Ele já estava esperando há quinze minutos, não que ela estivesse atrasada, ele que chegara muito antes do horário combinado. Ele reservara uma mesa para os dois em um restaurante caro e requintado, em um local reservado do estabelecimento. Ele quis buscá-la, mas ela preferiu vir por si mesma. A cada minuto ele levava a mão ao bolso do paletó para conferir se estava tudo em ordem. A ansiedade aumentava a cada instante, pois estava mais perto de vê-la.

Há alguns meses ele não se imaginava em uma cena como essa, esperando que ela viesse ao seu encontro. Muita coisa aconteceu, tantas reviravoltas que nem dava para acreditar. Primeiro, aquele dia fatídico no México, onde, por um momento ele pensou que fosse ocorrer uma tragédia, mas por fim ela se entregou e confessou tudo que estava havendo. Ela precisou voltar ao trabalho com Madeline por mais um tempo até terminar o que havia começado. A apreensão de Reade aumentara a cada dia sabendo o que ela estava fazendo e o risco que corria, mas era necessário e ele não podia julgá-la por querer fazer o certo mesmo que para isso seguisse caminhos tortuosos.

Assim que conseguiram prender Madeline e levá-la para um blacksite da CIA, Tasha pediu demissão usando como justificativa a necessidade de estar perto de pessoas que se importavam realmente com ela, Reade achava que estava incluído nessa lista. No início ele tentou se aproximar, mas ela estava distante devido a tudo que havia acontecido, ela dizia que não queria que os dois se machucassem mais. Se sentia culpada por tê-lo deixado após finalmente terem ficado juntos.

Tasha se manteve afastada de qualquer trabalho por algumas semanas, alegando que precisava descansar e colocar sua vida em ordem. Até que um dia ela apareceu no escritório de Reade procurando por emprego. Foi só o tempo de Reade conversar com seus superiores e contratarem-na. Desde esse dia ela havia voltado para o FBI. Às vezes executavam trabalhos de campo juntos, como antigamente, mas na maioria das vezes Reade permanecia no escritório cuidando para que tudo ficasse em ordem.

Uma noite após terem voltado a trabalhar juntos ele a convidou para ir ao apartamento dele para assistirem a um jogo. Após o jogo eles conversaram, beberam, viram um filme e por fim não resistiram à companhia um do outro e passaram a noite juntos. Desde esse dia ela havia passado mais noites no apartamento dele que no dela.

Cada momento que passavam juntos era único, os beijos, as carícias, as noites de amor. Ele se considerava um sortudo por ter o privilégio de senti-la em seus braços, de ouvi-la chamar seu nome enquanto se consumiam um no outro.

Algumas semanas depois eles assumiram o relacionamento, não que todos já não tivessem desconfiado e estivessem apenas esperando eles falarem. Patterson vibrara de emoção ao saber que finalmente estavam juntos, pois ela assistira de perto todo sofrimento que a separação deles trouxe. Jane e Kurt ficaram muito felizes por eles, os dois estavam muito bem, pois além de terem encontrado a cura para a doença causada pelo ZIP, ela descobrira recentemente que estava grávida. Kurt não cabia em si de felicidade, faltava carregá-la no colo de tão protetor que se mostrava. Já Rich dizia que havia percebido de longe a aura sexual que envolvia Tasha e Reade.

Reade levou a mão ao bolso do paletó mais uma vez só pra ter certeza que estava tudo certo.

Os últimos meses têm sido os mais felizes da vida deles, pois além do relacionamento que compartilhavam eles tinham muito mais que isso, tinham toda uma confiança e amizade que vinham de longos anos trabalhando juntos, que foram constituídos de sangue e dor, isso ninguém poderia tirar deles. Tudo que haviam vivido só serviu para fortalecer ainda mais o que tinham agora.

Ele chegou a sentir medo de estar se precipitando com as intenções que o levaram a preparar essa noite, mas eles se conheciam há anos e passaram tanto tempo separados que ele sentia que estava mais que na hora de tornar esse relacionamento oficial.

Reade pensara várias vezes em pedir que ela se mudasse para o apartamento dele, mas ele queria mais que isso pra ela, ela merecia muito mais, não que ela desse o braço a torcer, mas ele sentia que estava fazendo a coisa certa pros dois. Ele estava planejando essa noite há dias. Conseguira uma reserva nesse restaurante e foi bem difícil convencê-la a ir quando ela sugeria outros programas para o sábado à noite. Por fim, ela concordou, mas não o deixou buscá-la. Mas ele não se importava. Reade sabia que ela viria.

