Calabasas' Almost Fairytale — Interativa escrita por Mxtheusx


Capítulo 3
02 — It All Started With a Party


Notas iniciais do capítulo

Mais personagens apareceram nessa traminha maravilhosa c:
Enfim, espero que gostem do novo capítulo, porque eu mesmo mal posso esperar para escrever as consequências dessa festa *-*



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Jack Snyde estacionou o seu Audi 4 branco na entrada da garagem de sua luxuosa casa. O cheiro do seu perfume Old Spice e de suor com sorte conseguiram inibir o cheiro de maconha que ele acreditava estar sentindo. Estava completamente relaxado quando abandonou as arquibancadas, mas parecia que voltava a se tornar tenso cada vez que a distância entre ele e sua casa diminuía. Se meu pai descobrir sobre a maconha ele me mata, o jovem precisava respirar fundo, então abriu a janela e respirou, sentindo o ar fresco preenchendo os seus pulmões. Relaxou, não deveria mais voltar à pensar em coisas que eram capaz de tirar-lhe a paz, o que era difícil, uma vez que não era só sobre a maconha que seu pai não deveria saber.

— Não vai sair do carro? — O loiro se assustou quando se deparou com o pai o encarando. Não conseguia dizer uma palavra que fosse, mas nem precisou, logo o Senhor Snyde já estava entrando para dentro da luxuosa casa da família.

A mãe de Jack estava na cozinha, pelo cheiro que se podia sentir da entrada, a mesma estava dando início ao jantar. O adolescente correu para o quarto como se sua vida dependesse disso, tomando quase que nenhum cuidado na hora de subir os degraus da escada que levava para o andar de cima. Precisava escovar os dentes e descer, ainda precisava conversar com o pai a respeito da festa, não sabia como o homem iria reagir depois da discussão que eles tiveram pela manhã.

Jack fazia o tipo de rapaz que era geralmente calmo e sereno, mas o Senhor Snyde sempre parecia querer arrancar algo de ruim nele. Na manhã daquele dia, quase acabou se atrasando para o primeiro dia de aula, já foi motivo o suficiente para que o pai dissesse que ele era um fracassado e precisava se esforçar mais se quisesse chegar a algum lugar. “Quer ser um jogador profissional e bem sucedido? Experimente se atrasar para ver aonde é que você vai chegar”, ele havia dito enquanto degustava seu café da manhã. A mãe em si não falava nada, era uma mulher calma e silenciosa, quase nunca falava nada e nunca se mostrava preocupada com os acontecimentos que ocorriam dentro da própria casa. “Mamãe, terminei meu relacionamento de 2 anos”, Jack havia dito, ela se limitou a dizer que “a vida é assim”. “Mamãe acho que entraram aqui dentro de casa”, e ela disse que isso era normal e que não aconteceria novamente. Quando Jack flagrou o pai com a secretária chegou em casa dizendo: “Mamãe, o papai está te traindo”, ela se limitou a dizer que “ela já esperava”.

Quando era pequeno e assistiu Titanic pela primeira vez, o jovem Snyde sentiu-se fascinado e assustado em relação ao iceberg, nunca havia pensado que o gelo poderia tomar proporções tão grandes, a ponto de conseguir danificar um navio. Mas, ele se surpreendia a cada nova manhã. O gelo tomava a forma do coração da sua mãe, de cada artéria, veia e gota de sangue que havia em seu corpo. Eram mãe e filho, e mal conversavam, se cumprimentavam e só.

O rapaz escova os dentes cuidadosamente, mas mesmo assim, tinha pressa, escovando com força a língua, esperando que saísse o gosto que havia ficado em sua boca após fumar o baseado que havia ganhado das garotas da escola. Tomou banho e se perfumou como nunca antes havia feito em sua vida. Vestiu-se casualmente, como costumava fazer, temia que se tivesse se arrumado demais o pai sentiria que ele já estava contando com a aprovação para que fosse a festa.

Quando desceu as escadas e se encaminhou para a sala de TV já conseguia prever que o pai iria encará-lo com olhares de julgamento e iria dizer não, afinal, que tipo de pessoa daria uma festa para “comemorar o primeiro dia de aula”?

Para a surpresa de Jack, o pai não estava, no gigante sofá que havia na sala só podia-se ver a Senhora Snyde, com uma grande taça de vinho branco, o seu pijama de seda rosa, assistindo ao programa de culinária da Martha Stewart. Quando o filho sentou-se ao seu lado, ela se limitou a olhá-lo por um segundo, em seguida voltou seu olhar para a televisão. Era meio estranho pedir permissão para a mãe, uma vez que não estava acostumado a fazer isso, geralmente quem chefiava dentro de casa era o pai.

