Calabasas' Almost Fairytale — Interativa escrita por Mxtheusx


Capítulo 8
07 — Poison Ivy


Notas iniciais do capítulo

Galerinha do mal, foi PÉSSIMO essa demora, mas enfim, eu fui assaltado aqui dentro de casa e o fdp levou TUDO, incluindo infelizmente meu notebook... FELIZMENTE, eu salvo TUDO no meu drive e assim deu pra salvar o capítulo que já estava pronto e só faltava postar.
Nada vai me impedir de concluir essa história!
Enfim, espero que vocês gostem desse capítulo, eu tentei fazer em um formato diferente, tentando mostrar um pouco mais da história de cada personagem e assim provocar uma evolução de uma maneira mais objetiva.
ALIÁS TEM NOVIDADE:
https://calabasascl4ss.tumblr.com/
fiz um tumblr, onde eu basicamente postei uma espécie de family templates e como eu imaginei a residência de alguns dos personagens. Prometo postar outras coisas e também family templates dos personagens novos.



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Hide the scars to fade away the shakeup.

A produção da nova peça do Clube de Teatro da escola estava sugando completamente toda a energia de Pedro, além de tudo Alexis estava dando trabalho como ninguém e ele ainda não havia encontrado ninguém para o papel de Miss Lovey, a assistente e secretária da personagem principal, que devido aos seu estrelismo tornava impossível a tarefa de encontrar alguém para interpretar tal personagem. Mesmo que não quisesse admitir para si mesmo, estava cansado e só desejava tomar um banho quente, ir para a cama e maratonar seus filmes de terror preferidos.

O jovem Anwhistle estacionou o seu carro de frente para a mansão da família, próximo ao carro de seus pais. Ele saiu de seu veículo e caminhou até o lado do carona, quando abriu a porta para sua professora de teatro. 

— Ah, mas é um cavalheiro — O garoto se esforçou para sorrir, havia passado a tarde inteira ao lado da mulher, que havia se mostrado extremamente irritante, e ainda teria de jantar com ela, devido a um convite realizado pelos pais. 

Já que Pedro havia decidido que estudaria teatro, seus pais faziam questão que ele tivesse o melhor ensino e quando ele terminasse a escola no ano seguinte, estaria tudo pronto e nada daria errado. Para que a vida do filho deles pudesse seguir o seu rumo, nada mais, nada menos do que o caminho do sucesso, era necessário que uma grande professora, atriz e além de tudo aluna, formada com excelência, da Juilliard School provesse uma carta de recomendação. Os Anwhistle conseguiam ser bem persuasivos quando assim desejavam.

— Oi, querida, seja bem-vinda a nossa casa — A Senhora Anwhistle estava doce como o filho nunca a vira — Você está com fome? Espero que goste de salmão — A dona da casa estalou os dedos e em questão de segundos apareceu dois empregados, cada um com uma bandeja, um trazia consigo sanduíches de salmão e o outro taças de champanhe. — Sirva-se, por favor — Cada uma das mulheres pegou uma taça, Pedro agarrou um sanduíche junto da professora — O jantar sai dentro de alguns minutos. 

— Então, Pedro, como esse é seu último ano, já começou a procurar algumas faculdades? Já enviou sua inscrição para alguma ou vai esperar o próximo semestre? — A professora tentou puxar assunto enquanto saboreava o champanhe. 

— Eu estava pensando na Juilliard — O rapaz respondeu com doçura — A senhora estudou lá, não é mesmo?

— Estudei, estudei, e um jovem talentoso como você é realmente digno de ocupar um espaço naquela instituição — Os olhos da mulher brilhavam ao olhar para Pedro, que sorriu ao ouvir as palavras da mulher. — Já consigo vê-lo! Atuando e produzindo em peças da Broadway! Quem sabe até estreando alguns filmes em Hollywood! — Ela continuou, empolgada — Mal posso esperar para vê-lo brilhar!

Pedro não via a hora de se ver longe dali, longe daquela cidade, longe dos pais, internamente desejava-se ver-se livre do teatro que era a sua vida. Talvez ir para Nova York o libertasse… Ou talvez ele se visse ainda mais preso no papel que ele interpretava. A verdade é que não havia respostas para suas perguntas, era como se ele estivesse afogando, mas não tivesse plena consciência disso porque talvez gostasse de se afogar. Eu sou uma fraude, apenas um personagem, passou pela sua cabeça, mas então ele voltou a sorrir afastando de si os pensamentos negativos.

— Espero poder contar com o seu apoio — O jovem mordiscou um pedaço de seu sanduíche.

— Mas é claro! Conte comigo para uma carta de recomendação — A professora respondeu de boca cheia. 



I make my own destiny.

Melinda dormia, cansada do treino, ela se perguntava como todos passavam por aquela fase maldita em que tanto lhe era exigido: ser uma boa filha, ser uma excelente aluna, vida social, manter um bom status e além de tudo continuar sendo capitã das líderes de torcida. Ela estava em seu último ano do ensino médio, mas isso não era um alívio, era mais uma pressão, ela mal estava conseguindo acompanhar a sua própria vida atualmente e já precisava começar a se preocupar com qual universidade ela iria quando tudo terminasse. Enquanto isso, garotos eram uma excelente distração, uma fuga da transformação atormentada que ela não podia evitar. A transição entre adolescente perfeita e jovem adulta bem sucedida estava enlouquecendo ela. 

O telefone tocou, ela despertou de seu sono. Não era nada demais, era só Noah, o capitão do time de futebol americano praticamente implorando por sua atenção. Ela adorava isso.

Melinda adorava um romance, mas não tinha tempo a perder firmando compromisso com esses garotos bobos da escola, logo mais ela estaria na universidade, realizando os seus sonhos e caminhando rumo ao sucesso. 

— Você é um babaca! Um idiota! — Melinda conseguia ouvir a mãe berrando no andar de baixo. Não podia acreditar que os pais haviam voltado a brigar. 

Estaria o casamento deles caindo aos pedaços mais uma vez?

— Você precisa se acalmar, você precisa entender — Fez um esforço para ouvir a voz baixa e calma do pai. 

A jovem se levantou, caminhou em direção a porta e desceu as escadas. O pai tinha caneta e alguns papéis na mão, a mãe estava sentada em frente ao notebook na grande e solitária mesa de jantar da família, onde eles raramente comiam juntos. 

