Rony Weasley e a Câmara Secreta escrita por biapurceno


Capítulo 10
O Balaço Errante


Notas iniciais do capítulo

Oieee

Desculpem o atraso. Boa leitura! ^^



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Rony aguardava ansioso na entrada do salão comunal. Hermione desceu as escadas com uma grande mochila nas costas, e saíram furtivos em direção ao banheiro feminino interditado. Com tantos ataques acontecendo em pouco espaço de tempo, não podiam esperar mais. Nem mesmo se dariam ao luxo de esperar pela saída de Harry da enfermaria, pois não sabiam se ele ia sair logo. Só a poção levaria um mês para ficar pronta, e os ataques não esperariam por eles. 

Murta Que Geme cantarolava uma música deprimente em um dos boxes quando Rony e Mione entraram. Àquela altura, Rony já não se importava mais de entrar no banheiro feminino, realmente nunca tinha ninguém ali. Ao ouvir a porta se abrir, a fantasma voou para encontra-los.

— O que vocês vieram fazer aqui? Vieram caçoar mais um pouco de mim? — Ela perguntou já com os olhos marejados.

— Não viemos caçoar de você. — disse Hermione — Nós precisamos usar um dos boxes.

— Os dois juntos? — Murta se espantou — Tem mais boxes por aqui, não precisam fazer isso ao mesmo tempo.

— Não vamos usar o boxe nesse sentido. — Hermione se defendeu — Precisamos dele para... para... — E olhou suplicante para Rony

— ...Para criar uma poção perfeita para a aula de poções do próximo mês, e não queremos que ninguém nos copie, é isso. — Rony completou.

— Próximo mês? O professor Snape não costuma passar poções em duplas para o próximo mês... — Ela chegou bem perto de Rony, que recuou alguns passos — Está mentindo!

— Não é mentira! — Rony bradou. — Você não tem ninguém para assombrar e nos deixar em paz?

Murta arregalou os olhos, profundamente ofendida.

— Você acha que fantasmas só servem para assustar pessoas? — chorou— Seu insensível! — E mergulhou na privada mais próxima.

Hermione e Rony deram ombros, adentraram o boxe do canto e trancaram a porta. O boxe era muito pequeno e os dois tiveram que ficar espremidos na frente do vaso. Hermione puxou a mochila com muita dificuldade e tirou um caldeirão de cobre velho e enferrujado e o colocou sobre o vaso, depois tirou uma série de ingredientes guardados em pequenos frascos. Em seguida o grande livro de Poções “Pociones Muy Potentes” que haviam pegado da biblioteca, abrindo na página já marcada. Leu algumas instruções, jogou uma série de ingredientes no caldeirão e acendeu seu famoso fogo portátil azul, que era a prova d’água.

— Agora tenho que esperar um pouco até os ingredientes murcharem para dar o segundo passo. — Ela falou voltando a olhar o livro — Estudei novamente essa poção antes de dormir mas ainda assim não fico totalmente segura. É bem difícil.

Rony observava Hermione calado. Era realmente impressionante como uma garota que acabara de completar treze anos conseguia realizar feitos que muitos bruxos de trinta não conseguiam. As vezes era irritante e metida a sabe tudo, mas não podia negar que era muito inteligente.

Ela enfiou a mão na mochila e de lá puxou um elástico, prendendo o cabelo em seguida. Puxou a varinha da capa e fez um floreio, e o conteúdo do caldeirão se misturou, soltando uma faísca azul. Rony achava estranho ver a amiga sem a expeça juba de cabelos castanhos esvoaçando por todo lado. Bem, quando ela prendia os cabelos podia ver melhor seu rosto, que era muito bonito, mas ainda assim não era a mesma de cabelos presos; com eles soltos ela ficava mais... Hermione.

— Rony você pode pegar o... O que houve? Por que está me olhando assim? — Perguntou, desconfiada.

