Rony Weasley e a Câmara Secreta escrita por biapurceno


Capítulo 3
O Beco Diagonal


Notas iniciais do capítulo

Esse universo não me pertence, foi tudo maestralmente idealizado pela rainha JK Rowling. É apenas uma história baseada em seu mundo e sem fins lucrativos, apenas entretenimento.

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Oiee!!

Esse é um dos capítulos mais divertidos, adoro! rs.

Boa leitura!



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CAPÍTULO TRÊS

Os dias que se seguiram após a chegada de Harry foram mais leves. Não precisar se preocupar se o menino estava sendo torturado por trouxas malucos mudou os ânimos e tudo passou a ser mais divertido. Era muito engraçado ver como ele, que nunca estivera em um lar só de bruxos antes, se impressionava com tudo que tinha na Toca. Vez ou outra via o amigo parar de frente para o espelho somente para ver como o objeto mandava que ajeitasse o cabelo ou arrumasse a roupa. Quem ficou muito animado com a estadia de Harry em casa também foi seu pai, que perguntava tudo sobre o modo como os trouxas viviam e o modo como se viravam sem magia.

Rony passou a se sentir menos sozinho com a companhia dele lá. Não que não curtisse ficar com seus irmãos, porém nem sempre Fred e Jorge gostavam que ele participasse de suas peraltices e nem sempre também tinha paciência para ouvir Gina falar. Passava então a maior parte do tempo jogando xadrez com Harry (embora jogar xadrez com Harry era extremamente chato. Rony até ensinava jogadas para que o amigo pudesse vencê-lo, mas Harry não vencia nunca), ou Snap explosivo, ou voando na nimbus 2000.

Em uma manhã ensolarada finalmente as cartas de Hogwarts chegaram. Harry e Rony haviam acabado de descer para tomar café quando já encontraram seus pais e Gina (que ficara propensa a derrubar coisas toda vez que Harry chegava perto) com as cartas na mão.

— Cartas da escola — disse o Sr. Weasley, passando a Harry e Rony os envelopes idênticos de pergaminho amarelado — Dumbledore já sabe que você está aqui, Harry, ele não perde um detalhe, aquele homem. Vocês dois também receberam — acrescentou ele, quando Fred e Jorge entraram descontraídos, ainda de pijamas.

Durante alguns minutos fez-se silêncio enquanto todos liam as cartas. Não havia nada de diferente da carta do ano anterior, exceto a lista dos novos livros que ia precisar para o próximo ano letivo.

MATERIAL PARA OS ALUNOS DA SEGUNDA SÉRIE:

O Livro Padrão de feitiços, 2ª série de Miranda Goshawk.

Como dominar um espírito agourento de Gilderoy Lockhart.

Como se divertir com vampiros de Gilderoy Lockhart.

Férias com bruxas malvadas de Gilderoy Lockhart.

Viagens com trasgos de Gilderoy Lockhart.

Excursões com vampiros de Gilderoy Lockhart.

Passeios com lobisomens de Gilderoy Lockhart.

Um ano com o Ieti de Gilderoy Lockhart.

 

Rony sentiu seu estômago remexer desconfortável ao acabar de ler. Não conseguiriam encontrar os livros de Gilderoy Lockhart de segunda mão e os livros dele eram extremamente caros, não sabia se seus pais teriam condição de comprar material para todos os filhos.

— Mandaram você comprar todos os livros de Lockhart também! — Fred comentou espiando a lista de Harry — O novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas deve ser fã dele, aposto que é uma bruxa.

Mas ele se arrependeu da piada ao notar o olhar feio de sua mãe.

— Esse material não vai sair barato — disse Jorge, lançando um olhar rápido aos pais. — Os livros de Lockhart são bem carinhos...

— Daremos um jeito — Molly falou lançando um rápido olhar preocupado a Arthur — Espero poder comprar a maioria do material de Gina de segunda mão.

— Ah, você vai entrar para Hogwarts este ano? — perguntou Harry a Gina.

Mas Rony não ouviu a resposta de Gina, pois na mesmo hora Percy adentrou a cozinha, com uma expressão de plena felicidade, com o distintivo de monitor preso a camisa.

— Dia — disse Percy animado. — Lindo dia.

Sentou-se na única cadeira desocupada, mas quase imediatamente levantou-se de um salto. Da cadeira, tirou o monte de penas marrom que estava desmaiado e depositou na mesa.

