Os últimos dois anos estavam sendo tudo o que Edward sempre desejou. Aurora crescia feliz e continuava a iluminar a vida dele. Ele já estava tendo dor de cabeça com alguns amiguinhos da filha. Por mais que Bella dissesse que eram apenas crianças e que não estavam de olho na princesinha dele, ele não acreditava, é claro. Conhecia bem a espécime masculina e ficaria atento. Nenhum garoto chegaria perto da filha dele até ela completar 21 anos. Bella o convenceu de que não teria como ele manter a filha longe de garotos até os 30 anos, talvez nem até os 15, mas um pai poderia sonhar.

Entrou no elevador e apertou o andar deles. Faria um jantar especial para as garotas dele. A vida dele se resumia a fazê-las feliz e ele estava mais do que satisfeito por estar no caminho certo. Bella e ele tinham alguns desentendimentos, mas coisa normal de casal. Eles sentavam, conversavam e resolviam o problema. A terapia os havia ajudado bastante. O tempo em que passaram separados serviu para os ensinar a valorizar cada momento. E eles não poderiam perder tempo brigando.

As portas do elevador estavam quase fechando quando um homem alto entrou nele.

—Faz muito tempo desde a última vez, Cullen. - Edward encarou o homem e o empurrou contra a parede com uma mão e com a outra apertou o botão para parar o elevador.

—O que faz aqui, Eleazar? - Perguntou apertando o pescoço dele.

—Se me soltar talvez posso explicar. - Pediu tentando se soltar de Edward, mas ele era mais novo e mais forte.

—Tem um minuto. - Avisou o soltando.

—É bom revê-lo, garoto. - Tossiu e buscou apoio na parede.

—Não posso dizer o mesmo. - Arrumou as sacolas que havia deixado cair, sem desgrudar os olhos do homem que ele imaginava nunca mais ver.

—Tenha um pouco mais de consideração, garoto. Eu o tornei o homem que você é.

—Não. A minha família me tornou o homem que eu sou hoje. Você me tornou no monstro que eu era antes. Mas eu finalmente encontrei a luz.

—Fiquei sabendo que mudou bastante desde que se tornou pai. E a propósito, meus parabéns. Suas garotas são lindas. Elas sabem sobre você?

—Seu tempo acabou, Denali. - Avisou colocando a mão sobre o botão de emergência.

—Espere. - Ergueu as duas mãos. - Não estou aqui para falar sobre a sua namorada ou sobre a sua filha. Estou aqui porque tenho um trabalho para você.

—A menos que seja um trabalho sobre investimento financeiro, não estou interessado.

—Vai repensar quando souber que estão oferecendo 20 milhões. Eles querem você para o serviço.

—Como disse, não estou interessado. Larguei essa vida e nem todo o dinheiro do mundo me fará mudar de ideia.

—Há outros meios de convencê-lo a aceitar o serviço. - Sorriu e Edward deu um soco no nariz dele.

—Ameace a minha família de novo e eu quebro o meu juramento e o mato aqui mesmo.

—Você não faria isso com o homem que tanto o ajudou. - Eleazar levou a mão ao nariz quebrado. - Você não tinha nada e eu te dei tudo, garoto.

—Você aproveitou que eu estava desesperado e me usou para fazer serviço sujo para você.

—E você bem que gostou. Me abandonou para seguir carreira solo. - Apontou e Edward cerrou os punhos.

—Achava que não tivesse mais esperança para mim. Que eu era um monstro e que deveria deixar a escuridão me dominar, mas eu estava errado.

—Esse é um serviço muito importante. O alvo é um homem muito poderoso. Se você o matar, todos o temerão e ninguém vai se colocar no seu caminho. Terá muito dinheiro e será temido.

—Eu não preciso de dinheiro. E ninguém entrará no meu caminho, porque todos sabem muito bem do que sou capaz. E ninguém sabe a minha identidade. Me conhecem apenas como Fênix. - Edward aproximou de Eleazar e o segurou pela camisa. - A menos que você diga a eles quem eu sou. Assim como falou para Félix Volturi. - Eleazar engoliu em seco e Edward sorriu vitorioso. Era só uma suposição, mas a reação do ex chefe foi a confirmação que precisava.

—Como descobriu? - Gaguejou e Edward aproximou ainda mais.

—Achava que tinha sido Jane, mas ela disse que não foi ela. Então comecei a pensar em quem mais sabia a verdade. Tirando as pessoas em que confio, você era o único da lista. O que eles te ofereceram? - Rosnou, erguendo o homem.