— Melinda precisa ir para Yale! — A mãe gritou. 

— Por que você insiste em afastar a nossa filha de mim? — O homem indagou. — Por que ela não pode ir para a UCLA? — Ele jogou os papéis em cima da mesa — Ah, é, porque isso não corresponde ao seu sonho frustrado de entrar em uma universidade da Liga Ivy, então quer despejar seus sonhos na nossa filha — O homem ainda tinha a voz baixa e calma, mas a mulher sentia-as como uma lâminas cortando-lhe a pele. 

— Parem de brigar! — Melinda exclamou descendo as escadas. Os pais paralisaram ao notar a presença da filha. — Por que vocês não me deixam decidir o meu próprio destino?

— E qual seria esse destino? — O pai perguntou cruzando os braços e erguendo uma das sobrancelhas para a filha.

— Eu vou para Yale, igual ao meu avô, e igual ao meu bisavô antes dele — Melinda se posicionou ao lado da mãe. UCLA era pensar baixo. Yale era pensar alto. 

— Eu desisto de vocês duas… — O pai de Melinda colocou a caneta em cima da mesa, deu as costas para as duas e subiu para o quarto. 

Os olhos da Senhora Duarte brilhavam. 

— Não sabe o quanto isso me deixa feliz minha filha — Ela acariciou as bochechas da jovem — Está decidido então, vamos marcar a sua entrevista e em janeiro vamos para New Haven.



Is be more like me and be less like you.

Desde que havia ganhado um importante jogo de futebol Jack não ouvia mais provocações do pai, suas notas estavam incrivelmente melhorando e tudo parecia completamente tranquilo. Tudo em sua vida parecia bem. Finalmente. Mas só parecia mesmo. Dentro de si o garoto enfrentava uma batalha, o seu coração estava completamente dividido: de um lado havia a garota que ele havia conhecido durante toda sua vida e com quem havia compartilhado dois bons anos de relacionamento, do outro havia o novo, o mistério, Alissa. A garota com quem ele não tinha certeza de nada, que fazia com que ele se pegasse sonhando acordado e escrevendo cartas de amor. Ele não podia evitar os pensamentos românticos.

— E aí, filho? Como anda as coisas com a garota Cavallari? — O Senhor Snyde perguntou durante o jantar. Jack sabia que os interesses de seu pai em seu relacionamento com a garota eram completamente financeiros, só podiam ser, havia namorado por dois anos e o pai nunca havia se interessado pelo relacionamento. — Ela é uma ótima garota, podia convidar ela para jantar com a gente um dia desses.

A mãe de Jack bufou, balançando a cabeça em desaprovação. Era a primeira vez em todos esses anos em que o jovem via a mãe discordar do pai. 

— Aquela garota não é uma “boa garota” — A mãe de Jack deu um gole em sua taça de vinho — Como era o nome daquela anterior mesmo? Eu adorava ela. Devíamos convidar ela para o jantar. 

O jovem Snyde viu fogo nos olhos do pai, o que a mãe estava fazendo? Não podia culpá-la. O círculo de amizades dos pais era bastante tóxico quando conseguia, as fofocas rolavam livremente, fofocas pesadas ou leves, mas principalmente as pesadas. A Senhora Snyde certamente ouviu mil e uma coisas sobre Alissa, coisas nem um pouco boas, se na escola já falavam mal dela, imagina dentro do círculo das arrogantes damas da alta sociedade da Califórnia. Mas Jack não se importava com as fofocas, ele conhecia a verdadeira Alissa. 

— Um jantar pode ser uma boa ideia — O garoto respondeu, tentando concordar com o pai. — Assim quem sabe você conhecê-la melhor. 

— Meu filho, eu vi como ela chegou no desfile beneficente dos Contursi, ela é vulgar — Deu mais um gole em sua bebida escura. — E certamente já chegou no evento drogada — Sussurrou para que o marido não conseguisse ouvir. 

— O jantar não vai ser servido? — O Senhor Snyde perguntou, um pouco revoltado, já não suportava mais a voz da mulher. Quando ela bebia acabava falando demais. 

— Estou esperando minha convidada.

Quase que imediatamente a campainha tocou. A empregada correu para abrir a porta, ela cumprimentou alguém, Jack não conseguiu ouvir o nome de quem havia chegado, e nem a voz. Mas quando a imagem se formou em sua frente ele quase caiu da cadeira.

Fazia algum tempo que não a via, desde que haviam terminado, mas mesmo assim, seu coração parou e lhe faltou ar. Nos lábios da mãe havia um sorriso malicioso direcionado para o pai, ele não sabia muito bem o que aquilo queria dizer, a mãe quase nunca agia, quase nunca dizia nada, ela era uma espécie de bloco de gelo, mas agora ele via fogo nos olhos dela assim como via nos do pai. Quando organizou seus pensamentos, sentiu-se um pouco furioso. Não cabia ao Senhor Snyde convidar Alissa para um jantar, e muito menos a sua esposa convidar a ex-namorada do filho inesperadamente, as atitudes deveriam partir de Jack, de sua própria vontade. Mas o jovem não conseguiu evitar de sorrir, aquele rosto conhecido lhe trazia tantas boas memórias, foram incríveis os momentos que eles passaram juntos. Mas agora o coração dele batia por outra pessoa… Ou não? Era o que ele pensava. Até aqueles pequenos lábios rosados se moverem e pronunciarem:

— Oi, Jackie. Senti saudades.



You should see me in a crown.

— Sua mãe finalmente assinou os papéis do divórcio — A mãe de Alissa havia sido fruto de diversos problemas durante toda sua vida, mas havia aprendido, ainda quando criança, a ignorar a existência de sua progenitora e o fato de que ela não era presente em sua vida havia contribuído com isso. Mas toda vez que elas se viam era possível se notar uma conexão. — Sabe o que isso significa? — Indagou o Senhor Cavallari acariciando o rosto da filha. 

Alissa bebericou sua mimosa e em seguida deu um trago em seu cigarro. 

— Significa que você vai oficializar as coisas com a Jennifer — Ela não era idiota. O pai já havia colocado a madrasta fracassada e o filho retardado dela dentro da casa da família, só faltava mesmo eles fazerem um grande casamento para esfregar a felicidade deles na cara de todo mundo. 