— Errol! — Rony correu até a coruja desmaiada, desamarrando a carta que ela tinha presa na perna. — Finalmente chegou a resposta de Hermione. Escrevi a ela avisando que íamos tentar salvar você dos Dursley.

Correu até o poleiro para colocar Errol para descansar, mas a coruja caiu pelo outro lado.

— Patético! — murmurou, colocando então a coruja em cima da tábua de passar roupa.

Juntou-se a Harry, abriu a carta e leu-a em voz alta:

“Queridos Rony e Harry, se estiver aí.

Espero que tudo tenha corrido bem, que Harry esteja bem e que você não tenha feito nada ilegal para tirá-lo de lá, Rony, porque isso criará problemas para o Harry também. Tenho estado realmente preocupada e, se Harry estiver bem, por favor, mande me dizer logo, mas talvez seja melhor usar outra coruja, porque acho que mais uma entrega talvez mate essa.

Estou muito ocupada, estudando, é claro...”

 

— Como é que pode! — Rony exclamou espantado, então era por isso que recusou as centenas de convites que fez a ela. — Estamos de férias!

“E vamos a Londres na próxima quarta-feira comprar os livros novos. Porque não nos encontramos no Beco Diagonal?

Mande notícias do que está acontecendo, assim que puder. Afetuosamente, Mione”.

 

— Bom, isso se encaixa perfeitamente. Podemos ir comprar todo o material de vocês, também — Molly falou, começando a tirar a mesa. — Que é que vocês estão planejando fazer hoje?

Rony, Harry, Fred e Jorge decidiram jogar quadribol. Havia um terreno que pertencia à família no alto de um morro, ele era cercado de árvores que bloqueavam a visão da cidadezinha embaixo, o que significava que podiam jogar Quadribol a vontade, desde que não voassem muito alto. Os meninos passaram a tarde toda jogando, Gina e Percy foram convidados, mas Gina, que adorava jogar e para falar a verdade era uma ótima artilheira, se trancou no quarto sem explicar o motivo e Percy disse estar muito ocupado, porém este nunca aceitava o convite de qualquer modo. Harry revezava com os meninos a sua vassoura, que de longe era a melhor. As dos gêmeos não eram tão ruins, pois quando entraram para o time de quadribol seus pais lhes compraram vassouras novas. Já a de Rony era uma Shooting Star que foi a primeira vassoura de Carlinhos, mas que hoje em dia perdia em velocidade até para as borboletas. Rony já havia pedido uma vassoura nova para seus pais diversas vezes, mas vassouras eram muito caras e eles não compravam coisas caras para os filhos sem ter um bom motivo. Carlinhos só ganhou uma vassoura quando entrou para o time de quadribol, assim como os gêmeos. Enquanto ele não entrasse para o time de quadribol ou quem sabe virasse monitor um dia não ganharia uma.

A semana passou voando e logo a quarta-feira já havia chegado. Molly acordou a todos bem cedo para fazer as habituais compras antes das aulas começarem. A manhã foi conturbada com a matriarca gritando aos quatro ventos que estavam demorando muito e que não conseguiriam comprar todas as coisas e que iriam para Hogwarts daquele jeito. Depois de finalmente terminarem o café da manhã e se arrumarem para sair, todos se encontraram na sala de estar, onde sua mãe apareceu com o vaso com o Pó de Flu.

— Estamos com o estoque baixo, Arthur — ela observou. — Teremos que comprar mais hoje. — e virou-se para Harry — Ah, muito bem, hóspedes primeiro! Pode começar, Harry querido!

Molly esticou o vaso para Harry. Harry esticou o pescoço para olhar o conteúdo, depois olhou suplicante para Rony. — Q-que é que eu tenho que fazer? — gaguejou.

O problema de ter sido criado cercado de bruxos é que você pressupõe que todos vão saber fazer as coisas mais simples que o mundo bruxo proporciona. Viajar via Flu é uma das coisas mais banais que existem, então esqueceu-se de ensinar à Harry.

— Ele nunca viajou com Pó de Flu — Rony dirigiu-se aos pais — Desculpe Harry, eu me esqueci de avisar.

— Nunca? — Arthur perguntou. — Mas como foi que você chegou ao Beco Diagonal para comprar seu material escolar no ano passado?

— Fui de metrô...