—Dinheiro. Eles ofereceram muito dinheiro para quem entregasse o homem que matou o pai deles. Estava devendo muito e a polícia estava na minha cola. Precisava sumir e o dinheiro que eles ofereceram garantiu a minha sobrevivência. Não queria ter feito isso. Eu gosto de você, garoto, mas a minha vida vale mais do que a sua.

—Eu sei que você não presta, Denali. - Edward pegou a arma de Eleazar e a encostou na barriga dele. - Vamos fazer o seguinte. Eu poupo a sua vida e você se esquece que um dia me conheceu. Você não sabe o meu nome e não sabe nada sobre mim. Já ouviu falar sobre o Fênix, mas não faz a mínima ideia de quem ele seja. Eu vou abrir as portas e você vai dar o fora daqui sem olhar para trás. Estamos entendidos?

—Eles precisam de alguém para fazer o serviço. - Edward o cutucou com a arma.

—Resposta errada, Denali. Última chance. - Sussurrou e Eleazar sabia que Edward não fazia promessas em vão.

—Nós nunca nos conhecemos. - Murmurou e Edward o soltou.

—Não está tão velho para aprender algo. Agora saia daqui. - Ordenou e ele mal esperou as portas abrirem para sair correndo.

Edward guardou a arma na cintura e pegou o celular.

—Emmett. - Estava na hora de fazer as coisas do jeito certo. - O que o FBI acharia se eu os entregasse um dos homens mais procurados do planeta?

—O que tem para nós?

—Eleazar Denali, meu antigo empregador. - Emmett assobiou, animado. Eles estavam tendo prender Eleazar há anos, mas não havia provas o suficiente.

—Tem certeza disso? O cara pode te entregar.

—Ele não vai fazer isso, de novo. E se fizer, tenho informações o suficiente para conseguir um excelente acordo.

—Ótimo. Vamos colocar esse babaca atrás das grades e fazê-lo apodrecer lá. - Emmett falava baixo para não acordar o filho. - Agora aproveite o resto do dia com as suas garotas e amanhã vamos dar um fim ao Denali.

Edward sorriu satisfeito. Ninguém ameaçava a família dele e saia impune.

[...]

—Está tudo bem? Você pareceu meio distante no jantar. - Bella sentou na cama olhando para o namorado e Edward suspirou ajeitando o travesseiro.

—Não quero que se preocupe com isso.

—Sabia que dizer isso causa o efeito totalmente contrário? - Edward não queria que ela ficasse preocupada, mas também não queria esconder nada dela.

—Encontrei com o meu antigo empregador. - Confidenciou e Bella fechou os olhos assimilando a informação. Eles não falavam muito sobre o antigo trabalho dele. - Ele queria me oferecer um trabalho. Que eu recusei imediatamente. - Acrescentou rapidamente, não que Bella precisasse, ela sabia muito bem que ele não aceitaria o serviço. - Abandonei essa vida.

—E ele aceitou um não e foi embora?

—Não, exatamente. Tive que ser firme com ele. – Segurou as mãos dela. – Bella, ele não vai ser um problema. Já liguei para o Emmett e vamos agir dentro da lei.

—Ele vai ser preso?

—Sim. Vou contar tudo o que sei e entregar provas dos crimes dele.

—E se ele entregar dos seus?

—Ele não tem nenhuma prova. – Beijou a testa dela. – Vamos esquecer disso e deixar com o FBI.

—Não quero que ninguém o machuque. – Confidenciou puxando uma mão para secar as lágrimas.

—Eu também não quero e não vou deixar que ninguém machuque vocês duas.

—Três. – Bella soltou sem perceber.

—É claro que também vou me proteger. – Ele riu e Bella levantou indo até a gaveta para pegar um envelope.

—Então você tem que proteger quatro. – Ela entregou o envelope e Edward o abriu sem entender do que ela estava falando. De dentro do envelope ele tirou algo parecido com uma foto. 

—Esse é... – Ele não conseguiu terminar a frase, estava encantado demais pela foto que tinha nas mãos.

—Sim. Esse é o nosso bebê. – Bella prendeu a respiração, aguardando a reação dele.

—O que tem na Grécia? – Ele levantou num pulo e a tomou em seus braços. – Obrigado, Bella. – Segurou o resto dela entre as mãos e a beijou.