— Seria muito importante para mim se você participasse disso — Alissa estava odiando o caminho que a aquela conversa estava tomando. — Eu estava pensando, tudo tem que ser perfeito e eu queria algo também íntimo, você, Alexis, a sobrinha dos Topaz e a filha dos Lightwood poderiam ser as damas de honra — Aquilo que o pai seria divertido em outra ocasião, Alexis era sua melhor amiga, as outras garotas não eram as mais divertidas do mundo, mas davam para o gasto. 

— Parece legal — Ela comentou dando uma garfada em seus ovos mexidos. A garota sabia que se não aceitasse estaria comprando briga com o pai, ele só parecia charmoso e doce, só ela sabia o quanto ele podia ser rancoroso e maquiavélico. 

— Oi, meu amorzinho — A madrasta de Ali chegou para o brunch toda saltitante, vestindo um vestido rosa choque justo demais, era como se ela se esforçasse para parecer uma perua brega, o filho dela parecia um mendigo que havia recebido um cartão de crédito e não sabia o que comprar em uma loja de departamento. — Oi, Ali. 

— Oi, querida irmãzinha — Alissa revirou os olhos, não era porque eles viviam na mesma casa e os pais iriam se casar que isso tornava ela irmã dele. Aquilo era patético. 

— Decidi que seria melhor tomarmos esse brunch juntos, em família — O pai disse com um sorriso irritantemente brilhante. Beijou os lábios rosados de Jennifer que parecia um poodle saltitante até mesmo sentada na cadeira. — Jenny, estava conversando com a Alissa sobre ela ser sua dama de honra e ela aceitou!

— Ótimo! — Jennifer pegou dois cigarros de ervas naturais e passou um para o filho. — Vamos nos divertir bastante com o nosso dia de princesa. — Vai fortalecer nossa relação mãe e filha.

— Com certeza — Alissa procurou pelo maço de Marlboro em sua bolsa, pegou um e prendeu entre os dentes. Não podia acreditar no que estava ouvindo, ela tinha uma mãe!

— Isso vai acabar matando você — O enteado do pai disse com um sorriso debochado nos lábios enquanto acendia o cigarro para a morena sentada ao seu lado. — Deveria fazer como eu e mamãe, fumamos esses cigarros artesanais que relaxam a gente. 

Alissa revirou os olhos, estava cansada dessa gente, mal podia acreditar que teria de conviver com eles, eles não eram nada agradáveis aos olhos e nem aos ouvidos, a simples presença deles fazia com que a garota se sentisse desconfortável. Teria de ficar bêbada para aguentá-los, bateu com o dedo indicador na taça, pedindo mais um drink ao garçom. 



 Now if you never shoot, you'll never know.

Jason havia acabado de sair de uma reunião com um dos amigos pessoais da tia, um antigo professor da faculdade de Yale. Escolher entre Yale e Harvard estava sendo uma difícil tarefa para o brilhante garoto, onde ele escolheria para estudar medicina, então ele havia decidido que iria tentar para as duas grandes universidades da Liga Ivy. Ele já havia conseguido grandes cartas de recomendações de seus professores da escola, professores das próprias universidades e até mesmo de vários ex-alunos de ambas as instituições. 

Era impossível dizer não para um garoto tão carismático e promissor quanto Jason Osborne, com seu terno, suas piadas charmosas e com o seu boletim completamente perfeito, ele conseguiria vaga em qualquer universidade em que ele quisesse entrar. Claro, ainda havia a conta bancária obesa da sua família e as ofertas que recebia para uma bolsa de estudos jogando basquete. 

— Vamos para casa? — A tia convidou o sobrinho enquanto ligava o alarme do carro após saírem do hotel onde o velho amigo estava hospedado — Devíamos fazer um jantar para comemorar mais outra vitória. 

— Eu já tenho planos — Ele disse olhando para o celular, seu uber deveria chegar a qualquer momento. — Pode ir, eu te vejo mais tarde.

A mulher entrou dentro do carro e acelerou, em questão de um minuto era o rapaz quem entrava dentro de um carro, indo em direção a uma cafeteria, onde deveria encontrar a pessoa que fazia que seu coração acelerar e sua pupila dilatar.

— Vou querer dois frappuccino de chocolate. E pode colocar bastante chantilly Frappuccino — O jovem fez o pedido e foi sentar-se em uma das mesas externas, onde havia combinado de esperar pelo o outro garoto. 

Certamente Jason havia se atrasado um pouco, mas depois que o pedido chegou em sua mesa ele reparou que Enri estava ainda mais atrasado, começou a olhar o relógio em seu pulso frequentemente, de minuto em minuto, nenhuma mensagem em seu celular. Havia ele se esquecido? Jason estava tomando o toco? Ele tentava olhar pelo lado positivo, mas era difícil, quando parava para pensar no fato do garoto ter esquecido o encontro deles sentia seu estômago revirar e as bochechas esquentarem. 

— Relaxa — Disse para si mesmo, respirando fundo. 

— Jason?! — Ele ouviu alguém chamar o seu nome, mas não era Enricco, era Alexis Contursi, vestindo seu melhor sobretudo com estampa de leopardo para combinar com as folhas do outono. — Está esperando alguém? — Ela perguntou apontando para a cadeira vaga na frente do rapaz, ele não disse nada, apenas balançou a cabeça. 

Naquele momento o jovem mesmo que não quisesse confessar para si mesmo, estava chateado, tinha medo de falar alguma coisa e deixar escapar alguma lágrima. 

— Onde é que você foi vestido assim? Já está experimentando roupas para o casamento do pai da Alissa? — A jovem brincou, conseguindo arrancar uma risadinha do garoto. Que deu um gole em um dos frapuccinos e ofereceu o outro para garota que havia acabado seu chá gelado segundos atrás. 

— Eu estava me encontrando com um ex-professor de Yale — Jason comentou.

— Medicina em uma universidade da Liga Ivy! Você é incrível! — A garota apertou a mão fria do jovem, sorriu de orelha a orelha, ela parecia animada por ele. — Você sempre quis isso, Jason, desde quando os meninos começaram a te chamar de Jason Todd — Alexis parecia se lembrar do passado, então o sorriso se desfez.