— Verdade? — Arthur animou-se. — Havia escapadas rolantes? Como é que...

— Agora não, Arthur — Molly o cortou, impaciente — O Pó de Flu é muito mais rápido, querido, mas meu Deus, se você nunca o usou antes...

— Ele vai conseguir, mamãe — disse Fred. — Harry, observe a gente primeiro.

Fred apanhou uma pitada de pó brilhante no vaso de flor, foi até a lareira e atirou o pó no fogo.

Com um rugido, as chamas ficaram verde-esmeralda e mais altas do que ele, que entrou nelas e gritou "Beco Diagonal!” e desapareceu.

— Você precisa falar bem claro, querido — Molly explicou — E se certifique se está saindo na grade certa...

Nesse mesmo momento Jorge desapareceu entre as chamas.

— Na o quê certa? — perguntou Harry nervoso, olhando assustado para a lareira.

— Bem, há um número enorme de lareiras de bruxos para você escolher, sabe, mas se você falar com clareza...

— Ele vai acertar, Molly, não se preocupe — disse Arthur, servindo-se de Pó de Flu, também.

— Mas, querido, se ele se perder, como é que iríamos explicar à tia e ao tio dele?

— Eles não se importariam — Harry deu ombros — Duda ia achar que teria sido uma ótima piada eu me perder dentro de uma lareira, não se preocupe.

— Bem... Está bem... Você vai depois de Arthur — disse Molly, insegura, no momento que o marido foi sugado pelas chamas — Agora, quando entrar no fogo, diga aonde vai...

— E mantenha os cotovelos colados ao corpo — Rony aconselhou.

— E os olhos fechados — Molly recomendou — A fuligem...

— Não se mexa! — Rony acrescentou — Ou pode acabar caindo na lareira errada... Mas cuidado para não entrar em pânico e sair antes da hora. Espere até ver Fred, Jorge e o papai.

Harry olhava confuso para todos os Weasleys presentes, claramente sem ter certeza do que deveria fazer. Ele avançou para a beira da lareira, jogando o Pó de Flu em sua mão, entrando nas chamas verdes. Ao abrir a boca para falar, engasgou-se, tossindo feito louco lá dentro.

— B-be-co Diagonal — disse.

Harry sumiu por entre as chamas verdes. Rony, Molly, Gina e Percy permaneceram calados olhando a lareira vazia por alguns instantes.

— Vocês sabem que ele foi para o lugar errado, não sabem? — Percy observou.

— É, eu sei. — Rony suspirou — Tem ideia para onde ele pode ter ido?

— Não, e não vai adiantar ficarmos aqui, vamos para o Beco Diagonal procurar por ele. — Molly falou estendendo o vaso aos dois.

O Beco Diagonal estava lotado. Muitos bruxos e bruxas, adolescentes e crianças corriam de um lado para o outro com vários carrinhos lotados de compras, eufóricos com a volta a Hogwarts. Os Weasleys encontravam dificuldades em se locomover no meio de tanta gente, o que significava ainda mais dificuldade para encontrar um garotinho baixo e magricela perdido.

— Por onde começamos? — Arthur perguntou, tentando olhar por cima da multidão — Talvez ele tenha caído pelo lado da Florean Fortescue, podemos ir andando para lá.

— Ou talvez tenha caído perto da travessa do tranco. Eu, Jorge e Rony poderíamos ir até lá para procurá-lo e...

— Pode esquecer! — Molly bradou para Fred — Vocês não vão nem mortos para lá, onde já se viu...

Tanto os gêmeos quanto Rony eram loucos para conhecer a Travessa do Tranco, mas seus pais nunca os deixaram chegar nem perto. Esse lugar era uma pequena passagem que ficava no Beco Diagonal, próximo do banco dos bruxos, o Banco Gringotes. Era um local obscuro especializado em artes das trevas, e bruxos de boa índole não costumavam passear por lá. Porém Fred e Jorge eram Fred e Jorge, e não havia limites para a curiosidade deles.

— Foi só uma sugestão, mamãe! — Fred se justificou — Para não perdermos tempo nós nos separaríamos para procurar cada um por um lado...

— Nada disso, ninguém vai se separar. — Molly o cortou — Estamos perdendo tempo com essa discussão besta. Precisamos achar Harry o mais rápido possível antes que aconteça alguma coisa.

