Dragonize escrita por Kemur


Capítulo 4
Dragonização


Notas iniciais do capítulo

Opa! E aí? Como vão?
Decidi que estarei postando sempre que os capítulos ficarem prontos, acho melhor do que ficar prometendo dia específico para postar.
Enfim, boa leitura.



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— Ah, me desculpe... Você?! – Stella arregala os olhos surpresa ao ver o homem em quem esbarrou.

Um jovem loiro de cabelos lisos e presos por um curto rabo de cavalo. Seus olhos eram pretos e seu rosto era bem atraente. Ele vestia um casaco longo e azul, por de baixo ele vestia um terno preto e com uma cruz pendurada em seu pescoço.

 — Ora, se não é a pequena Stella. – o jovem sorri.

Stella estava desacreditada no que via, em menos de um dia ela reencontrou três das pessoas mais importantes para ela, ou melhor, duas pessoas e um gato. Esse homem à sua frente era nada mais e nada menos que seu professor Mark Phoenix. Apesar da aparência, este não é tão jovem, deve estar atualmente na casa dos 37 anos e este não envelhece nem um pouco desde há ultima vez que se viram.

— Professor?! – Stella e Noire gritam juntos.

— Há quanto tempo, não?

...

— E foi assim. – Stella termina sua explicação.

— Entendo. – Zack volta o olhar para Mark que se aproximava dele.

— Zack... – seu olhar calmo e feliz se torna um olhar nervoso e cheio de raiva. — O que pensa que estava fazendo seu idiota!

Zack é atingido por um forte golpe na cabeça. Mark costumava fazer isso com ele e Stella quando eles faziam alguma besteira. Como da vez que eles tentaram abrir um portal que ligava eles à Rússia, unicamente para ver um show de uma cantora famosa.

— Ai! – Zack reclamou da dor, mas estranhou quando foi recebido por um abraço do mesmo.

— Olha o problema em que você se meteu! – Mark dizia ainda bravo. — Eu procurei você esse tempo todo. Como ousa fazer algo assim sem me avisar?! Tem noção de quanto eu me preocupei com você?!

Mark era assim mesmo. Um professor amável que se importava com os alunos como se fossem seus filhos. Foi ele que ensinou tudo que Zack sabe, que repassou parte de seus conhecimentos para Stella. Porém, ele não é um mago, e sim, um exorcista, mas graças a ser considerado um prodígio, ele ganhou cursos de magia na Academia, onde aprendeu muito sobre arcanismo.

— Desculpe... – era um momento lindo de se ver. Um abraço que expressava a mais pura forma de amor, a de um pai para com seu filho.

Depois de se reunirem e a comoção acabar. Mark se senta no sofá ao lado de Stella. Ele se demonstrou impressionado com as conquistas de sua aluna. Zack se sentou no outro sofá e ao seu lado estava Neko que não compreendia a demonstração de afeto entre o professor e seu aluno.

— Poderia me explicar a situação com mais calma. – dizia Mark, enquanto tomava uma xícara de chá de erva doce, preparado por Stella. — Quem é esse alquimista?

— O nome dele é Edwin Hunter. – Zack responde fazendo com que Mark quase se engasgasse com seu chá.

— Edwin Hunter? Aquele Edwin Hunter? – Mark estava fascinado com a história.

— Quem é esse? – Stella não estava ciente de quem se tratava, afinal ela mal cursou magia direito.

— Um alquimista de renome. – Noire responde. — A casa dos Hunter é muito conhecida por serem um dos poucos grandes clãs de magos que não são afiliados com a Academia, tanto que possuem uma escola de alquimia própria.

Noire não havia exagerado. Os Hunter são um dos maiores clãs de magos da história, bem como também sendo um dos mais antigos. O Instituto Hunter de Alquimia existe desde o século XIV até os dias de hoje se mostram competentes no que fazem.

Stella fica surpresa ao ver com quem o amigo se envolveu nesses oito anos.

— Quando estávamos no Nepal, um informante que contratei disse que Edwin estava no Egito, buscando recursos para por em prática uma pesquisa que tem não tem mostrado resultados há anos. – Zack explica. — Depois de uns dias, conseguimos nos encontrar com ele no Cairo. Expliquei a situação e ele disse que aceitaria nos ajudar, mas que era para nos encontrarmos com ele aqui na segunda-feira.

— Entendo. – disse Mark, enquanto começava a encarar Neko. — Pobre garota, não consigo aceitar que haja quem cometeria tal atrocidade apenas pela religião. Isso me entristece.

— Triste... Não... – Neko diz. — Sorrir... Remédio...

— Hã? – Mark se impressiona com as palavras da garota. — Essa frase...

— Sim. – Zack responde. — O senhor sempre nos dizia isso.

— Heh. Devo então seguir esse conselho. – o sorriso em seu rosto é trocado uma expressão séria. — Você sabe me dizer quem fez essa barbaridade com ela?

— Kagutsuchi. – os olhos de Mark se arregalam e ao mesmo tempo, Neko começa a tremer, enquanto se envolve nos próprios braços. — Ah, Neko, mantenha a calma!

— O que está acontecendo?! – Stella pergunta confusa.

— Ela está traumatizada pelos experimentos. – Zack responde, enquanto tenta acalma-la. — Havia me esquecido que ela entra em estado de pânico quando se lembra do que houve.

— Pessoas... Ruins... Neko... Maltratam... – ela coloca as mãos sobre a cabeça como se estivesse tentando se esconder. — Machucam... Pessoas... Ruins... Medo... Estou...

— Deixem comigo. – Mark se aproxima de Neko e toca sua cabeça. — Pai eterno que o céu governa. Conceda a mim o milagre capaz de curar a mente danificada dessa jovem. Em nome do sangue de Cristo, proclamo aqui a minha presença como teu eterno seguidor.

