—Tenho um comunicado. - Edward fechou o notebook e ele e Bella olharam para a filha. Ela estava tão séria, que eles se assustaram. - Não vai ter mais chá da tarde. - Revelou empinando o queixo e cruzando os braços.

—Como assim? - Edward piscou os olhos várias vezes. Logo agora que a filha havia concordado em deixar os pais prepararem o chá, ela simplesmente o encerrava? Ele se surpreendeu em como aquela notícia o deixou um pouco triste.

—Já estou velha para brincar de chá da tarde. - Ela jogou os cabelos, com o tom idêntico ao do pai, por sob o ombro. - E eu estou muito ocupada. - Além das aulas de balé, ela fazia aulas de hip hop, flauta e futebol. A vida dela era mesmo bem agitada.

—Eu gostava do chá da tarde. - Edward suspirou e Bella segurou a mão dele o confortando. Ela sabia que o chá da tarde era um momento importante para ele e ver a filha crescer o deixava um pouco assustado. Ele tinha medo que a filha se tornasse uma adolescente e deixasse o pai de lado.

—Podemos fazer outra coisa, papai. - Ela abraçou o pai e ele deu um beijo no alto da cabeça dela. - E você não era muito bom no chá. - Ele abriu a boca para protestar, mas ela estava certa. Ele não conseguia entender todas as regras, nem mesmo com a ajuda de Bella.

—Em minha defesa, são muitos cumprimentos. Tem o cumprimento para quem é da realeza e outro para quem não, um só para as mulheres, outro para os homens e até um para as crianças. E o que eu nunca entendi. - Continuou, interrompendo o que a filha ia dizer. - É como vou cumprimentar alguém tirando o chapéu, sendo que eu tenho que usar uma tiara?

—Você não precisa usar um de verdade, é só usar a imaginação. - Explicou pela milésima vez.

—Está me chamando de sem imaginação? - Ele a cutucou e ela gargalhou.

—Eu diria não muito criativo. - Bella piscou e Aurora balançou a cabeça concordando com a mãe.

—Vocês duas me tratam muito mal. - Cruzou os braços, fingindo estar chateado.

—Nós duas amamos você, papai. - Ela o abraçou de novo. Bella ergueu três dedos, indicando também o novo integrante da família.

—Também amo vocês duas. - Ele também ergueu três dedos.

—Filha, precisamos conversar com você.

—Eu juro que foi o Greg. - Ela deu dois passos para trás. - Eu falei que a vovó ficaria brava se ele quebrasse as flores dela.

—Não era sobre isso que queríamos conversar, mas acho que devemos. - Edward sabia o quanto a mãe amava o jardim dela, mas também sabia que ela não conseguia brigar com os netos.

—Foi só um acidente, papai. O Greg chutou a bola e ela foi parar no jardim.

—E vocês fingiram que nada aconteceu. - Bella completou e Aurora sorriu envergonhada. - Vocês não podem brincar perto do jardim da vovó. Vocês dois vão contar o que fizeram e pedir desculpas.

—Tudo bem. - Resmungou. A culpa era do primo e não dela. - O que queriam falar? - Perguntou tentando mudar de assunto. - O que vocês estavam olhando aí? - Apontou para o notebook.

—Estávamos olhando casas. Vamos comprar uma. - Ela sorriu animada com a ideia. Amava o apartamento, mas numa casa ela teria mais espaço e finalmente os pais não teriam mais desculpas para negar dar um cachorro a ela.

—Filha. - Bella puxou a cadeira para que ela pudesse sentar de frente para eles. - Independente de qualquer coisa, nós sempre a amaremos. Mais do que consiga imaginar. Você sempre será o nosso bebê, a nossa princesa e a nossa luz.

—Nunca a amaremos menos, sempre mais e mais. - Edward completou e Aurora olhou de um para o outro, ela estava assustada. Os pais estavam sérios e aquilo a deixou preocupada.

