Calabasas' Almost Fairytale — Interativa escrita por Mxtheusx


Capítulo 9
08 — The Season of the Bitch


Notas iniciais do capítulo

Finalmente o capítulo de Halloween está entre nós! Tem gente de volta a cidade! Nesse capítulo alguns casais se reafirmaram, outros se separaram, algumas pessoas se enturmaram, outras nem tanto. O importante é que é a festa de Halloween vai dar o que falar.
Eu pensei que fosse conseguir postar durante as férias, mas enfim, início de semestre e já vários trabalhos pra fazer (os professores não me perdoam mesmo!)
Também decidi que vou incluir links pras músicas que eu destacar nos capítulos ♥



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A ansiedade para o Halloween era gigantesca, não para o Halloween, mas para as festas de Halloween. As mansões de Calabasas foram enfeitadas com decoração da celebração, os gramados que tinham uma mistura de verde, amarelo e laranja devidos as folhas caídas, eram enfeitados com abóboras decoradas e iluminadas, abóboras grandes, pequenas e até gigantes, além da grande porção de adornos com intuito de assustar, todos tentavam se superar: a senhorita Contursi por exemplo havia enchido a frente de sua casa com caveiras brancas e pretas, também várias abóboras iluminadas em seu interior das mesmas cores, as paredes da casa dos Ferreira-Duarte havia diversas marcas de mãos em sangue falso, além de várias caveiras penduradas pela janela. Em geral, tudo estava muito bem decorado, mas o que todos queriam saber de verdade era onde seria a grande festa. A escola havia proibido festas de Halloween em suas dependências, então apesar de decorada, não iria acontecer nada no prédio. 

 

No início da semana em que ocorreria o evento, a informação começou a circular pelos telefones de todos os alunos de Calabasas Hills School: a festa de Halloween ocorreria na residência dos Cavallari, então todos se animaram e começaram a comentar quase que imediatamente. A última festa na casa da it girl havia sido para comemorar o início das aulas e havia dado o que falar. Relacionamentos haviam sido firmados naquela festa, casais haviam sido formados, rivalidades se formaram e deram origem a outra série de rivalidades, além de que ninguém conseguiu ficar sóbrio. 



Logo no mesmo em dia que ficara sabendo da festa, Melinda convidou sua colega de time Arabella para ir até Los Angeles com ela, para procurarem por fantasias. Arabella hesitou, e até pensou em negar o convite, mas ela era esperta demais para dizer “não” para alguém como a capitã das líderes de torcida que não sabia receber “não” das pessoas. A verdade era que Melinda era bastante influente sobre a treinadora do time, e Arabella sabia que se ela decidisse por pressionar a treinadora para elas expulsarem a garota time, acabariam expulsando mesmo. E esse era um luxo que a líder de torcida não se podia dar. As vitórias do Clube de Xadrez e com o renome da treinadora do time haviam lhe rendido uma bolsa de estudos na Columbia, mas ela deveria permanecer no time até o final do ano letivo para que tudo se concretizasse. 

— O que foi? —  Questionou Melinda, ao saírem do veículo, , olhava para Arabellla como se nunca tivesse feito nada mal para a garota. — Você ficou calada o trajeto inteiro. 

— Me diz Melinda, por que eu? Por que entre todas as meninas você me escolheu pra te acompanhar? — A filha do xerife finalmente desabafou, mas com cuidado, para não ser muito grosseira com a pessoa que poderia acabar com todo seu futuro em um estalo de dedos. 

— Gosto da sua companhia — Todo aquele cinismo estava matando Arabella por dentro. — Além de tudo, a melhor festa de Halloween vai ser na casa da Alissa Cavallari, me lembrei daquela última festa lá, em como ela me atacou e em como você me defendeu. 

Elas entraram em uma loja de fantasias, Arabella não tinha ideia do que iria usar, ela e Alexis havia decidido que iriam combinar as fantasias. 

— É, mas ela é até que legalzinha — Comentou Arabella enquanto dava uma olhada em alguns acessórios. 

— Com certeza — Melinda respondeu, um pouco desinteressada.

Arabella odiava se sentir assim, como se ela fosse uma criança ingênua, que não sabia de nada, de quem os pais guardavam um segredo. Melinda certamente tinha algo em mente, o que ela queria fazer? Esperava ouvir algum segredo de Alissa? Queria alguma informação extra sobre as festa? Ou só queria mesmo companhia para arranjar uma fantasia? 

— Olha só quem está ali — Melinda pareceu se animar — Minha amiga Emily — Então ela puxou Arabella até a garota que já estava no caixa realizando o pagamento. — E aí, Emily.

Emily era baixinha e bem magra, era pálida e bem sardenta, tinha olhos claros bem separados, o cabelo era um ruivo danificado, que em certos dias poderia passar por um desgrenhado charmoso mas naquele momento ela parecia mais que havia levado um susto.

— Melinda! — A garota entregou uma nota de cinquenta dólares para o caixa e em seguida cumprimentou a morena com um beijo no rosto. — Quanto tempo! O que você anda aprontando? 

— Nada demais e você? — Os olhos de Mel se direcionaram até a fantasia que a velha conhecida havia comprado — Festa esse final de semana? 

— Eu ainda não tô sabendo de nada, mas se eu souber eu te aviso — Emily respondeu. 

— Bom, uma amiga da Arabella vai dar um festa — Melinda comentou alisando o braço da garota que estava ao seu lado. A outra líder de torcida tentou forçar um sorriso. — Acha que ela se incomodaria se eu chamasse a Emily?

— Com certeza que não — Arabella respondeu com certeza, ela sabia que Alissa adorava conhecer novas pessoas. 

— Então eu vou! Me manda o endereço depois, Mel — Emily disse se despedindo de cada uma das meninas com um beijinho na bochecha. 

— Quem era aquela? — Questionou Arabella. Ela parecia uma personagem de desenho animado, tão fofa e saltitante. 

— A ex-namorada do Jack Snyde — Melinda respondeu com um sorriso malicioso nos lábios. 

Arabella acabou rindo, porque realmente havia achado a situação engraçada, acontece que o caso envolvia a melhor amiga da garota com quem ela estava saindo, então isso a deixava sem saber o que fazer. De qualquer forma se contentou com a ideia de não dizer nada, era melhor assim, até porque ela realmente não queria aumentar a rivalidade entre duas mulheres, ainda mais uma rivalidade logo pelo Jack Snyde. 



