Calabasas' Almost Fairytale — Interativa escrita por Mxtheusx


Capítulo 16
15 — Dear Society


Notas iniciais do capítulo

Essa semana nossa querida CAF acabou de completar UM FUCKING ANO!!!!!!! OI?????
Como assim? Eu queria ter postado esse capítulo antes, mas enfim, minha vida MESMO de férias tem sido PUNK. Só que fico feliz em informá-los que isso só significa que eu tenho farreado bastante hehehe
Enfim, nesse capítulo ocorre o Baile de Debutantes das meninas da sociedade, e pelo visto a família Topaz achou que seria uma boa incluir na Scarlett nisso, então...
AVISO: muitos corações foram quebrados no decorrer deste capítulo.



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— Um baile de Debutantes?! — Scarlett estava sentada na mesa de jantar quando recebeu aquela bomba. 

Não podia ser. Ela não concordava com aquela besteira. Era simplesmente ridículo. Na cabeça de Scarlett, uma garota que havia crescido nas perigosas ruas da periferia de São Francisco não tinha lugar em um salão do Calabasas Country Club em um vestido de grife junto das patricinhas ricas do Calabasas Hills School. Ela largou os talheres e olhou surpresa para a tia. 

— Não, minha querida. O Baile de Debutantes! — Mary disse animada, batendo palmas e sacudindo seu cabelo curto e ruivo de um lado para o outro. — Assim como eu debutei, um rito de passagem que sua mãe também deveria ter passado, mas acabou fugindo de casa antes disso. Enfim, agora é a sua vez! 

O tio de Scarlett deu pulinhos de alegria. 

— Espere até ver o seu vestido! — Ele disse animado. 

Scarlett entortou a boca. Ela não queria entristecer os tios, eles pareciam tão animados com o tal baile, mas simplesmente não parecia a praia dela. E ela realmente não entendia, Eleanor havia sido debutante com dezesseis anos e Scarlett já havia completado os seus dezoito. 

— Ah! — Ela exclamou ao se lembrar de sua idade. — Mas eu já tenho dezoito anos, não é meio estranho uma garota de dezoito anos debutar na sociedade? 

— É, queridinha. Mas eu conversei com o comitê e eles decidiram fazer uma exceção para nossa família — Respondeu David. 

— Sim, eu expliquei para eles que era meu sonho, como eu e David nunca teremos filhos, que você debutasse, assim como eu debutei, como minha mãe debutou e minha avó antes de dela — Mary disse com os olhos brilhando. — Vai ser incrível eu prometo para você!

Scarlett se arrepiou. Sentia a pressão sobre ela. E sabia que na hora seria muito pior, com todas aquelas pessoas observando ela enquanto descia as escadas agarrada ao braço de algum rapaz. Pelo lado positivo, pelo menos esse rapaz podia ser Sebastian, afinal a mãe dele estava no comitê. Isso pelo menos acenderia a faísca para a confiança que ela tinha e precisava usar no momento de não tropeçar e sair rolando escada a baixo.

Ela não era idiota e sabia que teria de dançar conforme a música tocasse. Sabia que no momento que aceitasse fazer parte daquele teatro teria que abdicar do direito de fazer as coisas de sua maneira, porque sabia que de maneira podia dar indícios de suas raízes. A última coisa que ela queria era humilhar as pessoas que arriscaram tanto por ela e que se sacrificaram tanto por ela. Não seria tão horrível assim, ou pelo menos ela precisava de se convencer disso para não decepcionar os tios. Na verdade, ela estava determinada a não decepcioná-los. 

— Você tem razão, tia Mary — Sky obrigou a si mesma a sorrir. — Vai ser incrível. 



Era oficial, estava até escrito no jornal da escola, Jack era o novo capitão do time de futebol de Calabasas Hills School. Quem diria? Há um ano atrás ele era só um calouro que passava metade do tempo no banco durante os jogos, e agora ele era o capitão, porra! Ele tinha o controle das táticas e da organização do time… Por outro lado, quando se tratava de sua vida pessoal, Jack não tinha controle de nada. Quando ele contou para a namorada a novidade ela havia apenas dado um beijinho na bochecha e havia lhe dado um seco “parabéns”. 

Era para ela participar do Baile de Debutantes, os portais de fofocas só sabiam falar disso, mas ela cancelou sua participação para viajar para Miami, para se encontrar com a mãe que ela não via já ia completar três anos. E isso era tudo sobre o que ela queria conversar. Jack havia até mesmo comprado um terno novo para ir ao baile com ela quando ela enviou: “n vou mais, amor. beijinhos” por, mensagem. O estranho foi que quando Elizabeth comentou que não tinha par para descer as escadas, Jack se ofereceu para acompanhá-la, mesmo que soubesse que era errado. Eles eram amigos, mas haviam se beijado. 

Jack de maneira alguma queria trair Alissa ou magoá-la, mas Elizabeth já havia sofrido tanto, e Jack tinha dedo no sofrimento da amiga, mais do que ele gostaria, ele só queria ajudá-la. Toda a alta sociedade de Calabasas olhava torto para ela e para a mãe depois da prisão do Senhor Marshall. Talvez com o herdeiro Snyde, eles não enxergassem tão mal. 

— E aí, cara? — Sebastian apareceu no pátio da escola e cumprimentou Jack. — Como você tá? Tu sumiu.

— Pois é, Sebs. Eu ando ocupado para caralho com o time de futebol — Jack disse dando um soquinho no ombro de Sebastian — Mas relaxa que isso não significa que eu vou abandonar vocês no clube de culinária, falou?

— Falou — Sebastian respondeu. — E aí? Animado para dançar com sua namoradinha juntinhos no baile de debutantes? 