— Não acredito que ele tenha ido tão longe. — disse Arthur — mas os meninos podem ter razão, talvez ele tenha mesmo saído na travessa do tranco. Vamos andando na direção e talvez demos sorte de o encontrar pelo caminho.

— Oh Arthur... — Molly choramingou — Se tiver acontecido alguma coisa com Harry... como vou explicar para os tios dele?

Os Weasleys seguiram em direção à Travessa do Tranco em meio a empurrões e tropeços entre o amontoado de bruxos e bruxas. Pararam em diversas lojas e pubs no caminho, mas nem sinal do garoto. O rosto de Molly estava vermelho de aflição e a careca de Arthur brilhava de suor até que pouco à frente, um homem enorme e peludo se destacou na multidão.

— Olhem, Hagrid! — Gina apontou para a figura enorme do guarda-caça de Hogwarts sobressaindo na multidão.

— Vejam, ele está com Harry!

Rony, Fred, Jorge, Percy e Arthur desataram a correr, deixando Molly e Gina para trás. Ao vê-los, Harry suspirou aliviado. Estava mais despenteado que o normal, com o rosto e roupas sujos de fuligem e os óculos rachados. Mas em geral parecia bem.

— Harry — ofegou Arthur. — Tivemos esperança de que você só tivesse ultrapassado uma grade de lareira... — Ele enxugou a testa. — Molly está alucinada... Aí vem ela.

— Onde foi que você saiu? — Rony perguntou

— Na Travessa do Tranco — informou Hagrid de cara feia.

— Que ótimo! — Fred e Jorge exclamaram juntos.

— Nunca nos deixaram entrar lá — Rony falou rindo.

— Ainda bem — rosnou Hagrid.

— Oi!

Só então Rony percebeu que Hermione também estava ali, sorrindo para ele. Seu cabelo parecia um pouco mais comprido do que da última vez que a tinha visto e sua pele estava um pouco bronzeada. Rony sentiu seu rosto esquentar e então sorriu de volta, sem jeito. De alguma forma a presença de Hermione mexia com ele, sempre causava sensações estranhas, como se alguma coisa em seu peito ganhasse vida toda vez que a via.

Deve ser por isso que brigamos tanto.

— Então quer dizer que você e seus irmãos voaram em um carro ilegal até Little Winging para resgatar Harry. Como vocês são irresponsáveis! — ela lamentou.

— Não reclama, ele está aqui, não está? — Rony exclamou — Você mal chegou e já está implicando com alguma coisa. Como consegue ser tão resmungona?

Hermione bufou na mesma hora que Molly chegou esbaforida, trazendo Gina à seus calcanhares, empurrando Rony com violência para o lado de Harry.

— Ah, Harry, ah, meu querido, você podia ter ido parar em qualquer lugar...

Tomando fôlego ela tirou uma grande escova de roupas da bolsa e começou a escovar a fuligem das roupas de Harry. Arthur arrancou os óculos rachados do rosto do menino, deu-lhes uma batida com a varinha e os devolveu como se fossem novos.

— Bom, tenho que ir andando — disse Hagrid, fazendo Molly parar de tentar limpar Harry e estender a mão.

— Travessa do Tranco! Se você não o tivesse encontrado, Hagrid... — Molly falou apertando a mão do guarda-caças, e fazendo uma careta de dor.

— Que nada! — disse ele, sorridente — Vejo vocês em Hogwarts! — E se afastou a passos largos, a cabeça e os ombros mais altos do que os de todo mundo na rua cheia.

Com a volta de Harry, finalmente Rony e sua família puderam ir ao banco Gringotes para que pegassem o dinheiro necessário para comprar todo o material de Hogwarts.

— Adivinhem quem eu encontrei na Borgin & Burkes?  — perguntou Harry a Rony e a Hermione enquanto subiam as escadas do Gringotes. — Malfoy e o pai dele.

Arthur tocou o ombro de Harry, sério. Borgin & Burkes era uma loja situada na travessa do tranco que só vendia artigos suspeitos e das trevas, de longe a loja mais sombria da travessa do tranco.

— Lúcio Malfoy comprou alguma coisa?

— Não, — Respondeu Harry — ele estava vendendo.

— Então está preocupado... — Arthur comentou irônico — Ah, eu adoraria pegar Lúcio Malfoy por alguma coisa...

— Tenha cuidado, Arthur — Molly falou com severidade quando eram cumprimentados pelo duende à porta do banco. — Aquela família significa confusão.  Não abocanhe mais do que você pode mastigar.