Jason andava com passos rápidos e pesados pelos corredores vazios da escola, porém não rápidos o bastante para escapar de Enricco, que o agarrou pelo braço e o colocou contra o armário. A respiração do loiro era pesada, ele estava ainda mais pálido do que o normal, como se tivesse visto uma assombração. Eles não se falavam desde que Enri havia dado o bolo em Jason sem nenhuma explicação plausível, mesmo que ele tivesse tentado se comunicar com o jovem depois, Todd havia decidido ignorar cada mensagem, cada ligação e cada palavra que viesse do jogador de futebol. Eles estavam tão pertos um do outro que Jason conseguia sentir a respiração quente do moreno contra a pele alva de sua bochecha. 

— Por que não atende as minhas ligações? — Perguntou Enricco se afastando e soltando Jason Todd. 

— Qual é você sabe por que — O rapaz respondeu desviando o olhar, se obrigando a melhorar a expressão no rosto e se sentir melhor, como se ele não tivesse passado os últimos dias se ocupando só para não pensar no garoto que estava bem na sua frente. 

— Qual é, Jason, você não vai ficar com raiva de mim por causa daquele erro bobo — Enri tentou animar o garoto cutucando-o com a ponta dos dedos na área da barriga tentando provocar alguma cócega. — Você sabe que eu gosto muito de você e que eu te quero só pra mim.

Todos enxergavam Enricco como uma pessoa bastante introspectiva, e no geral ele era bastante ruim para fazer amizades, mas desde que ele havia chegado na cidade e havia conhecido Jason naquela primeira festa as coisas se mostraram ser diferente. Porque apesar de estar cercado de todos aqueles colegas de time o dia inteiro, no final do dia era com Jason com quem ele podia contar, era ele com quem tinha intimidade e com quem se divertia. 

— Você tá brincando — Todd respondeu com as bochechas levemente coradas. Era aquilo o que ele queria ouvir, mas naquele momento os sentimentos dele estavam uma bagunça e ele não sabia ao certo o que dizer. Ele tinha medo que Enri fosse brincar com os seus sentimentos. — Você só pode estar me zoando — Jason abaixou a cabeça e soltou um risinho.

Imediatamente Enricco o segurou pelas bochechas e ergueu o seu rosto. Os olhos dele olhando nos olhos da pessoa que estava em seu coração. 

— Eu confesso, eu fui covarde e continuo sendo um covarde — Seus lábios roçaram nos lábios do jovem Osborne. — Mas saiba que em nenhum momento, jamais, nunca, nem em outra vida, eu vou fazer algo para magoar você. — Ele respirou fundo — Porque eu amo você, Jason.

— E você quer saber? Eu também amo você — Respondeu Jason pegando o rapaz pela mão e puxando-o pelo corredor. 

— Onde estamos indo? — Questionou Enricco, um pouco cauteloso. 

O garoto Lefon foi levado até a biblioteca da escola, que se encontrava deserta, não havia ninguém além dos dois rapazes ali. Jason tocou o abdômen do outro garoto por debaixo da camiseta e o empurrou até uma afastada série de prateleiras de livros, eram filas e filas de móveis hospedando livros, ninguém os veria ali. Enricco foi empurrado contra a parede e depois de tanto tempo os lábios dele e do outro garoto voltaram a se tocar. E como era bom. Quando os dois estavam juntos tudo era bom: os toques, o tempo, as conversas, quando estavam juntos ambos sentiam que eram transportados para um mundo onde tudo era bom. 

O beijo esquentou, se espalhou pelos corpos de ambos os jovens, as roupas foram parar no chão da biblioteca e logo eram os dois garotos que estavam no chão. 



Desde que o pai havia sido preso, Elizabeth Marshall conseguia ouvir as pessoas falando dela pelas costas, tinha algo pior do que isso? Ela era garota nova, depois de sua primeira festa havia encontrado dificuldades para se enturmar e fazer novos amigos, depois do que havia ocorrido então, as coisas iriam dificultar ainda mais. Ela não tinha informações sobre o pai, não sabia como ele estava ou porquê ele havia sido preso, tudo que ela sabia era que desde aquele dia sentia uma forte angústia dentro de si.

Saiu engasgada da aula, sabia que isso lhe renderia problemas mais tarde com o professor, correu até o banheiro feminino do terceiro andar, ele sempre estava vazio e disponível para chorar. Uma das suas colegas da torcida, Arabella Wright, em seu típico, e uma loira bem vestida demais para um dia de aula, que a morena se lembrava vagamente de ter visto na última festa, trocavam beijos e fumavam um cigarro. Elas se assustaram ao ver Lizzie entrar no banheiro e correr para uma cabine chorando. 

— Que porra foi essa? — Alexis perguntou colocando os braços nos ombros de Arabella e se aproximando para um selinho. 

— O pai dela foi preso — Arabella respondeu dando um trago no cigarro e assoprando a fumaça para longe. — Meu pai me contou que teve que  ir prendê-lo pessoalmente, e que foi preciso chamar reforços, pelo jeito o cara é perigoso. 

— Caralho… — Alexis se afastou boquiaberta. 

— Pois é, e pelo jeito é o FBI vai começar a investigar a família dela — Arabella puxou Alexis para perto dela novamente — Isso é estranho, né?! Estranho e suspeito. 

Dentro da cabine as lágrimas caíam pelo rosto de Elizabeth, sentia-se confusa e angustiada. Odiava se sentir assim, ela não aparentava ser o tipo de garota que chorava escondido na cabine do banheiro, era como se ela pudesse ver a si mesma fora de seu corpo, como se aquela garota sentada no vaso em prantos não fosse ela e como se aquela não fosse a sua vida. Tudo era tão irreal. Respirou fundo tentando se acalmar, mas era difícil, não conseguia parar de chorar e conseguia ouvir as meninas fofocando sobre a sua vida. Levantou-se rapidamente e abriu a porta abruptamente. 

— Por que não cuidam de suas próprias vidas? — Gritou Lizzie com o rosto inchado e os olhos vermelhos de tanto chorar. 

— E por que você não para de chorar pelo bandido do seu pai? — Arabella não era de levar desaforo para casa, ainda mais quando ela era a filha do xerife e estava falando com a filha de um criminoso. 