— Mãe… — A mulher não disse nada, seus olhos estavam vidrados na televisão e ela não parecia disposta a dar um minuto do seu tempo ao filho — Hoje vai ter uma reunião na casa de uma colega, eu quero saber se eu posso ir.

— Que colega é essa? — Ela parecia impaciente, quando olhou para o filho, olhou como se ela estivesse almoçando e um cachorro estivesse pedindo por um pedaço do seu prato.

— Acho que o nome dela é Alissa, é… Alissa Cavallari — Sentiu-se desconfortável, já era realmente estranho conversar com a mãe, pedir permissão para ela para ir a uma festa era algo que nunca havia passado pela cabeça do jovem.

— Faz o que achar melhor — A mulher bebeu um pouco do vinho que havia na sua taça.

Sentiu-se um pouco desencorajado. O que pode dar de errado?, mas não tinha problemas, certo? Se desse algum problema poderia simplesmente colocar a culpa na mãe que seria somente mais uma coisa para que o Senhor Snyde pudesse gritar com ela.

Quando foi se vestir, parecia que nada ficava bom no rapaz, mesmo com uma boa aparência, os anos sendo colocado para baixo pelo pai haviam afetado a auto-estima de Jack. Escolheu uma roupa simples e que se sentia confortável, uma camiseta simples na cor vinho, uma bermuda cinza e um tênis Adidas que havia comprado na Barneys, nas férias quando foi para Nova Iorque.

 

O primeiro dia de Enricco Lefon em Calabasas Hills School havia sido razoavelmente bom, não era qualquer um que recebia convites para festas em seu primeiro dia de aula. Ele estava embaixo de uma árvore, lendo um livro qualquer de auto-ajuda que o pai havia comprado para ele durante a viagem para Calabasas. Foi quando dois garotos altos e que provavelmente faziam parte de alguma equipe de esportes se aproximaram e começaram a puxar assunto com ele. Inicialmente perguntaram se ele não tinha interesse algum em entrar para o time de futebol americano, mas quando Enri mencionou que havia sido co-capitão do time da sua antiga escola, logo um dos garotos pesquisou a respeito e viu que ele tinha até mesmo ganhado destaque durante a temporada dos jogos.

Durante todo o dia o garoto Lefon ganhou os mais diversos tipos de olhares pelos corredores e no pátio da nova escola. Todos queriam saber se ele já havia sido convidado ou se iria para a festa que ocorreria na casa de uma garota que era conhecida na escola. Um dos garotos que fazia parte do time de futebol havia lhe enviado o endereço através de mensagem de texto, mas ele não sabia ainda muito bem andar por Calabasas direito, ainda era um pouco confuso.

O único ponto baixo havia sido que quando foi se inscrever para o time de rugby as vagas estavam lotadas, e isso acabou fazendo com que tivesse que escolher outra atividade extracurricular. Isso o desanimou um pouco, durante todo o caminho havia pensado que o esporte iria acabar sendo o seu consolo, afinal havia deixado toda uma vida para trás em busca do sonho do pai de uma vida melhor para a família.

Conseguiu se dar bem em todas as aulas do dia, conseguiu entrar para o time titular logo no primeiro dia de treino, mesmo assim sentia-se deslocado, como se não pertencesse ali. Quando perguntou para Mila, sua melhor amiga que havia ficado na sua cidade natal, ela o aconselhou a ir a festa e procurar se enturmar. De alguma forma, ele sabia que era aquilo que precisava fazer, só precisava de um empurrãozinho.

Lefon chegou em casa, os pais não estavam, certamente o pai ficaria trabalhando no escritório até tarde e a mãe estaria lá para ajudá-lo. O jovem sentiu um aperto no coração quando viu que a mãe havia deixado um bilhete para que assim que ele chegasse da escola fosse até o escritório novo do pai ajudá-lo também, sentia-se dividido. Parte dele queria ir naquela festa com os outros caras do time, se enturmar e começar o novo ano letivo com o pé direito, a outra parte desejava ajudar os pais da maneira como costumava fazer. Não queria nem imaginar como a mãe reagiria ao saber que ele não iria ajudá-los, ela sempre contava com o filho.

