Last Chance escrita por Rayanne Reis


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal.
Vamos ao último capítulo antes da Bella acordar.

Aurora está com 5 anos.



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—Papai! - Edward sorriu ao ver a filha correr e apressou o passo para poder encontrá-la.

—Meu amorzinho. - Ele a pegou no colo a abraçando bem forte. - Senti tanto a sua falta. - Ele sentiu algo cair no ombro dele. - Está chorando? - Ela balançou a cabeça negando, mas ele a ouviu fungar. - Aurora, o que foi? - Colocou a filha no chão e agachou de frente para ela. - Está sentindo alguma dor?

—Não papai. Estou feliz que tenha vindo me buscar. Senti sua falta.

—Oh, meu amorzinho. Também senti a sua falta. - Voltou a abraçar e ignorou as pessoas que passavam por eles. - Como foi o seu primeiro dia de aula? - Ela encarou os próprios pés e ele soube que ela não estava chorando apenas por ter sentido saudade. – O que foi, filha? Sem segredos e nada de mentir para mim. Sabe que a conheço muito bem. – Ela fungou secando as lágrimas.

—A Susan estuda comigo e ela disse para todo mundo que eles não podem ser meus amigos, porque eu não tenho mãe. – Edward cerrou os punhos e teve que se controlar para não ir atrás da garota e dar uma lição nela. Teve que se lembrar que ela era apenas uma criança, apesar de ser uma criança muito maldosa e que precisava de uma correção.

—A Susan é uma boboca. – Aurora arregalou os olhos e abriu a boca.

—Não pode falar boboca. – Repreendeu o pai e ele a abraçou.

—Não, não pode. A menos que a pessoa realmente seja uma boboca. – Deu um beijo estalado na bochecha dela. – Você contou a professora o que a Susan falou aos seus amigos? – Ela balançou a cabeça negando. – Tem que contar. O que ela fez foi errado e maldoso. Ela não tem o direito de te menosprezar e nem de dizer as pessoas se elas podem ou não serem suas amigas. Você precisa se defender. Não parta para briga, só se for realmente necessário. – Acrescentou em dúvida se deveria ou não dizer aquilo a filha. – Enfim, quando alguém mexer com você na escola tem que contar a professora e me contar também. Se a escola não resolver, eu mesmo resolvo. E quem mexer com você vai se arrepender quando eu for atrás dele ou dela. Não vou deixar ninguém magoar a minha filha. Prometi que a protegeria e isso inclui de crianças mimadas e sem educação.

—Eu fiquei triste na hora, mas aí chegou o Seth e me defendeu. Ele disse que vai ser o meu amigo e que a Susan não manda nele. – Edward sorriu e pensou em agradecer ao garoto e parabenizar os pais pela educação que deram a ele. – Ele é muito legal e me deu um abraço. – Opa. Edward travou no lugar, incerto sobre o que deveria fazer. Esperava ter que se preocupar com garotos apenas quando a filha já estivesse na universidade, não contava que os garotos eram tão avançados assim.

—Ele te abraçou? – Ela assentiu e ele engoliu em seco. – Ele fez mais alguma coisa? Tocou você em algum lugar?

—Na mão. – Ele suspirou aliviado, talvez o garoto ainda fosse inocente, mas mesmo assim teria que ensinar a filha a se defender e que ninguém deveria tocar nela. – Ele é meu amigo. Ele e a Emily. Os dois são irmãos.

—Devem ser gêmeos. – Se estavam estudando juntos deveriam ter a mesma idade.

—Isso. A professora explicou que eles são isso aí e que cresceram juntos na barriga da mãe deles.

—Tirando a boboca, mais alguém mexeu com você?

—Não papai. A professora é legal e explica direitinho. Já aprendi um monte de coisa.

—É mesmo? Aposto que é a aluna mais inteligente da turma. – Ela corou, envergonhada.

—Só eu consegui escrever meu nome todo.

—Essa é a minha garota. – Ele a ergueu no ar. – Tem algum dever? – Os dois foram em direção ao carro.