— Você não acha que já tá velhinha demais pra ficar chorando na cabine do banheiro? — Respondeu Alexis dando um último trago e jogando a bituca na direção de Elizabeth. 

— E você cala a boca, sua vadia! — Lizzie disse furiosa. Era como se toda a angústia que houvesse dentro dela fosse substituída por raiva, ela só queria cravar as suas unhas no rosto perfeito daquelas garotas e rasgá-los. 

— Se controla, retardada — Arabella respondeu se aproximando de Lizzie e olhando ela de maneira intimidadora. 

Elizabeth não estava pensando muito bem, só estava chateada e raivosa. Então sua mão atingiu com toda força e raiva as bochechas de Arabella, com um tapa que fez com que a bochecha da líder de torcida queimasse. Alexis ficou com os olhos arregalados, chocada com o que havia acabado de acontecer. A filha do xerife sentiu o corpo queimar cheio de enfurecimento, suas bochechas estavam vermelhas e o local ardia. Foi então que também sem pensar direito ela acertou um soco na área da boca do estômago de Lizzie, que até perdeu o ar e ficou sem reação, a dor arrancou todas as palavras de sua cabeça. Em seguida a morena foi atingida por um soco no rosto e então caiu no chão. 

— Caiu feito um saco de batatas — Alexis caçoou enquanto correu até a namorada para ver o pequeno corte que o tapa de Lizzie havia provocado. 

Elizabeth estava meio zonza, sentia-se fraca e vulnerável, então fechou os olhos até que as duas garotas saíssem do banheiro. 



Angelina Vermont foi flagrada estacionando seu Audi TT conversível no estacionamento vestindo um vestido branco boho Free People e calçando sandálias de tiras em couro envernizado branco da Miu Miu, usava grandes óculos da Gucci, para quem conhecia o rosto da morena se chocou quando a viu andando em direção ao prédio e aqueles que não a conheciam ficaram admirados. Era impossível não reconhecer o rostinho que por muitos anos apareceu em diversas campanhas políticas durante a candidatura para prefeito de Exton Vermont. 

Na entrada Alissa Cavallari vestia um top branco de mangas longas da American Apparel, jeans brancos com dois pequenos cortes na área dos joelhos e um par de tênis branco da Adidas, ela estava com Alexis Contursi exibia o figurino que ela usaria para interpretar Lady J na peça escolar que Pedro estava produzindo, uma bota over the knee preta envernizada e um vestido curto cheio de lantejoulas pretas, o que seria legal para uma festa a noite, mas ali na escola ela parecia mais uma prostituta de ressaca pedindo esmolas para a amiga. 

— Eu não sei o que tá acontecendo, ele anda estranho... — Ali conversava com a loira, ela parecia incomodada com algo, mas assim que seus olhos avistaram Angelina um largo sorriso tomou conta de seus lábios — Ai meu Deus, Angelina! É você mesmo? — Ela andou em direção a garota e a abraçou fortemente, não parecia estar acreditando no que estava acontecendo. 

— Ai meu Deus, Angelina — Alexis também ficou surpresa, mas não era o tipo bom de surpresa, era o tipo de surpresa que se tinha quando se descobria que seu cachorro havia feito cocô nos seus sapatos. — O que você faz por aqui? Não era pra você estar, tipo assim, desfilando na Europa ou dançando em Nova York. 

— Era, mas eu voltei — Ela disse tirando os óculos e os guardando na bolsa Chanel amarela que ela carregava nos ombros. — Qual é? Não sentiram minha falta? — Era óbvio que Ali havia sentido, mas os sentimentos de Lexi não eram tão claros. 

— Claro que sim! — Respondeu Alissa abraçando mais uma vez a antiga amiga. 

— Como eu poderia não sentir? — A resposta de Alexis parecia ser uma mistura de ironia com desprezo, mas Angelina nem ligou, estava ocupada demais sendo esmagada por Ali mais uma vez.

— Onde é a festa hoje? Ou a gente só vai tomar alguma coisa em L.A? — Quis saber Angel. 

— Óbvio que não — Respondeu Alissa se afastando e pegando o celular. — Hoje tem festa lá em casa, você tem que ir! Vai ser incrível. 

— Como é bom estar de volta — Apenas Angelina e Alissa pareciam estar curtindo aquela conversa. — Como é bom ver vocês! — Angel apertou as mãos das duas garotas que estavam na sua frente. — É como se eu nunca tivesse ido embora. 



Alissa aplicava iluminador no rosto enquanto Angelina aplicava o batom Red Velvet da M.A.C sobre os seus lábios. Angel era um ano mais velha do que Ali, quando elas haviam se conhecido eram apenas crianças que brincavam juntas porque os pais se conheciam e frequentavam os mesmos eventos sociais, mas de acordo com que as famílias foram se tornando mais próximas as garotas também se aproximaram, quando a caçula dos Vermont foi embora, a dos Cavallari sofreu bastante por algum tempo, mas ela logo superou quando se aproximou mais de Alexis. Angelina não era o tipo de amiga com quem você teria uma estabilidade, desde pequena ela vivia viajando e quase nunca estava presente, sempre havia um espetáculo de dança para se apresentar ou um desfile para fazer, quando Alissa tentou entrar na onda de desfilar não deu muito certo. A jovem Cavallari sempre teve o carisma e uma personalidade interessante ao seu lado, mas a beleza nem sempre havia sido sua aliada. 

As garotas se arrumavam enquanto escutavam Kill Me, da banda The Pretty Reckless. A última vez que haviam estado naquele quarto juntas havia pôsteres do Fall Out Boy, do Justin Bieber e do Robert Pattinson por todas as quatro paredes, atualmente o quarto de Alissa parecia bem mais luxuoso.

— A Alexis está bem diferente, né?! — Angel comentou enquanto aplicava uma camada de pó compacto em seu rosto — Da última vez que eu olhei o Instagram dela o cabelo dela era todo esquisito e ela estava cheia de piercings. Eu dei uma olhada nele ontem e fiquei chocada, ela tá incrível. 

— Da última vez que eu olhei seu Instagram você tava festando com uns modelos da Versace, desde então eu fui obrigada a te ignorar nas redes sociais — Brincou Alissa, a outra garota riu, ela não sabia ao certo como se sentia sobre seu passado, se sentia saudades ou se estava feliz por ter deixado essa vida para trás. 