— Então você não acha que sou adversário para o Lúcio Malfoy? — Arthur perguntou indignado, mas foi distraído quase no mesmo instante pela visão dos pais de Hermione, que estavam parados nervosos no balcão que ia de uma ponta a outra do saguão de mármore, esperando que Hermione os apresentasse.

— Mas vocês são trouxas! — Exclamou encantado. — Precisamos tomar um drinque! Que é que têm aí? Ah, estão trocando dinheiro de trouxas. Molly, olhe! — Ele apontou excitado para as notas de dez libras na mão do Sr. Granger.

Era a primeira vez que Rony via os pais de Hermione. Ela era muito parecida com o seu pai, era quase assustador. O mesmo nariz empinado, a mesma boca, os mesmos olhos castanhos, o mesmo tom de pele e a mesma expressão autoritária. A única diferença era o cabelo. O cabelo de Hermione eram cheios como os da mãe.

— O que? — Hermione perguntou diante do olhar insistente de Rony.

— Não é nada — Rony disfarçou. Só então percebeu que seus pais já haviam entrado pela porta dos fundos do banco. — Te encontro lá no fundo.

Para chegar aos cofres, precisavam tomar um pequeno trem aberto que era pilotado por duendes, que os manobravam em alta velocidade por trilhos estreitos através dos túneis subterrâneos do banco. Se não se segurasse direito, podia facilmente ser arremessado do vagão devido à brutalidade que era conduzido, mas já tinha feito aquela viagem tantas vezes que já nem se incomodava mais.

Molly desceu do vagão às pressas ao chegar no cofre, jogando o pouco dinheiro que tinha guardado dentro da bolsa. Era muito pouco e tendo que comprar material escolar para os cinco filhos, sabia que no final alguém ficaria sem alguma coisa. Quando chegaram ao cofre seguinte, Harry desceu ligeiro, abrindo a porta do cofre o bastante apenas para seu braço fino entrar. Porém quando voltou, embora estivesse tentando disfarçar, Rony notou o volume da grande quantidade de moedas que pegara para a compra do material. Harry já havia comentado uma vez que seus pais deixaram dinheiro para ele no banco, mas nunca comentou o quanto.

Ao sair do Gringotes, todos se separaram. Percy murmurou qualquer coisa sobre comprar uma pena nova. Fred e Jorge encontraram seu amigo de Hogwarts, Lino Jordan, e saíram em busca de artigos para pregar peças na Zonko’s Logros e Brincadeiras. Molly e Gina iam a uma loja de vestes de segunda mão, pois como a única menina não podia herdar as vestes de seus irmãos. O Sr. Weasley insistia em levar os Granger ao Caldeirão Furado para tomar um drinque.

— Vamos nos encontrar na Floreios e Borrões dentro de uma hora para comprar o material escolar — disse Molly, se afastando com Gina — E nem pensar em entrar na Travessa do Tranco! — gritou ela para os gêmeos que seguiam na direção oposta.

Harry, Rony e Hermione seguiram por uma rua pouco movimentada, admirando as coisas fascinantes que eram vendidas por ali. Harry, de muito bom humor, comprou três sorvetes gigantes de morango e manteiga de amendoim, que não durou nem cinco minutos. Pararam, sob protestos de Hermione, na loja de artigos de quadribol, onde na vitrine pendia o novo uniforme do Chuddley Cannons, lindo, imponente, com a capa vermelha e o uniforme laranja. Os grandes “Cs” na frente destacavam as vestes de forma única. Rony sequer se atreveu a olhar o preço, não iria acabar com sua empolgação daquela maneira.

Depois de comprarem tintas e pergaminhos (por insistência de Hermione), os três encontraram Fred, Jorge e Lino Jordan na Gambol & Japes — Jogos de Magia, e estavam fazendo um estoque de fogos de artifício Dr. Filisbuteiro, que disparavam molhados e, não aqueciam. Depois passaram em um brechó que vendias itens usados como como varinhas quebradas, balanças de latão empenadas e velhas capas manchadas de poções, onde Rony comprou algumas coisas que não estavam em um estado tão deplorável. Numa loja de livros mais à frente, os garotos deram de cara com Percy, profundamente absorto na leitura de um livro muito chato intitulado Monitores-chefes que se tornaram poderosos.

