Um novo Nós escrita por Queen Jeller


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Nem acredito que esse casal voltou a me inspirar. ♥
Dedico essa one shot a Carla, minha leitora e amiga que nunca desistiu de me fazer escrever novamente sobre Jeller.



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Um facho de luz sumia e aparecia na porta do guarda-roupa.

Foi a primeira coisa que ela viu ao abrir os olhos. O pensamento ainda atordoado após tanto tempo de sono.

“Que horas são?”, foi o que ela pensou enquanto se desvencilhara do lençol.

O facho de luz no guarda-roupa indicava que já era de tarde. Caso contrário, a luz não estaria vindo da janela pro lugar. Ao olhar pro relógio do criado-mudo, confirmou sua dúvida: eram 3 horas da tarde.

Quantos dias tinha durado o dia anterior?

Após uma longa batalha, que sabe-se lá quanto tempo durou, eles ainda tiveram que lidar com mais um ataque e esse ataque ocupou o resto da noite entre colher depoimentos, provas e mais. O sol já havia nascido quando haviam limpado tudo.

Com o desgaste do dia, eles tiveram forças apenas para tomar café da manhã e se deitar, o mais colados um no outro possível.

Era como se ela escutasse de dentro dele e ele escutasse de dentro dela, o grande eco do medo de perder aquele amor ainda soava nas batidas de seus corações, mas foi apenas esse eco que os fez conseguir dormir. Escutando o coração dela, ele sabia que ela estava ali e escutando o coração dele, ela sabia que ele sempre esteve ali, que ele a levou para quem eles eram agora e que Deus o perdoasse pela vaidade que ele sentiu ao escutar ela dizendo aquilo, ele pensou antes de dormir.

O fato é que, ele havia acordado primeiro que ela. Mas e se tudo isso tivesse sido um sonho?

Seus passos pareciam pesados no caminho para fora do quarto. Não era fraqueza física, mas sim emocional, um medo daquilo ter sido um devaneio de seu sonho e ela não o encontrasse na cozinha ou na sala.

Seu medo escorregou para fora de si quando ela o avistou sentado na mesa da cozinha.

Um olhar concentrado para uma página cinzenta de jornal e o cheiro inconfundível de seu café aromatizando o ambiente.

Ela não sabia antes, mas agora, estando ali, ela percebeu como ela havia sentido falta disso. Do cheiro do café, dos segundos observando seu marido antes dele virar-se e dar a ela aquele sorriso que ele sempre dava ao amanhecer primeiro que ela.

— Aí está você. — Ele disse e virou-se para ela, que cheirou sua cabeça e o deu um beijo rápido enquanto tocava sua mão.

— Eu te disse em nosso casamento que não ia fugir. Onde mais eu estaria? — Ela rebateu e afastou-se por mais alguns segundos para pegar seu café.

Sentou-se ao seu lado e ficou lendo algumas notícias silenciosamente junto a ele até o café acabar.

Quando ele largou o jornal, ela deixou a xícara vazia sob a mesa e sentou em seu colo, o que o fez largar um rápido sorriso de humor e felicidade.

Os dois pareciam tão leves e isso a lembrou de sua lua de mel, do momento em que ela era tão feliz mesmo tendo medo de que algo ruim viesse atrapalhar. Agora, não havia nada mais para atrapalhá-los.

Ela passou uma de suas mãos lentamente no pescoço dele e, com a outra, tirou seus óculos de leitura.

— Eu sou a mulher mais sortuda do mundo. — Afirmou e o beijou lentamente antes que ele pudesse pensar em responder.

A carícia na ponta dos seus dedos sob sua cintura. Deus, como ela havia se contentado a viver sem esse amor antes?

— E eu sou o que? — Ele perguntou após eles se afastarem. — Eu sou mais do que sortudo por ter uma mulher tão forte assim perto de mim e que me ama apesar dos meus defeitos. — Finalizou com um beijo em seu pescoço.

O contato da sua barba com seu pescoço a fez rir. Cócegas, e ele sabia disso. Mas “O que eu não faria pra te ver sorrir?”, ela lembrou que ele disse isso em seus votos de casamento.

— Como eu não amaria o homem que mesmo depois de tudo só tem amor para me dar?

Ele beijou seu nariz e rebateu.

— Eu só retribuo todo amor que você me faz sentir.

Houve mais uma sequência de beijos, até que ele a pegou pelos braços e chegaram um ao som da risada do outro até sua cama. Ele a deitou e a beijou por cima enquanto ela puxava a camisa dele. Ela ainda estava de pijama então foi fácil puxar as alças para baixo. Após separarem para tirarem a peça, ela o encarou. Seus olhos cor de mar, vívidos diante do verde profundo dos olhos dela.

