Rony Weasley e a Câmara Secreta escrita por biapurceno


Capítulo 14
Tristes Notícias


Notas iniciais do capítulo

Oieeee!!

To tão em falta por aqui, né? Só atrasando capítulos... Desculpem, de verdade, prometo compensar dando meu máximo para não deixar o nível cair!

Boa leitura!



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Rony encarava Harry sem entender absolutamente nada. De onde exatamente esse cara tirou uma ideia tão absurda? Essa obsessão de seu amigo por esse assunto já estava o deixando biruta. Hagrid? Abrindo a câmara secreta? O guarda caças só era grande no tamanho, era o homem mais gentil e bondoso que conhecia, além de ser um meio gigante vindo da Grifinória, não havia o menor sentido ser o herdeiro da Sonserina. Se Harry não estivesse tão agitado ali na sua frente, poderia jurar que ele estava tentando lhe pregar uma peça.

— Harry meu amigo, acho que você está passando tempo demais pensando nisso. Já está até delirando, veja só...

— Não estou delirando! — Ele bradou, puxando Rony para sentar-se ao seu lado. Suas mãos estavam suadas e trêmulas. — Aquele diário não é um diário comum. Com a confusão de hoje cedo, do cartão cantado do dia dos namorados, meu tinteiro caiu por cima das minhas coisas. Manchou todos os meus pergaminhos e livros, e o diário — Ele pegou o caderno e colocou na frente de seu nariz. — Você vê? A capa está manchada de tinta, mas olhe agora — Ele abriu o diário — Nenhuma mancha, nada. Está como se nada tivesse acontecido.

— Harry...

— Não, espere! Ainda não acabou.— o garoto o cortou, afobado — Eu achei muito esquisito o diário não ter manchado, era muita coincidência. Então eu peguei um pouco de tinta de outro tinteiro e deixei cair um pingo na folha. No momento que a tinta tocou no papel ela brilhou intensamente, e como se tivesse sendo sugada, desapareceu. Eu mal pude acreditar no que vi. Sabia que esse não era um caderno normal. Eu então resolvi me apresentar e escrevi meu nome, e para maior surpresa o diário respondeu!

— Como respondeu? — Rony riu — Harry, diários não falam. Você deve ter dormido e sonhou...

— Não, seu burro! — Harry bradou alucinado — Me escuta, ta bem? O diário me respondeu em palavras. Se apresentou como Tom Riddle. Disse que aquele diário guardava segredos terríveis e por isso que não queriam que fosse lido. Perguntei sobre a câmara secreta e como desconfiava, ele sabia da história. Disse que no seu quinto ano a câmara secreta foi aberta, e o monstro atacou vários alunos, até que matou um deles. Disse que ele próprio descobriu quem havia aberto a câmara secreta e se assegurado que o autor fosse expulso, mas que o diretor da época o proibiu de falar sobre o assunto.

— Mas não foi só isso. — continuou— Ele não só escreveu, ele me mostrou. De alguma forma ele me levou para dentro da história. Eu pude ver com meus próprios olhos o que aconteceu. Ele foi atrás do culpado e em uma sala, escondido, estava Hagrid! Riddle pediu que o deixasse matar o monstro e entrega-lo, mas Hagrid não deixou. Você sabe que ele adora monstros. Então Riddle tentou mata-lo mesmo assim, mas Hagrid impediu e o monstro fugiu.

— Isso é loucura... — Rony falou embasbacado — Se Hagrid tivesse algo a ver com isso já teria feito alguma coisa. Os alunos estão sendo atacados toda semana, ele não deixaria isso acontecer. Aliás, como Hagrid vai ser o herdeiro da Sonserina sendo da Grifinória?

— Eu também não entendo, mas sei o que vi, Rony. — Harry falou — Eu estava lá naquela lembrança. Eu vi Hagrid protegendo o monstro. Eu vi Riddle falando que ele já sabia de tudo. Sei que a história é confusa, mas é a verdadeira. Riddle não parece mentiroso. No início da lembrança ele estava conversando com o diretor, queria passar as férias de verão na escola porque morava num orfanato. Eu o entendo, sei como é não querer voltar pra casa

Finalmente Rony compreendeu tudo. Harry passara uma infância horrível com seus tios trouxas e qualquer pessoa que tivesse passado pelo mesmo ganhava instantaneamente sua simpatia e confiança, o que era um enorme erro, mas ao mesmo tempo Rony não podia culpa-lo. De qualquer modo, essa história do diário falante e Hagrid ser o responsável pela abertura da câmara secreta era muito estranha, porém até aquele momento era a única explicação plausível. Hagrid era bem capaz de criar alguma criatura perigosa e, mesmo sem intenção, matar alguns alunos. Rony lembrava-se muito bem da mordida que levou de Norberto, o dragão. Suas presas eram envenenadas e por causa disso teve que passar dias na ala hospitalar. Aliás, sua mão tinha a cicatriz até hoje.

No dia seguinte Rony e Harry correram para contar a história a Hermione. A garota ficou estarrecida e fez Harry contar a história pelo menos umas quatro vezes até se sentir convencida de verdade. Depois de ouvir tantas vezes, aliás, Rony conseguiu enxergar com muito mais clareza a possível culpa de Hagrid no ataque dos alunos. Ainda não sabia se poderia confiar no tal garoto do diário, mas definitivamente não tinham outra explicação até o momento.