— Um estudo dos monitores-chefes de Hogwarts e suas carreiras — Rony leu alto parte de trás — Parece muito interessante...

— Dêem o fora! — disse Percy aborrecido.

Os três saíram rindo do lado de Percy, que voltou a sentar-se ereto, virando uma página.

— Ele é muito ambicioso, já até planejou tudo: quer ser Ministro da Magia, claro! — comentou Rony para Harry e Hermione em voz baixa, que riram ainda mais.

Passaram também por uma loja que vendia artigos trouxas, onde Harry e Hermione mostraram a utilidade de diversas coisas que Rony sequer sabia que existia, como uma vitrola, um controlo remoto, uma tevelisão e uma máquina que escrevia, desde que você apertasse suas teclas. Precisava parabenizar os trouxas, eles inventavam coisas extraordinárias! Queria ter ficado mais e terminado de jogar gamevideo, um aparelho que precisava da tevelisão para funcionar, e que com um controlo ligado à um fio na mão, podia fazer um senhor encanador de chapéu vermelho chamado Mariano saltar em cima de tartarugas. Finalmente, depois de uma hora, os três rumaram para a Floreios e Borrões. Não eram de maneira alguma os únicos que se dirigiam à livraria. Ao se aproximarem, viram, para sua surpresa, uma quantidade de gente que se atropelavam à porta da loja, tentando entrar. A razão disso estava anunciada em uma grande faixa estendida nas janelas do primeiro andar.

GILDEROY LOCKHART

Autografa sua autobiografia

O MEU EU MÁGICO”

Hoje das 12:30h às 16:30h

— Vamos poder conhecê-lo — gritou Hermione com um sorriso de orelha a orelha. — Quero dizer, ele é o autor de quase toda a nossa lista de livros!

Rony revirou os olhos, continuava a não ver nada demais naquele bruxo. A aglomeração parecia ser formada, em sua maioria, por bruxas mais ou menos da idade de sua mãe, algumas pouco mais novas. Um bruxo de ar atrapalhado estava postado à porta, dizendo:

— Calma, por favor, minhas senhoras... Não empurrem, isso... Cuidado com os livros, agora...

Rony, Harry e Hermione espremeram-se para entrar no recinto. Uma longa fila se estendia até o fundo da loja, onde Gilderoy Lockhart autografava seus livros. Cada um dos meninos apanhou um exemplar de O Livro Padrão dos Feitiços, 2ª série, e se esgueiraram até o início da fila onde já estavam Molly, Arthur e seus irmãos.

— Ah, chegaram, que bom! — disse Molly ofegante, ajeitando os cabelos desesperadamente — Vamos vê-lo em um minuto...

Arthur revirou os olhos ao ver a empolgação da esposa, balançando a cabeça negativamente. Aos poucos Gilderoy Lockhart se tornou visível, sentado a uma mesa, cercado de grandes cartazes com o próprio rosto, todos piscando e exibindo dentes ofuscantes de tão brancos.

Lockhart estava usando vestes azul-vivos, que era exatamente da mesma cor de seus olhos; seu chapéu cônico de bruxo se encaixava perfeitamente, revelando seus cabelos loiros e ondulados.

Um homenzinho de cara feia não parava de dar voltas com uma câmera enorme na mão, tirando fotos que soltava baforadas de fumaça púrpura a cada flash cegante.

— Saia do caminho, você aí — o homenzinho empurrou Rony, pisando em seu pé, recuando para se posicionar em um ângulo melhor — Trabalho para o Profeta Diário.

— Grande coisa — Rony bradou, esfregando o pé que o fotógrafo pisara.

A confusão chamou a atenção de Lockhart, que ergueu os olhos para Rony, porém seu olhar não se deteve muito tempo nele.

— Não pode ser, Harry Potter! — Lockhart gritou a todo pulmões, apontando avidamente para Harry.

Harry tentou passar para trás de Rony para tentar se esconder, mas foi em vão. A multidão se dividiu, murmurando agitada; Lockhart adiantou-se, agarrou o braço de Harry e puxou-o para frente. A multidão prorrompeu em aplausos. A cara de Harry estava vermelha quando Lockhart apertou sua mão para o fotógrafo, que batia fotos feito louco. Harry sorria sem graça para os flashes cegantes, e vez ou outra lançava olhares suplicantes para Rony.