—Hoje não. – Ele a olhou de lado para ver se estava mentindo. Ele costumava mentir para os pais sobre as lições de casa. – Papai. – Aurora parou de andar e ele esperou que ela continuasse a falar. – A Susan disse que não é você que arruma o meu cabelo e eu disse que era sim. – O cabelo dela estava trançado e Edward se orgulhava de saber fazer vários penteados. – Você pode arrumar o cabelo da Emily amanhã?

—Na escola? 

—Sim. Para todo mundo vê que você sabe fazer sim. A Emily disse que deixa. – Ela uniu as mãos em uma súplica e ele não teve alternativa a não ser concordar.

—Desde que a mãe dela não se importe. Eu faço sim. – Faria o melhor penteado de todos e esfregaria na cara da Susan que ela não sabia de nada.

[...]

—Ali, papai. – Aurora apontou para um grupo e saiu correndo até eles. Edward teve que apressar o passo para acompanhar a filha.

—Bom dia, senhoras e crianças. – Tentou não olhar para Susan ou esqueceria que ela é uma criança e a jogaria na poça de lama.

—Emily, esse é o meu pai. – Apresentou orgulhosa e as mães o olharam com curiosidade.

—Viu? Ela não tem mãe, só pai. – Susan debochou e Edward calculou a distância até a poça de lama.

—Eu tenho mãe. Só que ela está dormindo no hospital porque um homem mau machucou ela e ela está dodói. – Explicou levando as mãos a cintura.

—Ela vai ficar bem. – Um garoto moreno segurou a mão dela. Mais um para ele jogar na lama. Olhou em volta para ver se tinha mais alguma poça, ou se ele teria que usar a mesma para os dois.

—Sinto muito pela sua esposa. – Uma mulher que deveria ser a mãe dos gêmeos sorriu em solidariedade.  – Emily disse que você trançaria o cabelo dela. – Ela não estava certa se ele seria capaz, mas se foi ele quem arrumou o cabelo da filha, tinha talento.

—A Aurora me pediu e se você deixar. – Ele tirou a bolsa do ombro. Foi preparado para não passar vergonha.

—Quero igual da Aurora. – Emily pediu. E Edward sorriu, aliviado por ter feito apenas uma trança embutida na filha. Ela era fácil e rápida.

—Vamos lá então. – Apontou para um banco e sentou para poder trançar o cabelo da garota. As mães e as garotas acompanhavam com atenção. – O que achou? – Entregou o espelho a ela.

—Ficou muito linda, pai da Aurora. – Ela deu um abraço nele. – Seu pai é demais. – Sussurrou para a amiga.

—E você, Susan, vai querer que faça uma em você também? – A garota cruzou os braços e saiu batendo o pé. Edward sorriu vitorioso.

—É cabelereiro? – Uma das mães perguntou.

—Não. Eu vejo vídeos no Youtube e minha mãe e irmã me ensinariam algumas coisas. Ser pai de menina não é fácil, mas eu me esforço para deixa-la sempre na moda e acima de tudo, feliz. – As mulheres suspiraram. Pelo visto ele havia conseguido mais fãs. Mas o que importava era que a filha estava feliz e orgulhosa dele. – Tenha uma boa aula e não deixe ninguém implicar com você. – Edward inclinou e deu um beijo na testa da filha.

—Tchau, papai. Bom serviço. – Ela acenou e depois saiu correndo atrás dos amigos.

[...]

—Pai, não é para ficar me segurando. - Aurora reclamou tentando fazer o pai soltar o banco da bicicleta. Era a primeira vez que ela andava sem as rodinhas e não queria que ele a segurasse, queira andar como as outras crianças.

—E se você cair? - Ele era muito protetor e relutou bastante antes de tirar as rodinhas da bicicleta dela.

—Eu já sei andar. - Explicou mais uma vez e um garoto passou por eles.

—Vem, Aurora.

—O pai do Zach não está segurando ele. - Apontou para o garoto. - Ele nem usa capacete. - Zach era da mesma idade de Aurora, e Edward achava os pais dele eram malucos por não obrigar o garoto a usar os equipamentos de proteção.

—Tudo bem. Vou soltar você, mas o capacete fica.

—Ok. - Respondeu revirando os olhos. Ela queria diversão.