— Riddle pode ter apanhado a pessoa errada — observou Mione. — Talvez fosse outro o monstro que estava atacando as pessoas..

— Quantos monstros assassinos vocês acham que tem aqui no castelo? — Rony perguntou desconfiado, olhando os cantos.

— Sempre soubemos que Hagrid foi expulso — disse Harry, infeliz. — E os ataques devem ter parado depois que o mandaram embora. Do contrário, Riddle não teria ganho um prêmio.

Era difícil aceitar que Hagrid tenha feito algo tão imprudente, ainda assim, certamente fazer mal aos alunos não era sua intenção.

— Riddle se parece com o Percy, afinal quem pediu a ele para dedurar o Hagríd? — Rony resmungou

— Mas o monstro tinha matado alguém, Rony — lembrou Mione.

— E Riddle ia voltar para um orfanato de trouxas se fechassem Hogwarts — disse Harry. — Não posso culpá-lo por querer ficar aqui...

— Você encontrou o Hagrid na Travessa do Tranco, não foi, Harry?— Rony perguntou, lembrando-se do início do ano, quando seu amigo parou na lareira errada por engano.

— Ele estava comprando um repelente para lesmas carnívoras — defendeu-o Harry depressa.

Os três se calaram, derrotados, tentando pensar em mais alguma explicação plausível. Era duro chegar à conclusão que realmente o gruarda caças tinha alguma culpa naquela história. Passado muito tempo Mione deu voz à pergunta mais cabeluda num tom hesitante.

— Vocês acham que devemos perguntar ao Hagrid o que aconteceu?

— Ia ser uma visita animada — Rony ironizou. — Olá, Hagrid. Conte para a gente, você andou soltando alguma coisa selvagem e peluda no castelo, ultimamente?

Por fim, eles resolveram não dizer nada a Hagrid a não ser que houvesse outro ataque e, como muitos e muitos dias se passaram sem nada de anormal acontecer, eles começaram a alimentar esperanças de que nunca precisariam perguntar a ele os motivos de sua expulsão.

Rony acordou com um extremo mal humor naquela manhã chuvosa. A primeira aula seria de feitiços e o ruivo considerou seriamente cabula-la para descansar um pouco mais. Não tinha motivação para ir à aula do professor Flitwick, uma vez que sua varinha quebrada não ajudava em nada, pelo contrário, atrapalhava e ainda colocava todos em perigo, principalmente naquele dia. Rony suspirou, virando de lado na cama, quando, de repente, sua cortina fora aberta com violência e vários travesseiros o acertaram de uma só vez.

Ele torceu tanto para que ninguém lembrasse, deveria saber que jamais deixariam a data passar despercebida: Era primeiro de março, seu aniversário de treze anos.

No geral, as pessoas gostavam de fazer aniversário, eram datas divertidas onde os aniversariantes comemoravam, faziam festas, cantavam parabéns e comiam bolos. Mas não para Rony; todos os anos, desde que se entendia por gente, algo ruim acontecia no dia de seu aniversário. Por um tempo até pensou que quando entrasse em Hogwarts talvez a maldição acabaria, mas não foi o que aconteceu. Ano passado estava jogando com a Goles junto de seus amigos quando Hermione, irritada por ele ter acertado uma bolada em seu livro, atirou o objeto de volta, e o acertou em cheio entre suas pernas; a força foi tanta que chegou a questionar se um dia seria capaz de ter filhos.

— Vamos logo! — Harry chamou, puxando-o — Levanta dessa cama ou vamos nos atrasar para a aula.

— Me deixa, cara! — Rony resmungou — Vou me dar de presente um dia de folga.

— Não vai mesmo, as provas não estão longe, perder conteúdo sem motivo algum não é uma decisão inteligente.

Era Hermione, que aparecera por trás de Dino, também com um travesseiro na mão. Até ela?

— Você não deveria estar aqui, é um dormitório de garotos. Alguém podia não estar vestido!

Hermione franziu e cenho, dando um riso anasalado.

— Desculpe, não sabia que os meninos tinham o costume de andar nús pelo dormitório.

Rony rosnou, levantando da cama, aborrecido. No seu criado mudo tinham alguns presentes, mas ele abriria depois da aula. Mione tinha razão, não podia perder aulas a toa, além do mais,  se faltasse a aula provavelmente os professores iriam atrás dele e descobririam que não tinha um motivo plausivel para sua ausência e acabaria perdendo pontos para sua casa. A contra gosto, arrumou-se e foi encontrar seus amigos no salão principal para tomar o café da manhã.

— Você deveria melhorar esse humor, é seu aniversário! — Disse Hermione.

— O aniversário do Roniquinho é amaldiçoado, ele não contou à vocês? — Fred chegou, sentando-se ao lado deles.

—Como assim?— Harry perguntou.

Rony gemeu. Não pretendia falar sobre isso com Harry e Hermione. Já era esquisito que sua família soubesse e ainda fizesse piadas com isso. A maldição de aniversário não tinha a menor graça.

— Cala a boca, Fred!