— Você quis dizer desde a morte do Mike — Jason comentou respirando fundo, só de mencionar o nome do irmão era doloroso, só de pensar ele sentia uma espécie de aperto no coração… Mas acabou sorrindo, se lembrando de todos os bons momentos que eles haviam vivido juntos. 

— Sempre vivo em nossos corações — Era estranho pensar que ele conhecia pessoas como Alexis a vida inteira e mesmo assim não era tão próximos assim. — Qual é, o cara me proporcionou meu primeiro porre — Eles riram. Era realmente muito estranho, eles haviam vivido tanto juntos, mas mesmo assim eles não eram tão amigos. Observando o sorriso contagiante da loira algo dentro de Jason gritou para que se permitir criar mais vínculos amistosos. 

— É, sim, eu quero fazer isso por ele, por mim e por todas as pessoas que eu posso ajudar — O garoto disse determinado. 

— E você e o Enricco? Pensam em ir juntos para a faculdade? Você já pensou nisso?

Não. Jason ainda não havia pensado. 



Maybe it’s not forever.

Enri cada vez que treinava sentia que estava mais perto do seu sucesso. Mas quem ele estava querendo enganar, não era o sucesso dele, era o sucesso do pai, havia sido o pai que havia escolhido o caminho qual o filho trilharia. Diferente de todos aqueles que o cercavam diariamente, ele tinha o pé no chão, sabia que acabaria indo estudar negócios em uma faculdade ali da Califórnia, a mais próxima, a família não podia arcar com custos muito altos. 

Um cliente do pai era professor da UCLA, viu o talento que Enricco tinha para o futebol americano através de um vídeo postado no YouTube pelo canal da escola onde o garoto estudava atualmente e revelou que ele poderia conseguir uma bolsa de estudos para estudar negócios na instituição. Era perfeito para os pais do garoto. A UCLA só ficava alguns minutos de distância de Calabasas. Então a partir do dia em que recebera a informação, o Senhor Lefon implorara para que o filho treinasse mais e mesmo que pingando de suor, com as pernas cansadas e os braços fracos, Enricco continuava se esforçando nos treinos. Vitória após vitória e aquela vaga seria dele. 

— Não acham melhor darmos um tempo e treinarmos mais semana que vem? — Perguntou Noah abraçando a bola como se fosse uma criança de colo. 

— Não — Respondeu Enricco ofegante — Vamos mais meia horinha. 

— Qual é, cara, já chega! Não vê que o time inteiro tá morrendo? — Jack Snyde se posicionou ao lado do capitão do time, cruzando os braços e encarando o Enri. 

Enricco sentia que o olhar do companheiro de time zombava dele, era como se Jack dissesse através do olhar: “meus pais conseguem pagar qualquer faculdade, se eu quiser ir para Harvard ou qualquer outra universidade, eu vou, enquanto você vai apodrecer nessa cidade”. O moreno cerrou os punhos e respirou fundo, precisava se acalmar, estava com os nervos à flor da pele. Se ele não se acalmasse as bochechas rosadas de Jack iriam conhecer o seu par de amigos. 

— Ah, é, Jack?! — Enricco estava mais calmo, mas ele já estava de saco cheio da maneira como o rapaz o olhava. — Você certamente é o que mais precisa treinar… E não só futebol — Deu uma risadinha zombando do jovem Snyde — Com as suas notas vai ser uma surpresa se conseguir manter-se no time e com a sua burrice vai ser uma surpresa se conseguir manter a namorada. 

Todos riram, menos Jack, ele não riu, mas em seus lábios havia um sorriso malicioso. Aquilo fez com que Enri sentisse uma sensação ruim. 

 

Estava sentado, se preparando para um encontro com Jason, quando Jack sentou-se ao seu lado. Ele tinha um forte perfume, mas quando ele chegou perto seu hálito cheirava a álcool. A pele bronzeada de Enricco se arrepiou, o colega de time estava ameaçador como ele nunca havia visto antes, estaria ele se preparando para uma briga? Enri sentiu um frio na barriga. 

— Não mexe comigo, Lefon!

— Ou o que? Vai fazer o que? Me bater? — Enricco levantou-se, posicionando-se na frente de Jack. 

— Não, não sou do tipo agressor — O sorriso malicioso se encontrava nos lábios do loiro mais uma vez. — Eu vou contar o seu segredinho. Todos tem que saber. — Jack levantou-se também.

— P-Pode contar! — Enricco gaguejou, perguntou-se o que os garotos do time pensariam dele, nenhum deles aparentava ser homofóbico, talvez só ficassem receosos com ele, mas talvez não chegasse a sofrer nada físico. — Eu jogo tão bem que os caras do time nem vão ligar!

— Quem falou sobre os rapazes do time? — O jovem Snyde saiu andando em direção a saída do vestiário — Talvez seu pai esteja merecendo uma mensagenzinha e algumas fotos do mais novo casal — Enri engoliu em seco. Ele voltou-se a sentar, fechou os olhos e ficou em silêncio. Aquilo não estava acontecendo.

“Não mexe comigo”, foi o que ouviu antes da porta bater. 



I've been facing trouble almost all my life.

O pai de Arabella havia chegado de um dia cansativo de trabalho, havia pedido comida chinesa para ele e a filha. Quando entregador chegou ele apenas pagou e não deu nenhuma gorjeta para o mesmo, mas em vez de ser resmungão dessa vez foi gentil. Não havia motivos para não ser, fora chamado na escola pelo próprio diretor que desejava informar que a filha estava concorrendo uma bolsa de estudo para estudar do outro lado do país. O clube de xadrez e as líderes de torcida estavam finalmente rendendo frutos, mas a primeira vez em que representante da Universidade de Columbia havia visto Arabella havia sido no desfile beneficente dos Contursi. Arabella estava sentada na mesa quando o pai lhe entregou a carta junto de uma caixa de rolinhos primavera, colocou também em cima da mesa uma caixa com tofu e legumes, para Arabella, e uma com chop suey para ele. 

— O que é isso? — A garota perguntou segurando o envelope em que continha uma carta escrita a mão pelo próprio representante.

— Sua chance de ser grande e sair dessa cidade — O pai respondeu pegando um prato e se servindo. Ele adorava comida chinesa, mas odiava aquelas caixinhas. 