—E vá devagar. - Gritou a vendo pedalar e se juntar às outras crianças. - Tome cuidado, filha. - Pediu mesmo sabendo que ela não o ouviria.

—Até que fim atendeu. - Alice reclamou assim que ele atendeu a ligação.

—Estamos andando de bicicleta. - Explicou procurando pela filha e respirou aliviado ao vê-la andando direitinho.

—Sem rodinhas? - Aurora conseguiu convencer a família a ajudá-la a convencer o pai a tirar as rodinhas. Eles sempre ficavam do lado dela.  

—Sim. Não sei se foi uma boa ideia. - Suspirou sem tirar os olhos da filha.

—Bobagem, Edward. Deixe a menina se divertir. Até o Gregory já anda sem rodinha.

—Nem bicicleta ele tem. - O pequeno quis uma quando Aurora ganhou a dela, mas os pais o consideraram muito novo para ter uma.

—Isso não vem ao caso. - Agitou as mãos ignorando o assunto. - Estava pensando em levar as crianças ao parque no sábado. O que acha?

—Ótima ideia. Eles vão adorar. - Murmurou procurando pela filha e ela acenou para ele. - Sem tirar as mãos. - Alertou, preocupado.  

—Está falando comigo? - Alice perguntou confusa.

—Não. - Respondeu sem dar explicações. - Vou ligar para Rosalie, talvez ela queira levar a criança dela também. - Os dois riram, eles gostavam de implicar com Emmett e precisavam admitir que, às vezes, ele era pior que Aurora e Gregory juntos.

—Acho que em breve ela vai ter outra criança. - Aquilo foi o suficiente para que Alice conseguisse toda a atenção do irmão.

—O quê? Ela está grávida? Por que ninguém me disse nada?

—Bem, não sei se ela está grávida, mas está diferente. Talvez estejam aguardando até o 3º mês para contar. Jasper e eu só contamos no 4º mês.

—Faz sentido. Não percebi nada de diferente nela.

—Homens! - Bufou. - Vocês nunca prestam atenção em nada…

Alice reclamava sobre as inúmeras falhas dos homens, mas Edward não conseguia ouvir uma palavra do que ela dizia. Ele soube imediatamente que havia algo de errado. Sentiu um arrepio na nuca e o coração acelerar. A filha estava em perigo. Era tudo o que sabia.

—Merda! - Saiu correndo procurando pelo parque e avistou Zach curvado e chorando.

—Ela caiu. - O garoto explicou apontando para Aurora deitada no chão. Havia um corte na testa dela e o capacete estava jogado longe.

Edward sabia que precisava agir, mas era como se o corpo dele não obedecesse a mente. Ver Aurora ferida tirou todo o ar dos pulmões dele. Era como se ele visse Bella ali, e ele não poderia passar por aquilo de novo. Não suportaria perder a filha também.

—Meu carro está logo ali. - O pai de Zach tocou no ombro dele e Edward piscou várias vezes, voltando ao presente. Não poderia pensar no que aconteceu a Bella. A situação era diferente agora e a filha só tinha levado um tombo de bicicleta. Estava desacordada, mas acordaria em poucos minutos. Se agarrou a essa esperança e pegou a filha nos braços.

—Para onde? - Perguntou se controlando para não entrar em desespero.

—Ali. - Apontou para um carro prata. - Zach, vá ficar com sua mãe, volto logo. - O garoto assentiu e os dois homens saíram correndo.

[...]

Edward não queria nunca mais entrar com uma pessoa que amava nos braços em um hospital. Era desesperador e ele se sentiu impotente pela segunda vez. Não poderia fazer nada, a não ser esperar que os médicos fizessem o melhor e cuidassem da garota dele.

—Acorde, por favor. - Edward repetia como um mantra, enquanto observava a filha ser rodeada por médicos e enfermeiras. Todos adoravam Aurora e ficaram preocupados ao vê-la dar entrada no hospital. Edward preferia acreditar que era esse o motivo para o quarto estar tão cheio e não porque o quadro da filha fosse grave.

—Vamos fazer uma tomografia, mas aparentemente foi só um corte mesmo. Um pouco profundo, por isso vai precisar de pontos, mas nada grave. - Edward tentou prestar atenção ao que o médico dizia.