O moreno escreveu uma rápida mensagem, dizendo que iria para uma reunião com os colegas de time, que era importante para se enturmar e que por isso não poderia ir auxiliar seus progenitores. Em seguida digitou para os novos colegas que iria na festa e que podiam passar em sua nova casa para irem todos juntos.

 

As lideres de torcida chegaram todas juntas por volta das sete e dez. Quase que de maneira sincronizada foram descendo dos carros que haviam sido estacionados ao longo da rua e caminhando até a mansão da família Cavallari.

Melinda talvez conseguisse ser a mais animada e a mais bem arrumada dali. Havia feito cachos nos cabelos castanhos, usava sandálias de salto alto peep toe, um vestido preto, cavado com alças e o cheiro do seu perfume da Hermès podia ser sentido mesmo pelas pessoas mais distantes. Todas sabiam que ela havia mandado mensagem para o tal do Duncan, ela havia se gabado sobre isso durante o dia inteiro. Todas, inclusive ela, queriam ver até onde aquilo iria chegar.

— Você realmente precisava se perfumar toda? Esse cheiro vai me fazer espirrar — Brincou uma das colegas de time de Melinda, que andava junto a ela de braços dados.

— Você sabe que eu gosto de causar uma boa primeira impressão — A morena gostava de impressionar, ela gostava de mexer com a cabeça dos rapazes que insistiam em cruzar o seu caminho. Eles já deveriam ter reparado que era perda de tempo tentarem se envolver com ela, ela não estava interessada em nada mais além de flertar.

Quando a capitã das líderes de torcida bateu na porta ela logo foi atendida por um conhecido dela e das outras garotas, logo entraram para dentro da residência.

Lá dentro parecia um outro mundo. Era tudo tão perfeito, parecia uma casa de bonecas super luxuosa. Mesmo que tivesse adolescentes sentados no gigantesco sofá da sala de estar fumando maconha em seus bongs de acrílico, havia certo luxo nisso. Havia várias fotos de Alissa e da família espalhadas pelas paredes e superfícies, no teto de quase todos os aposentos da casa havia candelabros de cristal, até mesmo na cozinha onde um grupo de jovens misturava todo tipo de bebida em seus copos plásticos vermelhos. No fundo tocava God’s Plan, do Drake, e na área da piscina era possível ver um aglomerado de jovens dançando enquanto se entupiam de bebidas alcóolicas.  

— Procurando alguém, Arabella? — Melinda perguntou para uma colega da torcida.

Arabella Miranda Wright parecia um pouco perdida, na verdade ela só estava tentando achar uma pessoa em específico. Ela parecia uma daquelas meninas que havia saído diretamente do Tumblr, com o seu cropped com um desenho de arco-íris, uma saia jeans vintage que ia até a metade da suas coxas e suas botas de verniz da Miu Miu.

— Está tudo perfeitamente bem — Arabella forçou-se a sorrir para a colega, a última coisa que queria era dar satisfações para a “senhorita perfeição”, afinal, quem ela pensava que era? — Vou dar uma volta — Enfiou as mãos nos bolsos da parte traseira da saia e saiu.

 

Jason Hale Osborne conseguiu uma vaga para a sua moto Harley-Davidson do outro lado da rua da casa de onde estava acontecendo a festa. Da sua garupa desceu um colega do time de basquete. Jason usava uma jaqueta jeans oversized que o fazia parecer uma celebridade de folga em Nova York, ele caminhava em direção a festa segurando o capacete em uma mão e um cantil de bolsa com uísque na outra.

— Olha lá, Todd — “Jason Todd” era um apelido que Jason havia conquistado devido a sua obsessão por quadrinhos — Já tem até gente passando mal — O garoto ria enquanto observava uma garota caída de joelhos vomitando na calçada, conseguiam ouvir o som mesmo de tão longe.

— Devíamos ajudá-la? — Seu instinto mandava caminhar até a jovem e oferecê-la ajuda, mas o colega de time não parecia nem um pouco interessado em ajudar, o que era perfeitamente compreensível tendo em vista que eles haviam acabado de chegar na festa que havia sido o assunto principal do primeiro dia de aula em Calabasas Hills School. Da boca do outro rapaz não saiu nenhum som em relação a pergunta de Jason, ele somente respondeu balançou a cabeça em um movimento horizontal.

— E aí, mano?! — O capitão do time de basquete apareceu bem na entrada, cumprimentando a companhia de Jason — Tudo bem, Jason? — O garoto oferece o copo para Todd, que guarda o cantil no bolso da jaqueta. Ele sentia-se meio estranho bebendo em dia de semana, mas bebeu mesmo assim.

