Ao entrar no apartamento deles Tasha soltou um supiro de alívio e aspirou o cheiro familiar do seu lar. Todas as coisas deles lá como ela deixou, ela não conseguiria mesmo viver sem tudo isso. Ela deixou a mochila sobre a cama e foi tomar um banho. Embaixo do chuveiro ela chorou de soluçar, como uma criança. Ela não queria que Reade a visse chorando, por isso deixou que a água levasse suas lágrimas.

— Eu pedi algo pra gente jantar. Já está muito tarde para preparar alguma coisa. – Reade disse assim que ela voltou pra sala.

— Eu nem estou com fome. Estou muito cansada. – Ela se sentou no sofá. – Você quer conversar sobre tudo que aconteceu?

— Vamos descansar hoje, amanhã é outro dia. Você vai pro FBI amanhã? – Reade perguntou à ela.

— Vou sim. Preciso resolver tudo isso.

— Não se preocupe. Está tudo certo pra você voltar. Eu já comuniquei abonando suas faltas.

— Obrigada. – Tasha murmurou

Eles comeram em silêncio e Tasha foi para o quarto. O cansaço era tanto que ela nem viu quando Reade parou ao seu lado na cama e ficou contemplando-a dormir. Ele se deitou ao lado dela e fez uma pequena prece de agradecimento por ter sua esposa de volta.

Já amanhecia quando Reade ouviu um barulho e se levantou assustado. A porta do banheiro estava fechada.

— Tasha, está tudo bem? – Reade perguntou parado do lado de fora do quarto.

Tasha saiu e foi direto se sentar na cama. Reade sentou ao lado dela preocupado.

— Quer que eu pegue algo pra você? Talvez seja melhor te levar ao médico. – Reade sentou-se ao lado dela preocupado.

— Não precisa. Já está passando. Devo ter pego algum vírus. – De repente algo se passou pela sua cabeça e ela se endireitou na cama e começou a fazer contas nos dedos. Não era possível!

— O que foi? Em que você tá pensando? – Reade perguntou curioso com a reação dela.

— Nada. É bobagem. Ainda dá tempo de dormirmos um pouco.

Ao chegarem no FBI Tasha foi recebida com muito carinho por todos seus amigos. Patterson exigiu que ela explicasse tudo, pois não gostava da ideia de Tasha escondendo coisas deles novamente. As duas conversaram muito enquanto trabalhavam no laboratório.

— Reade está chateado. – Tasha disse com tristeza.

— Vai passar. Ele ficou muito preocupado com seu sumiço.

— É eu sei. Espero sinceramente que ele me perdoe. Eu o amo tanto. – Ela disse à loura.

— Diga isso a ele. – Patterson a advertiu.

O dia correu normalmente e Tasha sentiu algumas dores de cabeça ao longo do dia. Precisava passar na farmácia para comprar o remédio que costumava tomar.

— Você ainda vai demorar? – Tasha perguntou abrindo a porta de seu escritório.

— Só preciso de mais alguns minutos pra terminar de enviar uns email. Está tudo bem? – Ele respondeu atencioso.

— Está sim. Só preciso passar na farmácia na volta pra casa, estou sentindo um pouco de dor de cabeça e meu remédio acabou.

— Me dê só um tempinho. Está bem?

— Vou esperar no laboratório. – Tasha sorriu e saiu.

Ela passou na farmácia e comprou o que precisava e voltou para o carro. Reade colocou a mão sobre a dela assim que se sentou.

— Nós vamos ficar bem? – Ele perguntou com ternura olhando nos olhos dela.

— S-sim. – A morena respondeu com os olhos cheios de água. Mas não queria chorar. Não ali.

Reade ficou perplexo ao ver Tasha voltar do banho. Ela estava deslumbrante com um vestido longo de algodão de um tom rosa bem suave, ele se lembrava de quando ela comprou esse vestido na viagem de lua de mel. Seu cabelo estava preso em uma trança frouxa que caía em seu ombro esquerdo. O cabelo dela havia crescido e estava lindo. Ele percebeu que ela usava um tom de maquiagem bem leve e um pouco de gloss nos lábios. Também dava para sentir o perfume floral suave que ela usava.

— Tasha... – Reade disse baixinho pegando as mãos dela.

— Vai se arrumar que vou preparar o jantar. – Dizendo isso ela soltou as mãos dele e colocou uma música suave que encheu o ambiente.

