Last Chance escrita por Rayanne Reis


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem?
Fiquei muito feliz com os comentários e por estarem acompanhando a fic.
Algumas pessoas já acertaram a profissão do Edward. No próximo ele vai explicar para Bella a situação dele e vocês saberão o que aconteceu a ela.



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—Edward? - Finalmente havia conseguido falar com ele.

—Olha, seja lá quem for não é uma boa hora. - Ele estava concentrado no serviço e só atendeu porque fazia meses que o mesmo número ligava para ele. Não costumava dar o número pessoal para muitas pessoas e ficou intrigado quanto a quem estava ligando para ele. Sabia que reconhecia a voz de algum lugar.

—Tudo bem. Será que pode me retornar mais tarde. É a Bella… Da Grécia. - Completou ao ver que ele não reconheceu o nome.

—Ah... Tudo bem? - Perguntou surpreso e largou o equipamento de trabalho. - Por que está me ligando? - eles tinham um acordo e não deveriam se falar nunca mais. Não houve despedida entre eles, Edward saiu de mansinho, bem cedo e deixou apenas um bilhete agradecendo pela viagem e pelos momentos de diversão. - Preciso falar com você. É algo muito importante. Será que podemos nos encontrar?

—Eu sei que você gostou da nossa aventura, mas foi só isso e combinamos de cada um seguir com a sua vida.

—Eu sei muito bem disso. - ela revirou os olhos. - E não estou querendo reviver nossos momentos da Grécia. Acredite em mim, você é a última pessoa que gostaria de ver, a antepenúltima, na verdade, mas a questão é que temos um assunto para resolver. Eu não queria ligar, mas a minha mãe disse que me arrependeria disso mais tarde.

—Do que você está falando? E que assunto teríamos para resolver? Nós não temos nada. Só um instante. - Pegou os instrumentos de volta e Bella ouviu um estalinho que não soube identificar do que se tratava. Edward sorriu satisfeito e começou a juntar os equipamentos de trabalho, tinha sido bem fácil e rápido.

—Podemos conversar pessoalmente? Não é um assunto para ser tratado pelo telefone. - Enrolou uma mecha do cabelo enquanto se olhava no espelho, tinha ganhado muitos quilos nos últimos sete meses.

—Vai ser difícil, não estou no país e não pretendendo voltar tão cedo. - Pegou a maleta e desceu pelas escadas dos fundos do prédio. Tinha que sair rapidamente de lá.

—Certo. - queria conversar com ele pessoalmente, mas já que não tinha escolhas. - Estou grávida e é seu para o caso de se perguntar o que tem a ver com isso. - era exatamente isso o que ele iria perguntar.

Parou por uns instantes na escada, a notícia o havia pegado de surpresa. Ficou feliz e surpreso, afinal de contas, ele fez algo bom pelo menos uma vez na vida. Não. Balançou a cabeça e desceu correndo as escadas, tinha deixado o carro em um beco. Ele não fazia coisas boas, não era uma boa pessoa e não poderia ter um filho.

—É dinheiro que você quer? Me passa os seus dados bancários que envio o dinheiro para sustento da criança. Uns 200 mil por ano está bom? - dinheiro não era problema para ele e poderia enviar uma boa quantia até a criança alcançar a maioridade, poderia até mesmo ajudar com a universidade. Queria que o filho fosse melhor do que ele, que tivesse uma boa educação, não que os pais dele não tenham feito de tudo por ele e pela irmã, mas acontecessem certos desvios e ele era um deles.

—Eu não quero e não preciso do seu dinheiro. Tenho um bom emprego e posso muito bem sustentar a minha filha sem você. - ela estava com raiva e sabia que tinha sido uma péssima ideia contar a ele, deveria ter mantido segredo.

—Filha? É uma menina? - as chaves do carro caíram da mão dele. O destino era mesmo cruel, ele teria uma filha, para que caras como ele partissem o coração dela. Esperava que Bella a orientasse bem. A quem ele queria enganar? Ela não sabia como fugir de caras como ele, não sabia nem ao menos identificá-los.