— O que tem de bom nessa festa além de álcool? Aconteceu alguma coisa de interessante até agora? — Quis saber Jason.

— Bom, até agora duas garotas se jogaram na piscina, outra bebeu um copo de vodca quente em um gole e agora tá vomitando muito lá na calçada.

—  “Vomitando muito” é um jeito “fofo” de dizer, né? — Os rapazes riram juntos — A garota estava vomitando as próprias tripas — Comentou Todd.

 

Enquanto isso no andar de cima, Rico Lorenzo De Palma bebericava uísque em um copo de cristal enquanto ajudava Alexis Contursi e Alissa Cavallari a escolherem algo para se vestir. No andar de baixo todo mundo escutava a voz da Dua Lipa, mas as duas jovens indecisas com o visual não suportavam as músicas da cantora, então estavam ouvindo o álbum de 2008 da Lady Gaga, The Fame, por algum motivo elas achavam que Rico gostava de Lady Gaga pelo fato de ambos vinham de famílias italianas. Alexis prendeu os cabelos compridos por trás das orelhas e se serviu do uísque que havia no quarto da amiga, ela já estava no segundo copo.

— Eu juro que não sei qual sapato escolher — Bebia descalça, sentindo a agradável contato do seu pé com o carpete. Estava entre uma bota verniz de cano curto na cor vermelha e sandálias de salto alto com tiras douradas — Não quero que as pessoas olhem para os meus pés e pensem que eu sou uma louca desesperada por atenção.

— Ai, quem se importa — Alissa fumava um cigarro de menta sentada em umas das poltronas do quarto. Ela já estava cansada da indecisão da amiga, e sabia que Rico também estava. — O objetivo da noite é ficar bêbada e é isso aí.

A família do rapaz era bem tradicional, do tipo que possuía pensamentos conservadores, mas parecia que a família de nenhuma das duas parecia se importar muito. As meninas vinham de famílias que beber era tão comum quanto ir a escola, isso se devia aos costumes europeus da família Contursi e da negligência da família Cavallari. Em todo o caso, para a família delas era permitido que elas bebessem o que quisessem, quando quisessem, o importante era manter as aparências e que não passassem vergonha em público: nada de vomitar nas festas, nada de urinar na calça ou ficar falando demais nas festas. O pai de Alissa era mais liberal, achava que o mesmo valia para as drogas: desde que mantivesse as aparências estava tudo bem.

— O que você acha da minha roupa? — Perguntou a morena se levantando e desfilando em frente ao jovem italiano. Era impossível não se deslumbrar com Alissa, mas Rico acreditava que ela era como a Mona Lisa exposta no Louvre: para ser admirada de longe.

— Você não poderia estar melhor — Respondeu o rapaz com um largo sorriso nos lábios. Apesar de achar que a gargantilha dourada não estava combinando e que a saia metalizada era um pouco curta demais, ela estava encantadora naquela noite. — Acho que até merece uma foto — Ele tirou o celular do bolso e fotografou a jovem em algumas poses, apesar de tudo, as fotos dela rendiam alguns retweets no Twitter e alguns seguidores no Instagram.

— As fotos ficaram incríveis! — Comentou Ali.

Rico às vezes achava que o único motivo pelos quais as garotas gostavam de andar com ele era pelas boas fotos que elas conseguiam para postar nas redes sociais, para terem as melhores fotos do anuário e para que conseguissem terem os melhores vídeos na página da escola, mas para ele estava tudo bem, desde que andasse com elas conseguia ir nas melhores festas, conseguia as melhores bebidas e beijava as melhores bocas, mesmo que fosse ele quem deveria ganhar créditos por isso. Sabia também que as garotas precisavam de uma testemunha para suas histórias, do que adiantava fazer o que faziam se não havia ninguém para espalhar para toda a escola no dia seguinte?

Alguém batia na porta. Quem poderia ser?, pensou Rico, curioso. As festas na casa dos Cavallari podia ser uma bagunça de pessoas e uma grande mistura de todo tipo de gente, mas era algo extremamente raro que ela permitisse que alguém entrasse em seu quarto. Nenhum dos garotos da cidade, com quem ela havia saído chegaram a um dia sentir pelo menos o cheiro das velas aromáticas que queimavam na sua mesa de centro. Alexis calçou suas botas, entregou o copo para a amiga e caminhou até a porta animada. Pegou a maçaneta de vidro, girou e abriu a porta como se ela tivesse o peso de uma folha de papel, arrancando um suspiro de Arabella Wright.