— Então, irmão… — Jack pensou um pouco se ele deveria comentar que na verdade iria acompanhar Lizzie previamente — A Alissa não vai — Preferiu não comentar. — E você? Animado para ir com a Scarlett? Fiquei sabendo que ela vai debutar.

— Pois é — Sebastian respondeu coçando os cabelos da nuca. — Katheryn discutiu com a Alexis e ela espalhou para todo mundo que minha irmã tem chato, e agora cara nenhum quer ir com ela no baile. Então eu vou ser que ir. 

— Que ruim! —  Comentou Jack, mas ele sabia da influência que aquela garota podia ter sobre as pessoas, então não estava tão horrorizado assim.

— Mas enfim, eu acho que entendi errado então, porque estava todo mundo comentando hoje mesmo que Alissa ia ao baile sim — Informou Sebastian cruzando os braços. — Não quero ser fofoqueiro, mas você é meu amigo, e por favor, não briga com a Alissa, mas tá todo mundo comentando lá de fora que ela vai com o Owen, porque eles estão noivos.

Antes que Sebastian conseguisse agarrar Jack pelo pulso, o jovem escapou e começou a andar em direção ao pátio externo da escola. 

No jardim, perto da fonte, Alissa estava sentada na mesa com um iogurte congelado no colo e cercada por meninas da escola, ao seu lado estava Alexis bebendo um energético diet. Jack se aproximou com passos rápidos e pesado, Lizzie se levantou assim que o viu se aproximar, estava pálida como se tivesse visto um fantasma. Ali quando o viu sorriu e acenou, ela estava feliz em vê-lo? Por que? Iria deixá-lo para se casar com um idiota qualquer que ela conhecia apenas há algumas semanas.

— Oi, amor! — Ela se levantou, empurrou algumas meninas e correu para abraçá-lo. 

Alissa depositou um beijo gelado nas bochechas quentes do garoto. 

— Eu estava aqui contando para as meninas o quão gato você vai ficar no baile! Aliás, você tem que ir no ensaio, mas não é nada de outro mundo, é bem tranquilo — Alissa começou a dizer animada. 

Jack estava sério, não conseguiu relaxar. Como assim de repente eles iam ao baile juntos? Todas as meninas da mesa olhavam para ele, aguardando e exigindo com aqueles olhares penetrantes alguma resposta. 

— Oi? Alissa, há dois dias atrás você nem ia no baile… — Jack começou a dizer.

Mas foi interrompido.

— É, eu sei. Mas minha mãe ficou presa na Itália, muito trabalho pelo jeito, não vai ter como a gente se ver, então eu pensei que podíamos ir juntos — Alissa disse com um largo sorriso nos lábios. — Minha avó é presidente do comitê, então não foi muito difícil voltar atrás. 

— Olha, Ali… — Jack coçou a testa, ele simplesmente não sabia o que fazer ou dizer. 

— Vocês podem ir juntos, ok?! Tudo bem, não precisam brigar por minha causa — Lizzie disse jogando o cabelo escuro para trás das costas. — Jack, é sério, pode ir com ela — Lizzie disse tocando o braço do amigo.

— Vocês iam juntos? — Alexis deixou o refrigerante em cima da mesa, empurrou algumas garotas e se levantou. — Olha mas você é mesmo uma cobra! — Ela disse se aproximando do trio. 

Angelina segurou Alexis pelo pulso, temendo que a amiga fizesse alguma besteira. 

— Meninas, não briguem! — Ela sussurrou percebendo que todo mundo na área externa estava olhando para eles.

— Ah, pode deixar, Angelina. Vou conversar civilizadamente com a menina que tentou roubar o namorado da minha melhor amiga na primeira oportunidade que encontrou — Alexis disse se soltando dos dedos magros de Angel. 

— Calma aí, Alexis! — Exclamou Jack. — Ninguém tentou roubar nada de ninguém, eu e a Lizzie somos só amigos. 

— Sim, não entendam errado, eu só comentei com o Jack que não tinha ninguém para me acompanhar e ele se ofereceu. Como meu amigo — Elizabeth se explicou olhando para Alissa. 

— Que desculpa esfarrapada! Todo mundo sabe que você é a maior vagabunda! Todo mundo viu você se esfregando no Jack na primeira festa! — Gritou Alexis. — E por que vai ao baile?! Todo mundo sabe que você é uma desclassificada, princesinha de merda-nenhuma!

— Para de gritar, sua puta! A gente só ia como amigos — Jack disse furioso com o fato de Alexis estar xingando Lizzie por uma decisão tomada por ele próprio.

De repente todos ficaram em silêncio. Alissa estava com um meio sorriso em seus belos e carnudos lábios. Era quase que cínico aquele sorriso. Era sinistro. Jack percebeu que suava frio ao sentir os olhos da namorada sobre ele. Elizabeth engoliu em seco, por mais que odiasse admitir temia o que estava a vir por seguir, Ali ia bater nela? Xingá-la? Crucificá-la?

Alissa apenas bufou e revirou os olhos. 

— Tudo bem, amorzinho — Ela disse ajeitando a bolsa Birkin no ombro. — Pode ir com a Lizzie. 

Estava… tudo bem?

— N-Não, se você quiser eu vou com você — Jack gaguejou.

— Relaxa — Alissa deu mais um beijo no rosto do rapaz, este mais quente do que o outro. — Fica tranquilo que eu não vou com o Owen também não — Ela disse apertando as bochechas levemente rosadas do namorado.