— Todo ano acontece algum acidente com ele. — Jorge riu, sentando-se ao lado de Fred, ignorando o pedido de Rony — Ainda em seu primeiro aniversário ele despencou escada à baixo na Toca e só parou no primeiro andar desmaiado. Mamãe quase infartou achando que ele tinha morrido.

— Quando tinha uns seis anos foi picado por um Besouro da Melancolia e passou o dia todo chorando. Nem sequer brincou com a varinha de brinquedo que papai trouxe para ele. — Jorge lembrou.

— Teve aquela vez que ele queimou o cabelo com um objeto trouxa do papai. Mamãe ficou uma arara com ele.

— E ano passado Mione o acertou com a goles exatamente aonde dói. — Harry concluiu, rindo, entendendo a situação.

— Exatamente. Todos os anos acontece algo, as vezes rolava até aposta entre nós para saber qual seria o acidente da vez.

— Já chega, isso não tem graça! — Rony bradou — Vamos para a aula de uma vez.

Rony saiu na frente dos amigos e ao cruzar a porta do salão principal  deu de cara com Gina. Ela estava áerea e desviou do irmão sem sequer notar sua presença. No geral, nos seus aniversários, Gina era sempre a primeira a lhe dar parabéns e agora o ignorou. Até Percy o parabenizou assim que chegou. Estranho demais. Que seja, menos uma para caçoar de sua maldição.

Na aula do professor Flitwick os alunos precisavam treinar o feitiço Ottera, que era usado para atirar objetos para longe. Infelizmente, Rony não treinava com os outros alunos para não causar nenhum acidente. Aquela varinha estava perigosa demais, e no meio de tanta gente, causar um incêndio não era nada bom. Aliás, dado ao dia em específico, a chance de acontecer algo ruim era ainda maior.

— Por que está parado, senhor Weasley?

Rony quase deu um pulo ao auvir a voz esganiçada de Flitwick atrás de si.

— E-eu... desculpa professor. Minha varinha está quebrada, o senhor mesmo já viu quantas coisas ela já explodiu na sua aula.

O Professor suspirou e tocou Rony no cotovelo, solidário. Sua intenção pareceu ser tocar no ombro, mas ele não o alcançou.

— Sei que sua varinha não está nas melhores condições, mas ficar parado nas aulas não vai ajudar em nada. Tente fazer o feitiço, não é dos mais complexos.

— Eu sei disso, porém não quero correr o risco de explodir alguma coisa, ou incendiar a sala de aula...

— Vamos lá, qualquer coisa que sua varinha destruir eu conserto. Apenas tente!

Ele não queria, tinha certeza que se tentasse lançar o feitiço ia causar um acidente. Mas o professor não desistiu e, derrotado, ele apontou para a almofada na sua frente, torcendo para não acontecer nada.

— Ottera! — Exclamou.

Dessa vez o feitiço saiu perfeitamente como deveria ser: lançar algo para longe do bruxo que o lançou. O grande problema é que o feitiço não jogou o travesseiro para longe como pretendia, e sim lançou Rony para longe do objeto, atirando o garoto de costas na estante com livros e outras coisas no fundo da sala, fazendo tudo despencar em sua cabeça, assim como alguns tinteiros que ali estavam, que, como não podia ser diferente, caíram também em cima de si, sujando todo seu cabelo e roupas. A turma inteira caiu na risada, enquanto Rony lutava para levantar-se.

— Senhor Weasley, se machucou? — O professor perguntou assustado, enquanto Harry corria para ajudá-lo a sair do meio da bagunça — Sua varinha voltou o feitiço contra você!

— Eu avisei. — falou entre os dentes. — Ela está quebrada, não funciona normalmente.

— Bem, pelo menos o feitiço estava correto.

Para sua sorte, naquele instante o sinal tocou, indicando o fim da aula. Rony foi para o dormitório com pressa, tirando logo a roupa manchada e tomando um banho. A tarde estaria livre e definitivamente dessa vez Rony não arriscaria sair. Harry tinha treino de quadribol e Rony aproveitou a calmaria do quarto para fazer a redação que o professor Snape pediu há alguns dias. Já estava quase na metade quando ouviu um barulho na porta do quarto.

— O treino acabou cedo?

— Sou eu! — Mione anunciou, sentando-se na beirada de sua cama, fazendo carinho ca cabeça de Perebas. — Vai mesmo se esconder aqui o dia todo?

— É melhor não arriscar. — falou, riscando uma frase inteira sobre a poção aromática e reescrevendo. — Sabe que se te pegarem aqui vai levar uma bronca.

Mione deu ombros e esticou o pescoço, olhando o que Rony fazia. Em seguida suspirou, puxoando o pergaminho de sua mão.

— O que está fazendo?

— É seu aniversário, vou te ajudar dessa vez. — disse ela, já reescrevendo a frase inacabada, em seguida completando com outras informações.

Mione acabou que fez quase seu trabalho inteiro durante a tarde, aproveitando para lhe ensinar algumas coisas sobre a matéria, e por incrível que pareça, ele entendeu tudo. Depois ainda ingressaram em uma longa partida de xadrez de bruxo. Ela lhe fez companhia até o início da noite e não podia ter sido mais agradável. Por mais brigas que tivessem vez ou outra, Rony se sentia muito bem ao lado da garota. Mais tarde, seus irmãos trouxeram comida contrabandeada da cozinha e acabaram fazendo uma mini festa em seu dormitório, junto com Harry, Simas, Dino e Neville. Apesar de sempre acontecer algo inusitado, seus aniversários já não eram como antigamente, seus amigos tornavam tudo muito melhor.