—Pode ficar tranquila. - Bella abraçou a filha ao ver o olhar de desespero dela. - Queríamos te tranquilizar, mas acho que não fizemos da forma certa.

—Você está doente, mamãe? - Ela viu a mãe passando mal uns dias atrás.

—Não, meu anjo. Eu estou grávida. - Os olhos de Aurora arregalaram e depois ela sorriu.

—Vai ter um bebê?

—Sim, querida. - Foi Edward quem respondeu. - Em breve você terá um irmãozinho ou irmãzinha.

—Tomara que seja uma menina. Meninos são chatos.

—Achei que gostasse dos seus primos.

—Greg e Liam são legais, mas eles são chatos também. Eles fazem muita bagunça. - Explicou encarando a barriga da mãe. - Falta muito para nascer?

—Ainda está bem no começo. Quando nascer você já terá nove anos. - Se tudo ocorresse conforme o esperado, o bebê nasceria um mês depois do aniversário dela.

—Como se sente com a notícia? - Edward perguntou, cauteloso.

—Prometem que não vão amar ele mais do que eu?

—Amaremos vocês da mesma forma e da mesma quantidade. - Os dois ergueram a mão direita.

—Tudo bem, então. - Deu de ombros e uma ideia passou pela cabeça dela. Era a oportunidade perfeita para conseguir o que queria. - Se vocês vão ter um bebê, eu posso ter um cachorro? Vamos ter uma casa grande. - Acrescentou depressa.

—Agora não, quem sabe depois. - Edward começou a explicar antes que ela reclamasse. - Teremos que cuidar do bebê e não vai ter muito tempo para cuidar do cachorro.

—Eu cuido dele. - Protestou unindo as mãos. - Por favorzinho, papai. - Edward olhou para Bella em busca de ajuda.

—Filha, você não vai conseguir cuidar dele sozinha, e acabou de dizer que está muito ocupada. - A lembrou e Aurora levou a mão ao queixo pensando em alguma saída.

—Eu saio da aula de flauta. É chato mesmo.

—Você também vai ter que ajudar a tomar conta do seu irmãozinho. – Edward apontou querendo ver a reação da filha.

—Eu saio do futebol, não sei jogar mesmo. – Deu de ombros. Ela só estava no futebol por causa de Zach. O garoto amava futebol e a convenceu a participar também. Como melhor amiga dele, ele não precisou de muitos argumentos. – Vou cuidar do meu irmão igual você fez com a tia Alice. – Alice sofreu um acidente de carro no ano passado e Edward ficou ao lado dela no hospital na maior parte do tempo. Quando Aurora perguntou o porquê era ele quem estava cuidando da tia e não o tio ou a avó, Edward respondeu que irmãos devem ficar um ao lado do outro e que ele tinha uma dívida enorme com a irmã e que ficaria ao lado de Alice até ela se recuperar por completo.

—Tenho a certeza de que vai fazer ainda melhor. – Declarou beijando a testa dela. – Vai ser a melhor irmã de todo o mundo.

—Então vou ganhar um cachorro? – Perguntou esperançosa e Edward soube naquele momento que eles teriam um cachorro.

[...]

—Me avisaram de um bebê, não de um cachorro. – Emmett apontou para o pequeno animal peludo que tentava se soltar das mãos de Aurora. Ela não largava o cachorro desde que o ganhou pela manhã. – Qual o nome dele, Joaninha? 

—É ela, e o nome dela é Joaninha. – Sorriu erguendo a cadela para que o tio pudesse ver melhor. – Agora você não pode mais me chamar de Joaninha.

—Você que acha. – Não havia como ela fugir do apelido. – E aí cara, vai ser papai de novo. – Deu um abraço apertado no amigo. – Estou muito feliz por você, cara. Não vejo a hora de ter mais um.

—Liam está com a Rosalie? – Ele amava o sobrinho e assim como Emmett prometeu cuidar de Aurora como se fosse sua filha, Edward fez a mesma promessa ao amigo.