— Ai meu Deus — Alissa estava chocada com a atitude da amiga de levar logo Arabella Wright para o seu quarto, sabia que as duas eram da mesma turma, mas não sabia que as duas se falavam. De acordo com algumas fontes, Arabella não prestava. — O que ela tá fazendo aqui?

— Não pira, Ali — Alexis abriu a sua bolsa, tirou uma quantia de dinheiro de dentro da mesma e entregou para Arabella, que entregou-lhe um maço que em vez de cigarros tradicionais estava cheio de cigarros de maconha. — Ela só veio me fazer um favorzinho.

A morena não entendia o motivo pelo qual a amiga estava comprando de uma traficante, ambas tinham cartões emitidos pelo estado da Califórnia autorizando o consumo de maconha para ‘fins medicinais’.

— Pronto, agora que você conseguiu o que queria a gente pode descer? — A dona da casa não parecia estar com muita paciência. Desligou o som, apagou as velas, terminou o uísque e fechou a porta do quarto.

Alissa desceu as escadas de braços dados à Rico, enquanto Arabella e Alexis iam na frente fumando. Algumas pessoas pareciam perplexas ao verem Arabella juntamente do grupo, era como se aquilo fosse coisa de outro mundo, e não era como se fosse melhores amigas, só estavam dividindo um baseado enquanto tocava rockstar, do Post Malone, no volume máximo.

 

Jack bebia cerveja perto da piscina com os amigos do time quando o garoto Lefon se aproximou do círculo de amigos. Enricco seria motivos de uma grande dor de cabeça, apesar de ser novato ele havia se destacado bastante no primeiro treino, tendo conseguido entrar para o time titular logo no primeiro dia, algo que o rapaz loiro havia se esforçado durante um ano para conseguir. Se ele não conseguisse destaque nos jogos que estavam se aproximando era bem capaz que ele conseguisse a posição de quarterback do Snyde e ainda acabasse levando de bônus o título tão desejado de capitão do time. Jack não podia permitir isso, o título de capitão era uma chance para que ele provasse para si mesmo e para o pai que não era um completo inútil.

— Oi, oi, oi, oi — Finalmente havia chegado a anfitriã da festa para cumprimentar os atletas titulares. Os garotos do time em si pareciam bastante casca grossa, mas eles se sentiam quase que celebridades quando recebiam a atenção de meninas como Alissa. Ela e Alexis cumprimentaram cada um deles com um beijo na bochecha. Elas estavam acompanhadas por Arabella e Rico, que se limitaram a cumprimentar os rapazes de longe.

— E aí, Alissa — Cumprimentou o rapaz loiro, erguendo o copo para a menina.

— Oi, Jack, fico feliz que vocês tenham vindo — Ela sorria.

Ela parecia um pouco alterada, mas mesmo assim sorria. Quando Alissa sorria ela usava muito mais do que os seus dentes perfeitos, ela usava os olhos, seus olhos castanhos, doces e brilhantes. Ela tinha o sorriso que todos podiam tentar imitar, na frente do espelho do banheiro, mas iriam parecer idiotas. Ela e Alexis tinham sorriso magnéticos, que as supermodelos passavam anos aperfeiçoando, mas que elas faziam sem esforço algum.

— Qual é a boa? — Alexis segurava um copo plástico vermelho com uma bebida que ela não parava de bebericar — Quem é o gostosão aí? — Perguntou ela olhando para Enricco, as três garotas começaram a gargalhar sem parar.

— Prazer, meu nome é Enricco Lefon — Ele sorriu para as meninas, que se fossem quaisquer outras estariam babando apaixonadas, mas elas só conseguiam admirá-lo. Ele parecia um dos modelos bronzeados da Versace que elas haviam visto na última Fashion Week que foram. O rapaz era uma verdadeira obra de arte. — Eu sou novo na cidade, novo na escola, bom, eu sou novo em tudo.

— Carne nova no pedaço? Prazer, sou Arabella Miranda Wright — Arabella aparentava estar mais chapada do que as outras duas garotas juntas. — Precisa de passar pelo ritual de iniciação — Ela tirou um baseado de um dos bolsos da saia e todos os rapazes do time começaram a gritar. Se virou para trás, procurando os rapazes do time de basquete — Alguém me passa a tequila! — Ela gritou.

Jason que já estava um pouquinho bêbado trouxe a garrafa de tequila quase que pulando de tanta alegria. Quando ele entregou o copo e o encheu para Enri, não pôde deixar de notar a beleza celestial do rapaz. Ele era tão bonito que Jason podia jurar que era aquilo que se via nos portões do céu.