Não tinha notado até então que a olhava sem desviar. Na verdade, de uns tempos para cá tinha adotado essa mania de reparar em como Hermione fazia as coisas – precisava parar com isso, ela acabaria ficando brava.

—Eu? Nada. Só estava... Quero dizer... Você prendeu o cabelo. — falou sem graça.

Ela levou a mão ao cabelo depressa, como se fosse espantar um inseto. — O que tem de errado?

— Nada não... é só que... Como você conseguiu colocar tanta coisa nessa mochila? — Desconversou.

— Andei lendo sobre alguns feitiços e descobri que existe um feitiço chamado feitiço de extensão indetectável. É um feitiço que amplia a extensão de bolsas comuns, caixas e tudo que se pode imaginar, mas é um feitiço nível N.I.E.M e eu não consegui executar com perfeição. Até consegui ampliar o espaço interno, mas muito pouco. Queria trazer mais coisas para auxiliar no preparo da poção, mas não coube.

— Me pergunto, como você consegue pensar em tantas coisas. Gostaria de ter um cérebro igual ao seu para variar.

— Você é inteligente. Se parasse de achar que é burro o tempo todo veria isso.

Rony sentiu suas orelhas ficarem vermelhas, sempre que era elogiado, ficava sem jeito. Ela percebeu e sorriu para ele, que retribuiu o sorriso. Ele e Hermione tinham algo que não sabia explicar; não era a primeira vez que ela sorria para ele, e todas as vezes ele sentia a mesma sensação, como se um monstro em seu estomago ganhasse vida.

O som da porta batendo seguido de um “sou eu!” sobressaltou os dois. Rony esbarrou em um dos frascos de Hermione com o susto e este caiu no chão espatifado. Hermione abriu a porta e um Harry, com o braço cheio de ossos novamente, se esgueirou para dentro do boxe. O olhar dele parou no caldeirão cheio em cima do vaso.

— Pretendíamos ir ao seu encontro, mas decidimos começar a Poção Polissuco — explicou Rony se recompondo, enquanto Harry, com dificuldade, tornava a trancar o boxe.

— Decidimos que este era o lugar mais seguro para escondê-la.

— Fizeram bem. Precisamos dessa poção pronta o mais rápido possível, Ontem houve mais um ataque! Colin Creevey estava indo me visitar na ala hospitalar e...

— Já sabemos, — Hermione o cortou — ouvimos a Profª. McGonagall contar ao Profº. Flitwick hoje de manhã. Foi por isso que decidimos começar...

— Quanto mais cedo a gente obtiver uma confissão de Draco, melhor — rosnou Rony. — Sabem o que é que eu penso? Ele estava tão furioso depois do jogo de Quadribol, que descontou no Colin.

— Mas há outra coisa — disse Harry, observando Hermione picar feixes de sanguinárias e jogá-los na poção. — Dobby veio me visitar no meio da noite.

— Dobby? O Elfo doméstico?

— Sim, e vocês não vão adivinhar: Ele me confessou que foi o responsável por não termos conseguido embarcar em primeiro de setembro.

— Ele fechou a passagem para o trem?! — Surpreendeu-se Rony — Que criaturinha filha da...

— Mas não para por aí. — Harry o cortou. — Foi ele quem enfeitiçou o balaço para eu cair da vassoura. Ele insiste que corro grande perigo aqui e achou que me causando um grave acidente eu seria mandado de volta para os Dursley.

— Ele enfeitiçou o balaço?! — Hermione exclamou.

— Isso é realmente estranho, Harry. Eu já te falei, elfos domésticos só fazem aquilo que lhes são ordenados, não agem por vontade própria. Aposto que esse elfo pertence à família de Draco e estão usando-o para te fazer mal. — Rony falou preocupado.

— Tá, tá, escutem. O mais grave disso tudo foi que quando tentava me convencer a voltar para casa, deixou escapar que realmente há uma câmara secreta, não é uma lenda, e o pior: já foi aberta antes, e coisas horríveis aconteceram à época. Mas como sempre quando pedi mais informações ele começou a se agredir e foi embora.