Alexis ficou boquiaberta, ela iria deixar barato? Era o que parecia, porque Alissa simplesmente andou para dentro do prédio. Lexi estalou os dedos e começou a andar atrás da amiga, as outras garotas da mesa simplesmente começaram a fazer o mesmo. Com a exceção de Elizabeth, que ficou parada ali, ao lado de Jack. 

— O que foi isso? Tá tudo bem? — Parecia que tudo não havia passado de um delírio. 

— Eu não sei, parece que sim — Jack disse, tentando analisar tudo o que havia acontecido nos últimos minutos. — Olha, Lizzie, eu preciso ir.

E ele se afastou, sem nem despedir direito dela, nem olhou para ela. Ela simplesmente odiava quando Jack ficava estranho daquela maneira. 

 

— Obrigada por vir comigo, Elly — Agradeceu Scarlett ao adentrar o gigantesco salão de festas do Calabasas Country Club. — Eu não sei nem onde o Rico se enfiou.

— Relaxa, Sky — Eleanor deu uma olhada em volta, para que pudesse ver quem estava ali. — Pode ficar tranquila, você vai ver que vai terminar rapidinho.

Da Calabasas Hills School só havia Alissa Cavallari, acompanhada de Alexis Contursi e Jason Osborne, Jack Snyde e Thomas Carter conversando em um canto, e Pedro Anwhistle acompanhando o comitê de organização do baile de um lado para o outro. O restante das debutantes eram garotas que estudavam em casa ou haviam ido para escolas particulares. As que estudavam em casa eram tímidas demais para conversar com os outros, então preferiam ficar cada uma no seu canto, as garotas de escola particular andavam em pequenos grupos, sussurrando palavras inaudíveis de um lado para o outro. Os garotos no geral eram bem parecidos, quase todos eram loiros, bronzeados, altos e com porte de atleta. 

— Sky! — Alissa gritou animada, atravessando o salão para cumprimentar as garotas. — Fico feliz que Eleanor seja sua madrinha, sabe como é difícil arrumar uma madrinha? Essas garotas da sociedade são malucas!

Madrinha?

— Madrinha? Como assim? — Scarlett perguntou confusa.

— É melhor deixar para lá — Respondeu Eleanor envolvendo a amiga com um braço. 

Quando Lilian Cavallari, uma das mulheres mais renomadas da alta sociedade, foi até o meio do salão e com uma batida de palmas conseguiu que todo o local ficassem em perfeito e absoluto silêncio. 

— Debutantes! — Ela chamou e as garotas se aproximaram. — Para aquelas que ficaram sem par de última hora, o problema foi resolvido: Scarlett Topaz vai fazer par com Rico Lorenzo De Palma, Alissa vai fazer par com Jason Osborne, finalmente, Angelina vai ficar com Thomas Antony Carter.

Jack se aproximou da multidão preocupado, ele não havia ouvido o seu nome e o de Elizabeth, inclusive não havia nem visto ela chegar para o ensaio. Havia enviado mensagens para ela, mas nenhuma havia sido respondida.

— Senhora Cavallari! Você viu a Elizabeth Marshall? — Ele perguntou um pouco assustado. 

Com um simples movimento com as mãos ela fez com que as meninas dispersassem, então ela se aproximou de Jack. 

— A Elizabeth não vem, meu querido — A mulher disse com um meio sorriso nos lábios. — A Senhora Marshall foi convidada a se retirar do comitê e o comitê não achou apropriado que a filha de um criminoso debutasse junto de nossas brilhantes garotas.

— Mas não acha isso injusto, Senhora Cavallari? — Jack estava quase implorando.

— Oh, querido. Isso não é sobre justiça — Ela disse erguendo o queixo — É sobre evitar um fiasco em uma noite tão importante.

Jack estava sem palavras. 

— Agora se me permite, tenho que ensinar essas patas chocas educadas em casa a dançarem — Ela disse com um sorriso debochado nos lábios.

A Sra. Cavallari deu um tapinha nas costas de Jack e se afastou. E assim que ela havia saído de cena, entrou Alexis, com um sorriso de canto no lábios. Ela estava com os braços cruzados e com uma simples troca de olhares, Jack conseguiu ver que ela estava debochando da situação dele.

— O que foi, Alexis?! — Ele questionou.

— Estou apenas admirando o quão patético você é — Ela respondeu com uma risadinha. — Dispensou alguém tão maravilhosa quanto a Ali para acompanhar a desgraçada da Elizabeth. Alguns homens pedem para nascer burros, mas você com toda certeza se ajoelhou e implorou. 

Jack mordeu o lábio inferior.

— Você tem alguma coisa a ver com isso não tem? Você fez alguma coisa para tirarem a Lizzie da lista de debutantes, não foi?! — Jack acusou Alexis apontando o dedo para ela.

Alexis inclinou a cabeça e mais uma vez riu. 

— Eu não fiz nada, tudo o que eu tive que fazer foi contar para minha mãe e para a Senhora Cavallari que você havia dispensado Alissa para ir ao baile com a filha de um criminoso — Lexi se aproximou do garoto e abaixou o dedo dele. — Elas fizeram o resto.

— Por que, Alexis? Até a Alissa disse que estava tudo bem — Jack quis saber.

— “Por que”, Jack? Porque eu posso. Porque esse é o meu mundo e eu não vou deixar que garotas como Elizabeth Marshall ou garotos como Jack Snyde magoem minhas amigas — Ela respondeu com os olhos semicerrados.

Jack sentiu-se um pouco irritado, aquilo era tão injusto!

— Já pensou que talvez você seja vadia maluca? — Jack disse com todo desprezo que ele tinha por Alexis.

Ela respondeu a ofensa se aproximando ainda mais do garoto e o empurrando de maneira intimidadora. 

— E você? Já pensou que talvez eu só seja uma vadia?