Um brilho dourado envolveu Mark e Neko. Zack, Stella e Noire se afastaram, pois sabia do que se tratava. Era a convocação de uma Arte Sagrada, um tipo de magia exclusiva dos Exorcistas. Mark era católico e sua fé estava no Deus cristão.

— Que a paz do espírito santo acalme tua alma e livre tua mente do tormento. – Neko parecia estar em um transe. Quando o brilho cessou, a garota fechou os olhos e caiu num sono profundo. — Fiz tudo o que estava em meu alcance.

— O que houve com ela? – Stella perguntou.

— Usei uma arte sagrada para reparar o dano mental, mas infelizmente tudo que pude fazer foi acalmar sua alma a fazendo cair no sono. – Mark responde. — O elemento “Mente” nunca foi minha afinidade, principalmente se tratando de Arcanismo.

— Não se preocupe professor. – disse Zack ao se aproximar de Neko. — O senhor já fez mais do que eu normalmente faço.

— Qual o método que você usa? – Mark pergunta.

— Hipnose. – o garoto responde. — Crio um falso estado de calma e deixo num transe até que pegue no sono. Quando ela acorda, não se lembra do por que dormiu.

— Não é muito diferente do que fiz. – Mark comenta. — Consegui fazê-la esquecer do medo por um instante e então a coloquei para dormir. Esse método pelo visto só é útil no momento do pânico.

— O senhor não teria algum remédio para isso? O senhor estudou Farmacologia na Academia não foi? – Noire pergunta.

— Sim, estudei. Porém, é difícil pensar em algum remédio que acabe com o trauma dela. – Mark responde ainda pensativo. — O método mais prático que consigo pensar agora é o de apagar as memórias dela, mas o esse método é arriscado, pois nem mesmo um mestre da mente é capaz de manipular as memória de alguém sem acabar exagerando. Na pior da hipóteses, ela pode acabar até esquecendo de como é estar viva.

Manipulação da Mente é uma das artes arcanas de maior risco. Entrar na mente de alguém por si só já é perigoso tanto para a vítima, quanto para o invasor. Nunca se sabe o que vai encontrar na cabeça de alguém.

Zack parecia desapontado, pois havia uma pequena esperança de curar a mente de Kuroneko naquele momento, mas para sua infelicidade, nem mesmo seu professor era capaz de salvá-la daquilo.

— Agora que ela dormiu. – Stella tenta quebrar o clima. — Quem é Kagutsuchi? E por que fizeram isso com ela?

— Hi no Kagutsuchi. – Zack responde, após deitar Kuroneko no sofá. — A encarnação do fogo no xintoísmo. Quando nasceu, ele queimou o interior de sua mãe, a deusa Izanami, levando-a à morte. Seu pai, o deus Izanagi, furioso com o ocorrido, matou Kagutsuchi e selou sua alma numa dimensão que somente ele podia acessar. Jurando vingança, o deus do fogo conseguiu espalhar uma fagulha no mundo humano e isso fez com que ele reunisse seguidores que até hoje tentam o libertar da prisão.

— Neko foi vítima de um experimento de quimerização, primeiro arrancaram órgãos dela e trocaram por órgãos de dragão. Depois a encapsularam e a deixaram em “conserva” para que eventualmente se fundisse com os órgãos novos, assim ela se tornaria uma meio-dragão. – Noire completou.

— Quando a encontramos, eles pareciam estar prontos para implantar mais órgão de dragão nela, como cauda e asas. – Zack terminou.

— Que horror! – Stella estava zonza após ouvir aquilo, como se ela tivesse conseguido visualizar tudo pelo que Neko havia passado. — Por que fariam isso?

— Dragonização. – Mark responde apertando o punho fechado com força.

— Exato. – Zack fazia o mesmo. — Eles querem transformá-la num dragão por completo, assim teriam um ser Elemental do fogo sob seu comando, na qual poderiam usar como avatar para libertar seu deus caído ao se aproveitar da habilidade natural dos dragões de viajar entre dimensões.

Stella finalmente percebeu na bagunça em que seu melhor amigo se meteu. Ele está arriscando não só a própria vida, mas como a segurança do mundo também, apenas para salvar uma única garota. Suas pernas fraquejam e ela desaba no chão aos prantos. Stella queria ajudar Zack a todo custo, mas o medo de acabar com tudo dando errado era maior que sua força de vontade.

— Como era suposto de eu lidar com isso? – Stella estava aterrorizada no chão.

— Stella, desculpa te envolver nisso. – Zack se aproxima da amiga. — Você era a única em quem eu podia confiar aqui, não fazia ideia de que o professor ainda estava na ilha.

— Zack, dê tempo a ela. – disse Mark. — Deixe-a processar toda essa informação, primeiro. Vamos, vou até o escritório de Rick. Me acompanha?

— Certo. – Zack se levanta. — Noire, cuide delas.

— Pode deixar, mestre. – o gato responde.

— Stella, foi bom ver você de novo. – Mark puxa Zack pelo braço e então sai do apartamento seguido pelo garoto.

Stella estava confusa. Ela quer ajudar Zack, ela quer salvar Kuroneko, mas ela quer manter a paz na cidade e continuar viva. Já não sabia se queria mais ir com Zack para a ilha de Edwin Hunter, mesmo sendo essa a opção mais segura para eles. Porém, ela não quer mais ficar em Key. Os seguidores de Kagutsuchi estão por aí e já sabem que Stella existe. Ela não está segura.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
Mark é um personagem que teve apenas uma única cena bem próximo ao final do livro.
Vou explorar ele melhor aqui e em outra obra que estou idealizando.
Até o próximo!