As oito e meia em ponto ela cruzou a porta de entrada. Os cabelos longos estavam soltos caindo pelas costas, na frente ela só colocara uma presilha prendendo uma parte para o lado. O vestido preto pouco acima do joelho valorizava as curvas de seu corpo perfeito, o decote realçava-lhe os seios e deixava boa parte das costas à mostra, a maquiagem lhe dava um ar de glamour. Ela usava um sapato de salto fino que a deixava uns dez centímetros mais alta.

O maître a acompanhou até a mesa e ele se levantou para recebê-la, a cumprimentou com um beijo suave e se sentaram.

— O que é tudo isso, Reade? – Ela quis saber deslumbrada.

— Uma noite especial pra nós. Apenas isso. – Ele respondeu com um ar maroto de quem estava aprontando algo. Tasha o olhava desconfiada, mas não disse nada.

Eles fizeram seus pedidos e comeram e beberam conversaram sobre o que fizeram ao longo do dia e também sobre o trabalho, dentre outras coisas.

Quando Reade a convidou para esse jantar ela ficou pensando se estava se esquecendo de alguma data especial, mas lhe veio nada em mente. Ela queria passar o fim de semana em casa com ele assistindo filmes e fazendo amor, como costumava ser, mas ele insistira de uma maneira tão carinhosa que ela acabou cedendo. E agora, os dois ali, ela sentiu que ele havia acertado no preparo dessa noite, pois eles estavam mesmo precisando de um momento diferente para sair um pouco da rotina.

Tasha escolheu cuidadosamente o que ia vestir, pois sentiu a importância que ele estava colocando nesse jantar e ela não quis decepcioná-lo. Enquanto se arrumava se passaram mil coisas por sua cabeça, todos os momentos que os levaram até ali, o dia em que ele lhe roubou um beijo anos atrás e ela o afastou não deixando espaço para que ele se reaproximasse, a noite que passaram juntos e no outro dia ela foi embora, o dia em que ela esteve com Cláudia no apartamento dele e ela o feriu para conseguir a senha, o dia em que ele a prendeu no México. Todos esses momentos pareciam tão distantes agora, era como se tivessem acontecido em outra vida.

Quando ela chegou e o viu esperando por ela foi como se todos os problemas do mundo perdessem a importância e só existissem os dois, pois era assim quando estavam juntos, não haviam barreiras nem protocolos a serem seguidos, apenas eles dois se refazendo e construindo seu caminho.

Quando terminaram as refeições Reade fez sinal para o garçom que retirou os pratos e trouxe uma garrafa de champanhe.

— Nós ainda vamos beber esse champanhe? Estamos comemorando o que? – Ela estava muito intrigada.

— Estamos comemorando uma noite especial com essa mulher mais linda que está aqui ao meu lado. – Reade se levantou e ela continuou o olhando, um leve rubor apareceu na face dela.

Ele levou a mão ao bolso do paletó retirando uma pequena caixinha de veludo.

— Tasha Zapata, você aceita ser minha esposa? – Ele disse ao abrir a caixinha que continha um maravilhoso anel de noivado que ele escolhera cuidadosamente, pois queria um que não fosse grande demais mas também não muito pequeno. Até que ele encontrou esse que achou que combinaria perfeitamente com ela.

— Reade! Assim você me matar do coração! – Ela se levantou com lágrimas nos olhos.

— Olha, Tasha, eu sei que nossos caminhos foram difíceis, passamos por coisas demais e esses últimos meses têm sido os mais felizes da minha vida. Acho que nós merecemos isso. – Falando essas palavras ele sentiu um nó na garganta e também haviam lágrimas querendo brotar dos seus olhos.

— Eu aceito, sim! Claro que eu aceito! – Ela disse estendendo a mão para que ele colocasse o anel em seu dedo. Ela que nunca nem sonhara que haveria um dia como esse em sua vida.

Eles se abraçaram e se beijaram. Agora eram noivos! O garçom abriu o champanhe e os serviu e os dois brindaram à felicidade sem fim que estava apenas chegando na vida dos dois. Naquele brinde e naquele anel havia promessa de uma vida longa e feliz ao lado um do outro.