Angelina tinha a plena consciência de que era tudo muito falso, ela desfilava para grandes marcas e aparecia em público com supermodelos mas ela praticamente se matava para manter as aparências. Ela mal podia acreditar que depois de tanto tempo ela havia voltado para a cidade de onde ela tinha tantas lembranças boas e estava prestes a ir uma festa de Halloween normal. Mas as coisas naquela cidade haviam deixado de ser normais há muito tempo.

— Mas e aí, me conta — Angelina já havia finalizado sua maquiagem e estava prestes a finalizar o cabelo. — Você tá saindo com alguém? 

— É, eu meio que estou — Ali respondeu enquanto aplicava gloss labial da Chanel sobre seus lábios. — Mas eu não sei, acho que somos só amigos. Eu comecei a sair com ele na verdade porque a Alexis sempre estava ocupada pra sair comigo, então foi legal sair com ele e eu meio que gosto dele.

— E ele vem hoje? — Angel perguntou animada, se levantando e indo até as costas da amiga. — Se ele vier hoje você precisa falar com ele. Se ele significa alguma coisa pra você, você precisa falar com ele!

 

A mãe de Sebastian havia deixado que a irmã dele comparecesse na festa de Halloween com uma condição: o garoto deveria ir junto, ele não questionou. Com uma peruca verde, um colete roxo e uma maquiagem feita pela própria irmã ele estava um perfeito coringa. Logo nos primeiros segundos da festa, Katheryn se enturmou com as amigas e deixou o irmão completamente sozinho. De longe, o rapaz avistou o garoto que havia feito a divulgação do Clube de Culinária no Jornal da Escola. Rico estava fantasiado de faraó, o lápis preto parecia realçar seus lindos olhos claros, ele estava acompanhado de uma linda ruiva que vestia uma fantasia de escoteira e de uma morena atraente que estava vestida com um vestido Calvin Klein preto, justo e curto, na cabeça dela havia um chapéu de bruxa preto e roxo. Sebastian achou que seria uma boa ideia se aproximar e se apresentar. 

— E aí, Rico — O coringa chegou estendendo a mão para o faraó que a apertou imediatamente — Tudo bem? — Assim que as mãos se soltaram, Sebastian cumprimentou as meninas — Oi, meninas. Prazer, Sebastian Chanté. 

— Foi você que cozinhou aquela maravilha pra gente não foi? Eu tive um orgasmo gastronômico quando eu comi — Scarlett brincou. 

— Ah, sim, Sebastian, me desculpe por não ter conseguido ir — Eleanor se desculpou enquanto entregava um copo com alguma bebida para Scarlett. — Eu e a Scarlett tivemos que ir para Nova York. 

— É, eu fiquei sabendo — Sebs colocou as mãos nos bolsos da calça. Era uma merda aquilo, aquela situação de não ter nenhum amigo na festa e ficar procurando por assunto com os conhecidos. — Uma pena que você não foi, fiquei sabendo que curte gastronomia.

— Sim! Eu amo cozinhar, eu simplesmente amo! — Ela enrolou uma mecha de cabelo no dedo, flertando com Sebastian pelo olhar — E dizem que eu cozinho muito bem. 

— Quer saber? Devíamos marcar uma festa gastronômica! — Scarlett disse empolgada e passando o copo para Rico. — Vocês cozinham, eu e Rico comemos! 

 

Arabella chegou na festa vestida de Princesa Peach, talvez uma versão mais atrevida e sensual da personagem, e acompanhada de Thomas, que estava vestido de Mário, eles haviam combinado a fantasia uma semana antes durante o expediente. Todos olharam para o casal de amigos bastante surpresos, todos esperavam que mais uma vez Arabella chegasse acompanhada de Alexis, mas a verdade era que a líder de torcida sentia falta de espaço e liberdade, coisa que ela definitivamente não teria com Lexi se elas firmassem um relacionamento sério. Arabella gostava de Alexis, adorava passar tempo com ela e beijar ela entre as aulas, mas ela precisava de um pouco de espaço.

— Medo de ver a Alexis? — Tommy brincou — Ela vai surtar quando ver que a gente combinou as fantasias. 

— Qual é, Thomas, ela não tem motivo para isso — Arabella sorriu maliciosamente para o seu acompanhante. Eles haviam flertado algumas vezes e ela sabia que ele a queria. 

 

Melinda chegou na festa acompanhada de seu grupo de líderes de torcida, ela estava vestindo uma fantasia de mulher-maravilha e calçava botas vermelhas envernizada, junto dela também estava Emily, que estava vestindo uma fantasia vulgar de alemã e Elizabeth, que de última hora arranjou uma tiara da Minnie e foi vestida usando um corpete preto de renda, uma saia vermelha com bolinhas pretas e sapatos de salto alto Valentino. A mãe de Lizzie havia recomendado que ela saísse para relaxar um pouco, ela realmente precisava se distrair depois do surto. Seu rosto ainda estava dolorido da briga com Arabella, ela havia ficado extremamente contente ao saber que ela não iria com o grupo, a última coisa que Elizabeth queria para aquela noite era arranjar confusão. 

 

Estava tocando Bad Guy, da Billie Eilish, quando Alexis chegou na festa vestindo um vestido vintage da Versace, diretamente da sua mãe nos anos 90 direto para o corpo bronzeado da jovem Contursi, ela usava uma meia arrastão branco e levava na cabeça uma tiara que carregava um véu branco. Em seus pés usava sapatos de acrílico com saltos com cerca de 18 centímetros. Era como se ela fosse uma noiva-stripper. Estava um pouco nervosa, a ansiedade estava a consumindo, ela nunca havia chegado sozinha em uma festa, mas havia cancelado com Alissa porque pretendia chegar com Arabella, infelizmente Arabella havia cancelado com ela também, achava que estavam ficando grudentas demais e segundo a líder de torcida ela “priorizava pela liberdade individual de cada uma delas”, mas a verdade era que achava que Alexis estava se apegando demais, elas gostavam intensamente uma da outra, mas estavam no último ano e provavelmente seguiriam caminhos diferentes.

A música parou. Todos olharam para o topo da escada, lá estava ela, a dona da festa, Alissa Cavallari vestindo uma camisola de seda branca com delicados detalhes em renda, meia arrastão branca e sandália plataforma vintage, em suas costas carregava um par de asas de anjo. Atrás dela vinha Angelina Vermont, vestindo uma calça vermelha de couro, um body preto de renda da Calvin Klein, na cabeça usava um par de chifres de diabo, calçava um tênis vermelho que combinava com sua calça e com os chifres. 