 

No final das contas Jack se encontrava completamente sozinho. Todas as meninas já tinham seus respectivos pares, ensaiavam a dança no meio do salão gigantesco do Calabasas Country Club. As únicas companhias disponíveis para ele era Eleanor Lightwood que gravava cada segundo de Scarlett dançando em cima de um sapato scarpin e Alexis Contursi, que flertava com um dos patrocinadores do evento. Ele podia ficar ali, sozinho, olhando sua namorada dançando com um outro cara que não era ele, ou ele podia sair por aquela porta sem precisar olhar para trás. Olhou para Alissa, ela parecia estar se divertindo dançando com Jason, não havia como negar, Jack era apaixonado por sua namorada. Mas aquele não era o baile de debutante dele, era o baile de debutante dela.

Caminhando em direção a seu Audi 4 branco, Jack enviou uma mensagem para Elizabeth, pedindo à ela para que eles se encontrassem no parque da cidade. Parando para pensar bem, ela era sua melhor amiga, era uma boa ouvinte, se preocupava com as suas vontades e desejos, ela era a única que parecia gostar dele do jeito que ele realmente era. E aquele era um sentimento bom, não precisar se esforçar para ser alguém, não precisar ficar tentando ser uma pessoa “melhor”. Jack achava maravilhoso quando podia acender o seu baseado, sentar no banco de couro do seu carro, dirigir e simplesmente poder ouvir, falar e ser quem ele quisesse ser. 

 

Lizzie estava sentada em um balanço, vestindo uma saia de tamanho médio justa que dificultava pegar impulso no balanço, um sobretudo de couro e sandálias vintage da Prada, que havia pego no closet da mãe, uma lembrança de quando elas podiam caminhar até a Saks da Quinta Avenida e comprar tudo o que lhe davam na telha. Agora toda e qualquer dinheiro que entrava para elas, Hermione usava para pagar o advogado do pai. Uma boa notícia era que o Senhor Marshall iria aguardar o julgamento em liberdade, finalmente! 

— Jack! — Lizzie pulou nos braços de Jack, estava ansiosa para contar a novidade para ele. — Estou feliz por ter me enviado mensagem, mas surpresa, não era para você estar em um certo ensaio? — Questionou Elizabeth ao soltar o garoto.

— É, mas sabe, o ensaio não teria tanta graça assim sem você — Respondeu Jack.

Os dois iniciaram uma caminhada pelo parque.

— Por que você não ficou lá com a Alissa? — Decidiu perguntar Elizabeth.

Ela meio que já havia criado uma resposta para sua pergunta na sua própria cabeça, mas queria ouvir a desculpa de Jack em voz alta e clara.

— Alissa vai dançar com Jason, eu era seu par, se você não vai, eu também não vou — Respondeu Jack, com um largo e iluminado sorriso em seus lábios.

— A gente podia então fazer uma festa anti-baile de debutantes, né?! — Lizzie comentou. — Mas é difícil, acho que ninguém iria. 

— Bom, eu iria, os meninos do time também — Comentou Jack.

— Acho difícil, certamente não iria ter meninas lá, todas estão me dando um gelo na escola — Lizzie contou um pouco cabisbaixa. 

— Isso não é importa, Lizzie — Disse Jack otimista. — Mesmo que fossemos só nós dois, eu acho que seria legal. 

Jack vasculhou o bolso de seu moletom branco da Nike e encontrou um fininho. Colocou-o entre os lábios e acendeu, tragou e expeliu a fumaça para longe deles. Ele passou para Elizabeth, ela não via graça em fumar, mas aceitou, deu um trago e já estava tossindo, Jack riu e ela se sentiu patética. O baseado passou dos dedos bronzeados de Elizabeth para os dedos pálidos de Jack, ele levou-o até os lábios novamente e deu mais um longo trago, sentindo os pulmões sendo preenchidos pela fumaça originada da erva. 

— Acho que minha mãe não vai estar em casa no domingo, no dia do baile, acho que ela vai estar fora da cidade — Comentou Elizabeth.

— Então vamos ser eu, você e nossa Festa Anti-Baile de Debutantes. 



O grandioso salão do Calabasas Country Club estava todo decorado em branco e dourado, era como se os grandes deuses gregos da antiguidade estivessem dando uma festa no Monte Olimpo. Os pilares de mármore espalhados pelo local estavam decorados com fitas douradas que passavam por toda a extensão, mas sem cobrir o mármore. Havia mesas grandes e redondas espalhadas por todo local, acompanhadas de cadeiras douradas com assento em couro branco. No meio do salão, onde ocorreria a dança, havia sido montado um jardim sintético em volta, simulando uveiras, mas cheio de flores reais, peônias, hortênsias e rosas brancas, muitas rosas brancas. Garçons e garçonetes em seus uniformes serviam champanhe Cristal para àqueles pertencentes à nata da sociedade que veriam suas filhas, amigas, sobrinhas e vizinhas debutando na sociedade.

 

Já nos bastidores estava Scarlett, completamente pronta, vestindo seu vestido longo e roxo Marchesa Notte, com ombro único, alça única, drapeado, estilo tubinho e comprimento longo, mas com uma fenda para que Sky pudesse exibir os seus sapatos Manolo Blahnik, salto alto de bico fino, com aplicações verde em cetim, alça no tornozelo e acabamento interno em couro. Ela usava um par de luvas prateadas Karl Lagerfeld, com os dedos cortados, de pele de cabra, com detalhes de cristais e punhos com acabamento elástico, único item que havia sido de sua escolha. Os cabelos ruivos de Scarlett haviam sido ondulados e estavam bem volumosos, com brincos de pérolas e uma maquiagem luxuosa, Scarlett parecia uma estrela de cinema dos anos 40.

