temporada. Eu particularmente adorava aquela agitação do início da era Moffat! E ainda terei uma história naquele estilo! (risadas malignas)
Acham que acabou com pontas soltas? Não há nada de pontas soltas por aqui, já vou avisando. E não, não estou louco. Todos tiveram um final e destino suposto, de forma subentendida. Gosto de finais assim, se você não, talvez tenha odiado esse capítulo. Mas para mim eu estou satisfeito.
E quem é DEC mesmo? É ponta solta? Não, está respondido também, sutilezas à parte.
Eu gostei muito de escrever esta história. Particularmente eu acho que foi a mais desafiadora após a primeira, pois a primeira foi a minha primeira! Kkk mas essa se superou em tudo, pois aqui eu fiz coisa que não tive coragem de fazer nas outras, e experimentei métodos diferentes como escrever em primeira pessoa, ou fazer leilões, ou narrar guerras medievais! Kkk já fiz massacre espacial, e massacre na neblina, mas não narrar uma guerra cheia de sabres de luz, matando todos, e tudo mais acontecendo! Ou juntar um monte de companions, e um Doutor raiz/raiz!
Enfim, foi uma experiência fantástica, e eu só tenho a agradecer a cada um de vocês que esteve aqui comigo até o momento, e até a última palavra e frase. Todos foram extremamente importantes e especiais para que eu chegasse até aqui, e por isso desejo uma enorme felicidade a todos vocês, e que os seus sonhos se realizem! Pois ter uma história maluca neste estilo foi um dos meus sonhos, quando conheci o site kkkk falei “um dia eu vou ter uma história muito doida”. E gostaria de pedir também, para lerem as fanfics dos coleguinhas whovians, valorizem os outros fãs, e não seja um ser ingrato e rude como os vilões dessa história acabaram sendo. Logico, você não é obrigado a ler algo só porque é de DW, mas se você sentiu simpatia pela obra, então demonstre isso.
Enfim, nem pensava que iria escrever algo por agora para o 12, mas a Valdie veio com este projeto incrível de homenagem ao Capaldi, e aqui estamos! Achei que não daria tempo pra entrar no projeto, mas... eu escrevi o “piloto” dessa fanfic, e continuei na última antes dessa, até terminar ele, e voltar para essa. E agora estou terminando essa, para depois ir para a próxima, mas que não sei quando posso escrever, e nem nada! Mas quero postar ela assim que eu tiver escrito por completo, e tirar a Grace do vácuo, coitada. Tenho a ideia da história, logico, só não sei quando posso começar.
E vai ter continuação de 12 & Clara? não, até onde sei no momento. Não descarto a possibilidade. E percebi ao longo de todos os capítulos que a Missy foi muito elogiado nos comentários, acho que ela deve ter sido bem marcante mesmo.
E para quem gostou do trio do Doutor, Clara e Missy juntos, eu recomendo a história da Valdie, chamada Dualidade, que aliás é uma excelente e espetacular história, você vai adorar.
Mas sobre a história do 12 & Clara, o que acharam? No geral vocês gostaram? Como foi a leitura?
Bom, muito obrigado por sua presença, comentário, e leitura! Até sempre, queridinhos ;)



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