Já fazia bastante tempo desde que Justino e Nick Quase Sem Cabeça tinham sido petrificados, e quase todo mundo parecia pensar que o atacante, seja lá quem for, tinha se retirado para sempre. A história já não era quase comentada e as pessoas já estavam até parando de atazanar Harry por achar que era o responsável. As mandrágoras já estavam quase prontas. Segundo a professora Sprout, assim que elas começassem a querer se mudar umas para o vaso das outras significaria que já estavam adultas e finalmente todos os petrificados seriam trazidos de volta.

Com a proximidade do feriado da páscoa, os alunos receberam mais alguma coisa para ter o que pensar: as novas matérias do terceiro ano. Até o segundo ano os alunos aprendiam as matérias básicas para sobreviver no mundo bruxo. Do terceiro ano para a frente, os alunos tinham a oportunidade de aprender matérias mais específicas, como trato das criaturas mágicas, que como o nome já diz, ensina ao aluno a cuidar e saber lidar com criaturas mágicas. Parecia ser potencialmente perigoso mas muito interessante; essa era a matéria favorita de seu irmão Carlinhos. Também tinha adivinhação, runas antigas e até mesmo estudo dos trouxas, para quem tivesse interessado em aprender coisas sobre o mundo não-mágico. Rony escolheu Trato das Criaturas Mágicas e Advinhação, escolha que Percy achou ruim, e passou horas tentando convencer que Rony também deveria fazer Runas Antigas e Aritmancia.

Outra que também achou que Rony estava desperdiçando oportunidade foi Hermione.

—Temos que aproveitar as oportunidades que temos de aprender. Me inscrevi em todas as matérias!

— Pra que você se inscreveu em estudo dos trouxas?

— Quero ver o mundo trouxa sob a ótica dos bruxos, não posso?

O que também estava próximo era o último jogo de quadribol da temporada: Grifinória x Lufa-Lufa. No ano anterior a Grifinória não levou a taça de quadribol, e tanto a professora Minerva quanto Olívio Wood estavam pirando e faziam com que os jogadores treinassem todas as noites sem exceção. Rony decidiu que deveria fazer o resumo de 45 centímetros de pergaminho que a professora Minerva havia passado quando Harry apareceu, todo sujo, no salão comunal.

— Olívio está acabando com a gente. — Comentou — Mas acho que nossas chances de ganhar são enormes.

Harry subiu apressado para se limpar e Rony virou-se para Mione:

— Quarenta e seis centímetros! — falou vitorioso— Acho que nunca consegui escrever tanto na minha vida.

— Não é sobre o quanto você escreve, é como você escreve. — Hermione pegou o pergaminho das mãos do garoto — Veja só, apenas bati o olho e já encontrei coisas erradas.

— Pelo amor de Deus, Hermione. — Rony bufou — Não apague tudo que eu escrevi, vou acabar tendo que fazer outro resumo...

— O que não seria má ideia! — Ela falou, marcando outra frase para que Rony corrigisse — Você está mais enrolando do que informando.

Rony revirou os olhos e no momento que ia rebater Dino Thomas apareceu nervoso, correndo até Rony.

— Invadiram nosso quarto!

Rony deu um pulo da poltrona que se encontrava, e subiu correndo com Dino e Simas até seu dormitório. Neville estava na porta parecendo perturbado. Dino xingou um palavrão tão alto que Molly colaria sua boca para a eternidade se ouvisse. Quando entrou no quarto entendeu o porquê: Harry estava abaixado perto de seu malão vazio; todo seu conteúdo estava espalhado pelo dormitório, todos os bolsos revirados, capas rasgadas, as gavetas haviam sido puxadas e revistadas. Era um caos. Rony correu para sua parte do armário mas esta se encontrava intacta. Sabia que Harry tinha ganhado alguns inimigos com os boatos de ser o herdeiro da Sonserina, mas não achou que chegariam ao ponto de invadir o dormitório para revistar suas coisas.

— Que aconteceu, Harry? — Dino perguntou.

— Não faço ideia — Respondeu o garoto.

— Alguém andou procurando alguma coisa — Rony observou, pegando mais uma capa com o bolso do avesso — Tem alguma coisa faltando?

Harry começou a apanhar as coisas e a atirá-las para dentro do malão, atento à algo que pudesse estar faltando. Após pegar um livro de Lockhart, como se houvesse tido um estalo em sua mente, Harry arregalou os olhos para Rony.

— O diário de Riddle desapareceu — disse em voz baixa.

Harry indicou com a cabeça a porta do dormitório, e Rony o seguiu para fora. Juntos desceram correndo até a sala comunal da Grifinória, quase vazia àquela hora, e se reuniram a Mione, que estava sentada sozinha, lendo um livro chamado Runas Antigas sem Mistérios.

Eles contaram a ela o que houve, e ela ficou impressionada.

— Mas... Só outro aluno da Grifinória poderia ter roubado, ninguém mais sabe a senha...