—Sim. É uma menina e ela está muito bem, se te interessa saber. - resmungou e secou uma lágrima, os hormônios estavam a deixando maluca. - Eu só queria te contar, pois queria que a minha filha soubesse do pai dela. Não quero ter que dizer que ele nunca soube dela, mas vai ser melhor dizer isso do que contar a verdade, que ela foi rejeitada.

—Eu não a estou rejeitando. - Droga, barulho de sirenes. Entrou no carro e deu a partida pegando o caminho contrário ao que as viaturas vinham. - Agora não é um bom momento. Eu te ligo mais tarde. - Avisou colocando o celular no viva voz para poder dirigir melhor.

—Não precisa. Esquece o que te contei e siga com a sua vida. - Desligou o telefone e ele socou o volante com raiva. Como pode ser tão estúpido assim e engravidá-la? Agora as duas corriam perigo por culpa dele. Tirando o momento de culpa e revolta, no fundo ele estava feliz, teria uma filha, alguém puro e livre das maldades que o acompanhava. Bella era uma boa pessoa, boa até demais na opinião dele, ela confiava demais nas pessoas, mas isso não importava, ela educaria e cuidaria muito bem da criança. Ele só precisava se explicar e ajudar financeiramente a filha.

[...]

—O que faz aqui? - Bella parou e olhou em volta em busca de outro caminho. Não queria vê-lo e muito menos falar com ele, já havia deixado bem claro qual era a posição dele.

—Você não atendia as minhas ligações e precisava me explicar. Dizer o porquê não possa participar da vida dessa criança. Caramba! Você está enorme já. - Apontou para a barriga dela.

—Sete meses já. - O lembrou e ele coçou a cabeça. O tempo passou bem rápido.

—Bem. Você está ótima. - estava meio sem jeito. Tinha tudo planejado, mas ao vê-la, as palavras simplesmente sumiram. - Podemos conversar em um lugar mais calmo? - O estacionamento de um hospital não parecia ser o melhor lugar para uma conversa como aquela e era exposto demais, ele não gostava daquilo.

—Não. Já conversamos e estou cansada demais. - ajeitou à bolsa no ombro, ela queria ir para casa tomar um bom banho e dormir.   

—Você é médica? - apontou para as roupas dela. Conseguiu achar onde ele trabalhava, mas não sabia ao certo a sua profissão.

—Sou enfermeira da ala pediátrica.

—É claro. Você tinha que fazer algo do bem e fofo. - resmungou e a puxou para um canto.

—Como me encontrou? - puxou o braço se desvencilhando dele. - Não encoste em mim novamente ou vou gritar.

—Tenho contatos. - respondeu simplesmente. - Me dê 10 minutos, por favor. - Bella não queria conversar com ele, mas também não queria dizer à filha que não deu a chance do pai dela se explicar.

—Tem uma lanchonete aqui do lado, deve estar vazio a essa hora. - Já passava das duas da manhã. - Você tem 10 minutos. - avisou e seguiu até a lanchonete com ele bem atrás dela. - Um chá, por favor. - pediu e Edward pediu por um café, precisava estar bem acordado.

—Como o bebê está? - perguntou sem saber ao certo como iniciar a conversa.

—Muito bem. Ela está no peso e no tamanho adequado e é muita saudável. Saberei com mais detalhes quando ela nascer, mas até então está tudo normal. - garantiu e ele sorriu. Aquelas eram boas notícias. – Sua família tem algum histórico de doença grave?

—Não que eu saiba, mas posso perguntar a minha mãe.

—Ótimo. – Resmungou balançando a xícara de chá.

—Sinto muito por isso. - falou por fim. - Foi uma irresponsabilidade tremenda ter te engravidado. Deveria ter me precavido melhor. Lamento por isso, Bella.

—A culpa não é só sua.

—Eu sei, mas eu sabia melhor dos riscos do que você. Não sou uma pessoa para se ter um filho com ela. Tenho um trabalho complicado e muito perigoso. Eu quase não falo com a minha família para poder mantê-los em segurança e é por isso que não posso fazer parte da vida da criança. Ficar por perto seria perigoso demais para vocês duas e não quero colocá-las em risco. O que posso oferecer é dinheiro, se precisarem de um lugar para ficar posso comprar um apartamento para vocês ou uma casa.