— Eu só queria desejar um feliz Halloween para todo mundo que veio para a festa! — Ela já estava com uma garrafa de tequila em uma mão e uma lata de Red Bull na outra. — E que a festa comece! 

Alissa desceu as escadas e sorriu assim que seus olhos encontraram os olhos de Alexis, ela andou em direção a amiga e a cumprimentou com um forte abraço, a loira não estava no clima de abraços apertados, não conseguia acreditar que havia sido substituída pela ficante e pela melhor amiga. Ela nunca havia se sentido daquela maneira, tão substituível, qual é, ela era melhor do que qualquer amiga de Arabella ou Alissa. Com toda certeza ela era bem melhor do que Angelina. Aliás, não conseguia entender por que a garota havia sentido a necessidade de voltar para a cidade, ela parecia estar se dando muito bem como modelo, então por que ela havia voltado? Lexi sentia que ela estava gostando de sugar Ali e deixá-la de lado. 

— Então, meninas, vamos circular pela festa — A anfitriã puxou as duas garotas pelo pulso e começaram a caminhar pela festa, parando frequentemente em um grupo ou outro para que cumprimentassem as pessoas.

 

Elizabeth pegou um copo de cerveja e saiu para a área externa da casa, conseguia sentir alguns olhares sobre ela, mas ela não conseguiu olhar de volta, não sabia se eram olhares de desejo ou de pena, nem queria saber. Ela precisava aproveitar aquela noite, ela merecia aquilo, merecia se sentir como uma adolescente normal que não havia visto o pai ser preso e que não havia apanhado de uma das colegas de time. Respirou fundo enquanto dois jovens passavam por ela encarando-a. Ela viu um rapaz de costas, segurando uma garrafa de cerveja e fumando um baseado. Jack Snyde vestia uma fantasia de cavaleiro, seu corpo estava coberto por uma armadura e havia uma espada falsa presa na sua cintura, ele era a própria personificação do príncipe encantado. Era como se ele tivesse escapado das histórias de princesa que Lizzie costumava ler quando era criança e tivesse ido parar ali em Calabasas, mas a verdade era que a única coisa da qual aquele príncipe havia fugido era dos amigos bêbados e barulhentos, não estava procurando por nada além de um pouco de paz e relaxamento. 

— Oi — Elizabeth se aproximou um pouco tímida — O que você faz aqui sozinho?

Jack olhou para ela com um largo sorriso nos lábios.

— Eu só vim aqui de fora apertar um — Ele deu um longo trago no baseado e em seguida o ofereceu para Lizzie — Lá dentro tá muito cheio, aqui de fora muito barulhento, mas a festa tá boa. 

Ela não queria dizer que nunca havia fumado, também não queria recusar. Todo mundo em algum ponto da vida experimentava drogas, e talvez ela não precisasse de esperar até a faculdade para fumar maconha. Ela havia visto nos filmes e também havia visto como todos faziam, mas quando tragou pela primeira vez achou que fosse morrer. Sua garganta ardia, faltava ar e quando conseguiu respirar começou a tossir feito louca. 

— Você tá bem? — Jack não conseguia evitar, estava rindo descontroladamente. 

Aquela situação era tão engraçada para ele que logo se tornou para ela também, logo Elizabeth se encontrava tossindo, rindo e tentando manter-se em pé. Ela deu um gole em sua cerveja, em seguida um gole mais curto, então tudo estava amenizado. 

— Sobreviveu? — O jovem perguntou dando um gole na sua long neck. 

Elizabeth estava completamente zonza, tudo era tão engraçado e incrivelmente realçado. As luzes eram incrivelmente brilhantes, mas o escuro era profundamente escuro. As estrelas nunca foram tão brilhantes. Ela olhou para perto a piscina, ela era tão azul e as pessoas eram tão bonitas. A pista de dança por um momento pareceu a Via Láctea. Ela queria estar ali, mas mal conseguiu se mover, quando deu um passo em direção as pessoas quase caiu, mas Jack a segurou. 

— Dança comigo? — Ela perguntou se segurando nos braços do jovem. 

— Você está tão chapada — O sorriso dele era tão reluzente e bonito. Está tudo na sua cabeça, Elizabeth disse a si mesma. — Vem, vamos dançar. 

Cada um deles deram um gole em suas cervejas e foram para a pista de dança. A música ia aumentando a cada passo que eles davam a música se tornava mais alta, eles estavam incrivelmente chapados e Jack continuava fumando mais enquanto seus quadris se movimentavam próximo dos de Elizabeth. O rapaz tinha a impressão de estar ouvindo Old Town Road, mas não era o que a garota vestida de Minnie parecia estar ouvindo, ela podia jurar que era uma música country qualquer. 

 

Melinda estava odiando ficar suada no meio de tanta gente, então pegou um copo com cerveja e arrastou Emily para o lado de fora, que já estava um pouco alterada e também precisava de tomar um pouco de ar fresco. 

— Então, você acha que o Jack vem mesmo pra essa festa? — Perguntou Emily enquanto cambaleava alguns degraus que levavam-as da varanda para o local onde todos estavam dançando. — Eu acho que ele não vem — Dava pra perceber que ela estava bêbada há quilômetros de distância, se alguém riscasse um fósforo perto dela era bem capaz que ela iria explodir.

— Claro, eu tenho certeza — Melinda deu um gole em sua cerveja. — Ele nunca perderia uma festa da Alissa.

Era possível que “inocentemente” as líderes de torcida tenham comentado sobre uma certa garota com qual Jack Snyde estava ficando, mas se desse algum problema, elas não queriam arriscar estar fora das graças ou das festas de Ali. Emily era um pouco ingênua e quando estava bêbada chegava a ser sonsa, isso estava corroendo Melinda internamente. Ela deveria estar aproveitando a festa com as amigas, flertando por aí sem compromisso, mas ela tinha que inventar de fazer uma brincadeirinha, agora ela tinha uma sem noção presa a ela. 

— Olha, vem, vamos dar uma volta — Ela não iria suportar ficar sozinha com aquela garota. 

— Jackie? — Emily suspirou e sumiu na multidão. 