— Exatamente — disse Harry.

Não havia nada a fazer além de esperar que o suspeito tentasse fazer mais alguma coisa. Eles acordaram na manhã seguinte com um sol radioso e uma brisa leve e fresca. Finalmente o último jogo de quadribol estava para começar e nunca antes Rony vira os alunos tão animados. Os jogadores da Lufa-lufa eram bons, mas não chegavam perto da habilidade dos alunos da Grifinória. Até mesmo o apanhador, que era o melhor do time, não era páreo para Harry, que era mais leve e mais rápido. O café da manhã que antecedia os jogos eram sempre animados, com muito falatório e cantorias. Menos para os jogadores, que estavam sempre nervosos. Harry, nesse dia em particular, estava tenso e mal abria a boca. O roubo do diário de Riddle tinha mexido muito com o garoto, e ele olhava para todos os alunos que passavam por ele como ladrões em potencial.

Com o horário do jogo se aproximando, Rony e Hermione acompanharam Harry para pegar seus equipamentos para o jogo.

— Aposto que esse jogo vai ser uma lavada — Disse Rony, animado — Os artilheiros da Lufa-Lufa são muito lentos. A Angelina e a Katie marcam sessenta cada uma para dez deles. E aquele Cedrico é grande demais, no mano-a-mano Harry voa mais rápido.

— Cedrico é um ótimo apanhador. — Hermione comentou.

— É o que as garotas dizem... — Rony falou, maldoso, no momento que alcançou as escadas de mármore.

— Não seja ridículo, Rony. Todos dizem isso, não é Harry?

— Ele tem feito um bom trabalho e... AHHHHHH

Rony e Hermione deram um salto para trás, assustados com o grito que o garoto deu. Harry ficou pálido, olhando para todos os lados, nervoso.

— A voz! Eu ouvi de novo. Estava tão alta... Não ouviram?

Antes que Rony respondesse, Hermione deu um tapa na testa.

— Acho que acabei de entender uma coisa! Tenho de ir até a biblioteca!

E, deixando os amigos, subiu as escadas correndo.

— Que é que ela entendeu? — perguntou Harry distraído, olhando por cima do ombro, como se algo fosse aparecer de repente.

— Muito mais do que eu — disse Rony olhando para a escada, onde Hermione já havia desaparecido.

— Mas por que ela tem de ir à biblioteca? — Harry perguntou, confuso.

— Porque é isso que Mione faz — Respondeu sacudindo os ombros. — Quando tiver uma dúvida, vá à biblioteca.

Harry ainda ficou parado por um tempo olhando por cima dos ombros, assustado. Por fim decidiu que a voz não voltaria e seguiu correndo para o dormitório para pegar suas coisas. Rony aproveitou a deixa e correu para a biblioteca atrás de Hermione. O lugar estava praticamente vazio, os alunos que ainda estavam por lá já saíam para assistir ao jogo, com exceção de Mione e um outra menina da Corvinal de cabelos longos e crespos, que também estudava em uma das mesas. Mione estava sentada no fundo da biblioteca, cheia de livros e um pequeno espelho ao lado deles.

— O que aconteceu? Por que saiu correndo daquele jeito? O jogo está começando, depois você vê isso.

— Vá você — disse ela sem nem olhar para ele, balançando a mão — Acho que descobri algo, mas falo com vocês após o jogo, quando tiver certeza. Vá, não me atrapalhe!

— Harry ouviu a tal voz depois de tanto tempo, não é seguro você ficar sozinha.

— Eu sei me cuidar! — ela bradou — Me deixe ler esses livros, anda. Vá ver o jogo, te encontro nas arquibancadas.

Por milhares de vezes Hermione ficou sozinha seja na biblioteca ou em qualquer outro lugar, porém naquele dia Rony não queria deixá-la. Entretanto, se forçasse sua presença com certeza ela iria se irritar, e por isso, mesmo angustiado, não insistiu mais, e correu de volta às arquibancadas. A escola em peso já se encontrava lá, aguardando ansiosos os times entrarem em campo. Acabou pegando um lugar não muito bom pelo tempo que perdeu indo atrás de Mione, mais tarde quando ela chegasse ele ia reclamar.

Mione... Por que tinha a sensação que devia voltar pra onde ela estava?

Os times entraram em campo sob aplausos estrondosos, tirando Rony de seus pensamentos. Olivio Wood decolou para um vôo de aquecimento em volta das balizas; Madame Hooch lançou as bolas. Os jogadores da Lufa-Lufa, que jogavam de amarelo-canário, estavam amontoados num bolinho, discutindo táticas de última hora. Rony viu Harry lá em baixo, se ajeitando em sua Nimbus 2000 para levantar voo, quando uma professora McGonagall muito apressada, segurando um megafone enorme, parou no meio do campo.

— O jogo foi cancelado — a professora anunciou, dirigindo-se ao estádio. Ouviram-se vaias e gritos.

Rony nem esperou as pessoas se manifestarem e já correu para as escadas para descer das arquibancadas. Os jogos de Quadribol nunca eram cancelados; podia estar chovendo, tempestade ou até mesmo furacão. Algo devia ter acontecido, e ele tinha um mal pressentimento quanto a isso.