— Do que você está falando? — A garota olhou ambos os lados da carta, ela não estava acreditando quando reconheceu o símbolo da Columbia. — Isso não pode ser… — Ela estava sem palavras.

Quando abriu a carta viu linhas e linhas onde o homem falava sobre o futuro de Arabella, sobre como ela estava cordial no desfile, como ela havia se mostrado uma excelente líder de torcida e sobre como ele estava impressionado como ela estava se saindo nas competições de xadrez. Ela não podia acreditar no que estava lendo, ele queria marcar uma entrevista para ela em Nova York, nada daquilo parecia real. Ela já fazia planos para sair da cidade, mas aquilo era irreal, e estava tão perto. Sentiu um aperto no coração. Ela iria conseguir deixar o pai? A mãe já havia o deixado, ele aguentaria mais uma perda? 

— Pensei que o senhor queria que eu fosse para a UCLA — Ela olhou colocando a carta de lado e olhando para o pai.

— Você tem essa chance de ir para Nova York e não vai ser eu quem vai te impedir de crescer na vida — Ele disse enquanto mastigava a massa. 

A imagem da mãe pegando as malas e saindo pela porta da casa veio a tona da mente da garota. Essa imagem geralmente vinha em sua cabeça quando ela e o pai estavam no meio de uma discussão, ou quando alguém a lembrava da mesma, mas ela só conseguia pensar que no ano seguinte seria ela que estaria saindo por aquela porta com as suas malas. 

— Olha garota, é sua chance de ir em busca do sucesso, de não acabar arruinando sua vida por aqui — Ele fungou. — Me escuta que eu sei o que é melhor para você!

Nova York era uma ótima ideia, ela teria mais liberdade longe daquela cidade, seria uma nova vida, ela iria se esforçar para ser uma nova e melhor pessoa. Mesmo que estivesse com o coração na mão o pai tinha razão, logo todos iriam embora, todos iriam subir na vida e se tornar alguém. Arabella não queria passar o resto de sua vida trabalhando em uma livraria velha e vendendo drogas para adolescentes filhinhos de papai. 

— Você está certo — Ela concordou com o pai enquanto mordiscava um rolinho primavera. — E para quando que é essa tal entrevista?

— Para pouco antes do Natal, provavelmente você nem vai passar o Natal aqui — Ele informou enquanto checava o celular, assistindo vídeos de gatinho no Facebook.

Se era pouco antes do Natal isso significava que ela não poderia ir ao Baile de Inverno que ela havia combinado de ir com Alexis. Por outro lado, ela iria finalmente sair da Califórnia e ir para outro estado, conhecer novos lugares e como era inverno finalmente ela veria neve, ela não era como todas aquelas outras patricinhas, que os pais levavam para Aspen para esquiar no inverno. 



It's the few, the proud, and the emotional.

— Harvard? — Katerina De Palma exclamou surpresa com a decisão do marido. 

— Sim, é uma ótima universidade para um De Palma estudar — O pai falava o sobrenome com o peito estufado. — Ou Yale, eu gostaria de ter estudado em Harvard ou Yale. 

— Pensei que havíamos combinado de enviá-lo para a Universidade John Cabot — A mulher estava sendo contrariada, ela não gostava de quando o marido decidia as coisas sem consultá-la, mas também não era como se ela se achasse no direito de tomar uma decisão sem o veredito dele. — Você não se lembra, meu amor? Desde que nossos filhos nasceram decidimos que eles iriam estudar na Itália quando estivessem maiores. 

— Bobagem! — O homem serviu-se com um pouco de uísque — Ele vai para uma faculdade da Liga Ivy, todos os filhos dos meus amigos mais próximos vão para essas universidades, não vai ser o meu filho que não vai!

Rico estava sentado ao lado da mãe, ouvindo os pais discutindo sobre o futuro do garoto. New Haven, Cambridge ou Itália, não importava para onde ele fosse, ficaria mais feliz por ter espaço para si. Obviamente, a Itália era o seu destino favorito, ele já conseguia se imaginar caminhando pelas ruas de Roma indo estudar, as fotografias incríveis que ele faria e a liberdade para se usufruir.

A verdade era que mal podia esperar para se desvincular da sua família. 

O sobrenome De Palma era um fardo que Rico carregava com si há muito tempo, ele era julgado a todo momento e sofria uma grande pressão ao conviver em sociedade, todos o julgavam como um jovem boçal, principalmente quando ele havia chegado a cidade, todos pegavam em seu pé, pelo sotaque italiano e pela fama de mauricinho que adquiriu no momento em que botara os pés na escola quando tinha quatorze anos. Pensou que quando entrasse no ensino médio as coisas iriam se tornar diferentes, mas descobriu que não. Algo dizia que as coisas só seriam diferentes quando ele saísse daquela cidade e fosse viver em qualquer lugar longe de seu sobrenome conhecido. Quando ele estivesse na universidade seria só mais um calouro novo, claro, ele sabia no fundo que se destacava entre as pessoas comuns, sabia que indo para Harvard ou Yale ele estaria no caminho que ele sempre desejara: o caminho do sucesso, o caminho do futuro perfeito, mas não era só isso, ele também queria acrescentar em algo para o mundo. 

— Consegui uma entrevista para ele esse mês mesmo — Rico sorriu, animado, só de pensar no que o aguardava no ano seguinte. 

— Para qual das universidades? — O jovem quis saber. 

— Ora, para as duas — O jovem De Palma estava ainda mais animado. Ele mal podia acreditar. 

— Tudo bem, agora se me permitem, vou me retirar para o meu quarto — Ele se levantou e caminhou em direção ao seu quarto. 

Ele precisava se organizar, estudar mais sobre as universidades, sobre as aulas e professores, sobre o que ele ia dizer sobre ele e, com cuidado, sobre sua família, a entrevista dele deveria ser perfeita! Ele mal conseguia conter o sorriso enquanto escrevia e pesquisava sobre tudo o que encontrava em páginas da internet sobre onde ele começaria a construir o seu futuro. 



God, I wish I never spoke.

— Eu acho que vou desmaiar — Scarlett comentou se agarrando ao braço da amiga Eleanor enquanto elas caminhavam para fora do hotel delas na quinta avenida. A ruiva sentia seu estômago revirando-se, a viagem toda ela havia se sentido mega ansiosa e agora que ela finalmente estava em Nova York mal podia acreditar que era real.