Depois de tortuosos minutos, Lockhart finalmente soltou a mão de Harry, mas antes que o garoto pudesse fugir, Lockhart o puxou de volta.

— Mamãe, — Rony chamou — Não podemos fazer alguma coisa? ele não está gostando...

— Não seja bobo! — Molly falou fascinada — É Gilderoy Lockhart, quem não gostaria de estar lá?

Rony balançou a cabeça, recebendo mais um olhar de socorro de Harry.

— Minhas senhoras e meus senhores — Lockhart disse em voz alta, ao mesmo tempo que pedia silêncio com um gesto. — Que momento extraordinário este! O momento perfeito para anunciar uma novidade que estou guardando só para mim há algum tempo! Quando o jovem Harry entrou na Floreios e Borrões hoje, só queria apenas comprar a minha autobiografia.

Rony e Hermione se entreolharam incrédulos — Que mentira! — Rony bradou.

— Com a qual eu terei o prazer de presenteá-lo agora. — A multidão tornou a aplaudir. — Ele não fazia ideia — continuou Lockhart, dando uma sacudidela em Harry que fez os óculos do menino escorregarem para a ponta do nariz, — que em breve estaria recebendo muito, muito mais do que o meu livro O Meu Eu Mágico. Ele e seus colegas irão receber o meu eu mágico em carne e osso. Sim, senhoras e senhores, tenho o grande prazer de anunciar que, em setembro próximo, irei assumir a função de professor de Defesa contra as Artes das Trevas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts!

A multidão deu vivas e bateu palmas. Hermione abriu um grande sorriso ao ouvir a notícia. Rony olhou de cara feia na mesma hora e ela disfarçou.

— Bom, ele já realizou grandes feitos. — Hermione argumentou sem graça — Você também ficaria feliz dele ser nosso professor se tivesse lido os livros que ele escreveu.

Um homem grandão surgiu por trás de Harry, jogando vários livros grossos em seus braços. O garoto desceu desajeitado com os livros e parou ao lado de Gina, que estava mais perto, jogando os livros no caldeirão dela. Rony e Hermione, do outro lado se adiantaram para junto de Harry, porém, para sua surpresa, Malfoy chegou primeiro. Havia muita gente na frente, e quando finalmente os alcançaram o clima já estava tenso, Gina olhava feio para Malfoy, com o rosto ruborizado.

— Ah, é você — Rony exclamou, fazendo a melhor cara de desdém que sabia fazer — Aposto como ficou surpreso de ver Harry aqui, hein?

— Não tão surpreso como estou de ver você numa loja, Weasley. Imagino que seus pais vão passar fome um mês para pagar todas essas compras.

A raiva que sentiu foi tão forte que largou os livros que estavam em sua mão e partiu para cima dele com toda fúria que pôde. Harry e Hermione o seguraram pelo casaco na mesma hora que Arthur e os gêmeos chegavam aos empurrões.

— Rony! — Arthur chamou exasperado, puxando Rony pelo braço — Que é que está fazendo? Está muito cheio aqui, vamos para fora.

— Ora, ora, ora, Arthur Weasley...

Era o Lúcio Malfoy, pai de Draco. Estava parado com a mão no ombro do filho, com um sorriso de desdém igual ao dele.

— Lúcio — disse Arthur, dando um frio aceno com a cabeça.

— Muito trabalho no Ministério, ouvi dizer — falou o Sr. Malfoy — Todas aquelas blitz... Espero que estejam lhe pagando hora extra! — Ele meteu a mão no caldeirão de Gina e tirou, do meio dos livros de capa lustrosa de Lockhart, um exemplar muito antigo e surrado de um Guia Sobre Transfiguração Para Principiante. — É óbvio que não — concluiu — Ora veja, de que serve ser uma vergonha de bruxo se nem ao menos lhe pagam bem para isso?

O rosto de Arthur ficou vermelho instantaneamente e seus olhos azuis faiscaram. Ele suspirou, tentando se acalmar.

— Nós temos ideias muito diferentes do que é ser uma vergonha de bruxo, Malfoy. — Ele falou em tom baixo, mas firme.

— Visivelmente — disse o Sr. Malfoy, seus olhos claros desviando-se para os pais de Hermione, que observavam apreensivos. — As pessoas com quem você anda, Weasley... E pensei que sua família já tinha batido no fundo do poço...