Rony e Hermione ficaram boquiabertos.

— A Câmara Secreta já foi aberta antes? — exclamou Hermione.

— Isso esclarece tudo — Rony falou. — Lúcio Malfoy deve ter aberto a Câmara quando esteve aqui na escola e agora ensinou ao nosso querido Draco como fazer o mesmo. É óbvio. Mas eu bem gostaria que Dobby tivesse lhe dito que tipo de monstro tem lá dentro. Quero saber como é que ninguém reparou nele rondando a escola.

— Talvez ele consiga ficar invisível — disse Hermione, empurrando sanguessugas para o fundo do caldeirão. — Ou talvez possa se disfarçar, fingir que é uma armadura ou uma coisa qualquer, já li a respeito de vampiros-camaleões...

— Você lê demais, Hermione. — Rony pontuou, e virou-se para Harry — Então o Dobby impediu a gente de pegar o trem e quebrou o seu braço... — Ele abanou a cabeça. — Sabe de uma coisa, Harry? Se ele não parar de tentar salvar a sua vida vai acabar matando você.

A notícia de que Colin Creevey também foi atacado logo se espalhou pela escola, causando pânico na maior parte dos alunos. Os alunos do primeiro ano andavam sempre juntos, com medo de serem atacados por ser mais fracos. Gina então, Rony mal via sua irmã por aí. Vez ou outra ela aparecia de relance na sala comunal, sempre assustada e parecendo mais magra.

Nesse meio tempo, escondido dos professores, assolava a escola um próspero comércio de talismãs, amuletos e outras mandingas protetoras. Neville Longbottom já comprara um cebolão verde e malcheiroso, um cristal pontiagudo e púrpura e um rabo podre de lagarto, quando os outros alunos da Grifinória lhe lembraram que ele não corria perigo; era puro sangue e, portanto, uma vítima pouco provável.

— Eles foram atrás de Filch primeiro — explicou Neville, seu rosto redondo cheio de medo. — E todo mundo sabe que sou quase uma aberração.

Em meados de dezembro, a professora McGonagall veio com a listagem de alunos que permaneceriam na escola no natal. Rony, Harry e Hermione logo assinaram seus nomes. Tinham ouvido falar que Draco também ficaria na escola nesse período, o que era muito suspeito. Além do mais, não teriam muitos alunos em Hogwarts no natal, e assim eles poderiam usar a poção Polissuco sem se preocupar, já que àquela altura estaria pronta.

Porém, a poção ainda estava pela metade. Hermione adiantou tudo que podia com os ingredientes que tinha disponíveis nos armários dos alunos e nos jardins, mas agora não tinha jeito, teriam que assaltar o estoque particular de Snape. Rony e Harry já bolavam um plano para a invasão quando, para surpresa dos dois, Hermione se ofereceu para pegar o Chifre de Bicórnio e a Pele de Araramboia, os dois ingredientes que faltavam. “eu tenho a ficha limpa, vocês podem ser expulsos se aprontarem mais alguma coisa”.

Na noite anterior, o trio foi dormir tarde tramando o plano que facilitaria a entrada de Hermione na sala de Snape durante a aula., Rony e Harry ficaram encarregados de causarem uma grande confusão para que o professor se distraísse. Provocar confusão na aula de Poções de Snape era quase tão seguro quanto

espetar o olho de um dragão adormecido, mas não tinham muita opção.

A aula de Poções era dada em uma das masmorras maiores. A de quinta-feira à tarde transcorreu como sempre. Vinte caldeirões fumegavam entre as carteiras de madeira, sobre as quais havia balanças e frascos de ingredientes. Snape andava por entre os vapores, fazendo comentários maldosos sobre o trabalho dos alunos da Grifinória, enquanto os da Sonserina davam risadinhas de aprovação.