Aquilo não fazia parte de Scarlett, por isso ela se sentia tão estranha. Geralmente ela era confiança pura e chegava a ser intimidante, ela não era o tipo de garota que ficava nervosa com uma entrevista de universidade. Calabasas havia realmente corrompido sua alma.

Lembrou-se da infância pobre em São Francisco, de todas dificuldades e problemas, mas estava tudo no passado, agora estava saindo de um hotel de luxo para ir tomar café da manhã com a amiga e conversar sobre a entrevista que ambas iriam realizar na parte da tarde na Universidade de Nova York. O passado era um problema, mas para Scarlett o futuro parecia perfeito: cursando jornalismo em Nova York com uma grande amiga, dividir um apartamento em Manhattan, sair atrasada para a aula e pedir um táxi com o café na mão como nos filmes. 

— Ai eu amo o café daquele lugar! — Eleanor indicou com o dedo uma cafeteria com aparência luxuosa.

A ruiva caminhou até o lugar ainda agarrada ao braço da morena, ela parecia um pouco assustada, mas na verdade estava mesmo era maravilhada, seu futuro parecia brilhante. 

— Nova York é tão diferente! — A garota Topaz comentou enquanto olhava ao seu redor, dentro daquela cafeteria era como se elas vivessem em um outro mundo, diferente do que ela estava acostumado na Califórnia.

— Sim, eu senti tantas saudades da minha cidade — Eleanor respirou fundo, sentindo-se confortável. — A comida, os lugares, a música, e as pessoas nem se comparam! Até as patricinhas daqui são melhores que as de Calabasas.

Elas riram e então fizeram seus devidos pedidos. Para a ruiva dois croissants de morango e ovos com bacon, e para Eleanor dois donuts de chocolate e três torradas, ambas pediram por cafés expressos.

— Eu amo até o barulho dessa cidade — Scarlett disse animada enquanto dava uma garfada em seus ovos mexidos e agarrava um pedaço de bacon. 

— Com o tempo você vai enjoar — Eleanor respondeu dando um gole em seu café.

— Você tá nervosa com a entrevista? — Topaz deu um gole em sua bebida para ajudar a engolir a comida.

— Na verdade, não — A garota parecia confiante. — Eu me preparei para esse momento minha vida toda! 

— Eu confesso que estou um pouco nervosa — Ela não podia evitar. E se o entrevistador perguntasse a ela mais sobre a sua família? Deveria ela mencionar sobre a overdose sofrida pela mãe? Ao contrário de Eleanor ela nem sempre teve uma vida perfeita, se não fosse pelos tios que adotaram ela talvez nem estivesse ali, provavelmente estaria grávida, ou drogada em alguma calçada de São Francisco, ou participando de alguma gangue. Ou morta, assim como a mãe. 

— Você vai se dar bem, tudo o que tem a fazer é mencionar o nome dos seus tios, o que eles fazem, ser diretora do jornal da escola também ajuda — Elas riram, era ótimo para Scarlett ter uma amiga como Eleanor para distraí-la em momentos como aquele. — Vai por mim, nós vamos ser perfeitas para ele. 



But you will remember me for centuries.

— Seu compromisso com o jornalismo é incrível, senhorita Lightwood! — O entrevistador comentou passando o olho por algumas matérias escritas por Eleanor para o jornal da escola. 

— Sim, senhor — Ela disse educadamente com um doce sorriso nos lábios — Sou bastante comprometida, meus pais sempre incentivaram a leitura e escrita dentro de nossa casa, jornalismo e a Universidade de Nova York  tem sido o meu sonho desde que eu me entendo por gente. 

O homem riu. 

— E há algum jornal ou revista no qual você se vê trabalhando?

A garota havia papeado com a secretária, com alguns ex-alunos que haviam escrito suas cartas de recomendação, além de tudo havia notado as revistas e jornais espalhados pela sala. 

— A revista The New Yorker e também para a Vanity Fair.

Os olhos do homem brilharam e naquele momento Eleanor soube que havia o ganhado.  

Eleanor saiu da sala do entrevistador parecendo uma versão vadia de uma mini executiva, usava uma camisa social um pouco aberta para exibir seu lindo e delicado colar de brilhantes da Cartier, uma saia justa e sapatilhas bailarina Jimmy Choo. Ajeitou a sua saia, que de repente para ela pareceu curta demais, o importante era que o homem que havia entrevistado ela parecia ter se divertido bastante com o seu jeito extrovertido e também ficara impressionado após ver os vídeos da garota dançando ballet. Ela estava bastante animada quando saiu do prédio e começou a caminhar pelo lugar que no ano seguinte seria sua segunda casa. 

O campus era incrivelmente bonito no outono, com folhas laranjas e amarelas no chão e nos galhos das árvores, algumas poças de água, estava lotado cheio de candidatos, calouros e veteranos perambulando pela Nova York, parecia a cena de um filme.

Conseguiu enxergar o cabelo ruivo de Scarlett de longe, era incrível como ela parecia se encaixar perfeitamente com aquele lugar, até falando do ponto de vista estético. Ela parecia mais calma e estava sentada em um banco, conversava com duas garotas que estavam em pé na frente dela. Elas pareciam estar se divertindo, da distância que Eleanor estava delas conseguia ouvir as risadas. Elas se encaixavam perfeitamente ali, sendo que até suas roupas combinavam com o lugar, assim como Scarlett. Já Eleanor parecia cinza demais.

— Oi, meninas — Eleanor se aproximou, sentando-se ao lado da amiga e cumprimentando as garotas com um sorriso. — E aí? O que temos para hoje?

— A gente tava conversando sobre isso agora mesmo! — Scarlett exclamou olhando para as meninas — Parece que vai ter uma festa e estamos convidadas.

— E quando é isso? — Eleanor perguntou se animando.

— Agora! — As meninas responderam juntas e empolgadas, agarrando cada uma das meninas pelo pulso e arrastando elas pelo campus. 

Ela tinha planejado passar o resto da tarde no Central Park, deixando Scarlett turistar um pouco, mais tarde iriam aproveitar O Rei Leão na Broadway, mas elas estavam sendo puxadas para fora do campus, em direção a um prédio que anos atrás talvez tenha sido sinônimo de luxo, mas agora parecia abandonado. Subiram várias escadas, até um andar com um elevador que levava para uma área externa. A música era alta e estava cheio de pessoas. As garotas ofereceram dois copos plásticos para as meninas, um coro começou a cantar para que elas virassem. Eleanor não queria perder sua sobriedade tão cedo, então não cedeu a pressão de ninguém, já Scarlett virou toda a bebida em um gole só. 