Rony chegou à beirada do campo, onde Harry já conversava com a Professora Minerva, que virou-se com um ar aflito.

— É, talvez seja melhor você vir também, Weasley...

Olhou para Harry, confuso, mas ele deu ombros, também sem entender o que acontecia. Os meninos acompanharam a Profª. McGonagall de volta à escola e subiram a escadaria de mármore. Mas não foram levados à sala de ninguém desta vez.

— Vai ser um pouco chocante para vocês — disse a professora McGonagall, num tom surpreendentemente gentil quando se aproximavam da enfermaria. — Houve mais um ataque... Mais um ataque duplo.

Rony mal conseguia conter a ansiedade. A professora saiu da frente e o garoto pode ver a menina que haviam perguntado onde era a sala comunal da Sonserina quando estavam de Crabbe e Goyle, uma aluna do quinto ano da Corvinal, a mesma que estava na biblioteca quando foi ver Mione. Seu estômago deu um salto na mesma hora, se ela estava na biblioteca e houve um ataque duplo, isso queria dizer que...

Foi como em um pesadelo. Seus olhos correram para a cama ao lado, e lá estava ela, totalmente paralizada. A culpa caiu sobre seus ombros com um peso de um dragão adulto. Ele havia prometido, ele disse que não deixaria que nada acontecesse com ela, ele sentiu que não devia deixá-la sozinha, e ao invés de ouvir seus instintos decidiu ir embora, não a defendeu.

— Elas foram encontradas perto da biblioteca — disse a Profª. McGonagall. — Suponho que nenhum dos dois tenha uma explicação para isto. Estava no chão ao lado delas...

Segurava um pequeno espelho circular, o mesmo que Rony vira na mesa entre os livros, mas nem ele nem Harry tinham ideia do que poderia ser aquilo.

— Vou acompanhá-los de volta à Torre da Grifinoria — continuou a professora deprimida. — Tenho mesmo que falar com os alunos.

Rony estava tão atordoado que nem se deu conta do caminho de volta. Quando percebeu, já estava junto dos alunos da Grifinória, com a professora Minerva à frente de todos.

— Todos os alunos devem voltar à sala comunal de suas casas até as seis horas da tarde.  Nenhum aluno deve sair dos dormitórios depois dessa hora. Um professor os acompanhará a cada aula. Nenhum aluno deve usar o banheiro a não ser escoltado por um professor. Todos os treinos e jogos de Quadribol estão adiados. Não haverá mais atividades noturnas.

Os alunos ouviram a professora em silêncio. Ela enrolou o pergaminho que acabara de ler e disse com a voz um tanto embargada:

— Não preciso acrescentar que raramente me senti tão aflita. É provável que fechem a escola a não ser que o autor desses ataques seja apanhado. Eu pediria a quem achar que talvez saiba alguma coisa que me procure.

A professora saiu e logo em seguida os alnos começaram a confabular juntos.

— São dois alunos da Grifinória atacados, sem contar o nosso fantasma, um aluno da Corvinal e um da Lufa-Lufa — disse Lino Jordan, contando nos dedos. — Será que nenhum professor reparou que os alunos da Sonserina não foram tocados? Não é óbvio que essa coisa toda está vindo da Sonserina? O herdeiro de Slytherin, o monstro da Sonserina, por que é que eles não mandam embora todo o pessoal da Sonserina? — vociferou ele, em meio a acenos de concordância e aplausos.

Seu irmão Percy estava sentado em uma poltrona atrás de Lino, mas desta vez não parecia ansioso para dizer o que pensava. Parecia pálido e atordoado, e seus olhos estavam levemente marejados.

— Percy ficou em estado de choque — disse Jorge, baixinho. — Aquela menina da Corvinal, Penelope Clearwater, é monitora. Acho que ele não pensou que o monstro se atrevesse a atacar um monitor.

Mas Rony não queria saber das preocupações de Percy. A imagem de Hermione petrificada estava fincada em sua mente como se tivessem prendido com o feitiço de cola que eu pai usava quando fazia seus experimentos. A culpa o assolava de forma torturante. Ele devia ter ficado com ela mesmo quando ela o expulsou. Ele havia prometido que a protegeria, que nada de ruim iria acontecer. Por que não deu ouvidos à sua intuição?

Ainda tinha outra coisa para se preocupar: a possibilidade da escola fechar caso não pegassem o culpado. Hagrid abriu a câmara secreta há anos atrás, por que diabos abriria novamente? A menos que mais alguém soubesse como entrar lá.

— Que é que vamos fazer? — perguntou Rony baixinho ao ouvido de Harry. — Você acha que eles suspeitam de Hagrid?

— Precisamos ir falar com ele — Harry sussurrou de volta. — Não posso acreditar que desta vez ele seja o culpado, mas se soltou o monstro da última vez saberá como entrar na Câmara Secreta, e isto é um começo.

— Mas McGonagall disse para ficarmos em nossa torre a não ser na hora das aulas. E os corredores estão sendo vigiados...

— Acho — disse Harry, mais baixinho ainda — que está na hora de tirar outra vez da mala a velha capa do meu pai.