Rony mal conseguiu acompanhar o que aconteceu depois. O caldeirão cheio de livros que estava na mão de Gina voou para cima do Sr. Malfoy, que com a força foi atirado contra uma prateleira, que fez com que dezenas de livros de soletração caíssem sobre sua cabeça. A multidão de gente ficou alvoroçada com a confusão, correndo de um lado para o outro, recuando e derrubando mais prateleiras; os gêmeos gritavam a todos pulmões “Pega ele, papai” e Molly gritava do outro lado “Não Arthur, Não!”. Aproveitando a confusão, Rony se esgueirou para o lado de Draco, e antes que ele pudesse se dar conta, acertou um soco bem dado em seu estômago.

— Eu não poderia dormir em paz se não fizesse isso...

No instante seguinte, Hagrid apareceu, separando a briga em segundos. Arthur estava com o lábio cortado e Lúcio Malfoy com o olho roxo. Ele ainda segurava o livro velho de Gina sobre transfiguração. Atirou-o nela com a raiva saindo pelos poros.

— Aqui, tome o seu livro, é o melhor que seu pai pode lhe dar...

E, desvencilhando-se da mão de Hagrid, saiu da loja, seguido por um Draco andando levemente curvado.

— Você devia ter fingido que ele não existia, Arthur — Disse Hagrid, quase erguendo Arthur do chão enquanto este endireitava as vestes. — Podre até a alma, a família toda, todo mundo sabe disso. Não vale a pena dar ouvidos a nenhum Malfoy. Sangue ruim é o que é. Vamos agora, vamos sair daqui.

Todos saíram ainda um pouco abalados com a confusão. Molly estava com uma veia saltando da testa, que só sumiria quando desse uma bronca em seu pai na primeira oportunidade que tivesse. Os pais de Hermione estavam trêmulos e Hermione tentava tranquilizá-los. Harry estava cabisbaixo, devia se achar culpado pelo que houve. Somente Rony estava particularmente satisfeito com a confusão.

— VOCÊ ESTÁ FICANDO LOUCO? — Molly berrou com o marido, que abaixou a cabeça, envergonhado — NO QUE VOCÊ ESTAVA PENSANDO? PASSAR VERGONHA DESSE JEITO, NA FRENTE DOS PAIS DA AMIGA DO NOSSO FILHO!

— Está tudo bem... — A sra Granger começou a falar

— UM BELO EXEMPLO PARA OS SEUS FILHOS! — Molly nem sequer a ouviu — SAINDO NO TAPA EM PÚBLICO... QUE É QUE O GILDEROY LOCKHART DEVE TER PENSADO...

— Ele estava satisfeito — informou Fred. — Você não ouviu o que ele disse quando estávamos saindo? Perguntou àquele cara do Profeta Diário se ele podia incluir a briga na notícia, disse que tudo era publicidade.

O comentário de Fred arrancou risadas de todos – com exceção de sua mãe, que ainda olhava feio para Arthur – deixando o clima um pouco mais ameno.

Os Weasleys acompanharam os Granger até o bar, onde iriam atravessar para chegar à rua dos trouxas, do outro lado. Logo todos já estavam à lareira, com todas as compras, voltando via Flu para a Toca.

— Ok Harry vê se não vai errar dessa vez. — Rony advertiu o amigo, que era o último antes de sua mãe e a si mesmo — Você só precisa dizer com clareza “a Toca”. Não tem nenhum mistério, só isso.

— Certo — Harry suspirou, colocando os óculos no bolso — A toca! — E ele sumiu.

— Acho que dessa vez acertou. Ele definitivamente não gostou de se transportar via Flú, o coitado... Que foi?

Molly o fitava de braços cruzados, batendo o pé direito no chão.

— Eu vi o que você fez com o menino Malfoy, Rony, e você pode imaginar que eu não gostei nem um pouco.

— Mas mamãe, ele começou...

— Não estou interessada na história, mocinho. Já basta seu pai ter dado aquele vexame. Não posso castigar seu pai, mas você eu posso. — Ela pegou o Pó-de-Flú e entrou na lareira — No resto das suas férias você irá varrer todo o jardim e lavar a louça do almoço e jantar. Todos os dias. — E antes que Rony pudesse argumentar, Molly havia desaparecido na lareira.

Rony bufou enfurecido. O restinho de suas férias já não seriam mais tão divertidas.


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Notas finais do capítulo

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