A Solução de Fazer inchar de Rony estava sem cor e com cheiro estranho. No lugar de pó-de-losna, ele colocara semente de acanto. Não dava para se concentrar, a ansiedade de esperar Hermione dar o sinal para iniciar a missão fazia com que a aula passasse sem que ele notasse. Quando Snape deu as costas para implicar com Neville, Hermione fez um aceno com a cabeça.

Harry se abaixou depressa por trás do caldeirão, tirou do bolso um dos fogos Filibusteiro que pegaram com Fred no dia anterior e deu-lhe um leve toque com a varinha. O fogo começou a borbulhar e a queimar. Harry se levantou sorrateiramente, mirou e atirou o fogo no ar; ele caiu dentro do caldeirão de Goyle.

A poção do sonserino explodiu, chovendo sobre a classe inteira. Os alunos gritaram quando os borrifos da Solução para Fazer Inchar caiu neles. Draco ficou com a cara coberta de poção e seu nariz começou a inchar como um balão; Goyle saiu esbarrando nas coisas, as mãos cobrindo os olhos, que tinham inchado até atingir o tamanho de um prato. Snape tentava restaurar a calma e descobrir o que estava acontecendo. Harry se juntou a Rony discretamente, no momento em que Hermione se esgueirou para a sala do professor.

— Silêncio! SILÊNCIO! — rugiu Snape. — Os que receberam borrifos, venham aqui tomar uma Poção para Fazer Desinchar, quando eu descobrir quem foi o autor disso...

Rony tentava se manter neutro, mas estava difícil não rir da cabeça de Draco, que pendia para o lado por causa do nariz, que já estava do tamanho de um melão, e Crabbe, que tinha a língua pendurada para fora chegando à altura do umbigo.

Snape distribuía frascos para os alunos, muitos com lábios tão inchados que não conseguiam nem falar. Entre um aluno e outro, Snape resmungava coisas como “quando pegar o engraçadinho que fez isso vou me encarregar dele pessoalmente”. Lá no fundo da sala, Rony viu Hermione tornando a entrar, com a frente das vestes inchadas e um sorriso triunfante no rosto.

Depois que todos tomaram uma dose do antídoto e seus inchaços murcharam, Snape foi até o caldeirão de Goyle e pescou os restos retorcidos e negros do fogo de artifício. Fez-se um silêncio repentino.

— Se eu um dia descobrir quem jogou isso — sussurrou Snape — vou garantir que esse aluno seja expulso.

Os três nem sequer olharam um para o outro para não dar bandeira.

Uma semana mais tarde, Rony, Hermione e Harry iam atravessando o saguão de entrada quando viram uma pequena aglomeração em torno do quadro de avisos, os alunos liam um pergaminho que acabara de ser afixado. Simas Finnigan e Dino Thomas fizeram sinal para eles se aproximarem, com ar excitado.

— Vão reabrir o Clube dos Duelos! — disse Simas. — A primeira reunião é hoje à noite!  Eu não me importaria de tomar aulas de duelo; poderiam vir a calhar um dia desses...

— Quê, você acha que o monstro da Sonserina sabe duelar? — debochou Rony, mas na verdade tinha gostado da ideia.

Harry e Hermione também gostaram, assim, às oito horas daquela noite os três voltaram correndo para o Salão Principal. As longas mesas de jantar tinham desaparecido e no lugar tinha um palco dourado encostado a uma parede, cuja iluminação era produzida por milhares de velas que flutuavam no alto e o teto voltara a ser negro.

Praticamente todos os alunos da escola estavam dentro do salão, todas empunhando suas varinhas, animados.

— Quem será que vai ser o professor? — Hermione perguntou enquanto se reuniam aos alunos que tagarelavam sem parar. — Alguém me disse que Flitwick foi campeão de duelos quando era moço, talvez seja ele.