Rony havia se esquecido totalmente da capa de invisibilidade. Harry não tinha muitas lembranças de seus pais, principalmente quando se refere ao mundo bruxo. A capa de invisibilidade era a única coisa que ele tinha herdado, e não poderia querer nada melhor. Era a única chance que tinham de sair escondidos da escola para visitar Hagrid, sem ninguém ficar sabendo. Assim, foram se deitar na hora de costume, esperaram até Neville, Dino e Simas pararem de discutir sobre a Câmara Secreta e irem finalmente dormir, então se levantaram, vestiram-se outra vez e jogaram a capa por cima dos dois.

Rony sabia que o corredor estava sendo vigiado, mas não daquele jeito. Todos os professores e monitores estavam fora da cama, junto com os fantasmas, andando aos pares olhando tudo atentamente, à procura de alguma atividade incomum.

Foi difícil, especialmente na hora que Rony deu uma topada perto de onde Snape estava, e se não fosse por ele ter espirrado no momento em que xingou, teriam sido pegos.

Fazia uma noite clara e estrelada. Eles correram em direção às janelas iluminadas da casa de Hagrid e despiram a capa somente quando estavam à sua porta de entrada.

Segundos depois de terem batido, Hagrid escancarou a porta.

Eles deram de cara com um arco que o amigo apontava. Canino, o enorme cão de Hagrid, o acompanhava dando fortes latidos.

— Ah — exclamou ele, baixando a arma e encarando os meninos. — Que é que vocês estão fazendo aqui?

— Para que é isso? — perguntou Harry, ao entrarem, apontando para o arco.

— Nada... Nada... — murmurou Hagrid. — Estava esperando... Não faz mal... Sentem... Vou preparar um chá…

Ele parecia não saber muito bem o que estava fazendo. Quase apagou a lareira ao derramar água da chaleira e em seguida amassou o bule com um movimento nervoso da mão enorme.

— Você está bem, Hagrid? — perguntou Harry. — Soube do que aconteceu com a Mione?

— Ah, soube, soube, sim — respondeu Hagrid, com a voz ligeiramente falha.

Ele não parava de olhar nervoso para as janelas. Serviu aos meninos dois canecões de água fervendo (esquecera-se de pôr chá na chaleira) e ia servindo uma fatia de bolo de frutas num prato quando ouviram uma forte batida na porta.

Hagrid deixou cair o bolo de frutas. Rony e Harry se entreolharam em pânico, mas logo se cobriram com a capa e se retiraram para um canto. Hagrid se certificou de que os garotos estavam escondidos, apanhou o arco e escancarou mais uma vez a porta.

— Boa-noite, Hagrid.

Era Dumbledore. Ele entrou, parecendo mortalmente sério e vinha acompanhado por um homem de cabelos grisalhos despenteados, que ostentava uma expressão ansiosa e usava uma estranha combinação de roupas: terno de risca de giz, gravata vermelha, uma longa capa preta e botas roxas de bico fino. Sob o braço carregava um chapéu-coco cor de limão.

— É o chefe do papai! — cochichou Rony para Harry. — Cornélio Fudge, Ministro da Magia!

Harry respondeu com uma cotovelada, fazendo sinal para que ele se calasse.

Hagrid estava pálido e muito assustado. Sentou-se muito desajeitadamente em uma cadeira e olhava de Dumbledore para o ministro levemente trêmulo.

— Problema sério, Hagrid — disse Fudge em tom seco. — Problema muito sério. Tive que vir. Quatro ataques em alunos nascidos trouxas. As coisas foram longe demais. O Ministério teve que agir.

— Eu nunca — disse Hagrid, olhando suplicante para Dumbledore. — O senhor sabe que eu nunca, Profº. Dumbledore...

— Quero que fique entendido, Cornélio, que Hagrid goza de minha inteira confiança — disse Dumbledore muito sério.

— Olhe, Alvo — respondeu Fudge, constrangido. — A ficha de Hagrid depõe contra ele. O Ministério teve que fazer alguma coisa, o conselho diretor da escola entrou em contato...

— Contudo, Cornélio, continuo a afirmar que levar Hagrid não vai resolver nada — disse Dumbledore. Rony não tinha muito contato com o professor Dumbledore, mas aquela expressão ameaçadora que ele tinha no rosto nunca havia visto.

— Procure entender o meu ponto de vista — disse Fudge, manuseando o chapéu coco. — Estou sofrendo muita pressão. Precisam ver que estou fazendo alguma coisa. Se descobrirmos que não foi Hagrid, ele voltará e não se fala mais no assunto. Mas tenho que levá-lo. Tenho. Não estaria cumprindo o meu dever...

— Me levar? — perguntou Hagrid, começando a tremer. — Me levar aonde?

— Só por um tempo — disse Fudge sem encarar Hagrid nos olhos. — Não é um castigo, Hagrid, é mais uma precaução. Se outra pessoa for apanhada, você será solto com as nossas desculpas...

— Não para Azkaban? — lamentou Hagrid, rouco.

Rony teve que segurar a exclamação de surpresa. Azkaban? Era a prisão dos bruxos, um dos piores lugares da face da terra. Antes que Fudge pudesse responder, ouviram outra batida forte na porta.

Dumbledore atendeu-a. Dessa vez Rony que teve que dar uma cotovelada em Harry pela suspiro alto de espanto.

