Last Chance escrita por Rayanne Reis


Capítulo 34
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem?
Boa Páscoa a todos :)



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Edward estava parado do lado de fora aguardando as garotas fazerem as compras, quando um homem em uma cadeira de rodas aproximou dele. Queria fingir que não o viu, mas ele estava perto demais e não havia como fugir.

—Edward! – o homem parou em frente a ele. – Faz muito tempo que não o vejo.

—Josh! – Estendeu a mão para cumprimenta-lo. – Como tem passado?

—Muito bem. – Ele sorriu e Edward também sorriu.

—Sinto muito, Josh.

—A culpa não foi sua, Edward. Aquele imbecil que estava bêbado e avançou o sinal vermelho. Carmen sabia disso e todos também sabem.

—Se a sua irmã estivesse viva me culparia pelo que aconteceu.

—Não. – Declarou com convicção. – Você estava desacordado na hora, então não se lembra, mas a Carmen disse que te amava e que a culpa não era sua.

—Não precisa dizer isso só para me fazer sentir melhor.

—Não estou mentindo. – Edward o olhou em dúvida, mas não havia motivos para ele mentir, não sobre isso. Era para Josh o odiar. – Ninguém te culpa, Edward e não precisava pagar pelo tratamento e muito menos me dar aquela bolsa de estudos, apesar de ser muito grato por tudo.

—Como sabe que fui eu? – Edward pensou que deveria rever o conceito de discrição dele. Sempre se achou bom em guardar segredos, mas ao que parece ele não era tão bom quando imaginava.

—E quem mais seria? Apesar de não entender de onde tirou tanto dinheiro. Você era bem pão duro quando namorava com a minha irmã. Só me deixava tomar um sorvete.

—Eu não era pão duro. Você que pedia coisas demais. – Apontou rindo.

—Eu era o único da minha sala que tinha um cunhado. Gostava de me gabar com os meus amigos sobre as coisas que comprava.

—Sinto muito, Josh.

—Se você pedir desculpas mais uma vez vou passar com a minha cadeira de rodas por cima de você. – O ameaçou. – É uma droga que eu tenha ficado paraplégico, mas já superei isso. Poderia ter sido pior se você não tivesse nos tirado do carro a tempo.

—Levei um tempo para acordar, poderia ter tirado vocês de lá antes e talvez a Carmen ainda estivesse viva.

—Isso não teria acontecido. Depois da batida ela só teve tempo para se despedir. Meus pais disseram que você não foi ao enterro e nunca mais o viram. Fiquei esperando você ir me visitar. – Confidenciou triste.

—Achei que me odiassem e que me culpassem pelo que aconteceu.

—Por que faríamos isso? Nós amávamos você, cara. E além de perder a Carmen, perdemos você também.

—Sint... – Ele parou no meio da frase quando Josh ajeitou a cadeira para ataca-lo.

—Foi por se sentir culpado que pagou pelo meu tratamento?

—Era o mínimo que poderia fazer. Não queria que vocês tivessem mais sofrimento.

—Obrigado! Acredito que meus pais também queiram o agradecer por isso. Ainda moramos no mesmo lugar. Bem, eles moram, eu fui para universidade e moro no alojamento. Eles ficariam felizes em te ver.

—Farei uma visita. – Ele precisava pedir desculpas pessoalmente. Só a carta que enviou não era o suficiente. Os evitou por 11 anos, mas já estava na hora de encará-los.

—Vou cobrar. – Edward estava feliz por ver que Josh ainda era o mesmo garoto alegre que ele conheceu.

—Como estão os estudos?

—Bem. Sou um aluno muito estudioso e inteligente. Seu dinheiro está sendo muito bem investido. – Piscou para ele. – Quero trabalhar com pesquisas em medicina. Talvez consiga descobrir como reverter a minha situação e a de outras pessoas. Quero poder ajudar e isso daqui. – Deu um tapinha na cadeira. – Não vai me impedir de alcançar os meus sonhos.

—Isso é excelente, Josh. E estou orgulhoso de você. – O sorriso que ele deu era o mesmo de quando Edward dizia que ele podia os acompanhar nos passeios. Para ele Josh sempre seria aquele garoto de 10 anos.

—Papai! – Aurora gritou e veio correndo na direção dele.

—Já terminaram as compras? – Perguntou a abraçando de lado.

—Já. Compramos bastante. – Ele virou para trás e viu Bella cheia de sacolas.

—Aqui. – Edward a ajudou com as sacolas.

—Oi. – Bella sorriu para o rapaz.

—Você tem uma filha? – Perguntou enciumado. Quando Edward e Carmen começaram a namorar, Josh tinha 8 anos e via em Edward um herói e um modelo a ser seguido. Ele o admirava muito e ficou com um pouco de ciúme ao ver que agora ele tinha uma filha e havia se esquecido dele.

—Sim. Essa é a Aurora. E Bella, minha namorada.