—Não preciso de nada disso. - abraçou o próprio corpo.

—Está com frio? - tirou o casaco e estendeu a ela. - Pegue, não quero que fique doente. - Meio relutante ela aceitou.

—Não preciso do seu dinheiro. Só queria que ela tivesse a oportunidade de crescer ao lado dos pais. Mesmo não tendo um relacionamento, esperava que pudesse acompanhar o crescimento dela, mas já que isso não é possível… - deu de ombros.

—Eu gostaria, mas não é mesmo possível. - lamentou sinceramente. Gostaria de ter uma vida normal, mas havia pegado um caminho sem volta e agora tinha que conviver com suas escolhas, mesmo que isso significasse ficar longe daqueles que amava.

—Quer que eu diga algo a ela? - Ele balançou a cabeça. O que poderia dizer a filha? Que ele era um idiota e o pior pai do mundo? Ou então que ele era uma pessoa ruim e que ela nunca deveria ir atrás dele? Não. Ela ficaria muito melhor e em segurança sem conhecê-lo.

—Diga o que quiser. - pegou um cheque e estendeu para ela. - Aceite a ajuda.

—Já disse que não quero. Eu só queria que a minha filha tivesse um pai. - Lamentou e largou a xícara de chá.

—Você vai encontrar alguém que seja bom e que assuma a criança como filha dele. Vai ser um cara bacana que vai colocar os namoradinhos dela para correr, que vai às reuniões da escola, ensiná-la a andar de bicicleta e pegá-la no colo quando ela estiver com medo.

—Talvez já tenha encontrado. - sorriu tímida. - E esse é um dos motivos para ter entrado em contato com você. Estou namorando e ele quer assumir o bebê. Não poderia deixá-lo fazer isso e tirar o direito de você, mas já que não está interessado.

—Está me falando isso para causar algum tipo de ciúme? - ele riu. - Não tem como você em sete meses ter conhecido um cara e estar num relacionamento sério o bastante para ele já querer assumir o filho de outro. Ninguém faz isso.

—Nem todos são uns cafajestes. - retrucou irritada com a insinuação dele.

—Não foi isso o que disse no bar. Você foi bem generalista quanto ao caráter dos homens.

—Estava brava e tinha acabado de ser humilhada e largada pelo meu noivo. Mas agora as coisas são diferentes e o James é diferente. Ele me ama e está disposto a assumir a minha filha. O que tem de errado nisso?

—Como você é inocente, Bella. - ele não conseguia acreditar que ela confiava tão cegamente assim nas pessoas. - Você conhece esse cara há quanto tempo?

—Três meses. - respondeu cruzando os braços.

—Três meses? – repetiu, incrédulo. - Você não sabe nada sobre ele, não pode confiar nele.

—É mais tempo do que eu te conhecia e isso não nos impediu de gerar uma criança.

—Não é como se tivéssemos feito por querer. Qual o nome completo do cara? Vou pesquisar sobre ele. - avisou acessando o banco de dados que utilizava para encontrar as pessoas.

—Não. Você não vai investigar a vida dele. James é uma boa pessoa, ele é voluntário no hospital.

—Há quanto tempo? - aquela história não lhe soava bem e seus instintos não costumam falhar.

—Nos conhecemos no dia que ele começou. Fui a responsável por dar as boas-vindas a ele.

—É claro. - ele tinha uma teoria sobre isso, mas preferia não preocupá-la, pelo menos não ainda. Ele descobriria mais sobre o tal James e depois agiria rápido e limpo. - Fique atenta e cuide bem da criança. - levantou a pegando de surpresa com a atitude brusca dele. - Lamento por isso e gostaria que fosse diferente.

—Então é isso? Cada um segue com a sua vida? - as lágrimas ameaçavam rolar.

—Vou ficar por perto por um tempo, até ter certeza de que está realmente tudo seguro para vocês. – inclinou e depositou um beijo na testa dela e acariciou o ventre. - Ela chutou! - exclamou surpreso.