Sky estava nervosa, mal conseguia respirar, até que viu um moreno alto se aproximando com seu terno elegante da Armani. Ele selou por algum tempo os lábios dele aos lábios de Scarlett, quando os lábios se afastaram ela conseguiu respirar tranquilamente. 

— Você está linda — Sebastian disse sorrindo para Scarlett. 

— Você também — Ela disse tocando o rosto de Sebs.

Ele parecia bem mais novo do que era, havia tirado os fiapos faciais que ele orgulhosamente chamava de barba e agora tinha uma aparência infantil. Ele odiava aquela aparência, mas fazia com que ele parecesse mais elegante. E ele achava que a irmã merecia o acompanhante mais elegante daquele baile. 

— Vou já me juntar a minha irmã — Sebastian disse se despedindo da garota. — Você já encontrou o Rico, ou algum outro rosto conhecido?

— Ainda não, mas vai lá, eu me viro — Scarlett respondeu mordendo o lábio inferior, um pouco nervosa.

Nem quando ela precisava lidar com drogados querendo invadir a sua casa ou roubá-la se sentia tão nervosa. Droga! Ela só não queria estragar tudo.

— Nem acredito que vamos debutar na sociedade juntas! — Exclamou uma voz conhecida atrás de Sky.

Era Angelina Vermont. Ela vestia um longo vestido Tadashi Shoji, uma modelagem sem magas, com uma cintura bem marcada, sendo a parte superior preta e a de baixo preta com uma estampa floral amarela, um decote em V profundo era perfeito para mostrar uma das jóias de família de Angelina: um longo colar de esmeraldas em uma corrente de prata, a maior das gemas de esmeralda ficava entre os peitos de Angel. O cabelo de Angel estava meio-preso, de um lado havia uma trança, do outro os cabelos ondulados da garota caíam pelo ombro. A maquiagem havia sido feita para combinar com a jóia que ela usava ao redor do pescoço. Angelina também usava luvas, um par de luvas longas de couro preto, um couro com efeito craquelado e detalhe de pregas, nos dedos discretas pedrinhas pretas haviam sido bordadas, acrescentando elegância a peça.

Logo atrás dela vinha Alissa, vestindo também um modelo de Marchesa Notte, um vestido dourado e rosé, de ombro a ombro com pregas, com um decote reto que deixavam os peitos de Alissa um pouco apertados e empinados, a cintura era marcada e o comprimento do vestido era longo. Ela parecia uma princesa, também usava uma jóia de sua família ao redor do pescoço, diamantes que certamente haviam sido comprados há muito tempo em alguma loja da Tiffany & Co., a pele dela estava perfeitamente dourada, como sempre. A maquiagem havia sido feita para combinar com o vestido, as bochechas haviam sido deixadas levemente rosadas, o cabelo estava liso, repartido no meio, a franja caía pelos ombros enquanto o restante do cabelo caía pelas costas. Uma delicada trancinha bastante delicada havia sido feita juntando os dois lados do cabelo na nuca, mas era quase impossível de vê-la se não reparasse bem. Nos dedos Ali carregava quatro anéis de ouro rosé, dois em cada mão, um deles tinha uma grande pedra de quartzo rosa que combinava com as unhas bailarina da garota. 

Elas estavam acompanhadas de apenas dois garotos do colégio, Thomas Carter e Jason Osborne, mas havia algo de diferente naqueles dois garotos, Thomas era um completo bocó, andava para cima e para baixo com os ouvidos tampados com fones de ouvido, ou acompanhado da namorada, uma líder de torcida drogada, mas ele parecia uma estrela do rock em seu terno todo preto da Prada, aquilo era lápis de olho? E Jason Osborne que sempre teve uma aparência tão doce estava com os cabelos desgrenhados, também parecia uma estrela do rock, mas estava com o seu terno Armani super bem ajustado. 

— Precisamos nos organizar, Sky — Informou Ali puxando Jason pelo braço. — Daqui a pouco vão chamar pelos nossos nomes.

— Merda — Sussurrou a ruiva. — Vocês viram o Rico? — Ela perguntou às garotas. 

— Eu vi ele conversando com a Eleanor, já já ele deve estar por aqui — Avisou Angel.

Em questão de segundos o italiano havia aparecido, com a respiração um pouco ofegante, e até um pouco suado. Scarlett deu um soco no ombro de Rico.

— Onde você estava, seu idiota? — Ela perguntou, sentia seu estômago revirar.

Ela parou e respirou fundo.

— Calma, hein, eu já estou aqui. Tá tudo bem com você? — Rico perguntou, um pouco assustado com a situação da amiga.

— Sim, sim, eu to bem — Ela disse um pouco irritada.

Os dois entrelaçaram os braços e Rico decidiu não insistir no assunto. 

 

A música clássica começou e os casais se posicionaram no decorrer dos degraus da grande escadaria do salão. No topo da escada os braços se separavam, as meninas iam para um lado e os meninos iam para o outro. Ao som de violinos e flautas, Alissa Cavallari e Angelina Vermont posavam para os fotógrafos que tinham mais olhos para elas do que para quaisquer outras garotas ali. Até que um jornalista e um fotógrafo se aproximaram de Scarlett. Analisavam ela como se fosse uma peça em exposição em um museu. 

— Ninguém vai oferecer uma bebida antes da gente entrar debutar? — Perguntou Alissa à uma das voluntárias que ajudavam no baile. 

— É, é melhor mesmo, porque eu to surtando — Comentou Scarlett se abanando e ignorando completamente os dois homens que encaravam ela. Caralho, como ela estava nervosa. 