Lúcio Malfoy entrou decidido na cabana de Hagrid, envolto em uma longa capa de viagem, com um sorriso frio e satisfeito. Canino começou a rosnar.

— Já está aqui, fudge — disse em tom de aprovação. — Muito bem...

— Que é que o senhor está fazendo aqui? — perguntou Hagrid furioso. — Saia da minha casa!

— Meu caro, por favor acredite em mim, não me dá nenhum prazer estar no seu... Hum... Você chama isso de casa?— disse Lúcio Malfoy, desdenhoso, correndo os olhos pela pequena cabana. — Simplesmente vim à escola e me disseram que o diretor se encontrava aqui.

— E o que era exatamente que você queria comigo, Lúcio? — perguntou Dumbledore. Ele fora muito educado, mas a expressão ameaçadora em seu rosto havia se intensificado.

— É Lamentável, Dumbledore — disse Malfoy sem pressa, puxando um rolo de pergaminho —, mas os conselheiros acham que está na hora de você se retirar. Tenho aqui uma Ordem de Suspensão, com as doze assinaturas. Receio que o Conselho pense que você está perdendo o jeito. Quantos ataques houve até agora? Mais dois hoje à tarde, não foi? Nesse ritmo, não sobrarão alunos nascidos trouxas em Hogwarts, e todos sabemos que perda horrível isto seria para a escola.

— Ah, olhe aqui, Lúcio — disse Fudge, parecendo assustado —, Dumbledore suspenso, não, não, a última coisa que queremos neste momento...

— A nomeação, ou a suspensão de um diretor é assunto do Conselho, Fudge — disse Lúcio Malfoy suavemente. — E como Dumbledore não conseguiu fazer parar os ataques...

— Olhe aqui, Malfoy, se Dumbledore não consegue fazê-los parar — disse Fudge, cujo lábio superior estava úmido de suor —, eu pergunto, quem vai conseguir?

— Isto resta ver — disse o Sr. Malfoy com um sorriso desagradável. — Mas como todo o Conselho votou...

Hagrid levantou-se de um salto, os olhinhos redondos cerrados de raiva.

— E quantos você precisou ameaçar e chantagear para concordarem hein, Malfoy? — vociferou.

— Ai, ai, ai, sabe, esse seu mau gênio ainda vai lhe causar problemas um dia desses, Hagrid — disse Lúcio. — Eu aconselharia você a não gritar assim com os guardas de Azkaban, eles não vão gostar nadinha.

— Você não pode afastar Dumbledore! — gritou Hagrid, fazendo Canino se agachar e choramingar no cesto de dormir.

— Afaste ele, e os alunos nascidos trouxas não terão a menor chance. Vai haver mortes em seguida.

— Acalme-se, Hagrid — ordenou Dumbledore. Virou-se então para Lúcio Malfoy. — Se o Conselho quer que eu me afaste, Lúcio, naturalmente eu vou obedecer...

— Mas... — gaguejou Fudge.

— Não!— disse Hagrid com raiva.

Dumbledore não tirara seus olhos azuis cintilantes dos olhos frios e cinzentos de Lúcio Malfoy.

— Porém — continuou ele, falando muito lenta e claramente de modo que ninguém perdesse uma só palavra —, você vai descobrir que só terei realmente deixado a escola quando ninguém mais aqui for leal a mim. Você também vai descobrir que Hogwarts sempre ajudará aqueles que a ela recorrerem.

Rony teve a impressão que a tensão daquela discussão devia estar distorcendo as coisas em sua cabeça, pois teve a real certeza que os olhinhos azuis de Dumbledore recaíram sobre si e Harry no canto onde estavam escondidos.

— Admiráveis sentimentos — disse Malfoy fazendo uma reverência. — Todos sentiremos falta do seu... Hum... Modo muito pessoal de dirigir as coisas, Alvo, e só espero que o seu sucessor consiga impedir... Ah... Matanças.

E dirigiu-se à porta da cabana, abriu-a, fez um gesto largo indicando a porta para Dumbledore.

Fudge, manuseando seu chapéu-coco, esperou Hagrid passar à sua frente, mas Hagrid continuou firme, inspirou profundamente e disse com clareza:

— Se alguém quiser descobrir alguma coisa, é só seguir as aranhas. Elas indicariam o caminho certo!  É só o que digo.

Fudge olhou-o sem entender.

— Tudo bem, estou indo — disse Hagrid, vestindo o casacão de pele de toupeira. Mas quando ia saindo para acompanhar Fudge, ele parou outra vez e disse em voz alta: — Alguém vai ter que dar comida a Canino enquanto eu estiver fora.

A porta se fechou com força e Rony tirou a capa da invisibilidade de cima dos dois.

— Estamos ferrados agora — disse nervoso. — Dumbledore foi embora. Seria melhor que fechassem a escola hoje à noite. Com a saída dele haverá um ataque por dia.

Rony e Harry ficaram parados no meio da cabana encarando um ao outro sem ter o que dizer enquanto Canino começou a uivar, arranhando a porta fechada. Sem Dumbledore Rony não tinha mais certeza do que poderia acontecer, a única certeza que tinha é que tentaria com todas as suas forças dar um jeito de pegar o culpado pelos ataques e fazê-lo pagar pelo que fez com Mione.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Deixem comentários para alegrar meu coração! ^^



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