—Ah, graças a Deus. - Ele suspirou ao ver a filha acordando. - Obrigado, obrigado, obrigado. - Agradeceu unindo as mãos.

—Pode relaxar. - Rosalie o cutucou e ele sorriu aliviado.

—Papai. - Aurora choramingou e ele segurou as mãos dela.

—Estou aqui, filha. Papai está aqui. - Tentou não atrapalhar o serviço do médico e manteve o máximo de distância que a preocupação dele permitia, de cinco centímetros.

—Desculpa, papai. - Sussurrou e ele balançou a cabeça negando.

—Não precisa se desculpar. Só, por favor, nunca mais tire o capacete. - Ele prenderia com fita se fosse preciso.

—Pode deixar, papai. - Ele não a castigaria por ter sido imprudente. Considerava que a culpa tinha sido dele por ter se distraído com a ligação da irmã e não ter prestado atenção a filha.

—Vamos levá-la para o exame. - Rosalie avisou e notando que ele parecia estranho, pediu para que outra pessoa levasse a sobrinha. - Tudo bem? - Perguntou quando os dois ficaram a sós.

—Preciso falar com a Bella. Mães sentem essas coisas e ela deve estar preocupada. - Ele agitava as mãos e Rosalie colocou as dela sobre o ombro dele.

—Edward, calma. - Pediu e ele respirou fundo.

—Você não entende. Foi desesperador. Meu coração parou e eu quase morri até chegarmos aqui. O que eu faria se algo de grave tivesse acontecido? Não sei viver sem ela.

—É claro que entendo. Foi só um acidente e crianças se machucam o tempo todo.

—Não a minha filha. Nada pode acontecer a ela. Eu jurei a Bella que nada aconteceria a nossa filha e eu falhei. Preciso dizer isso a ela. - Saiu quase correndo do quarto.

Edward percorreu aqueles corredores durante anos e sabia chegar ao quarto de Bella de olhos fechados. Ansiava pelo dia em que nunca mais veria aquelas paredes. Odiava hospitais. Cumprimentou algumas pessoas com aceno de cabeça, mas não parou, precisava chegar logo. Sentia que precisava ver Bella, só ela entenderia o que ele estava sentindo.

—Bella! - Ele ignorou a cadeira e sentou na beira da cama segurando a mão dela. - Nem sei por onde começar. - Ele só notou que estava chorando quando sentiu as lágrimas caírem na camisa dele. - Estávamos no parque, foi a primeira vez que a Aurora andou sem as rodinhas, e eu me distraí falando com a Alice pelo telefone e não sei como aconteceu, só sei que ela caiu e tive que trazê-la para cá. Bella, eu achei que ela fosse morrer ou entrar em coma como você. - Apertou a mão dela com mais firmeza. - Eu falhei, Bella. Eu não cuidei dela como deveria. Eu juro que tentei. Eu vivo por ela, mas não é o suficiente. Ela me faz perguntas que não sei responder. Como poderia dar conselhos amorosos? Ou ajudar quando ela virar uma mocinha? Ela precisa de você, Bella. De nós dois. Você dá os conselhos amorosos e eu coloco os garotos para correrem. Ela precisa de nós dois e precisa ainda mais de você. Quase a perdi hoje, e isso acabou comigo. Ela está bem, foi só um corte na testa, mas sinto que ela quase escapou por entre minhas mãos e não sei como agir. - Aproximou o rosto do dela. - Bella, se está me ouvindo, por favor, volte para nós, estou implorando. Você tem que lutar e tem que acordar logo. Aurora precisa da mãe e eu preciso que você me diga o que fazer. - Deu um beijo na testa dela. - Volte para nós, Bella. - Suplicou e saiu do quarto. Tinha que ver se a filha estava realmente bem. Precisa abraçá-la e sentir o mundo de volta aos eixos. As coisas iriam dar certo e Bella acordaria logo, ele tinha fé que sim.


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Notas finais do capítulo

Foi só um susto pelo qual eles passaram, mas Aurora está bem e Bella acordará.

Bjs e até mais.