— Aproveite — Todd disse enquanto observava o moreno virar o líquido garganta a baixo.

Enricco colocou o famoso cigarrinho do diabo entre os lábios enquanto a líder de torcida acendia-o e sob as instruções da garota ele tragou. Tragou e sentiu a garganta queimar, tossiu enquanto todos ao seu redor riam e então tragou de novo. Um novo copo de tequila foi oferecido, ele bebeu fazendo careta e todos comemoraram como se ele tivesse acabado de ganhar na loteria.

 

Perto do grupo que agora dançava e cantava All Of The Lights, do Kanye West e da Rihanna, estava Melinda e o seu encontro da noite: Duncan. Que ela havia descoberto que só era tímido na escola mesmo, porque depois de algumas cervejas ele já havia tentado beijar ela pelo menos umas sete vezes. Ele era um rapaz incrivelmente inteligente, bonito e legal, mas durante a festa ele só havia provado ser um chato e um puxa-saco que não parava de dizer que ela estava “muito bonita” e “cheirosa” naquela noite. Melinda estava quase o beijando-o para que ele a deixasse em paz.

— Olha eu fico bem feliz que você tenha me mandado mensagem, eu confesso que fiquei com medo de que você fosse esquecer, ou que não estivesse afim, afinal, você é… — Antes que viesse mais um elogio sem graça da boca de Duncan, a garota o beijou. Mas, nada como nos filmes de romance que ela adorava assistir, nada como aquele beijo. Havia sido só mais um beijo em mais um rapaz. — É… Você não quer ir lá ficar comigo na roda dos meus amigos não?

Melinda concordou em ir, apesar de não querer se aproximar de pessoas como Alissa e Alexis, ela queria exibir para todos que estava acompanhada de um dos caras mais bonitos e inteligentes da escola. Alexis dançava próxima demais do capitão do time de futebol, Arabella estava bebendo com Rico e com os outros caras do time, Alissa dividia um baseado com Jack Snyde. Essas garotas não prestam, pensou a líder de torcida que se aproximava de mãos dadas a Duncan.

— Olha só os dois pombinhos — Arabella parecia mais estar debochando da colega do que fazendo uma observação.

— Somos só amigos — Duncan estava tão vermelho que parecia um pimentão, ele sentia-se envergonhado e desconfortável, como se a qualquer momento suas bochechas fossem explodir.

— Ih, sem essa de bancar o santinho — Alissa falava gritando, querendo que sua voz se sobressaísse sobre a música alta — Todo mundo sabe que você sempre quis a Melinda, o senhor e a senhora perfeição — As três garotas chapadas riam, mas Melinda não estava gostando muito de toda aquela situação.

A verdade era que Melinda não se sentia muito confortável em dividir atenção: em casa ela era o centro do universo, os pais haviam se divorciado, mas pela menina eles foram até capazes de reatarem o casamento, na torcida ela era uma grande estrela e geralmente todos os olhos eram para ela. Porém ali, frente a frente com aquelas outras garotas, era um tanto quanto complicado manter toda a postura que ela obrigava a si mesma a ter, porque mesmo completamente chapada Alissa tinha um cabelo incrivelmente bonito, uma pele perfeita, um corpo divino e ainda havia a maneira como todos olhavam para ela. Mas, não devia se permitir esse tipo de pensamentos, não chegaria a lugar nenhum se não fosse confiante.

Enricco cambaleou, quase caindo dentro da piscina e saiu andando, com olhos bem pequenos e vermelhos. Ninguém se importou em ir atrás, todos pareciam estar se divertindo demais para se preocuparem. Porém, Jason Todd não iria deixar que o novato chapado acabasse se enfiando em uma confusão logo na primeira festa, apesar de estar bastante relaxado e descontraído, seguiu Enri com um pouco de culpa, afinal, havia sido ele que havia oferecidos as doses para o rapaz.

— Vocês deveriam se envergonhar por fazerem isso com o novato, sério — Melinda ajeitou os cabelos atrás das orelhas — E você, Jack, usando essa merda… Vocês são jovens promissores, mas se deixam ser influenciados, acabam usando merda e fazendo merda.