—Sim. E Rosalie vai enrolar a Bella até terminarmos aqui. – Emmett se jogou no sofá. Edward enviou uma mensagem pedindo ao amigo para que fosse até a casa dele e outra a Rosalie pedindo para que convidasse Bella para sair. – Qual o mistério?

—Reuni vocês dois aqui porque preciso da ajuda dos melhores. – Ele encarou os dois, que sorriam por causa do elogio. – Já passou da hora de pedir a Bella em casamento, eu só não sei como fazer isso de uma forma romântica. – Agitou as mãos, nervoso.

—Está falando com as pessoas certas, então. Joaninha humana e eu realmente somos os melhores.

—Vou mudar o nome dela. – Avisou soltando a cadela. – Eu não vou cantar de novo. – Reclamou cruzando os braços.

—Você é meio desafinada, Joaninha, mas ficou muito fofo o pedido. – Emmett suspirou se lembrando do pedido.

—Edward não vai vir? – Rosalie perguntou olhando para o namorado.

—Ele disse que tinha que visitar a Bella. Está gostando do jantar? – Ela balançou a cabeça ajudando a sobrinha a cortar a carne.

—É um restaurante muito chique. Tem algum motivo especial para estarmos aqui? – Os pais dele também estavam no local e conversavam animadamente. Rosalie estranhou a sobrinha estar presente, ela era a única criança no restaurante. – Está tudo bem, querida? – Ela apertava a pequena mochila com força.

—Ela está ótima. – Foi Emmett quem respondeu. – Sobremesa? – Perguntou vendo que todos tinham acabado e fez um sinal para o garçom e outro para Aurora. Ela estava ansiosa para ajudar.

—Aqui, senhor. – O garçom entregou um violino a ele e Emmett ajoelhou.

—O que é isso? – Rosalie perguntou gaguejando e Aurora levantou segurando uma pequena almofadinha com as alianças nela.

—Every night in my dreams I see you, I feel you. That is how I know you go on. Far across the distance. And spaces between us. You have come to show you, go on – Emmett e Aurora começaram a cantar, os dois ensaiaram bastante, mas além de não saberem cantar muito bem, Emmett não conseguia cantar e tocar ao mesmo tempo, ele se confundia com as notas e com a letra. – Rosalie Hale. – Colocou o violino de lado.

—Já terminou? – Aurora perguntou tentando entregar a almofadinha a ele.

—Calma, Joaninha, segue o plano. – Sussurrou voltando a atenção para a namorada. – Rosalie Hale, eu amo você de todo o meu coração e quero passar o resto da minha vida com você. Me daria a honra de poder chamá-la de minha esposa?

—Só se eu puder chamá-lo de meu marido. – Sussurrou contendo as lágrimas e se jogou sobre ele.

—Isso é um sim? – Perguntou sorrindo.

—Isso é mais do que um sim. – Declarou o beijando.

—Eca! – Aurora reclamou e entregou as alianças a ele.

—Meus parabéns aos dois. – Os pais deles se levantaram para cumprimentá-los.

[...]

—Qual o nosso prazo?

—Pretendo pedir a Bella em casamento amanhã mesmo. Acha que consigo uma reserva nessa restaurante que falou?

—Sem chances, cara. Tem que ser com pelo um mês de antecedência. E você não pode pedi-la em casamento tão rápido assim. Você nem sabe tocar violino.

—E por que tenho que saber?

—Porque você vai tocar uma música para ela. – Respondeu como se ele fosse uma criança.

—Eu não vou tocar uma música, principalmente a do Titanic. – Apontou, irritado.

—É claro que não. Tenho a música perfeita para você. A Joaninha pode até fazer uns passos de hip hop. – Emmett pegou o celular e colocou uma música para tocar: Let's Get Married, adiantou até o refrão.