— Pode ser qualquer um desde que não seja... — Harry começou, mas terminou com um gemido:

Gilderoy Lockhart vinha entrando no palco, resplandecente em suas vestes ameixa-escuras, acompanhado por ninguém mais do que Snape, em sua roupa preta habitual.  Lockhart levantou o braço pedindo silêncio e disse em voz alta:

— Aproximem-se, aproximem-se! Todos estão me vendo? Todos estão me ouvindo? Excelente! O Profº. Dumbledore me deu permissão para começar um pequeno clube de duelos, para treiná-los, caso um dia precisem se defender, como eu próprio já precisei fazer em inúmeras ocasiões, quem quiser conhecer os detalhes, leia os livros que publiquei.

— Deixem-me apresentar a vocês o meu assistente, Profº. Snape —, disse Lockhart, dando um largo sorriso. — Ele me contou que sabe alguma coisa de duelos e desportivamente concordou em me ajudar a fazer uma breve demonstração antes de começarmos. Agora, não quero que nenhum de vocês se preocupe, continuarão a ter o seu professor de Poções mesmo depois de eu o derrotar, não precisam ter medo!

— Não seria bom se os dois acabassem um com o outro? — Rony cochichou para Harry.

Lockhart sorria galanteador, enquanto Snape olhava-o com os olhos faiscando. Os dois professores viraram-se um para o outro e se cumprimentaram com uma reverência; pelo menos, Lockhart cumprimentou com muitos meneios, enquanto Snape curvou a cabeça, irritado. Em seguida, os dois empunharam as varinhas à frente do corpo.

— Como vocês vêem, estamos segurando nossas varinhas na posição de combate normalmente adotada — disse Lockhart, com aos alunos em silêncio — Quando contarmos três, lançaremos os primeiros feitiços. Nenhum de nós está pretendendo matar, é claro.

Porém a expressão no rosto de Snape não dava certeza nenhuma de que seria só uma demonstração.

— Um... Dois... Três...

Os dois ergueram as varinhas acima da cabeça e as apontaram para o oponente; Snape exclamou:

— Expelliarmus! — Viram um lampejo vermelho ofuscante e Lockhart foi lançado para o alto: voou para os fundos do palco, colidiu com a parede, foi escorregando e acabou estatelado no chão.

Draco e outros alunos da Sonserina deram vivas. Hermione se esticava nas pontas dos dedos para ver melhor. — Vocês acham que ele está bem? — guinchou preocupada.

— Quem se importa? — responderam Rony e Harry juntos.

Lockhart foi-se levantando tonto. Seu chapéu caíra e os cabelos ondulados estavam em pé.

— Muito bem! — disse, cambaleando de volta ao palco. — Isto foi um Feitiço de Desarmamento, como viram, perdi minha varinha, ah, muito obrigado, Srta. Brown... Sim, foi uma excelente demonstração, Profº. Snape, mas se não se importa que eu diga, ficou muito óbvio o que o senhor ia fazer, se eu tivesse querido detê-lo teria sido muito fácil, mas achei mais instrutivo deixá-los ver...

O rosto de Snape se contorceu em uma expressão assassina. Lockhart possivelmente notou porque acrescentou:

— Chega de demonstrações! Vou me reunir a vocês agora e separá-los aos pares.  Prof. Snape, se o senhor quiser me ajudar...

Os dois caminharam entre os alunos, formando os pares.

Lockhart juntou Neville com Justino Finch-Fletchley, mas o interrompeu.

— Acho que está na hora de separar a equipe dos sonhos — caçoou, olhando para Rony e Harry. — Weasley você luta com Finnigan.  Potter...

Harry virou-se esperançoso para Hermione, mas Snape não era tão burro.

— Acho que não — disse Snape, sorrindo estranhamente. — Sr. Malfoy, venha cá.  Vamos ver o que o senhor faz com o famoso Potter. E a senhorita, pode fazer par com a Srta. Bulstrode.

Harry foi a contra gosto fazer par com Malfoy, que sorria, arrogante. Hermione se juntou a uma garota grande, com a cara quadrada e dentes tortos. Ela sorriu brevemente, mas a garota da Sonserina não retribuiu, fazendo um barulho nasal, como um touro.