A ruiva foi jogada para o ombro de um rapaz forte e sem camisa que pulava com as iniciais da cidade pintadas em seu peitoral. Eleanor continuou bebendo no mesmo lugar, enquanto a amiga era jogada de ombro em ombro. 

 

Still I Wonder Could You Fall For A Woman Like Me.

Os empregados da família Marshall serviram a mesa e tocaram o sino para avisar que o jantar estava pronto. Hermione Marshall desceu as escadas elegante como sempre, vestindo um vestido longo e preto, carregando o gigante anel de diamantes que ela carregava em seu dedo e os cabelos longos e negros caindo em cascatas pelas costas. Elizabeth usava seu uniforme de líder de torcida, o cabelo estava amarrado em um rabo de cavalo e ela estudava para uma prova. O senhor Marshall ainda não havia chegado em casa, o que era estranho uma vez que ele não perdia o jantar em família por nada. Enquanto descia as escadas Elizabeth sentiu aquela sensação que as pessoas sentem quando acham que algo de ruim está prestes a acontecer. Mas assim que as garotas se sentaram a porta se abriu e Hiram Marshall entrou para dentro de casa. 

— Desculpe pelo atraso, meus amores —  Ele se desculpou dando um beijo na bochecha da filha e selando seus lábios aos da esposa. Sua respiração era ofegante. — Estou morto de fome — Ele sentou-se na cabeceira da mesa e afrouxou a gravata. Lhe foi servido um prato com pernil, purê de batata e salada de massa.

A família Marshall uniu as mãos e fizeram uma breve oração. Em seguida, começaram a comer. 

— Como foi seu dia, filha? — Hiram perguntou enquanto servia ele e a mulher com um pouco de vinho. 

— Os treinos têm sido cansativos, mas eu confesso que estou gostando — Lizzie deu um gole em sua água — As provas estão sendo bastante tranquilas, eu confesso que estou gostando de morar aqui.

— Eu também, querida — Hermione deu um gole em seu vinho — A vizinhança é agradável, eu conversei com umas senhoras ótimas, aliás, você conhece algum Leonardo Cavallari? 

É claro que eles se conheciam. Todos os homens ricos, poderosos e influentes se conheciam.

— É, a noiva dele convidou eu e a mamãe para o casamento dela — Elizabeth comentou em tom de zombaria. Mas era engraçado o fato de que a mulher estava desesperada para ter convidados em seu casamento, era de conhecimento geral que a elite não se simpatizava com ela. 

— Eu disse que seria uma honra — Hermione riu. — Mas a verdade é que eu sinto pena da coitada da mulher, a própria sogra está boicotando o casamento. 

Hiram forçou-se a rir. 

— E o seu dia, papai? Foi bom? — Elizabeth questionou antes de enfiar um pedaço de carne na boca.

Antes que o homem tivesse a chance de responder alguém bateu fortemente na porta. Todos ficaram em silêncio, ouviram alguns latidos de cachorro do fundo da casa. Uma batida estrondosa fez com que o coração de Lizzie acelerasse. Hermione levantou-se para abrir a porta e então um grupo de cinco homens entrou na casa. Todos estavam fardados.

— Polícia de Calabasas — Um dos oficiais exibiu o distintivo para os três membros, quando chegou a vez de Hiram ele confirmou: — Hiram Marshall? — O senhor Marshall afirmou com um movimento de cabeça. — Você está preso. 

Dois homens do grupo seguraram o patriarca e o algemaram enquanto o xerife listava os seus direitos. Hermione tremia, incrédula e pálida ao lado da porta que havia acabado de abrir. Elizabeth sentia que o seu coração iria sair pela boca, deixou que sua taça de água caísse no chão. Ela queria gritar, mas nenhuma palavra saiu de sua boca. Ela correu em direção ao pai que estava sendo levado para fora de casa, o cachorro da polícia latiu e correu contra ela, mas foi contido por um policial. 

— Pai! — Ela gritou tropeçando na grama e caindo, enquanto observava o pai ser colocado dentro de uma viatura policial. As luzes da sirene cegando-a. 

— Filha, vai ficar tudo bem! — Hiram gritou antes de ser colocado dentro do veículo policial. 

Lizzie sentia seu coração acelerando cada vez mais, as lágrimas saindo involuntariamente de seus olhos, ela não estava entendendo nada. O que iria acontecer com o seu pai? O que ele havia feito?  Por que estava tão calor em pleno outono? Ela se ajoelhou para tentar se levantar, mas por alguma razão estava fraca e nervosa. Seu estômago estava tão estranho quanto aquela noite. Quando finalmente conseguiu se levantar, a garota acabou vomitando na grama.



Sorry, I can’t be perfect.

Sebastian estacionou o seu Acura de luxo no estacionamento da escola e antes que pudesse desligar o veículo sua irmã Katheryn abriu a porta e pulou para fora do mesmo. Ela saiu correndo em direção ao grupo de amigas, aspirantes a patricinhas do primeiro ano do ensino médio. O garoto pegou sua mochila e uma sacola com alguns ingredientes, ele havia chegado mais cedo no colégio porque havia combinado de cozinhar para uma das garotas do Jornal da Escola, o Clube de Culinária precisava de divulgação, e o que era melhor do que uma publicidade gratuita?

 

Ao terminar o curry de frango com legumes Sebastian e outros dois membros do clube sentaram-se esperando a pessoa que avaliaria o prato e a competência do grupo. A porta se abriu, mas não era a garota com quem haviam combinado, não era Eleanor. Era Rico, que carregava uma câmera no pescoço e na mão um caderno de anotações. Sebs engoliu em seco, por algum motivo o avaliador parecia frio e parecia extremamente exigente. Todos os membros do clube se levantaram com um largo sorriso nos lábios. Todos cumprimentaram Rico com um aperto de mãos.

— Por favor, sente-se — Alguém serviu o rapaz e colocou o prato em sua frente. 

Ele fotografou sem muitas palavras.