Não havia muitos ingredientes, mas dava para improvisar. Ela encontrou uma pasta no armário e uns legumes na geladeira. Dava para preparar macarrão com legumes salteados. Enquanto preparava o jantar ela cantarolava e se pegava sorrindo sozinha.

Estava praticamente pronto. Ela se virou e deu de cara com Reade a observando cantarolar e se mover ao som da música enquanto cozinhava.

— Ei! Aí está você! Pode colocar a mesa, por favor. – Ela pediu sorridente.

— Sim. O que você está cozinhando? – Reade perguntou aspirando o cheiro que estava no ar.

— Nada demais, haja visto que encontrei poucos ingredientes. – Ela sorria enquanto respondia.

— Amanhã podemos passar no supermercado e reabastecer a cozinha.

Reade colocou a mesa sorrindo. Ele não sabia o que estava acontecendo, mas ele estava gostando e quase achava que não conseguiria esperar terminar o jantar para fazer amor com sua esposa. Ela estava deslumbrante, ela sempre fora, mas ele estava sentindo uma paz vindo da direção dela que ele estava acreditando que eles ficariam bem, sim, e conseguiriram refazer os pedaços que estavam quebrados.

Eles jantaram em silêncio, flertando casualmente enquanto comiam. O ambiente estava leve e o som da música trazia uma certa magia para o momento. O jantar estava delicioso e Reade não conseguia ficar sequer um minuto sem admirá-la.

— Está muito bom. Estava com saudades do seu tempero. – Ele confessou enquanto comia.

— Só do meu tempero que você sentiu falta? – Tasha perguntou provocando-o.

— Claro que não. – Reade engasgou com as palavras e estudou-a com intensidade. – Senti muita saudade de você.

Tasha sentiu um nó se formar em sua garganta. Ela sabia que ele havia sofrido, ela também sofrera e não queria que ele sofresse por ela nunca mais.

Ao terminar o jantar eles retiraram a mesa e Tasha o pegou pela mão e o fez sentar-se no sofá.

— Preciso te falar uma coisa. – Ela falava com cautela.

— O que houve Tasha? Quer ter aquela conversa agora? – Ele sentiu o clima se quebrar.

— Não. É outra coisa. – Tasha desviu o olhar. Não havia maneira mais fácil de falar.

— Tá me deixando aflito.

— Eu estou grávida. – Ao dizer essas palavras ela o viu arregalar os olhos de espanto de uma forma que ele sempre fazia e ela amava.

— Tasha, o que você está me dizendo? Você tem certeza disso?

— Sim, todo aquele mal estar, eu fiquei desconfiada então comprei os exames na farmácia e fiz dois para ter certeza. – Ela confessou. – Nós vamos ter um bebê!

— Essa é a melhor notícia que eu poderia ouvir depois de tudo o que aconteceu. – Reade a abraçou chorando. Tasha também chorava. – Eu te amo tanto, Tasha! Senti tanto a sua falta e saber que você está grávida. Vou ser pai.

— Eu também te amo. O tempo que estive fora não teve um minuto que eu não pensasse em você e não me preocupasse em como você estava. Eu não queria fazer aquilo Reade, eu não tive escolha. Eu preciso muito do seu perdão. – Tasha suplicou entre lágrimas.

— Eu sei que você fez isso pra me proteger. Claro que eu te perdôo, mas por favor não faça mais isso. Eu tive tanto medo que algo muito ruim tivesse acontecido com você. – Reade tocava o rosto dela tentando limpar as lágrimas. – E agora tem o nosso bebê. – Ele colocou a mão sobre a barriga dela e Tasha colocou sua mão por cima da dele.

Eles se beijaram ternamente e Reade a levou para o quarto colocando-a na cama. Os beijos foram aumentando a intensidade e de repente Reade parou.

— O que foi? – Tasha quis saber.

— Você acha que está tudo bem para o bebê. Quero dizer, não faz mal pra ele? – Ele perguntou meio sem jeito.

— Você fala... não, claro que não! O bebê está protegido e sexo não faz mal. Só faz ele sentir que tem um pai e uma mãe que se amam.

Os dois se amaram e dormiram abraçados na tentativa de suprir todo o tempo em que estiveram separados. Estavam mais do que felizes e sabiam que esse era apenas o começo do que poderiam chamar de lar.