Todo mundo caiu na risada, ninguém estava levando Melinda a sério naquela altura da festa. Rico achava que ela estava sendo chata, e que apesar de ser considerada perfeita ela era a criatura mais sem sal que ele havia conhecido naquela escola. Alexis e Arabella gargalhavam a colega de turma como se ela fosse uma comediante da TV, elas não podiam acreditar que a Senhora Perfeição estava dando lição de moral em uma festa, Jack e Alissa estavam abraçados dançando juntos e rindo. Ela é patética, pensou a jovem Cavallari.

— Qual é, Melinda, você precisa relaxar, eu sei muito bem o que eu faço da minha vida — Disse Jack tentando controlar a risada. Ele estava se divertindo como já não fazia há tempos e a última coisa que ele precisava era que alguém atrapalhasse o momento dele.

— Não, mas é que… — A morena foi interrompida.

— Melinda, eu acho que tá tudo bem — Alissa também estava tentando ficar séria, mas o sorriso que ela tinha em seus lábios fazia parecer que ela estava debochando da outra garota — Ele pode lidar com isso, ele já está bem grandinho.

— Ele é um bom garoto, mas vocês são muito inconsequentes, eu só estou dizendo que as pessoas erradas podem te levar para caminhos errados, é preciso ter cuidado — Melinda olhava para garota a sua frente como se a desprezasse, o que estava acontecendo ali?

— Como assim ele precisa ter cuidado? — Alissa avançava em direção à líder de torcida mais velha, mas o rapaz de cabelos claros ainda abraçava ela por trás — Você diz que “ele precisa ter cuidado”, como se eu estivesse tentando ferrar com ele.

— Eu só disse que ele é um bom rapaz e que precisa ter cuidado — Cruzou os braços enquanto tentava se esquivar das suas próprias palavras. Talvez ter provocado Cavallari não tivesse sido a melhor das ideias, ela havia bebido tequila demais e ela era destemida, se ela sentisse que tivesse que bater em quer que fosse ela iria fazer isso sem o menor pingo de arrependimento. Melinda não podia estar envolvida em nenhum tipo de confusão.

Arabella ficou séria quando viu que a qualquer momento Alissa poderia bater na colega de time, ela e Mel não eram necessariamente amigas, mas as garotas da torcida se protegiam como irmãs e em várias ocasiões elas já haviam a protegido. Era como estar entre a cruz e a espada, querer amenizar as coisas e querer que o circo pegasse fogo. Não sabia muito bem o que estava fazendo, só sabia que não iria permitir que ninguém falasse com a companheira de time e de classe daquela maneira.

— Por que vocês estão nessa discussão? E Alissa, cala a boca e para de gritar — Ela não iria perdoar só porque estava na casa da garota.

— Eu só disse que ele pode lidar com isso, que ele já é bem grandinho e vocês duas vem que nem duas piranhas — Alissa apontava o dedo para as duas líderes de torcida — Se coloquem no lugar de vocês, vocês não estão no mesmo nível para querer discutir comigo e muito menos para aumentar o tom de voz comigo — Alexis ria, debochando de Melinda e Arabella.

— Quem você pensa que é assim pra falar com ela? Quem você pensa que é pra falar assim com as pessoas?! — Arabella entrava na frente de Melinda, era como se uma bomba nuclear estivesse prestes a estourar. O sangue da garota fervia, ela queria encher a cara de Alissa de socos. Como assim ela acha que eu não estou no mesmo nível que ela?, odiava quando as pessoas menosprezavam ela e tratavam como se ela fosse inferior.

— Ela pode falar por si mesma, Arabella — Argumentou Alissa apontando o dedo para Melinda que parecia estar guardando nomes sujos demais para sair da boca da princesinha do colégio. — Abaixa sua bola!

— Alissa, você que não entendeu o que eu quis dizer, é que… — Mel havia criado um problema fora de seu poder de controle. Eu ativei uma bomba relógio que se eu não tomar cuidado vai estourar bem na minha cara, ela pensou.

— Você tá agindo como a vadia bêbada e drogada que eu sabia que você era — Arabella Wright estava apontando o dedo bem perto do rosto de Alissa. Se Jack não tivesse a segurado, Ali teria acabado agarrado aquele dedo e quebrado-o ali mesmo.

— E vocês duas deveriam calar a porra da boca! Voltar para a merda do buraco de onde saíram e parem de se intrometer na merda alheia — Respondeu a anfitriã da festa com um meio-sorriso nos lábios, as unhas gigantes dela quando furaram os olhos de Arabella.

— Hum, touché — Um dos garotos do time de futebol comentou.

— Intrometidas do caralho! — Jack gritou enquanto gargalhava.

— Tanto faz — Arabella revirou os olhos e saiu, e logo atrás dela foi Melinda.