— Está bonito? — Sebastian ousou perguntar, a verdade era que ninguém gostava de comer nada com uma péssima aparência. 

— Sim — O fotógrafo respondeu com um sorrisinho nos lábios — Mas Eleanor que iria gostar disso, ela adora cozinhar, se interessa por gastronomia e essas coisas.

Aquilo parecia um sonho, era o que Sebastian mais queria ouvir.

— Tudo bem, e onde está ela? — Indagou, não estava vendo a garota em lugar algum e ela nem sequer havia chegado na sala.

— Em Nova York — Respondeu Rico antes de experimentar um pouco do delicioso prato. — Ela e a diretora do jornal foram para lá, elas têm entrevistas na Universidade de Nova York.

Nova York era um sonho para Sebastian, estudar no Instituto de Educação Culinária era tudo o que ele desejava para o seu futuro, mesmo que fosse de seu conhecimento que os pais não compartilhavam muito desse sonho. Perfeito era seu irmão que estudava Negócios na UCLA, que provavelmente iria passar dezenas de anos de sua vida em um emprego que o deixaria deprimido. E todos sabiam que Sebastian tinha talento, ficar com o segundo lugar no Masterchef Junior quando se tem apenas 10 anos não é para qualquer pessoa.

— Cara, você deveria ser, tipo assim, o cozinheiro oficial do refeitório — Não era como se a comida do Calabasas Hills School fosse ruins, mas quando Sebastian Chanté entrava na cozinha e preparava algo para alguém comer, era como se o seu paladar estivesse prestes a ter uma experiência divina. 

— Acha que isso consegue render uma boa propaganda para o Clube de Culinária? — O garoto perguntou empolgado.

— Uma boa propaganda? Vai render a melhor propaganda! — Rico respondeu enquanto limpava todo o resto de comida com um garfo. — Aliás, você pode me dar mais disso pra eu levar para a galera do jornal? Eles vão pirar.

— Claro — Respondeu Sebastian com um doce sorriso nos lábios. 

O garoto pegou uma vasilha e encheu-a com o curry.

— Não se esqueça que vamos fazer uma feira para ajudar a instituição de crianças carentes — Sebs lembrou o outro jovem enquanto lhe entregava a vasilha. — Não se esqueça de avisar os outros. 



So I'm Taking My Time On My Ride.

Com a câmera em sua mão Thomas terminou de fotografar o grupo de alunos que saía da escola indo correndo para seus afazeres do final de semana, ele mesmo só podia contar com a ansiedade durante o fim de semana, ele deveria se encontrar com Arabella Wright, a filha do xerife que trabalhava numa livraria local, segundo ela o lugar estava contratando. Quando ficou sabendo ele não pensou duas vezes, Tommy desejava urgentemente ter uma pequena independência financeira do pai. 

De longe o rapaz conseguiu ver Arabella em seu uniforme de líder de torcida, acompanhada de outras duas garotas: Alexis e Alissa, desde que Arabella havia começado a sair com Alexis as três eram inseparáveis, ou pelo menos era o que parecia. O casal de garotas era de uma fofura extrema, Arabella vestindo seu uniforme e Alexis com um suéter felpudo tão grande que fez com que Tommy se perguntasse ela estava usando além dele. Já Alissa parecia estar de ressaca, com seus óculos escuros gigantes, seu cardigan preto amassado, seu vestido curto laranja e suas botas de couro desgastadas.

Thomas estava especialmente bem vestido naquela tarde, usando uma camiseta branca e simples da Adidas, calças retas e da Calvin Klein e no pé mais um pouco de Adidas. Ele guardou sua câmera na bolsa e foi ao encontro das meninas. 

— Arabella! — Ele chamou pelo menina que logo o cumprimentou com um abraço — Me diz que você não se esqueceu que hoje você ia me levar para a entrevista na livraria.

— Que livraria? — Perguntou Alissa caindo de paraquedas no assunto. 

— A livraria que a Arabella trabalha — Sussurrou Alexis para a amiga. 

— Claro que não! Eles realmente acham que eu estou precisando de ajuda — Arabella olhou para as duas garotas que estavam ao seu lado. — Você não se incomodar se as meninas forem com a gente, né?!

— Claro que não — Ele respondeu com um largo sorriso nos lábios.

Assim os jovens começaram a andar até a livraria que ficava perto da escola, mas pelo jeito não tão perto. Arabella e Alexis andavam de mãos dadas na frente, Tommy caminhava ao lado de Alissa, que incrivelmente era a pessoa mais agradável de se estar ao lado naquela caminhada. O casal estava ocupado discutindo a relação ou Alexis estava reclamando da distância e do clima. Tudo mudou quando a garota que estava ao seu lado acendeu um cigarro, quando ela assoprou a fumaça do primeiro trago foi em direção a Thomas. 

— Caralho — O rapaz murmurou. — Alissa por que você fuma? 

A garota levantou os óculos, deixando-os no topo de sua cabeça e então deu mais um trago no cigarro.

— Por que você não fuma, Thomas? — Ela perguntou segurando o cigarro entre o dedão e o indicador, ela estava oferecendo para Thomas. 

— Ora, porque eu não gosto e… — Ele estava prestes a fazer uma piadinha para quebrar aquele clima de tensão.

— Então você tem sua resposta aí — Ela voltou o cigarro para a boca e deu mais um trago — Eu fumo porque eu gosto e porque eu quero — Ela finalizou assoprando a fumaça para longe dela e do rapaz ao seu lado. 

Quando eles finalmente chegaram a livraria Arabella envolveu o garoto com um de seus braços e o levou até o interior do lugar, havia alguns jovens hipsters sentados nas cadeiras bebendo cafés e lendo alguns livros empoeirados, mas se não fosse por isso Thomas poderia jurar que ninguém frequentava ali havia uns 100 anos. O gerente saiu de dentro de sua sala e começou a andar em direção a eles. 

— Agora é só você conquistar o brutamonte com esse seu sotaque britânico fofo. Boa sorte — Sussurrou Arabella indo para os fundos da livraria, onde vestiria seu uniforme. 


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Notas finais do capítulo

O outono está aí né, meus amores. Então eu sugiro que não percam o próximo capítulo porque vai ser um Halloween do CARVALHO ♥ Não se esqueçam de marcar o capítulo como lido e de comentarem.



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