— De frente para os seus parceiros! — mandou Lockhart, de volta ao tablado. — E façam uma reverência!

Rony e Simas inclinaram as cabeças. Rony sacou sua varinha partida e montou guarda.

— Quando eu contar três, lancem seus feitiços para desarmar os oponentes, apenas para desarmá-los, não queremos acidentes, um... Dois... Três...

— Expeliarmus! — Rony gritou antes de Simas.

O raio vermelho que Rony esperava ver não saiu. No lugar, lançou um raio branco, que atingiu Simas bem no peito e o nocauteou. Rony correu para o amigo e o levantou, assustado. Sua varinha estava ficando cada vez mais imprevisível.

Aproveitando a deixa, Rony olhou para os outros. Harry e Draco esqueceram o exercício de desarmar e seguiam duelando ferozmente. Hermione e Emilia Blustrode também haviam esquecido de desarmar; a Sonserina dera uma chave de braço em sua amiga, que resmungava baixinho de dor.

— Ai, ai-ai, ai-ai — exclamou Lockhart, passando por entre os duelistas, para ver o resultado das lutas. — Levante, Macmillan... Cuidado, Miss Fawcett...

Aperte com força, vai parar de sangrar em um segundo, Boot...

— Acho que é melhor ensinar aos senhores como se bloqueia feitiços hostis —, disse Lockhart, parando no meio salão. Ele olhou para Snape, cujos olhos negros brilhavam, e desviou rápido o seu olhar. — Vamos arranjar um par voluntário, Longbottom e Finch-Fletchley, que tal vocês...

— Uma má idéia, Profº. Lockhart — disse Snape, aparecendo das sombras. — Longbottom causa devastação até com o feitiço mais simples. Vamos ter que mandar o que sobrar de Finch-Fletchley para a ala hospitalar em uma caixa de fósforos. — O rosto redondo e rosado de Neviile ficou ainda mais rosado. — Que tal Malfoy e Potter?

— Ótima idéia! — disse Lockhart, fazendo um gesto para Harry e Draco irem para o meio do salão, enquanto os demais alunos se afastavam para lhes dar espaço.

Harry seguiu carrancudo, já Draco parecia satisfeito. Com Snape lá, qualquer coisa que Harry fizesse contra o sonserino Snape descontaria nele. Enquanto se organizavam, o professor se aproximou de Draco e cochichou algo em seu ouvido.

— O professor Snape está dando dicas a Malfoy. — Hermione, com o rosto ainda vermelho da briga, bradou — Isso não é justo.

— Desde quando Snape é honesto quando se trata de nós três, em especial quando se trata de Harry? — Rony suspirou

— Estão prontos? — Perguntou Lockhart — Três... Dois... Um... Agora! — gritou ele.

Draco ergueu a varinha depressa e berrou:

— Serpensortia!

A ponta da varinha de Draco explodiu. Uma enorme serpente negra irrompeu da ponta de sua varinha, caindo pesadamente no chão, deslizando a toda velocidade para Harry. Todos os alunos gritaram e se afastaram, horrorizados.

— Não se mexa, Potter — disse Snape tranquilamente, sentindo visível prazer de ver Harry parado imóvel, cara a cara com a cobra irritada. — Vou dar um fim nela...

— Permita-me! — gritou Lockhart. E brandiu a varinha para a cobra, ao que se ouviu um grande baque; a cobra, em lugar de desaparecer, voou três metros no ar e tornou a cair no chão com um estrondo. Enraivecida, sibilando furiosamente, ela deslizou direto para Justino Finch-Fletchley e se levantou de novo, as presas expostas, armada para o bote.