— Ai meu deus, como eu te amo. — Foi a última frase coerente que ela falou.

Depois daquilo, ele a possuiu por inteiro.

Primeiro com sua boca, fazendo suas línguas deslizarem, depois beijando seu corpo e por último, deliciando-a com seu prazer.

Depois de nus, ele a possuiu com seu membro. Ele adentrou dentro dela com tanto vigor que ela esqueceu de respirar por alguns segundos e apenas tornou a sua realidade quando ele a tocou com as mãos. Seus dedos curtos, mas grossos, possuindo suas costas, pescoço, barriga. Havia um toque emergente e ela retribuiu com movimentos com o mesmo vigor em sua cintura. O que o fazia intensificar ainda mais suas estocadas. Ela não sabia onde ela começava e onde ele terminava, até que ela sentiu como se um rio a esvaziasse e ao mesmo tempo a inundasse e ele selou isso com seus lábios sob o dela.

Eles diminuíram o ritmo lentamente, como uma valsa de um casal de idosos embriagados. Como se aquela fosse sua última apresentação, sua última frase, e nenhum dos dois estava disposto a colocar ali um ponto final.

Ele colocou, beijando-a mais uma vez e olhando-a no olho.

— Eu também te amo muito, Jane Doe-Weller.

Ela riu da junção de seus sobrenomes, lembrando-se das discussões acerca de como ficaria seu nome após se casar alguns anos atrás.

— Kurt Weller… — Ela repetiu reflexiva.

Os dois estavam deitados lado-a-lado, mas ela decidiu virar-se para ele.

— A primeira vez que escutei seu nome, eu jamais pensei que fosse ser meu sobrenome um dia.

Ele a olhou e deu um daqueles seus sorrisos leves que os olhos sorriem mais que a boca e então segurou a mão dela.

— Espero que não esteja arrependida. — Ela rebateu com humor e beijou a aliança dela. — Caso esteja, vai demorar um pouco para tirá-lo.

Dois anos.

Ela sabia do que ele estava falando.

Faziam mais de dois anos que eles haviam se casado e após os dois anos o divórcio era bem mais difícil de ser feito.

— Claro que eu não estou arrependida. Caso contrário, eu não estaria aqui. — Ela rebateu beijando seu rosto e ele a agarrou pela cintura.

— Desculpa. — Ela disse de repente e, com a cara de confusão que ele fez, ela teve que se explicar. — No dia do nosso aniversário de casamento, eu não lembrava direito então…

Ele a silenciou com o dedo.

— Eu quero que você me prometa algo, Jane. — Ele pediu em tom de súplica. — Por favor, pare de se martirizar pelo que você fez quando não lembrava que era Jane. Isso não importa mais.

— Eu machuquei você. — Ela rebateu com um pouco de raiva de si na voz e ele a olhou sério.

— Você só me ensinou a te ama mais e mais, mulher. — Ele disse e então continuou. — E que tal esquecermos disso e lembrarmos de onde paramos antes de toda essa confusão?

Filhos.

Ela lembrou-se.

Sua última frase antes dela desmaiar era sobre seu teste negativo de gravidez.

“Isso significa que estamos no mesmo pé quanto a ter filhos.”. Ela lembrou da felicidade com o qual eles constataram que era o momento deles terem um filho.

Ela não sabia que lágrimas estavam saindo de seus olhos até que a mão de seu marido interrompeu o trajeto da gota.

— Jane! — Sua voz foi abafada quando ele a abraçou.

Ele não entendia ainda o motivo das lágrimas, mas as enxugou.

— Eu quero. — Ela disse logo que se afastaram, embora estivessem abraçados. Um frio tomava sua barriga só de pensar em carregar um filho de Kurt.

Ele a olhou, com confusão no olhar.

— Ter uma família com você. — Ela completou. — Você não queria continuar de onde paramos? A última coisa que você me disse antes do desmaio foi sobre aumentar nossa família. Ta na hora de dar uma irmã pra Bethany.

Um grunhido soou de sua garganta, a emoção pela lembrança e também pela revelação.

— Ou um primo pro Sawyer. — Ele completou e então colocou-a embaixo de si e a beijou.

— Podemos começar a tentar isso agora. — Ela disse e o beijou, antes de começarem a colocar o futuro pra frente juntos.

Algumas semanas depois, quando voltaram das férias que mais pareceu uma segunda lua de mel, todos se sentiram completos ao descobrir que não só Bethany teria uma irmã, como Sawyer teria um primo. Nove meses depois, saindo do hospital com sua mulher e seu casal de filhos gêmeos, Kurt não teve dúvida: aquele desmaio havia gerado um novo “nós” mas nem em seus melhores sonhos ele imaginava que o novo nós seria tão bom assim.





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Notas finais do capítulo

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