— Então vai ser assim? — Alissa gritou. As garotas que estavam caminhando em direção ao grupo de líderes de torcida, que encarava toda a confusão, foi então que as duas garotas viraram de volta para a jovem Cavallari — Beleza, então vai ser assim! Porque se as coisas forem ser assim então o último ano de vocês vai ser fodido! — Ela gritava, estava um pouco bêbada demais. 

Elas continuaram andando para junto do grupo, sabiam que nenhuma delas seria expulsa da festa, ou não seriam mais convidadas, não era assim que as coisas funcionavam por ali. Arabella queria voltar e resolver as coisas, mas sabia que aquela não era a hora certa. Foi difícil se controlar, ela não costumava fazer isso, ainda mais quando estava chapada. Mas, de repente quando olhou para trás e viu que o grupo permanecia rindo e se divertindo, enquanto as líderes de torcida estavam aflitas e preocupadas com Mel, teve a sensação de ter tomado a decisão errada.

— Elas mexeram com a garota errada — Alexis parecia mais empolgada do que a melhor amiga em relação a confusão. Ela abraçou a melhor amiga e lhe deu um beijo no rosto. Parecia que todos haviam se esquecida que horas antes estavam todos se divertindo juntos. — Essa garota me enche de orgulho!

— Eu posso garantir que elas não vão querer conhecer meu lado ruim — Alissa ria com o grupo, e apesar de todos os garotos terem se surpreendido com ela, não deixaram de enxergar tudo como o charme dela. Jack se identificou, ele teria feito o mesmo se fosse com ele.

 

Enricco enfrentava uma forte paranoia causada pela maconha, ele procurava focar na lucidez, mas cada vez que parecia estar sóbrio acabava que só percebia que estava cada vez mais à beira da insanidade. Sentia a boca seca e o corpo mole, nada naquela festa parecia certo. Onde é que eu estou?, ele estava completamente perdido. Ele podia jurar que tinha visto Mila, mas não era ela, só era uma garota que se parecia com ela, mas ela não olhou para ele da mesma forma que Mila o olhava, a garota o olhou com desprezo e riu dele junto das amigas. O que é que está acontecendo?, as paredes pareciam inclinar e o chão parecia estar fugindo dos seus pés. Foi quando Jason Todd o alcançou e impediu com que Enri caísse de cara no chão. Quando foi colocado em pé novamente, sentiu o estômago estranho. Jason sentia-se culpado por ter ajudado o novato a ficar naquele estado, quando ofereceu as doses de tequila não imaginaria que as garotas iriam fazer com que ele fumasse da erva delas.

— Banhei… — O jovem mal conseguia falar, a boca que estava extremamente seca há alguns segundos atrás começava a salivar de maneira anormal. Logo Jason compreendeu.

— Calma, cara, aguenta firme e não vomita aqui se não a Alissa te come vivo — Todd fez com que o rapaz se apoiasse nele e em seguida seguiram juntos até o banheiro.

Entraram no banheiro com pressa e Enricco já foi logo se ajoelhando perto da privada, onde sem nenhum esforço acabou vomitando todo o jantar e um pouco da bebida alcoólica que havia ingerido. A cena era nojenta, mas mesmo assim Jason se aproximou e segurou a cabeça do rapaz bêbado, que ao finalizar, parecia ter caído no sono. Jason Todd aproximou seu rosto do de Enricco, limpou a boca dele e tentou o acordar com alguns tapinhas leves no rosto.

— Ei, cara, acorda — Ele dizia, mas tudo que Enri fazia era ficar o encarando.

Foi quando em um impulso causado pela embriaguez e pelo desejo que Enricco ergueu a cabeça e beijou Jason nos lábios, que parecia não se importar com o fato de que o garoto havia acabado de vomitar. Enricco naquele momento sentiu como se toda a paranoia que tivesse em sua cabeça tivesse ido embora e Jason sentiu como se os lábios do novato tivessem sido feitos para se encaixarem aos seus. Era tudo perfeito. Até o momento em que Pedro Anwhistle aparece na porta do banheiro e observa cada segundo daquela cena.






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Notas finais do capítulo

Morecos não esqueçam de comentar, o comentário, as críticas e opiniões são muito importantes pra mim, eu valorizo MUITO o ponto de vista de cada leitor ♥
Desculpem pelos errinhos e obrigado Mestre do Universo dos Vermes, por me ajudar tanto em corrigi-los. Você é 10!!!
Obrigado e até no próximo capítulo♥