—Cara, como você é devagar. – Sorriu e Edward relaxou um pouco. Não queria que Josh pensasse que ele havia desrespeitado a memória da irmã dele. – É um prazer conhecê-las. – Sorriu para duas. – Edward namorava a minha irmã. – Explicou já que ele não o apresentou. – Meu nome é Joshua Wilson.

—O que aconteceu com você? – Aurora perguntou olhando fixamente para a cadeira de rodas.

—Aurora! – Os pais a repreenderam.

—Tudo bem, pessoal. – Abanou a mão como se aquilo não tivesse a menor importância. – Eu sofri um acidente de carro.

—Sinto muito. – Aurora aproximou e colocou a mão sobre a dele.

—Ela é mesmo sua filha. – Josh sorriu para a garota.

—Minha mãe também machucou. Só que ela ficou em coma um tempão. – Explicou e ele assentiu em solidariedade.

—Que bom que ela está bem agora.

—Está sim. Agora é ela, o papai e eu. Antes era só o papai e eu.

—Sabia que o seu pai é um cara incrível?

—Eu sei. Ele é muito legal.

—O melhor. – Os dois falaram juntos e riram.

—Gostei de você, Aurora.

—Também gostei de você, Joshua. Espero que melhore.

—Obrigado e pode me chamar de Josh. Edward foi um prazer revê-lo e esperamos a sua visita.

—Prometo que em breve farei uma visita.

—Anote o meu número e avise quando for. Minha mãe jamais me perdoaria se não avisasse que teremos uma visita. Ah, e leve as suas garotas, também. – Acenou para os três em despedida.

—Ele é... – Edward assentiu.

—Me sinto mais leve agora que o vi. Eles não me culpam.

—Por que culpariam?

—Sempre me culpei pelo que aconteceu e agora é como se eu tivesse finalmente encontrado a paz completa. Vocês duas me trouxeram paz, mas ainda tinha uma parte minha na escuridão. – Ele suspirou e sorriu, era bom estar em paz consigo mesmo. – O que acham de pedirmos uma pizza?

—Com bastante queijo. – Aurora completou e os dois estenderam a mão livre para que ela segurasse.

—Bastante queijo. – Edward concordou.

[...]

—Papai, mamãe. – Aurora largou a segunda fatia de pizza e encarou os pais.

—Conheço esse olhar. – Edward também largou a fatia de pizza que estava comendo e Bella olhou de um para o outro sem entender. – Quando ela faz essa cara é melhor se preparar.

—Vocês vão me dar um irmãozinho? – Perguntou sem rodeios e os dois engasgaram.

—Por que está perguntando isso? – Bella conseguiu falar após terminar de engolir a pizza.

—Só queria saber. – Deu de ombros. – Agora que você acordou. E você disse que quando um homem e uma mulher namoram, eles têm um bebê.  – Completou e Bella riu.

—Entendi. – Sentou ao lado da filha. – Você quer ter um irmãozinho?

—Talvez. Vocês vão amar ele mais?

—Não! – Os dois falaram juntos.

—É claro que não. Vamos amar vocês da mesma forma. – Garantiu a abraçando.

Edward e Bella ainda estavam tentando se acertar e um filho agora não seria uma boa ideia. Embora eles quisessem ter outro filho. Seria a chance de Edward acompanhar toda a gestação e de Bella ter tudo o que perdeu com Aurora.

—Seu pai e eu ainda não conversamos sobre isso, então não sei quando te daremos um irmãozinho ou irmãzinha. Por enquanto quero conhecer você e recuperar o tempo perdido. Depois conversamos sobre esse assunto. – Ela olhou para Edward, não sabia se ele concordava com ela.

—Isso mesmo. – Agachou ao lado das duas. – Vamos ser só nós três por mais um tempo e depois quem sabe não te damos uns cinco irmãozinhos. – Bella o cutucou. – Ok. Não precisa ser cinco. Talvez mais dois. – Ela levou a mão ao queixo.

—Talvez. O que acha disso, querida?

—Vamos precisar de uma casa maior.

—Você é muito inteligente, bebê. – Edward apertou o nariz dela.

—Conversaremos sobre isso depois. – Bella declarou levantando para pegar suco. Ela gostava do apartamento e não queria se mudar, mas a filha estava certa. Eles precisavam de um lugar maior.

—Mamãe, você vai na minha apresentação do balé? – Gritou para que a mãe a ouvisse da cozinha.

—É claro. Quando vai ser? – Bella voltou a sala e colocou a jarra em cima da mesinha de centro.

—Sábado? – Perguntou ao pai e ele assentiu. – Vai ser sábado e eu vou ser a principal. A Lily queria, mas a professora disse que ela ainda não estava pronta. Ela ficou com muita raiva e me empurrou.

—Não gostei dessa garota. – Aurora e Edward riram. – O que foi? – Ela não gostava de ficar de fora da conversa. Parecia que os dois falavam em códigos, às vezes.

—Nós também não gostamos da Lily e nem da mãe dela. – Edward explicou revirando os olhos.