Então Harry caminhou lentamente em direção à cobra, os olhos semicerrados; o garoto abriu a boca, mas ao invés de palavras, ele fez um chiado, como se sibilasse como a cobra. Todos os alunos se encolheram na mesma hora. O animal virou-se para ele, como se o entendesse, sibilou de volta, olhou novamente para Justino e caiu pesadamente no chão. Justino estava paralisado, em total pânico. Harry ainda mirava a cobra de uma forma estranha, com os olhos apertados, como se não fosse ele ali, como se tivesse assumido uma outra identidade. Era assustador. Snape se adiantou e fez a cobra desaparecer, olhando Harry com uma mistura de curiosidade e assombro. Rony cutucou Hermione e correu ao encontro de Harry, que ficou parado como um bobo no meio do salão.

— Vamos — disse Rony, puxando-o pelo braço. — Mexa-se, vamos...

Rony seguiu puxando Harry pelo braço até o salão comunal. Como fora capaz de esconder uma informação tão grande de sua vida dos amigos? Os três adentraram a sala, que estava vazia, por sorte. Sem nenhum cuidado, Rony atirou Harry em uma poltrona.

— Você é um ofidioglota. Por que não nos contou? — Perguntou sem rodeios.

— Eu sou o quê? — perguntou Harry confuso.

— Um ofidioglota! — Rony repetiu. — Você é capaz de falar com as cobras!

— Eu sei. Quero dizer, é a segunda vez que faço isso. Uma vez no zoológico incitei, por acaso, uma jiboia contra o meu primo Duda, uma longa história... Ela estava me contando que nunca tinha estado no Brasil e eu meio que a soltei sem querer, isso foi antes de saber que era bruxo. 

— Uma jiboia contou a você que nunca tinha ido ao Brasil? — repetiu Rony incrédulo.

— E daí? — Harry bradou — Aposto que um monte de gente aqui pode fazer isso.

— Ah, não. De jeito nenhum. Isto não é um dom muito comum.  Harry, isto não é legal.

— O que não é legal? — disse Harry com as bochechas vermelhas de raiva. — Qual é o problema com todo mundo? Escuta aqui, se eu não tivesse dito àquela cobra para não atacar Justino...

— Ah, então foi isso que você disse?

— Que quer dizer com isso? Vocês estavam lá, vocês me ouviram...

— Ouvi você falar esquisito — Rony explicou. — Um chiado. Língua de cobra. Você podia ter dito qualquer coisa, não admira que o Justino tenha entrado em pânico, parecia que você estava convencendo a cobra a fazer alguma coisa, deu arrepios, sabe...

Harry ficou de boca aberta.

— Eu falei uma língua diferente? Mas, eu não percebi, como posso falar uma língua sem saber que posso falá-la?

Mas Rony tampouco sabia explicar. Harry não se dava conta do que significava ser um ofidioglota, e o pior, agora de todos saberem disso.

— Querem me dizer o que há de errado em impedir uma enorme cobra de arrancar a cabeça do Justino? — Harry continuava nervoso — Que diferença faz como foi que eu fiz isso, desde que o Justino não precise se associar ao clube dos Caçadores Sem Cabeça?

— Faz diferença, sim — Hermione falou baixinho —, porque a capacidade de falar com cobras foi o dom que tornou Salazar Slytherin famoso. É por isso que o símbolo da Sonserina é uma serpente.

Harry abriu a boca, espantado.

— Exatamente — Rony continuou. — E agora a escola inteira vai pensar que você é o tetra-tetra-tetra-tetra-neto...

— Mas eu não sou — Harry se defendeu desesperado.

— Vai ser difícil provar isso — falou Hermione. — Ele viveu há mil anos; pelo que se sabe, você podia muito bem ser descendente dele.

Harry se levantou e saiu sem dizer mais nada. Rony e Hermione se sentaram onde antes o garoto estava.

— Você realmente acha que Harry possa ser o herdeiro? — Hermione perguntou

— Não sei... Ele não faz o estilo herdeiro da Sonserina, ele é da Grifinória afinal. Mas vai saber, são séculos de distância.

Na manhã seguinte, a neve que começara a cair de noite se transformara numa nevasca tão densa que a última aula de Herbología do período letivo foi cancelada, o que foi maravilhoso, pois precisava de um descanso.