Meet me in the altar in your white dress

We ain't getting no younger, we might as well do it

Been feeling all the while girl I must confess

Girl let's just get married

I just wanna get married

Encontre-me no altar em seu vestido branco

Nós não estamos ficando mais jovens, nós podemos muito bem fazê-lo

Senti todo o tempo menina eu devo confessar

Garota vamos nos casar

Eu só quero me casar

 -Aí você dá um giro e coloca o anel nela. – Finalizou e Edward cobriu o rosto.

—Só diga o que sente e a mamãe vai dizer sim, não precisa fazer muita coisa. – Aurora falou sabiamente e Edward gostou da ideia da filha. Ele não precisa de nada grandioso, eles se amavam e isso era tudo o que importava.

—Ainda bem que puxou a sabedoria da sua mãe. – Sorriu para a filha. – E o que eu digo?

—Sei lá cara. – Emmett olhou para a porta da frente e fez um sinal discreto. – Se a Bella estivesse aqui, agora, o que diria a ela?

—Bem... – Ele suspirou e fechou os olhos jogando a cabeça para trás. – Eu diria que sou um idiota por ter demorado tanto tempo para fazer isso. Eu sempre achei que era pouco para você, que merecia muito mais e esperava que um dia fosse se cansar de mim e ir embora. Mas você ficou e inexplicavelmente, me ama. E eu a amo tanto que não há palavras para descrever tudo o que sinto por você. Você trouxe a luz para a minha vida e bem, não falo só da Aurora, você também é a luz da minha vida, me fez acreditar e a ter esperança e me fez voltar a amar. A amar de verdade e de todo o coração. Bella, eu quero passar o resto da minha vida com você e te amar todos os dias e cuidar de você e dos nossos filhos. Quero estar ao seu lado, sempre e sempre. Quer casar comigo? – Edward abriu os olhos ao ouvir uma risadinha infantil, era Liam, que estava no colo de Rosalie e ao lado deles estava Bella. Ela estava sem palavras. Caminhou até ele e o beijou.

—Você é gentil, bondoso, amoroso, um superpai, inteligente, lindo e maravilhoso. Não tem nada de inexplicável, eu te amo porque você é. Se veja como eu o vejo. – Edward inclinou a beijando de novo. – Te amo, Edward e obrigado por não fazer aquela dancinha ridícula. – Apontou para Emmett, que fez uma careta.

—Não estava pronta. – Se defendeu.

—No momento só posso te dar o meu coração, ainda não comprei a aliança.

— Seu coração é tudo que me importa. Nós já temos o suficiente, não preciso de joias, quando já temos a coisa mais preciosa desse mundo.  

—Amor. – Edward completou. – Eu amo você. -Antes que ele pudesse beijá-la, Emmett levou os interrompendo.

—Acho que as coisas vão ficar sérias aqui e não quero ninguém traumatizado. Joaninha, pegue a joaninha de quatro patas e vamos tomar sorvete. Os noivos precisam de privacidade. – Edward sorriu agradecido.

—Rose, acho melhor comprar aquele vestido, vai ser a minha madrinha. – A loira riu, é claro que ela seria a madrinha. Foi o que prometeram quando eram adolescentes.

—Querido, preciso do seu cartão. – Avisou ao marido.

—Eles merecem. Então compre o que precisar. Estou orgulhoso de você, meu irmão. – Deu um abraço rápido nele. – Eu diria para se cuidarem, mas agora já é tarde. – Provocou jogando a sobrinha nos ombros. – Nós cuidamos dessa aqui, boa comemoração. – Gritou fechando a porta.

—Já que estamos a sós. – Edward puxou a noiva para perto dele. – Vamos seguir o conselho do Emmett e comemorar.

—Foi um conselho excelente. – Ela sorriu agarrada a ele.

— Girl let's just get married. – Cantarolou a música e Bella riu.

—Sim, garoto, vamos nos casar. – Comemorou e ele os levou até o quarto, em breve eles estariam casados, morando em uma casa nova e com dois filhos. Era mais do que Edward sonhava merecer.