—Uma vez a Lily falou que ela ia ser a minha irmã e que a mãe dela ia casar com o papai. – Bella piscou várias vezes tentando assimilar a informação. Ela tentava ignorar os olhares que as mães lançavam para Edward na escola. Ainda não havia ido até as aulas de balé da filha. Eram no mesmo horário da terapia dela.

—Eu nunca dei a menor indicação de que estivesse interessado naquela mulher. – Edward se defendeu. – Nunca gostei dela, mas ela ficava tentando se aproximar. – Estremeceu ao lembrar das investidas dela.

—Acho que seria melhor eu ir no próximo ensaio. – Bella estava com ciúmes.

—Por favor, mamãe. – Aurora juntou as mãos. – A senhorita Weber disse que eu sou muito boa no balé e a mãe dela disse que me pareço com você. – Sorriu orgulhosa.

—Você faz aula de balé onde eu fazia? – Perguntou surpresa. Sabia sobre o balé, mas não sobre o local, nem sabia que as Weber ainda eram as donas do estúdio.

—Sim. Sua mãe me passou o contato de lá. Você era realmente uma excelente bailarina.

—O balé envolve disciplina, organização e controle. Estava na minha zona de conforto e eu gostava muito, mas queria seguir outra área. Então num belo dia eu desisti do balé.

—Eu vi as fotos e vídeos. Quero ser como você mamãe.

—Você vai ser ainda melhor. – Deu um beijo na testa dela. – Gosta de fazer balé? Não quero que faça apenas por minha causa.

—Eu gosto. O papai disse que eu poderia fazer outros tipos de aulas de dança.

—O que você quiser fazer estaremos aqui para te apoiar. Seu pai é um ótimo dançarino.

 -Eu sei. – Aurora riu e Bella sentiu aquela pontada no coração. Ela sempre se sentia um pouco excluída, na metade do tempo não sabia sobre o que a família falava. – Papai participou de uma apresentação.

—Ah foi? – Perguntou tentando focar na conversa, não adiantava lamentar pelo que perdeu.

—O bailarino machucou e eles precisavam de um substituto. Tenho o vídeo, se você quiser ver.

—É claro que quero. – Edward sabia que Bella ainda não se sentia completamente confortável. A adaptação estava sendo lenta.

—O aniversário da Aurora está chegando e tenho uma surpresa para vocês.

—Surpresa? – A pequena pulou animada.

—O que acham de fazermos uma viagem em família? – Olhou para as duas e elas sorriram.

—Qual o destino? – Bella perguntou e Edward fingiu passar um zíper sobre a boca. – Não vai contar?

—Desculpa, amor, mas é segredo. Acredito que vão gostar da viagem.

—Papai, dá pelo menos uma dica. – Aurora implorou e ele levou a mão ao queixo, pensativo.

—Vamos visitar um lugar que você quer conhecer.

—Eu quero conhecer um monte de lugar. – Reclamou da dica.

—É segredo. – Repetiu e elas não se deram por vencidas.

—Como vamos saber o que levar? Precisamos de uma dica. Temos que tomar vacinas, tirar visto...?

—Levem roupas leves. Vai estar fazendo calor. Sem dicas. Não precisam de vacinas e nem de vistos. – Declarou cruzando os braços, não falaria mais nada sobre a viagem.

—Filha, acho que teremos que tirar a força essa informação. – Piscou para ela e as duas pularam sobre Edward que caiu no tapete com as duas por cima dele.

—Cócegas! – Aurora gritou atacando o pai.

—Vocês não deveriam ter feito isso. – Com um movimento rápido ele se colocou sobre as duas e começou a fazer cócegas nelas.

—Para com isso, Edward. – Bella soltou um gritinho. Ele sabia que ela sentia muita cócega e a filha não ficava atrás.

—Não vou parar. – Declarou e as duas riram. – Vou manter as duas para sempre aqui, nos meus braços. – A imagem das duas rindo o fez parar para admirá-las. Ele sonhou com aquele momento por muitos anos.

—O que foi? – Bella perguntou levantando. – Algum problema?

—Nenhum. Eu amo vocês, só isso. – Inclinou beijando Bella. – Vamos ser muito felizes juntos.

—Eca! – Aurora reclamou fazendo uma careta.

—Se não quiser ver mais beijos é melhor fechar os olhos. – Ela riu e fechou os olhos. -Eu juro que seremos felizes juntos. – Beijou a namorada mais uma vez.

—Eu sei que seremos. – Ela confiava nele.

—Posso abrir os olhos? – Aurora perguntou afastando os dedos.

—Pode, porque agora nós vamos te encher de beijos. – Edward a puxou para o colo e os dois passaram a distribuir beijos pelo rosto dela. – Amo vocês duas.

—Amo vocês dois. – Bella declarou.

—Amos vocês. – Aurora gritou abraçando os pais.


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Notas finais do capítulo

Agora Edward pode finalmente seguir em frente. Ninguém o culpa pelo acidente, nem mesmo a família da Carmen.

O próximo deve ser na quarta-feira.

Bjs e até mais.