A Profª. Sprout queria pôr meias e echarpes nas mandrágoras, uma operação melindrosa que ela não confiaria a mais ninguém, agora que era tão importante as mandrágoras crescerem depressa para ressuscitar Madame
Nor-r-ra e Colin Creevey.

Rony e Hermione aproveitaram o tempo para jogar uma partida de xadrez. Ela estava se tornando cada vez melhor, mas ainda bem longe de superá-lo.

— Ele pode estar na biblioteca, eu poderia ir até lá e falar com ele, explicar o que houve.

Harry, desde o que aconteceu no clube de duelos, estava cismado em se explicar para Justino e contar o que realmente tinha acontecido. Ninguém aguentava mais ouvi-lo falar sobre isso.

— Eu acho bobagem. — Rony falou — Já passou, deixa isso pra lá.

— Eu tenho certeza que eles estão falando de mim nesse momento!

Um bispo de Rony desmontou um cavalo de Hermione, desfazendo a jogada que ela estava planejando.

— Pelo amor de Deus, Harry — Hermione brigou. — Vá procurar o Justino se isso é tão importante para você.

Harry nem sequer questionou. Com o incentivo, mesmo que de má vontade, ele saiu em disparada pelo buraco do retrato.

— Xeque-mate! — Rony finalizou o jogo. Mas Hermione sorriu fraco, ignorando o resultado do jogo e levantou-se, debruçando na janela.

— Ah! Eu já te ganhei centenas de vezes, não precisa ficar chateada agora. — Ele debruçou-se ao lado dela.

— Tudo isso é tão estranho... — ela suspirou — Todo esse clima rondando a câmara secreta, as pessoas petrificadas... Mesmo que consigamos tirar alguma informação de Draco não sei se seremos capazes de fazer isso parar. Quero dizer, os nascidos trouxas podem ser petrificados um a um; ou talvez mortos.

— Não diga besteiras! — Rony entendeu onde ela queria chegar — Se tivermos informação poderemos denunciar ao professor Dumbledore, e ele irá fazer com que isso pare, e com que Draco seja expulso.

— Não gosto de admitir, mas estou com medo. — ela confessou.

—Não tem o que temer. Não iremos deixar que nada de ruim aconteça a você, sabe disso!

— Ah Rony, Temos pouco mais de doze anos, o que podemos fazer contra um monstro que petrifica as pessoas? E além do mais, ser amiga de Harry já me coloca em um perigo maior ainda. Sabemos que tudo ronda a ele, e que se querem pegá-lo, vão começar primeiro por quem o rodeia.

Ela olhou de volta para a vista da janela, e Rony notou que uma lágrima rolou por seu rosto.

Outra desvantagem de ter crescido com cinco irmãos e apenas uma irmã era que não aprendera a lidar com situações que envolviam sentimentos, especialmente quando alguém chorava.

Sem saber o que fazer, pôs a mão em seu ombro, no intuito de deferir tapinhas, mas para sua surpresa, ela o abraçou, deitando a cabeça em seu peito.

Completamente sem jeito, Rony colocou a mão nas costas da amiga e ficou assim por algum tempo, imóvel, esperando que se acalmasse. Embora não tivesse numa posição muito confortável – não queria se mexer para não atrapalhar – ter Hermione em seus braços causava uma sensação boa. 

Hermione suspirou, sem fazer menção de soltá-lo. Num súbito momento de consciência Rony falou:

— Eu sei que somos só crianças, mas não importa; Não vou deixar que esse monstro faça mal a você.

Hermione levantou o rosto, sorrindo para Rony. Ela desfez o abraço lentamente, tomou seu rosto entre as mãos e o trouxe para si, dando um beijo estalado em sua bochecha.

— Obrigada. — Falou, e foi andando na direção dos dormitórios, deixando um Rony totalmente estupefato para trás.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, deixem comentários para alegrar meu coração.



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