—Isso quer dizer que está feliz? – Perguntou incerta.

—Feliz? Não. Feliz é pouco para descrever o meu estado. Vamos ter mais um filho e eu estou quase que explodindo de tanta felicidade. Sei que da primeira vez a minha reação não foi o que você esperava. Mas eu juro que fiquei muito feliz. Senti também medo, mas agora eu não tenho mais. Sei que cuidaremos muito bem dessa criança. – Colocou a mão no ventre dela e agachou. – Ei você que está aí dentro, eu sou o papai e amo você, muito, não vejo a hora de te conhecer. – Deu um beijo na barriga dela e Bella fungou. – Está tudo bem? – Perguntou ainda ajoelhado.

—Está tudo perfeito. – Ela suspirou e ele levantou a abraçando.

—Eu amo você, Bella.

—Também amo você. – Ela estava aliviada.

—Estarei ao seu lado em todos os momentos. Cada consulta, cada compra de roupinha, cada decoração do quarto, cada chute e a cada desejo maluco que você possa vir a ter. E estarei ao seu lado quando o nosso filho ou filha, nascer. Estarei sempre com você, Bella.

—Eu tenho medo que algo possa acontecer. – Confidenciou agarrada a ele.

—Não precisa ter. Dessa vez vai ser diferente, em tudo. Vai ser como deveria ter sido.

—Sim, vai. – Ele a apertou a confortando. – Como sabe que esse também foi feito na Grécia? – Perguntou erguendo a cabeça e Edward riu.

—Não dá para perceber que você está grávida. – Tocou a barriga ainda plana dela. – Então deve estar com poucas semanas.

—Cinco. – Revelou, sorrindo e lembrando das três semanas em que passaram na Grécia. Eles aproveitaram as férias escolares de Aurora e a levaram para conhecer o país em que tanto ouviu falar. Foi reconfortante para Bella e Edward voltarem lá. Afinal, era o lugar em que se apaixonaram e conceberam a filha deles. O lugar em que foram felizes.

—Não vejo a hora de irmos para lá de novo. – Edward provocou e Bella deu um empurrão nele de brincadeira.

—Vamos com calma. Um de cada vez. – Deu um beijo rápido nos lábios dele.

—Será que a Aurora vai ficar com ciúmes? – Eles não tocavam no assunto irmãozinho e não sabiam como ela lidaria com a situação. Ela amava os primos, mas também sentia ciúmes quando um dos pais ficava muito próximo deles. 

—Talvez no começo, mas ela vai ver que continuaremos a amá-la da mesma forma e que não haverá diferença entre os dois.

—Está certa como sempre. – Ele os levou até a cama e a deitou com gentileza. – Amanhã contamos para ela. – Aurora já estava dormindo e eles não queriam atrapalhar o sono dela. – Amanhã também começaremos a procurar por um lugar maior.

—Podemos comprar uma casa com um quintal enorme? – Bella pediu animada.

—Quero construir uma casa da árvore para as crianças.

—Meu pai pode te ajudar, ele construiu uma para mim, eu não era muito fã, mas ficou ótima.

—Ele não rosnou nas últimas vezes em que nos encontramos, pode ser que dê certo. – Charlie ainda não gostava dele, mas não era mais tão agressivo quanto antes.

—Podemos ter uma piscina.

—E um cachorro. Aurora vive pediu um.

—Conversaremos sobre isso. – Bella se colocou sobre ele. – Temos tantas coisas para fazer amanhã. – Suspirou espalmando as mãos no peito dele. – O que faremos hoje?

—Hoje? – Ele colocou uma mão no queixo, fingindo pensar. Ele sabia muito bem o que eles fariam a seguir. – Acho que precisamos comemorar.

—É uma boa ideia. Uma excelente ideia, na verdade.

—Obrigado, Bella.

—Ei, eu não fiz esse bebê sozinha.

—Eu sei que não. – Sorriu malicioso. – Eu só preciso te agradecer. Pela segunda chance que me deu, por acreditar em mim e por me deixar fazer parte da sua vida.

—Acho que não era uma questão de deixar ou não. Você faz parte da minha vida e tinha que estar nela e na vida da nossa filha, é claro.

—Obrigado mesmo assim. – Sussurrou a abraçando. Eles ficaram assim por um bom tempo, apenas abraçados e curtindo a presença um do outro. Depois se perderam um no outro, a comemoração não poderia ser deixada de lado.