Os dois homens se aproximaram, o fotógrafo já se preparava para fazer um click.

— Você é a sobrinha dos Topaz, né?! Scarlett? — Perguntou o jornalista apertando a mão de Sky. — Prazer em conhecê-la. Nós somos do L.A. Times, eu tenho uma coluna lá e queria fazer uma matéria especial com você, em específico sobre o seu baile de debutante.

Scarlett revirou os olhos, tinha tanta coisa de interessante sobre ela, eles queriam falar logo sobre isso?

— Podemos tirar uma foto? 

O fotógrafo mal esperou a ruiva posar para a foto e já disparou o flash. Click. Para sempre registrado. 

— Eu não sei não — Scarlett estava hesitando. 

Por que eles simplesmente não escolhia garotas como Angelina e Alissa que já estavam acostumadas e não se importariam em fazer isso?

— Vai, por favor, é muito importante para mim — Ele olhou para ela e deu uma piscadinha. — De jornalista para jornalista, quebra esse galho para mim.

Sky sorriu, um pouco tímida, haviam mesmo investigado a sua vida.

— Tudo bem, conversamos depois — Ela disse finalmente cedendo. 

Logo se aproximou Eleanor, vestindo um vestido longo de renda verde claro, estilo tubinho, com detalhes de camadas, uma cintura marcada por uma fita preta de seda, recortes com rendas, mangas curtas e um decote arredondado que não mostrava nada.

— Ei, Sky — Ela entregou para Scarlett um cartãozinho com algumas frases escritas em letra cursiva. — Pediram para perguntar como se pronuncia esse nome esquisito aí, ninguém deu conta de entender. 

Scarlett leu… Aquilo não havia sido escrito por ela, aquela letra nem era dela. Era surreal.

— “Scarlett Topaz deseja continuar vivendo em Calabasas, ter dois filhos, se dedicar à filantropia, conservação da natureza e aos negócios da família” — Ela leu em voz alta. Angelina e Alexis riram. — Eu não escrevi isso!

 

— Boa noite e bem-vindos ao nosso anual: Baile de Debutantes — Uma voz doce e envelhecida de uma mulher entoou dos alto-falantes.

Houve uma salma de palmas. 

A elegante Senhora Contursi apareceu no pé da escadaria vestindo o seu elegante vestido longo estilo tubinho da Tom Ford com um decote em V gigante. O seu cabelo louro estava amarrado em um rabo de cavalo e ela usava uma maquiagem simples e elegante. Ela se posicionou no meio da escada, carregava vários cartõezinhos e estava acompanhada de suas duas filhas, Alexis e Reminisce.

— Katheryn Chanté, filha de Camila Chanté e François Chanté, acompanhada por Sebastian Chanté, deseja estudar odontologia e continuar a tradição familiar de patrocinar a Biblioteca Central de Los Angeles.

Do alto da escada, Katheryn desceu de braços acompanhada do irmão, que tentava se equilibrar enquanto a irmã acenava e mandava beijos no ar.

— Angelina Vermont, filha de Eva Vermont e de Exton vermont, acompanhada por Thomas Antony Carter, deseja estudar dança na Juilliard School. Ela pretende continuar patrocinando o Acampamento Russel de Recuperação Avançada e focar em trabalhos voluntários com crianças doentes. 

Angel foi a próxima. Desceu com um gigantesco sorriso nos lábios, acenando e balançando o braço para todos no salão enquanto o outro braço estava entrelaçado ao de Thomas. Foda-se se comentassem que ela já havia estado naquele mesmo acampamento, ela havia dado a volta por cima e agora todos podiam ir se foder.

— Alissa Lilian Cavallari, neta da presidente do nosso comitê, Lilian Cavallari, filha de Leonardo Cavallari, acompanhada por Jason Hale Osborne. A Senhorita Cavallari pretende ingressar no Instituto Fashion de Design e Merchandising, iniciar sua própria empresa, mas sem abandonar os negócios da família. Ela pretende se manter no caminho filantrópico e manter as tradições de caridade de sua família.

Alissa desceu as escadas com um sorriso tímido enquanto segurava-se ao braço de Jason, ela odiava quando as pessoas mencionavam seu nome do meio, o que era raro já que ela raramente mencionava o “Lilian” em seu nome. Mas talvez não fosse só isso, havia algo de melancólico na expressão de Alissa, talvez devido ao fato de não terem mencionado sua mãe na sua apresentação.

— Scarlett Topaz, sobrinha de Mary Topaz e  David Topaz. Deseja continuar vivendo em Calabasas, ter dois filhos, se dedicar à filantropia, conservação da natureza e aos negócios da família.

E Scarlett desceu as escadas, se esforçando para sorrir, acompanhada de Rico que parecia aqueles modelos que passavam em comerciais de pasta de dente ou que estavam em campanhas publicitárias de loção de barbear. 

 

Ao som de uma valsa contagiante os pares se encontravam dançando no salão, uma coisa devidamente certa, mas Angelina e Alissa pareciam estar se divertindo, provocando as outras debutantes fingindo que estavam interessadas em seus pares quando era necessário trocar entre si. Até que Angelina voltou para Thomas, de uma maneira um pouco desajustada, que fez ela tropeçar e ele segurar na bunda dela, eles riram, ninguém parecia ter reparado. Mas Arabella notou… De longe. Ela não estava em um dos seus melhores vestidos e nem calçava o melhor de seus sapatos, ainda tinha alguns arranhões espalhados pelo corpo e o cabelo estava pavorosamente desgrenhado. Ela se enfiou no meio da dança, empurrando algumas debutantes até que chegasse em Angelina e Thomas. Então, quando finalmente estava entre eles, separou os dois e empurrou Thomas, fazendo com que ele caísse para fora do local da dança e se esbarrasse em um garçom, que acabou se esbarrando em outro garçom e gerando a maior confusão. 