Melinda empurrou com a bunda um casal que dançava grudado para que dessem passagem a ela, passou esbarrando por entre algumas pessoas para que conseguisse ver. Para a surpresa dela Jack Snyde não estava com Alissa Cavallari, estava com a líder de torcida novata, Elizabeth, eles estavam dançando tão agarrados que mesmo que eles não tivessem nada ainda era suspeito. Emily estava parada, sem reação nenhuma no rosto, Melinda estava parada bem ao seu lado. Era impossível dizer se ela iria gritar, chorar ou simplesmente dar as costas e ir embora. 

— E-Emily? — Jack jogou fora o baseado, deu um último gole na cerveja e correu em direção a garota. — O que você tá fazendo aqui? Pensei que estivesse frequentando uma escola em Thousand Oaks. 

— Sim, e fica só a alguns minutos daqui — A ruiva respondeu com os olhos se enchendo de lágrimas — Foram dois anos, Jackie… — Ela segurava seu copo com tanta força que Melinda achou que ela fosse quebrar o copo de plástico — E você me troca por isso?! — Berrando a jovem jogou o copo de bebida na direção de Elizabeth, molhando todos que estavam no caminho, menos seu verdadeiro alvo. — Você é um escroto!

— Vai pra casa, você tá bêbada — Jack disse colocando a mão no ombro na garota, acariciando-a e tentando acalmá-la — E eu era apaixonado por você, passamos por dois bons anos juntos, mas acabou, as pessoas mudam. Segue em frente. Você merece ser feliz.

— E como eu vou ser feliz sem você? Como vou seguir em frente sem você? — Emily agarrou a mão de Jack e a apertou, as lágrima escorriam pelo o seu rosto. 

— Eu não sei, mas você vai precisar descobrir.

Jack se soltou da mão da ex-namorada e deu as costas para todo mundo que havia parado de dançar para assistir a sua cena dramática com a garota ruiva, inclusive para Elizabeth que ficou sozinha enquanto observava o rapaz com quem havia dançado se afastar. Poderiam ter dançado somente por alguns minutos, mas para ela parecia que haviam dançado por horas e horas. Logo, Lizzie sentiu alguém entrelaçando o braço ao seu, era Melinda. Ela também era tão bonita. Quando a luz neon batia nela parecia uma espécie de deusa adolescente. 

 

Jason chegou na festa vestindo uma fantasia de Robin, só que sem a mascára, enquanto Enricco vestia uma fantasia de Batman, também sem a máscara do Cavaleiro das Trevas. Eles foram recebidos na entrada por uma garota alta vestida de diabinha, ela segurava um copo de plástico vermelho e tinha um largo sorriso estampado no rosto. Jason achou que o rosto dela era familiar, mas não conseguia se lembrar de onde a conhecia. 

— Jay! Não está me reconhecendo? — Ela o abraçou forte e o cumprimentou com um beijo no rosto. — Prazer, eu sou a Angel — Ela se apresentou cumprimentando Enricco também com um beijo no rosto. 

— Angel! — Ele se lembrou da jovem dançarina que ele conhecia desde pequeno, ele só não se lembrava dela ser tão bonita. — Você tá de volta a cidade… Isso é incrível! Bem-vinda de volta! — Jason deu um tapinha nos ombros da garota, deu as mãos para Enri e juntos saíram caminhando pela festa de mãos dadas. 

— E aí, caras — Um grupo de jogadores de futebol vestidos de zumbi abordou o casal e cumprimentou eles com um aperto de mão. — E aí, Enri, por que não quis vir com a gente? —  Um dos rapazes perguntou.

— Foi mal, galera — Ele segurou forte na mão de Jason. — Eu vim com o meu namorado. 

Os garotos agiram com indiferença, a verdade é que eles não ligavam muito para o fato de um deles estar namorando um homem ou mulher, o que importava realmente era o valor da pessoa como jogador. Mesmo assim, Enricco ainda suava de nervoso e sentia o estômago revirar ao falar a palavra “namorado” em voz alta. O importante era que ele amava Jason, e ele trazia a calmaria sempre quando era necessário. Era isso o que importava e nada mais. Se alguém que conhecesse os pais os vissem e comentassem com os mesmos não importava, ele só queria se divertir com o namorado no halloween. 

— Vem, vamos beber alguma coisa — O casal caminhou em direção a cozinha. 

Encontraram Arabella Wright vestida de Princesa Peach e acompanhada de um menino vestido de Mário, ela estava com uma garrafa de vinho servindo alguns jovens com a bebida escura. Jason e Enricco aproximaram os copos, Arabella deixou eles bem cheios, os garotos precisaram aproximar a boca da borda do copo para não deixarem o líquido cair no chão da cozinha. 

— Ah, vocês estão juntos de novo? — Ela perguntou rindo. — Mas estão certos, vocês são perfeitos um para o outro e eu não vejo a hora de vocês namorarem. 

— A gente nunca se separou — Apesar de terem ficado brigados por algum tempo, Enri nunca havia deixado de pensar em Jason, e só em Jason. 

— E a gente está namorando — Jay brindou com o namorado. — Mas, e você e a Alexis? Quando vão namorar?

O garoto vestido de Super Mário deixou escapar uma risadinha. Se eles pelo menos soubessem o quanto Arabella se sentia sufocada com o relacionamento com Alexis… E além de tudo, elas não iriam namorar. Arabella iria para universidade no ano seguinte, ela não tinha tempo para romances escolares com patricinhas. Ela gostava da garota, mas era só isso, não era como se elas fossem almas gêmeas.

 

Após uma dose de tequila Jack conseguia sentir a euforia nas suas veias, as batidas da música faziam com que o corpo dele se entregasse para a dança. Ele correu para o banheiro, molhou o rosto. A vida era incrível. Ele estava naquela parte da festa em que você se olha no espelho e pensa: 

— Caralho! Eu tô muito louco! — A diferença é que o jovem não só pensou, como exclamou enquanto olhava para o próprio reflexo no espelho. 

Do lado de fora da porta tocava Eyes Closed, da Halsey, ele olhava completamente alucinado para o banheiro externo da residência Cavallari, era gigante. Quando se olhou no espelho viu um verdadeiro príncipe, na verdade ele se sentia um rei, um sentimento que não lhe era muito comum. Se algum dia ele havia se autodepreciado ou tido autoestima baixa, naquele momento não importava porque ele mesmo nem se lembrava. A porta se abriu e naquele banheiro todo branco ele viu alguém com asas de anjo trancando a porta.