—Ela gosta de se esticar à noite. Acho que passarei várias noites em claro. Você é noturno? Porque eu sou totalmente diurna.

—Gosto da noite, é mais tranquila e melhor para executar o meu serviço. - sorriu para ela. - E, sério Bella, tome muito cuidado, o mundo não é como você pensa.

—Não sou uma criança. Sei muito bem do que as pessoas são capazes e quem elas são. - balançou a cabeça em negação. Não. Ela claramente não sabia reconhecer uma pessoa ruim e ele falava por experiência própria.

—Não poderia estar mais enganada. Tome cuidado ao voltar para casa. - alertou e deu as costas para ela sem se despedir. Tinha uma nova missão e não pararia até garantir a segurança da filha dele. Poderia não fazer parte da vida dela, mas isso não o impediria de cuidar dela, mesmo que fosse só de longe.

Edward não podia acreditar em como duas pessoas tão diferentes acabaram se envolvendo. Bella era uma romântica incurável e que acreditava que todos eram pessoas boas. Já ele sabia muito bem como as pessoas eram e que nem todos mereciam o amor.

[...]

—Então você ainda acredita no amor? Mesmo após ter sido abandonada no altar? - Edward estava incrédulo.

—Nem todos os homens são iguais. Tem que ter pelo menos um homem decente nesse mundo. E você, não acredita no amor?

—Não. - Respondeu virando o rosto e ela o cutucou.

—O que aconteceu?

—Por que acha que aconteceu algo? Eu só não acredito que duas pessoas possam ser felizes juntas.

—Seus pais são divorciados? - Bella ajoelhou na cama e o encarou.

—Não. Meus pais são muito bem casados e felizes.

—Então duas pessoas podem ser felizes juntas. - Constatou e ele bufou.

—Eles são uma exceção.

—Os meus pais são felizes juntos e parecem que são recém-casados. Então me diga, o que aconteceu para você ser tão cético quanto ao amor?

—Você é muito curiosa. - Colocou o travesseiro sobre o rosto. - Me deixa dormir.

—Nem pensar. - Puxou o travesseiro o jogando longe. - Eu quero saber.

—Por quê?

—Curiosidade. - Deu de ombros e ele bufou.

—Eu tinha uma namorada. - Começou de má vontade. - Mas ela morreu. Eu a amava muito. Nossa relação era boa, éramos amigos e ela me entendia.

—Depois disso nunca mais namorou?

—Não. Meus relacionamentos se resumem a uma noite e pronto.

—Como ela morreu? - Edward revirou os olhos e Bella pediu desculpas.

—Eu a matei. - Bella soltou um grito de espanto e instintivamente se afastou dele. - Foi um acidente de carro. Estávamos brigando e eu não vi quando o caminhão avançou o sinal vermelho.

Se o motorista do caminhão avançou o sinal vermelho, a culpa é dele e não sua. Você não matou a sua namorada. - Bella aproximou e colocou a mão no peito dele. - Mesmo que estivesse atento ao trânsito, talvez não tivesse conseguido desviar a tempo.

—Acho que esse será meu grande e eterno se. Se eu estivesse atento ao trânsito, teria ou não impedido que o caminhão batesse no carro e salvado a vida dela?

—Não acho que você seja o culpado. - Declarou deitando a cabeça no peito dele.

—Você é uma boa pessoa. Continue acreditando no amor, pois você merece ser feliz. - Beijou os cabelos dela.

—Você também merece. Todos merecem ser feliz.

—Nem todos, baby. - Murmurou puxando o travesseiro dela para junto dele. - Agora podemos dormir?

—Pena que não nos encontraremos novamente, queria ver você todo apaixonado.

—Se isso acontecer prometo que te aviso. - Sorriu a abraçando.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Apesar da profissão do Edward, eu não o considero um vilão. Ele fez escolhas erradas, mas quer consertar os erros e garantir a proteção da filha e da Bella. Aos poucos vocês vão conhecer mais da história dele.

Comentem, palpitem, indiquem e recomendem a vontade.

Bjs e até mais.