— Arabella o que você está fazendo? — Tommy perguntou se levantando e limpando um pouco do álcool que havia caído em seu paletó. 

— Quem deixou essa garota entrar aqui? — A Senhora Contursi perguntou se aproximando com cerca de três seguranças. — Tirem ela daqui! 

 

Tendo apaziguado a briga, o evento voltou a seus eixos. Scarlett estava um pouco assustada com o que havia ocorrido durante a dança, então decidiu descontar isso na comida. Pegou um prato e encheu com pãezinhos, croissants recheados com chocolate e um pedaço de uma baguete recheada com queijo. Os dois homens do L.A. Times voltaram, tirando mais fotos da debutante mais velha que aquele lugar tinha visto. Ela se sentiu violada.

— O que pensam que estão fazendo? — Ela perguntou dando uma mordida na baguete. — Não pensem que podem ficar tirando fotos assim de mim, eu conheço os meus direitos — Ela disse de boca cheia.

— Você é perfeita! — Exclamou o jornalista.

— Podemos começar a entrevista? — O fotógrafo indagou. 

— Pode começar com uma opinião a respeito desse baile de debutantes? — O homem nem esperou ela responder. 

— Eu  acho uma perca de tempo e de dinheiro, minha tia podia muito bem ter usado a grana dessa besteira em uma moto nova para mim —  Ela disse após engolir o que estava mastigando. — E digo mais, isso é uma completa breguice! Eu não pretendo continuar em Calabasas e muito menos seguir com a porra do negócio da família, pra mim esse negócio pode muito bem ir se foder junto — Ela gargalhou.

— Ótimo. E sobre o seu par? 

— Meu par pode ir se foder também, é meu amigo mas se atrasou, me deixou sozinha e nervosa — Ela olhou para o celular em que o homem gravava a entrevista e ergueu uma das sobrancelhas. — Está gravando tudo? 

O homem balançou a cabeça positivamente.

— Então grava isso aqui: meu nome é Scarlett Topaz, tudo que eu desejo é entrar para a Universidade de Nova York, estudar jornalismo, dirigir minha moto e ajudar as crianças do bairro em que eu morava em São Francisco. Ah, e eu não vou ter porra de filho nenhum.

 

— Que porra foi aquela, Arabella? — Tommy saiu do salão e foi correndo em direção à área gramada escura que havia na parte de trás do local.

— Você pensa que eu não vi, né? Você acha que eu não vi você passando a mão naquela garota — Arabella parecia fora de si. — Você é um bosta, Thomas!

— Caralho, Arabella! Se acalma — Thomas disse recuando alguns passos em relação a garota.

Arabella tinha olheiras terríveis, estava pálida e completamente sem maquiagem. 

— Você quer me trocar por ela? Pode trocar! Eu não me importo! — Ela disse tirando os saltos dos pés — Eu sempre soube que você me trocaria por alguma dessas patricinhas.

— Para de drama, Arabella — Tommy desejou abraçar ela e acalmá-la, mas a verdade era que a garota estava fora de si, se ele tentasse se aproximar estaria correndo um risco de vida. 

— Bem no momento em que eu mais preciso de você… — Os olhos dela se enchiam de lágrimas, mas ela limpou. Nunca foi de chorar na frente de alguém, não seria agora que ela iria.

Thomas ficou assustado, Arabella estava tão abalada que quase chorou bem ali na sua frente. 

— E quer saber? Pode ir aproveitar o seu baile cheio de frescurinhas. Eu vou embora — Ela virou de costas para Thomas e antes que pudesse sair andando declarou: — Nós terminamos aqui. 

 

Alissa respirou fundo antes de procurar pela avó e pelo pai. Encontrou o pai conversando com o seu sogro, ambos degustavam canapés e seguravam taças de champanhe. Alissa segurou a saia de seu vestido e em passos acelerados foi se aproximando do pai. 

— Oh, oi, querida — Leonardo disse dando um breve abraço na filha.

— Olá, Alissa — O Senhor Snyde cumprimentou-a com um aceno com a cabeça.

— O que foi aquilo? — Alissa perguntou cruzando os braços. — Por que não falaram o nome da minha mãe?

— Alissa — Leonardo revirou os olhos, parecia estar sem paciência nenhuma para falar sobre aquele assunto — Releve, isso é um evento social, é preciso causar boa impressão. Não acho que seja relevante mencionar o nome da mulher que vive se envolvendo em escândalos e tentou arrastar nosso nome para a lama.

Ali engoliu em seco, queria sair dali correndo e chorar, sentia que tinha algo em sua garganta que a faria engasgar. Era o choro. Ela sentiu um toque em seus ombros nus, um toque que ela reconheceria mesmo que lhe fizessem lobotomia.

Era Jack, ele também parecia um pouco triste, mas quando ela olhou para ele ao seu lado percebeu que nunca havia sido tão feliz. Ele abraçou ela por trás e forçou-se a sorrir para o pai e para o sogro. Seus lábios foram até a bochecha da garota. 

— Quer sair daqui? — Ele sussurrou bem perto do ouvido de Alissa. 

Jack a soltou e Ali se virou para ele. Os dedos do casal se entrelaçaram, saíram cortando pelo salão de mãos dadas, ele segurando um copo de uísque e ela segurando uma garrafa de champanhe Cristal, aos risos.

 

Ainda havia casais dançando juntos música clássica no meio do salão. Angelina observava de longe, quando um Thomas, um pouco mais desengonçado do que no início do baile, se aproximou. Ele ofereceu a mão, chamando-a para dançar. Seria deselegante não dançar com o próprio par. 