— A-Alissa? — Ele não via Alissa fazia algum tempo, realmente estava ignorando-a um pouco, e ambos pareciam não ligar muito. Mas era covardia contra ele, geralmente ela era impecável, mas logo naquele momento ela estava no ápice de sua perfeição. — O que você tá fazendo aqui? 

— Você tem me evitado — Ela estava brava, mas nem assim deixava de ter uma aparência celestial. 

— Eu posso explicar! — Jack respondeu, mas ele estava incapaz de sentir qualquer sentimento ou ter uma reação negativa, então ele simplesmente sorriu. — Tudo começou com minha mãe, e ela convidou minha ex pra jantar lá em casa, e daí ela apareceu aqui na festa e eu...

Ela colocou o dedo indicador sobre os lábios do garoto.

— Não fala nada — Ela sussurrou enquanto encostava o garoto na parede. — Eu gosto de você. Muito — A boca de Alissa estava bem próxima do ouvido de Jack — E ninguém vai conseguir me afastar de você.

— Não, eu não vou — Ele a segurou pela cintura e inverteu as posições, colocando a garota contra a parede. — Por que eu quero você — Os lábios dele roçaram nos lábios dela — E eu quero você de todas as maneiras possíveis.

— Você sabe — Alissa selou seus lábios nos lábios de Jack. — Eu sou sua — Ela disse, um pouco influenciada pelo efeito da bebida, se não fosse por isso talvez ela não tivesse acreditado em nenhuma palavra do garoto.

O garoto enterrou os dedos de uma de suas mãos nos cabelos negros da garota, a outra mão que estava na cintura dela, ele usou para apertar o corpo dela contra o seu. Seus lábios foram contra os dela, suas línguas mais uma vez pareciam ter sido feitas uma para a outra. Por um segundo parecia que só havia os dois no mundo. Os dois e mais ninguém. 

Até que alguém começou a bater desesperadamente na porta, precisando usar o banheiro. 

 

Alexis agarrou Alissa pelo braço e começou a arrastá-la pelo jardim cheio de abóboras iluminadas e espantalhos assustadores. A morena se encontrava com um sorriso bobo nos lábios. Lexi se perguntou o que estaria acontecendo, elas nem haviam apertado o primeiro baseado ainda. Estavam meio altas, as duas garotas junto de Angel haviam acabado com uma garrafa de tequila, algumas doses de uísque e algumas latas de energético, mas a cocaína havia cortado parte do efeito do álcool. 

— Você não vai acreditar! — Alissa não conseguia de parar de pensar em Jack, então nem estava ouvindo a amiga direito. — Alissa, presta atenção!

— Oi? — Ela olhou para a amiga com um largo sorriso nos lábios. — Me fala, Lexi. O que tanto te incomoda. 

— Arabella não quis vir pra festa comigo, mas advinha com quem ela veio? — Alexis não deu chance para a amiga responder — Com aquele inglês filho da puta do Thomas Carter. 

— E por que você está se estressando tanto? Tá aproveitando a festa com as amigas, tá linda e pode ficar com quem você quiser na festa — Alissa pegou o gloss no sutiã e passou em seus lábios. 

— Você não sabe como é gostar de alguém? Eu sei que eu posso ficar com qualquer pessoa, mas eu não quero qualquer pessoa, quero a Arabella — Alexis desabafou e em seguida recebeu um abraço da amiga. 

— E o que vai fazer a respeito? — Alissa perguntou cruzando os braços e erguendo a sobrancelha. — Não pode ficar quieta enquanto a garota que você quer está lá dentro se divertindo com outro cara. 

 

Angelina estava saindo para a área externa quando cruzou o caminho com uma Alexis que carregava fúria em seu rosto e em seus passos. Como uma noiva abandonada no altar. Ali estava logo atrás dela, parecia um pouco preocupada. Angel estava completamente perdida e não sabia o que estava acontecendo entre as duas garotas. Mas ela definitivamente não iria ficar de fora. 

— O que aconteceu? — Angelina indagou enquanto tentava acompanhar os passos de Ali.

— A garota que a Alexis tá ficando veio pra festa com outra pessoa — Alissa revelou para a outra amiga, que ficou chocada. Ela até entenderia se alguém tivesse feito isso com a antiga Alexis, mas aparentemente a nova Alexis era incrível e tudo de bom. 

— Não acredito! — Angelina exclamou quando elas chegaram na sala de estar.

Arabella estava sentada no braço do sofá, aparentemente sóbria, segurava um copo de plástico e bebia alguma coisa. Em pé, abraçado com ela, estava Thomas, segurando uma lata de cerveja. Alexis parou na frente deles, parecia que iria desabar a qualquer momento, mas tudo o que ela fez foi colocar as mãos na cintura e encarar os dois. Quando Tommy percebeu a presença da garota não se aguentou, teve um acesso de risos. Ele não podia negar que estava nervoso, mas aquela situação era engraçada. 

— E aí, Lexi — Arabella disse erguendo o copo para a garota, como se estivesse propondo um brinde. 

— Eu não acredito! Vocês dois são muito cara de pau! — Alexis gritou cruzando os braços. 

— Isso vai ser engraçado — Tommy sussurrou para Arabella, que deixou escapar uma risadinha.

O sangue de Alexis ferveu ela não podia acreditar que eles estavam zombando dela na casa da sua melhor amiga, ainda mais na frente de todo mundo que era alguém na escola. Não podia acreditar que Arabella estava fazendo aquilo com ela, ela não tinha um pingo de consideração? Talvez elas não deveriam ter misturado negócios com prazer. Alexis achava extremamente doloroso como em nenhum momento Arabella havia procurado ela ou pelo menos avisado que iria com o garoto com quem ela vivia flertando, ou pelo ter perguntado para ela como se sentia. 

— O que você falou pra ela?! — Alexis perguntou gritando, apontando para Arabella e olhando para Tommy. — Fala, caralho! 

— Calma aí, nervosinha, eu só disse que isso seria engraçado — Ele respondeu ainda com um sorrisinho no rosto.

Lexi ainda estava furiosa, seus olhos se enchiam de lágrimas e ela odiava isso. Odiava mostrar sua vulnerabilidade na frente das pessoas.

— Você tá adorando separar a gente, né?! — Alexis avançou na direção do casal, um pouco agressiva. 

— Fica calma, Alexis — Arabella parecia tranquila enquanto saboreava sua bebida e continuava abraçada com Thomas.

— E agora adivinha? Nós vamos terminar e vai ser tudo por sua culpa! — Ela disse fincando seu dedo indicador no peitoral do garoto. — E todos vão achar que eu sou louca por culpa sua! 

— Adivinha, loirinha? — Thomas soltou Arabella e ficou frente a frente com Alexis. — Ninguém se importa. Porque todo mundo sabe que vocês não tem nada sério, você só se beijam e a verdade é que a Arabella não quer nada com você — Tommy soltou uma gargalhada. — A verdade, Alexis, é que todo mundo já te acha louca porque você está arrumando confusão de ciúmes por uma garota que nem quer ser sua namorada e…

O tapa da garota acertou em cheio o rosto de Tommy. A pele alva logo se tornou vermelha, como o chapéu com um “M” estampado que fora parar no chão. O rosto do garoto ardia, junto de seu ego e sua dignidade. Todos que estavam ali estavam boquiabertos com o que havia acabado de acontecer. Alexis sempre fora meio valentona, mas nunca havia agredido ninguém. Mas não havia como voltar atrás. Thomas saiu pela porta quase que imediatamente, Arabella se levantou e foi logo atrás dele. Lexi foi logo em seguida atrás da garota. 

— Volta aqui, Arabella — Alexis gritava enquanto tentava conter os seus longos cabelos platinados que voavam por causa do vento. — A gente precisa conversar!

— Eu não tenho nada pra conversar com você — Arabella parou e se virou para a outra garota. — Aliás depois disso tudo eu não tenho mais nada com você!

— Não pode terminar comigo assim! — Alexis esbravejou.

— Não tem como terminar algo que nem começou! — Arabella avançou contra Alexis — Para de ser doida! A gente só se beijava, transava e eu gostava de passar o tempo com você — A líder de torcida se virou indo em direção ao amigo com o rosto vermelho — E ultimamente nem isso eu estava gostando mais. 

De longe, a garota loira viu os dois jovens se abraçando, caminharam juntos até sumirem entre alguns carros, depois era somente Alexis sozinha, do lado de fora enquanto alguma música da Pink tocava na festa. Ela estava pra baixo, mas já havia perdido a ficante, não podia perder a festa também. 

 

Scarlett se virou para Eleanor e puxou a amiga de canto, ela claramente estava prestes a rir no meio de toda aquela tensão. Eleanor começou a rir quando se lembrou da cena do tapa, o chapéu caindo da cabeça do Thomas, o espanto de todo mundo, era tudo tão cômico. Elly não se aguentou e começou a rir. 

— Meu Deus, amiga — Scarlett sussurrou — Você acha que a gente deveria conversar com a Alexis? Consolar ela ou alguma coisa parecida? 

— Consolar ela? — Eleanor estava cessando suas risadas. — Eu pensei que você fosse hétero e além de tudo, ela não faz o meu tipo.

— E a Alissa faz? — Provocou Scarlett gargalhando. 

— Talvez agora que a Arabella tá disponível eu devesse ir atrás dela e confessar minha quedinha por líderes de torcida — Eleanor brincou, também as gargalhadas. 

— O que foi isso? — Sebastian e Rico voltavam a se aproximar das meninas. 

— O típico: drama, drama, drama — Respondeu o jovem italiano. — Por onde é que você andou garoto? 

— Pois é, eu adoro ele, parece um extraterrestre — Scarlett brincou. — Você acredita que ele nem sabia que a galera da escola bebia?!

— Então, agora eu to preocupado com a minha irmã — Sebastian olhou em volta — Aliás, onde é que ela tá?

O quarteto se juntou em uma risada.

— Você deveria sair mais com a gente — Eleanor sugeriu enquanto bebia um pouco de seu vinho. 

— Se vocês me chamarem, eu animo sim. 

— Então fechou! Vamos definitivamente fazer uma festa gastronômica em que vocês cozinham e eu e o Rico comemos! — Exclamou Scarlett. 

 

— Você tá bem? — Alissa encontrou a amiga fumando um cigarro na beirada da piscina.

Diferentemente da outra vez, Lexi estava com a maquiagem intacta. A festa havia esvaziado, só havia algumas pessoas que estavam bêbadas demais para ir embora e outras que estavam sóbrias demais e queriam curtir mais um pouco. A loira assoprou a fumaça para longe e passou o cigarro para os dedos da amiga. 

— Não, mas eu vou ficar — A garota vestida de noiva suspirou. — Eu só preciso de dormir e descansar. Eu vou deitar no seu quarto. 

— Vai lá, deita lá com a Angel — Alissa sorriu para amiga e lhe deu um tapinha no ombro. 

— Sabe que eu vou empurrar ela da cama né?! — Lexi respondeu enquanto caminhava para o interior da casa. 

 

Alissa voltou para dentro de casa, nem conseguia acreditar que minutos atrás o interior da residência estava cheio de gente. Ela tirou os sapatos e caminhou em direção a cozinha, Jack estava lá, sentado em cima do balcão, sem a parte de cima da fantasia, com os olhos lacrimejando e um pouco vermelhos. Junto dele estava Jason Osborne e Enricco Lefon, Jay entregava um copo de água para ele. 

— Ele passou um pouco de mal — Jason explicou rindo. Ela já esperava isso do jovem, ele às vezes não tinha limites.

— Obrigada — Alissa agradeceu abraçando Jason e em seguida dando um tapinha nas costas de Jackie. — Se vocês quiserem, tem torta dentro do forno. Eu vou levar ele lá pra cima. 

Enricco não pensou nem duas vezes, o álcool havia o deixado faminto. Então ele pegou a torta de abóbora dentro do forno e a colocou em cima da mesa. Jason pegou duas colheres, uma para ele e outra para o namorado. Cada um pegou um pedaço e colocou na boca do outro. 

— Feliz Halloween — Enri disse sorrindo para o namorado. 

— Feliz Halloween — Jason respondeu retribuindo o sorriso.

 


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez: espero que tenham gostado ♥ (E foi mal pela demora)
Espero não demorar tanto para o próximo capítulo mores.
ALACK ou JALISSA shippers comemorem!!! (enquanto podem)
ENJASON ou JENRI shippers aproveitem!!! (enquanto podem)
AREXIS ou ALABELLA shippers superem!!!! (ou não rsrsrs o futuro disso tudo somente eu sei)



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