— Você está bem, Thomas? — Angelina quis saber. 

Não era como se ela se preocupasse com ele, mas de alguma forma ela queria entender como ele se sentia ao ter participado daquele caos sem sentido durante a valsa.

— É, eu terminei meu relacionamento, paguei mico na frente da elite de Calabasas inteirinha, mas é, eu to legal — Ele disse deixando escapar um risadinha autodepreciativa. 

— Ah, você namorava com aquela garota? — Angelina perguntou, um pouco chocada.

Quando Angel geralmente via Thomas era na escola, sempre um garoto tranquilo, alegre, sempre estava ouvindo música ou rindo junto de alguém. Arabella por outro lado…

— Aham — Tommy respondeu com um pequeno sorriso se formando em seu lábios, mas isso não indicava que ele estava feliz, não. Na verdade, ele sentia um grande aperto em seu peito de ter deixado Arabella ir embora daquela maneira. — Difícil de acreditar? — Ele perguntou.

— Eu não conheço você muito bem — Começou Angelina — Mas, você me parece ser alguém legal, você é engraçado e até que é bonitinho, agora eu não conheço também a sua namorada… Digo, ex-namorada — Angel rodopiou durante a dança — Eu sou nova e não cheguei a conhecê-la direito quando ela andava com as meninas, mas o que eu notei é que ela sempre tá envolvida em alguma merda, sempre está causando confusão e sempre está deixando alguém pra baixo. No Halloween foi Alexis, hoje foi você.

Thomas se lembrava do Halloween, a maneira com que a briga entre Arabella, Alexis e ele se desenvolveu resultou no relacionamento dele com a líder de torcida. Porém, tudo poderia ter sido facilmente resolvido entre Alexis e Arabella, elas podiam ter se resolvido na festa mesmo e tudo teria ficado bem. Talvez o problema fosse realmente Arabella.

— Tá que ela é traficante, e alguns caras podem achar isso legal, mas não vale a pena a dor de cabeça — Angel disse.

De repente, no meio do salão, Thomas parou bruscamente, Angelina ficou sem entender o que estava acontecendo. Parecia que Thomas havia visto um fantasma.

— V-Você sabe que ela é traficante? — Ele parecia em legetimamente choque.

— Quase todo mundo sabe, foi assim que ela conheceu a Alexis, foi por isso que as duas se aproximaram e começaram a namorar — Informou Angel. Como assim ele não conhecia a própria namorada? 

Quando Tommy havia achado as drogas na mochila de Arabella, ele havia surtado, mas mesmo assim, ele pensava que aquilo era um segredo entre os dois. Mas aparentemente todo o resto do mundo sabia que a namorada ele vendia drogas ilegalmente. Ele se agachou no chão, os pensamentos estavam completamente atribulados. Ele não conseguia pensar. Deveria ele ajudar Arabella ou ele deveria se afastar dela? Ele ainda queria persistir naquele relacionamento ou nunca mais queria ver o rosto daquela traficante maluca?

 

Elizabeth havia combinado de se encontrar com Jack na entrada do Calabasas Country Club, mas como ele estava demorando demais, ela decidiu dar uma espiadinha no evento. Pegou o celular de dentro da bolsa e digitou rapidamente o número de Jack. Caixa de mensagem. 

— O que você tá fazendo, Jack? Eu já to esperando você tem mais de uma hora, me liga assim que receber esse recado.

Ela mesma teria de achar Jack. Imaginou ele sentado em uma mesa cheia de pessoas interessantes mas completamente entediado, porque ele mal podia esperar para sair dali e ir se encontrar com ela. Imaginou que talvez tivessem tomado o celular dele, ou que tivessem escondido, ou que ele mesmo tivesse perdido ou deixado o celular descarregar, só isso explicaria o sumiço dele.

Foi quando estava se aproximando do grande salão do Calabasas Country Club que Lizzie ouviu algumas risadas. Ela estava prestes a ligar para Jack mais uma vez, quando foi se aproximando. 

Ele gargalhava ao lado de uma morena incrível que bebia champanhe direto do bico, Lizzie tentou ligar mais uma vez para Jack. Ela fitava ele, torcendo para que o celular não tocasse, torcendo para que ele tivesse esquecido em algum lugar o aparelho, para que só isso justificasse a demora dele. Jack pegou a garota no colo e eles giraram juntos. O telefone dele começou a tocar, mas nada dele atender. 

Elizabeth estava segurando as lágrimas enquanto segurava o telefone na orelha. 

— Não vai atender? — A garota que estava com ele perguntou. Era Alissa.

— Não, não deve ser nada demais — Ele disse envolvendo a cintura da namorada com os braços e puxando ela para um beijo.

 

Longe do Calabasas Country Club, Arabella caminhava sozinha pela rua, segurando seus sapatos de salto e de cabeça baixa. Já estava mais sóbria e totalmente mais calma. Foi quando um carro conhecido parou ao seu lado. O coração de Arabella começou a acelerar, ela sentia que ia desmaiar antes que pudesse voltar a respirar. Mas respirou fundo e manteve-se calma quando a janela abriu. Era Alexis, em um vestido preto Tom Ford provocantemente sexy. Arabella olhou para garota pensando que Alexis em si era provocantemente sexy.

— Você por acaso quer carona? — Alexis perguntou com um sorriso malicioso nos lábios.

Arabella sorriu também, um sorriso com tanta maldade quanto àquele que lhe provocara. 

— E tem como eu negar?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥ Comentem e marquem o capítulo como lido etc etc etc
Amo vocês e até a próxima.



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